Never Try to Give Up escrita por Luíza AD


Capítulo 3
Terceiro


Notas iniciais do capítulo

Yo! Tudo bem com você? ^^



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– Ah, sim! – Lynn correu atrás dele, que já estava andando em direção a outro lugar.

Sentiu olhos cheios de inveja atrás de si, e percebeu que suas mãos estavam suando. Enquanto caminhavam lado a lado, em silêncio, Lynn olhou de soslaio para Nathaniel. Aquele garoto era bonito, estava usando um blazer, mesmo na escola, uma calça jeans e um sapato que Lynn esquecera o nome.

– Tem algo no meu rosto? – ele perguntou, com uma expressão séria.

– Não. – Lynn girou a cabeça imediatamente, subitamente prestando atenção na parede.

– Ótimo, me diga, o que acha da escola? – Nathaniel pegou uma caneta, e a prancheta que estava com ele, que Lynn nem havia percebido que ele segurava, e olhou-a, esperando resposta.

– O que eu acho? – Lynn olhou para as paredes, em busca de algo inteligente, que causasse uma boa impressão. – As paredes foram bem pintadas.

Nathaniel riu, mas parou assim que viu Lynn o observando, esperando outra pergunta, ou esperando uma ordem para sair daquela escola imediatamente.

– Sim, mas o que você acha? – ele cruzou os braços. – Sem brincadeiras.

– Eu gosto daqui. – Lynn disse. – Eu acho que a escola é um local meio que sagrado, onde nós estudamos, mas sempre temos que por limites, até na hora de estudar, temos que fazer amigos.

– Eu sei. – Nathaniel riu mais ainda. – Você parece uma criança falando. Mas voltando, que atividades você gostaria de praticar aqui, se passasse nesse teste?

– Atividades? – Ela esqueceu completamente dessas atividades. Não sabia fazer mais nada além de desenhar.

– É. – Nathaniel revirou os olhos, chateado por ter que repetir tudo de novo. – Você pode praticar de tudo. Desde futebol, até patinação artística.

Nathaniel estava esperando uma boa resposta, como “quero fazer algo que me dê um bom futuro”, ou até “gosto de futebol”.

– Isso é obrigatório? – Nathaniel a olhou de relance, com raiva. – Não, desculpe. Por que está perguntando isso agora? Digamos se eu passar, essa escolha é minha e eu não gostaria de partilhar com ninguém.

– Tudo bem. – eles voltaram a andar, Nathaniel estava decepcionado com Lynn, esperava mais da garota, logo que ela foi escolhida pela diretora, e ela nunca errava. Dessa vez era diferente.

Nathaniel mostrou uma mínima parte da escola, que já era grande demais para Lynn lembrar onde ficava o banheiro feminino. Com certeza não passaria, vendo que suas respostas foram ridículas.

– Lynn, por que a diretora te chamou? – Nathaniel perguntou por pura curiosidade. – Não, não precisa falar. Não é da minha conta mesmo.

– Desculpa, eu sei que não sou adequada para essa escola. – ela disse, olhando diretamente para os olhos cor de mel de Nathaniel. – Não quero causar problemas, me desculpe. Se quiser, vou embora agora e você queima meu currículo, não importa. Só queria uma chance!

– Não precisa ficar na defensiva.- ele sorriu. – Não vou te atacar. Preciso que me responda uma última coisa: Tem talento em alguma arte? Por exemplo, sabe patinar? Desenhar?

– Ah – Lynn emitiu um som agudo, lembrando de que realmente sabia patinar. – Sei patinar sim.

– Participou de algum torneio, ou algo do tipo?

– Sim. – Lynn sorriu, fazendo Nathaniel levantar uma sobrancelha. – Participei de vários, tenho troféus. Sou patinadora desde os quatro anos de idade. Meu pai me levava sempre para participar.

– Por que não disse antes? – Nathaniel pegou a folha e escreveu algo. – Uma patinadora profissional, isso é incrível.

– Não é tanta coisa assim. – Lynn balançou a cabeça, colocando a mão no ombro de Nathaniel.

– É sim. Pare de ser tão humilde. – Ele a fez soltar seu ombro. – Aquelas garotas lá não sabem fazer nada. O currículo delas pode ser bom, mas essa escola é para estudantes que querem seguir a arte. Não é a toa que quem estuda aqui fique famoso, ou vire uma estrela.

Ele fez uma expressão pensativa, provavelmente lembrando de alguém. Lynn tentou fazer o sorriso que treinou, e colocou novamente a mão no ombro de Nathaniel, olhando-o nos olhos.

– Obrigada, Nathaniel. – ele ficou alarmado, meio vermelho. – Você está bem? Eu vou embora agora, muito obrigada pela entrevista, você é mais gentil do que aparenta ser.

O garoto ficou chocado. Provavelmente porque a garota que parecia um anjo era uma boa candidata mesmo, ou talvez porque era a única garota que o elogiou em sua frente, e não falou que ele era rude.

