The Legend of The Sky's Princess escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 21
Capítulo 21 – O deserto de neve




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Capítulo 21 – O deserto de neve

— Acha mesmo que é útil capturar insetos? – Midna lhe perguntou.

— Sim. Não lembra que da última vez nós os levamos ao castelo de Agatha?

— Então você quer ganhar rupees? Link mercenário – ela brincou, pois sabia muito bem que Link era uma das pessoas mais honestas que já conhecera, ele pouco se importava com os confortos de viver no castelo de Hyrule, amava Zelda, apenas isso, e ficaria onde ela estivesse.

— Pode vender insetos aqui?

— Sim. Rupees sempre podem ser úteis. E Agatha ama insetos, independente de comercializá-los ou não. Ela sempre me pede que leve alguns.

— Em Skyloft nós podemos trocá-los por um melhoramento nas armas.

— Interessante. Aqui nós trocamos outras coisas pra melhorar as armas, mas nunca troquei insetos.

Ao final de dez minutos tinham algumas borboletas brilhantes, insetos que pareciam gravetos e besouros. Correram pelos campos de Hyrule, voltando à ponte na entrada da cidade, que continuava sombria, silenciosa e deserta. A noite já dava boas vindas, o que tornava a visão ainda pior. Por sorte, não encontraram nenhuma criatura de Twilight no caminho e pararam em frente a uma casa de pedra que além das duas placas com borboletas cor-de-rosa na entrada, nada parecia ter de diferente das demais. Deixaram os cavalos do lado de fora e entraram. Midna saiu da sombra de Link, não vendo necessidade em esconder-se.

Visto de dentro o lugar era muito colorido e parecia muito maior. Completamente escuro, se não fosse pelas várias fontes de luz colorida espalhadas pelo lugar. Um tapete azul com franja roxa estava estendido na frente da porta e uma infinidade de potes e outros objetos de incontáveis cores e tamanhos se amontoavam na sala extensa. Insetos diversos voavam soltos por todo lugar. Os três pares de olhos acompanharam uma borboleta azul brilhante que pousou no ombro de uma figura sentada num pequeno sofá à esquerda, ao lado de um grande abajur colorido. Viram-se e deram alguns passos para verem melhor. Uma jovem mulher de cabelo louro, preso nos dois lados da cabeça, e algumas sardas na pele clara rosto, os encarou com os olhos azuis-acinzentado. Usava um vestido de saia um tanto armada, botas e um lenço na cabeça. Gostava de se vestir assim desde que Link a conhecera, dez anos atrás, quando ela era ainda quase uma criança. Ela sorriu ao reconhecer Link e levantou-se.

— Link! Seja bem vindo!

— Olá, Agatha.

— Sejam bem vindos! Como está Zelda? E quem são seus amigos?

— Zelda... – o olhar dele entristeceu um pouco – Ela insiste que está bem e não quer médicos, mas de tempos em tempos tem sintomas estranhos – ele fez uma pausa, mas Agatha apenas lhe lançou um olhar assustado – Ela está dormindo demais, sente mais fome do que deveria, fica nervosa de vez em quando, passa mal, fica tonta, desmaia... Ela estava bem quando eu saí, mas não consigo deixar de pensar nisso.

— Nossa... Não fizeram nada a respeito?

— Um médico foi ao castelo quando ela desmaiou por alguns segundos há algumas semanas. Disse que ela só estava muito fraca e que era cedo demais pra concluir que é algo grave. Ela esteve melhor desde então, mas anda dormindo muito. Nem me acorda mais de manhã.

— Nossa, Link... Mas se ela está assim, pode estar se recuperando. Tente não se preocupar demais por enquanto, mas torço pra que ela fique bem logo – houveram segundos de silêncio e Agatha tomou a palavra novamente – Então? Quem são seus amigos?

— Midna é a princesa de Twilight.

— Link já me falou sobre você. Você é tão bonita!

— Obrigada!

Os olhos das duas brilharam nessa hora. Agatha adorava qualquer ser ou coisa de aparência incomum.

— Link* é um parente de um reino distante.

— Vocês são iguaizinhos!!

Ela finalmente notara a similaridade entre os dois e aproximou-se de Link*, se curvando um pouco para baixo para observá-lo melhor.

— Tem até o mesmo nome! Isso é impressionante! Parece uma versão sua mais jovem, Link! Não me diga que você também namora uma princesa chamada Zelda – ela brincou, soltando um risinho.

— Sim.

— O QUÊ?! – Ela espantou-se.

— Mas ela não é uma princesa. Ao menos não até agora... – ele disse tentando não contradizer muito o que Link falara.

— Agatha, eu explico melhor depois. Lembra-se que lhe falei de Navi? Ela finalmente voltou pra mim – ele olhou em volta, mas não viu a luz azul – Navi, saia daí.

A fada saiu voando do chapéu e foi na direção de Agatha, flutuando na frente dos olhos dela.

— Olá! Eu sou Navi, a fada protetora e conselheira de Link.

— Conselheira... – ele murmurou com sarcasmo.

— Seu ingrato!

Agatha riu.

— É bom conhecer você. Fico aliviada que tenha voltado, Link ficava muito triste quando falava que te perdeu.

A fada sorriu timidamente, embora os outros não pudessem notar e voltou a voar ao lado de Link.

— Agatha, adoraria ficar mais tempo, mas temos pressa. Você deve ter uma ideia do que está acontecendo.

— Ah, sim... – ela confirmou com um olhar triste – É uma nova guerra, não é? Contra aquele Gerudo. A cidade está terrível. Os insetos estão assustados, eles entram aqui aos montes quanto encontram uma passagem, sentem a mudança melhor do que nós humanos, e acho que as coisas andam piorando a cada dia. Estive no rio do Zoras e em Kakariko Village esses dias. Tudo também está um caos. Ruto estava por perto. Ela me disse que o domínio dos Zoras não está com boa aparência. Ela e o príncipe estão tendo problemas.

— Nós já estamos lutando contra Ganon. Já resolvemos problemas em Faron Woods e na cidade dos Gorons nas minas da Montanha da Morte, estavam enlouquecidos. Vamos ao deserto agora e acho que o domínio dos Zoras será nossa próxima tarefa. Como ainda estávamos perto, vim aqui lhe trazer alguns insetos que pegamos nos campos.

— Ótimo! – Ela exclamou feliz – Deixe-me vê-los logo!

Os dois guerreiros lhe entregaram as borboletas, besouros e os estranhos insetos que se assemelhavam a gravetos. Agatha ficou radiante e logo os soltou no interior do local, por onde se esconderam.

— Obrigada! Link, vou dar alguns rupees a vocês, algo que pode ser útil, e um presente para o jardim do castelo.

Ela caminhou para outra direção e sumiu por algum tempo, voltando segundos depois com duas sacolas cheias de rupees, um pote de vidro com algo luminoso, roxo e dourado, e agitado dentro, e outro pote com algumas borboletas brilhantes. Agatha entregou os rupees para os dois e deu a Link* o pote com uma fada dentro.

— Eu só tenho uma, mas se um de vocês se ferir muito e não puder tomar uma poção, ela será a salvação. E quando tudo isso acabar, solte essas borboletas no jardim do castelo – ela disse, entregando a Link o outro pote - Elas vão se multiplicar com o tempo. Vocês não tem essa espécie por lá, não é? Tudo vai ficar mais radiante ainda. Mande minhas lembranças às duas Zelda e Impa. Seja qual for o problema, espero que a princesa melhore o mais rápido possível.

— Obrigado, Agatha.

Quando se dirigiam finalmente ao caminho do deserto, Link* questionou o mais velho sobre os Gerudos.

— São um povo todo formado de mulheres, Ganon é o único homem.

— Então aqui Ganon nasceu como um Gerudo?

— Sim. Eles tem pele cinza-escura, olhos vermelhos e cabelos ruivo. São guerreiros fortes, astutos e duros de dobrar. Quando eu era criança, invadi a prisão secreta delas. No final das contas só consegui que uma me ajudasse porque eu salvei a vida dela. Apesar de tudo, sabem ser gratas.