– Obrigado. – ele falou acanhado.

– Você é legal – Lynn falou, se afastando dele e acenando. – Agora eu já vou. Boa sorte com as outras.

E saiu. Lynn saiu do colégio e foi almoçar em algum lugar, deixando Nathaniel abobalhado. “Quem é essa menina?” ele pensou, voltando para pegar outra menina, mas ele sabia que Lynn seria escolhida. Faria o possível para isso acontecer. Ela poderia ter perdido um ano, mas ele queria conhecê-la melhor, e queria ver ela mais.

Lynn estava tão pensativa que nem escutou o celular tocando. Era estranho, só sua mãe tinha seu número, mas elas não tinham telefone na casa, então quem seria?

– Alô? – Lynn perguntou, depois de decifrar como atendia.

– Lynn? – uma voz meiga e acolhedora estava falando. – Sou eu, sua mãe. Por que você não está no trabalho? Vim aqui para te ver, mas sua chefa disse que você ia ver um negócio de escola, estudar. Lynn, por que não me contou? Eu sou sua mãe, sabia?

– Mãe. – Lynn cerrou os dentes. – Isso não é da sua conta.

– Sou sua mãe, Lynn. – ela disse, com voz autoritária.

– NÃO! – Ela gritou pelo telefone. – Uma mãe teria me ajudado! VOCÊ é uma covarde! Isso sim!

E desligou o telefone. Não estava com vontade de voltar para casa, e sua mãe ainda estava querendo falar com ela. Sua única opção era ficar na praça do centro sem nada para fazer. Olhou os pássaros, viu um casal de namorados, foi para a fonte, e depois para o pequeno jardim que havia lá.

Surpreendeu-se com a variedade de flores. Ficou de joelho na terra e cheirou as flores, que era uma incrível mistura.

– São lindas, não são? – Lynn se sobressaltou quando sentiu alguém do seu lado. – Eu mesmo plantei, mas raramente as pessoas vêm aqui atrás.

– Eu... – Lynn perdeu as palavras ao olhar para ele. “Ele é real?” – Você é lindo.

Ele riu, passando as mãos pelo cabelo verde, sentando-se perto dela, ainda na terra.

– Acho que sim. – ele respondeu. – Mas nenhuma garota jamais me falou assim na cara dura.

Lynn ficou vermelha, olhando para os lados, sentindo seu coração palpitar. Tentou acalmar-se.

– Aqui tem orquídeas? – ela indagou, olhando para as flores ali.

– Não, orquídeas não, eu sou alérgico. – “que pena” – Eu te conheço de algum lugar?

– Acho que não – ela falou rapidamente, se levantando.

– As flores preferidas da minha namorada também são orquídeas, mas não posso nem chegar perto. – ele riu tristemente, e foi atrás de Lynn. – Meu nome é Jade, e o seu?

– Lynn. – disse. – Desculpa te atrapalhar, mas tenho que ir!

E saiu correndo. Não era boa conversando, ou ficando perto de garotos bonitos. Só teve um namorado sua vida toda, e não conseguia pensar em si mesma andando boba, pensando em garotos.

Resolveu enfrentar sua mãe, melhor do que ocupar a mente com garotos. Pegou o trem de volta, chegando perto de sua rua, viu a gangue do bairro olhando-a como se fosse algo de comer, ou algo que pudesse ser jogado. Andou mais rápido para casa dessa vez.

Abriu a porta e se jogou no sofá, que estava vazio. “Milagre”

– Filha! – sua mãe, que estava possivelmente na cozinha, correu e tentou abraçá-la no sofá. – Você me preocupou! Achei que não ia voltar.

– E por que isso te importaria?! – Lynn a encarou nervosa, com os olhos enchendo d’água. – Não entendo, uma hora você está jogada no sofá, e outra toda preocupada.

– Oh, filha. – Ângela abraçou Lynn, que já estava em prantos, chorando muito. – Me desculpa, eu sei que fui uma péssima mãe. Lynn, você sabe que eu não quero ver você triste.

– Tá. – ela afastou a mãe, limpando as lágrimas. – O que te fez levantar hoje?

– Eu resolvi arranjar um emprego, filha, não posso te deixar fazer tudo sozinha. – a mulher sorriu para filha.

– Você já fez isso. – suspirou. – Que tipo de emprego?

– Consegui um emprego naquela confeitaria famosa do centro. – Ângela respondeu com um sorriso tão lindo que Lynn não via fazia muito tempo. – Isso é ótimo. Meu trabalho não é tão fácil, e o dinheiro é muito. Podemos terminar de pagar a casa!

– Mãe... – os olhos de Lynn brilharam de orgulho. – Isso é muito bom!

– Sim. – sua expressão ficou em dúvida. – Que história é essa de escola que a Chino comentou comigo?

– Ah – Lynn revirou os olhos. – Fiz o teste para Sweet Amoris.

– E eles te aceitaram?