— Quem é Ruto?

— A princesa dos Zoras desde tempos atrás. Agora era os comanda enquanto o príncipe não atinge a idade para comandar o povo junto com ela oficialmente. Ele perdeu a mãe há dez anos, Ganon a matou na frente de seu povo. O príncipe esteve muito doente, o encontramos e curamos na cidade. Depois ele voltou pra casa. Foi uma criança forte, certamente será um bom comandante.

— E sobre Kakariko Village?

— É a vila onde Impa nasceu, onde vive o clã dos Sheikahs. Eu esqueci de citar, mas passamos por dentro dela quando fomos ver os Gorons. O interessante dessa vila é que parte está situada nas áreas verdes de Hyrule e a outra parte perto dos lugares de terra dos Gorons. Quando eu era criança apenas a primeira existia. Depois a vila se expandiu. E caso você vá à área verde, tenho cuidado com as galinhas, principalmente as brancas.

— Ã? – Link* e Midna estranharam ao mesmo tempo.

— O que pode haver demais com inofensivas galinhas?! – Midna perguntou.

— Inofensivas?! – Link arregalou os olhos espantado só de lembrar – Elas são criaturas monstruosas!!

— Sim! – Navi confirmou – Se você não for bem cuidadoso com elas, elas podem te matar!

— Uuu... O grande herói do tempo tem medo de galinhas!! – A risada de Midna superou até mesmo o som da chuva, Link* ficou calado, preferindo não ignorar o aviso.

— Cala a boca Midna!!

Momentos mais tarde avistaram água, era parte do Lake Hylia. Pararam os cavalos e desmontaram. A luz do sol já quase não podia mais se ver, tornando difícil enxergar alguma coisa nitidamente. Desmontaram dos cavalos e olharam em volta. Link pegou uma lanterna e a acendeu, analisando o lugar até encontrar o que parecia ser um grande canhão na margem do lago.

— Link, aonde você nos trouxe? – O outro perguntou.

— O deserto é muito longe, mesmo a cavalo.

— É verdade. Levaríamos muito tempo.

— Isso é um canhão?

— Sim. Pode não lhe parecer uma boa ideia, mas vamos voando.

— Quê?! Vamos nos esborrachar na aterrissagem.

— Eu posso amaciar nossa queda – Midna lhe disse – E se houver mesmo neve, não vamos nos machucar, não tanto ao menos.

— Venham.

Epona se distanciou com o outro cavalo e desapareceu. Midna e Link* seguiram o outro até uma casinha ao lado do grande canhão, que mais parecia uma casa colorida. Link bateu algumas vezes na porta, até um velho homem baixinho com roupas um tanto coloridas aparecer.

— Olá, Link! Vejo que trouxe companhia. Não me atrevo a ficar aqui fora nesse clima horrível de guerra. Mas se quer voar, posso ajuda-lo com isso agora mesmo.

Alguns minutos depois os três estavam bem acomodados dentro do canhão quando o homem fechou a tampa. Ouviram alguns ruídos da manivela sendo girada várias vezes, mais rápido a cada segundo e da música alegre sendo tocada pelas saídas de som ao lado. O telhado da casa colorida se abriu e o canhão foi elevado para fora na direção que levava ao deserto. Após certa turbulência os três foram lançados com velocidade e força impressionantes pelo ar. Tentaram, mas não puderam evitar gritar no momento.

Dentro de algum espaço de tempo, visualizaram uma vastidão de terra branca, tão branca que podia ser vista claramente, mesmo durante a noite. A massa branca se aproximava cada vez mais. Esperavam a queda quando viram Midna estender as mãos na direção do solo e a pressão do ar sobre eles diminuiu, tornando a queda livre mais lenta e leve. Logo bateram contra o chão, sentindo-se cair numa espécie de almofada muito gelada e branca. Os dedos de Link tocaram o chão branco, gelado e macio.

— É neve mesmo... Chegamos ao deserto. Estão todos bem?

Link* observou enquanto se levantavam e sacudiam a neve de suas roupas. Uma vastidão de solo branco, sem nenhum sinal de vida ou qualquer construção. Algumas partes de terra mais elevadas, também cobertas por neve. Não chovia, mas nevava intensamente. Àquela altura o sol já desaparecera e apenas podiam distinguir o lugar porque a neve era tão branca que além dos desenhos nas roupas de Midna, era a única coisa que podiam ver naquela escuridão. Os dois pegaram lanternas, já cheias com óleo e as acenderam. O raio de luz se estendeu por alguns metros e notaram que não era de muita ajuda sacudir a neve que os atingia, pois logo estavam cobertos por ela de novo.

— Link... – Midna disse apenas, tirando a lanterna de suas mãos.

— Mas já?

— Suponho que você tenha ideia do que nós temos que fazer.

— O espírito da luz daqui também deve estar preso. Mas eu não vejo monstros de Twilight e a pouca população daqui, que é humana, deve estar escondida em casa.

Não precisaram pensar muito. Fi apareceu de repente na frente no grupo.

— Mestre Link*, eu sinto rastros de energia impura vagando por esse lugar.

— Monstros?

— Não acho que a dimensão dos fragmentos seja suficiente para formar uma criatura de grande porte. É algo menor, mas ainda não identifiquei sua forma. É algo se desloca rapidamente e não possui boa coordenação motora.

— Isso me lembra algo... – Link pôs uma mão na cabeça, tentando pensar.

— Insetos? – Midna sugeriu.

— ISSO! – Link exclamou, lembrando-se do ocorrido de anos atrás – Em alguns lugares, Ganon está fazendo a história se repetir.

— Como insetos podem ter feito nevar aqui? – Navi perguntou.

— São formados por alguma fonte de energia impura – Fi lhe explicou – Há uma probabilidade de 90% de que eles tenham sugado a energia que mantêm esse lugar. Se encontra-los, há uma boa chance de que chegue a uma solução. Se precisar de alguma informação, não hesite em me chamar – ela desapareceu.

— Ganon já fez isso antes?*

— Sim. Na verdade foi o que ele fez com praticamente todos os espíritos da luz na última vez. Vamos andar um pouco antes de procurar, Midna. Link*, tenha cuidado, há buracos de profundidade enorme por essas terras, não sei o que a neve pode ter feito com eles...

— O que foi?! – Midna perguntou quando ele parou de repente.

— Tem alguma coisa embaixo dos nossos pés.

— Aqui também tem criaturas que andam embaixo da terra?

— Sim... Sem movimentos bruscos... Vamos pegar nossas luvas, escavar um pouco e jogar uma bomba.

O mais jovem assentiu. Sentiram o solo abaixo de seus pés se mexer, e não perdendo tempo, abriram um buraco suficiente pra jogar duas bombas nele e tentaram o melhor que podiam para se afastar com o chão dançando abaixo deles no momento em que a explosão destruiu uma centopeia gigantesca, que chegou a arrastar-se até metade do corpo para fora antes de virar fumaça e desaparecer.

— Um segundo a menos e podíamos ter problemas.

— Acha que vamos encontrar mais dessas?

— Por enquanto não.

Correram durantes alguns minutos até adentrarem mais profundamente o local, sem nada encontrarem.

— Link, acho que podemos começar a procurar.

— Vá em frente.

Link* presenciou surpreso Midna estender a mão na direção do hylian, que envolvido por escuridão, transformou-se num lobo cinzento com olhos azuis. O lobo o olhou por alguns segundos, observando a expressão curiosa do garoto, mas como nada podia falar, virou a cabeça para Midna e emitiu um somo como se zombasse da princesa.

— Pode rir! Posso até ser grande demais agora pra você me carregar, mas prefiro infinitamente estar assim do que daquele jeito asqueroso! Caminhar por mim mesma não é tão ruim.

Ele emitiu um som irritado e passou a farejar a neve. Assim foi durante vários e vários metros, até ele erguer a cabeça, com olhos atentos e orelhas em pé.

— Achou algum cheiro? Consegue lembrar-se do cheiro daqueles insetos depois de tantos anos, Link?