– Não sei, não tenho idéia. – indagou. – Acho que não, não respondi as perguntas direito e o pior, o garoto que estava avaliando não gostou de mim, ficou até vermelho de raiva.

– Se qualquer garoto não gostar da minha filha, não é um garoto. – as duas riram. – Filha, não importa se você passar ou não, o que importa é que agora estamos juntas.

Depois de um jantar animado, coisa que não era normal na casa delas, Lynn foi tomar banho e escovar os dentes, para logo ir dormir, mas parou na sala, e viu sua mãe limpando a casa, coisa que não era feita a muito tempo. Não que não tivesse vontade, mas não tinha tempo.

Deitou na cama e esperou o sono a consumir. Mas esse momento não veio. Trinta minutos depois de deitar, Ângela apareceu na porta de seu quarto, chamando por seu nome.

– Que foi mãe? – Lynn perguntou cansada.

– Lynn, querida, venha comigo amanhã para a loja de doces, quero te mostrar tudo lá. É tudo tão lindo e fofo que dá até dó de vender para outras pessoas comerem. – riu.

– Está bem, eu vou. – a loira afirmou.

Não conseguiu dormir, simplesmente não parava de pensar na escola. Em Rosalya, Castiel, Lysandre, Ísis. Pareciam ser boas pessoas. Revirou-se na cama, pensando em como seria fazer amizades de novo.

Quando estava no fundamental, tinha amigas. Amava elas, e todas elas sonhavam com futuros brilhantes. “Mas nenhuma imaginou que todos iriam se separar” Tinha também uma espécie de perseguidor, mas nunca deu muita atenção a ele, pois ele parecia mais uma criança, e não queria trazer nenhum problema para seu pai, que era o ciúme em pessoa.

Só percebeu que tinha caído no sono quando acordou umas horas depois, quando acordou alarmada, como se alguém estivesse observando-a.

– Preciso parar de pensar em perseguidores, vou acabar ficando louca. – disse Lynn, antes de cair em um sono profundo.

Sentiu duas mãos em seu ombro, balançando-a como uma boneca de pano. Abriu os dois olhos exasperada, vendo sua mãe correndo de um lado para o outro, desesperada.

– Suas roupas servem em mim, Lynn? – sua mãe perguntou, abrindo o guarda-roupa e jogando roupas para fora.

– Ei! – Lynn pegou um jeans velho que voou em sua direção. – Eu arrumo isso tão bem e você vem e desarruma tudo!

– Desculpa, senhora da arrumação – Ângela fez uma careta. – Não tenho roupa para ir hoje! O que eu faço?

– Que conversa é essa? – Lynn ficou desconcertada. – Você tem roupas lindas! Pare de ser boba e pegue uma roupa sua. Não somos irmãs para ficar trocando as roupas.

– O que você sugere? – ela perguntou, cruzando os braços iguais a uma criança. – Já que sabe tudo de moda mesmo.

– Pegue seu casaco de lã vermelho, um jeans e suas sapatilhas. – Lynn disse rapidamente. – Suas roupas parecem novas, então você vai ficar bem, não se preocupe.

– É isso é uma boa idéia. – concordou, indo em direção a seu quarto pequeno. – Levanta que vamos sair assim que eu me arrumar.

Tomou um banho rápido e vestiu o mesmo jeans do outro dia, calçou seu outro par de all star, que já estava ficando apertado em seu pé. Suspirou e penteou os cabelos, que pareciam uma bucha. Ângela estava a seu lado, e sorriu para a filha.

– Você é muito parecida com seu pai. – disse. – Nem um pouco comigo.

Não sabia se era um elogio. Provavelmente sim. Markus era um ótimo pai. Mimava um pouco Lynn, mas todos os pais fazem isso com suas filhas, não é verdade? Ele era alto, cabelos loiros e olhos verdes. Lynn revirou os olhos. “Pensamentos sem nexo não vão trazer nada de coerente para minha cabeça.”

Pegaram o trem juntas e foram para a tal loja onde Ângela iria trabalhar daquele dia em diante. Lynn achou o lugar muito confortável, loja famosa de doces. E sua mãe era uma boa confeiteira. Talvez pudessem sair da situação que estavam. Aquilo seria ótimo.

– Filha, se você passar no teste da escola, como que eles vão te chamar? – ela se corrigiu. – Como que eles vão te avisar que você passou?

– Não sei. – deu de ombros. – Não estou acreditando que eles vão me chamar.

– Como você pode ser tão pessimista? – sua mãe a olhou.

– Não estou sendo pessimista. – suspirou. – Estou sendo realista.


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Notas finais do capítulo

Lynn e sua mãe viraram amigas de novo! Pelo menos até agora, na minha opinião rsrsrs ;p Ééér... Só posto o próximo com 4 comentários ou mais. Por favor, leitores fantasmas, apareçam! Eu não mordo (só se vc pedir :3) e amo responder os reviews, apareçam!

bjkas