Ele latiu em concordância e correu disparadamente. Enquanto o seguiam, os outros puderam notar que nem mais podiam ver as terras além do deserto sem neve, tudo em volta era o manto branco que cobria o lugar. Midna mantinha-se segurança a lanterna acesa para Link*, pois era o único que não tinha condições de enxergar perfeitamente naquela escuridão. Navi voava atrás de seu protegido, formando uma cena estranha de uma pequena fada voando junto a um lobo, não era algo que se via todo dia. O grande lobo parou de repente e rosnou, emitindo uma onda de energia sinistra que se estendeu à sua volta, destruindo alguns pequenos monstros. Em seguida, ele se dirigiu até um monte elevado de neve, que devia ser uma pedra. Havia uma árvore, com certeza sem folhas, coberta de neve lá em cima. Link rosnou para Midna.

— Tudo bem, o que há lá em cima? – Perguntou, e o transformou em humano.

— Vamos subir.

Os dois guerreiros usaram as Clay Shoots para se agarrarem à árvore e logo estavam lá em cima, seguidos por Midna, que subira facilmente pelas sombras. Link se agarrou à uma grande flor voadora, com a Clay Shoot, fazendo sinal para Link* segui-lo. O garoto prendeu-se à outra flor, carregando Midna em sua sombra. Após as plantas, também, cobertas de neve, flutuarem por alguns metros, Link saltou, sendo seguido pelos demais.

— Tem pedras aqui – ele tocou as paredes brancas, analisando-as e colocando uma bomba à frente.

Afastaram-se e a explosão revelou uma passagem. Link os chamou para entrar e acabaram caindo num grande buraco. Estranhamente, o lugar tinha iluminação, que parecia vir da pedra onde haviam caído. Era uma pequena caverna subterrânea, livre de neve. Alguns potes de barro estavam espalhados pelo chão e três pequenos suportes para tochas estavam distribuídos pelas paredes.

— Temos que mantê-los acesos ao mesmo tempo – ele disse, entregando mais uma lanterna a Link e pegando uma para si mesmo – Geralmente tenho que fazer isso correndo, mas já que somos três, me ajudem.

Quando as três chamas se acenderam uma luz invadiu o local e um baú apareceu em seu lugar. Dentro dele, encontraram cem rupees.

— Como saímos daqui? – Link* lhe perguntou.

— Onde caímos – Navi lhe disse – Lugares como esse existem desde que Link era criança.

Quando os três pisaram na pedra onde haviam aterrissado, logo se viram outra vez no frio do lado de fora.

— Estava quentinho lá embaixo... Vamos acabar logo com isso – Midna falou, voltando a caminhar.

— Pegue isso – Link estendeu um vidro de leite do Lon Lon Ranch ao garoto – Você está muito pálido, não deve ser acostumado à neve, não é? O leite vai ajudar um pouco a manter sua força. Pode guardar o vidro.

— Obrigado – ele falou, abrindo o pote antes que a tampa congelasse e sorvendo todo o líquido, que naquele frio, parecia até estar morno, sentindo-se mais forte imediatamente – Não costuma nevar em Skyloft.

Correram por metros e metros, sem um sinal sequer dos insetos malignos, mas encontraram grandes torres, provavelmente feitas de madeira. Um goblin de pele cinzenta e expressão feia parecia observar os arredores lá embaixo. Link não tinha ideia de como eles podiam suportar aquele frio, mas queria acabar com eles antes que o visse. Pegou o bumerangue e arremessou contra a torre, fazendo não a neve despencar, mas também o goblin, que morreu instantaneamente. Ainda derrubaram vários outros com flechas e os estilingues. Na caminhada se depararam com baús contendo flechas, rupees, balas para estilingue, mas Link buscava algo que seria muito mais conveniente, javalis.

— Não estou nem aí pro frio. Precisamos deles! – Clamou para o nada.

Encontraram alguns animais amontoados numa pequena construção de madeira após Link, como lobo, farejar a fumaça de uma fogueira acesa ali. Link* montou apreensivo ao ser instruído sobre a estúpida velocidade e falta de cuidado dos animais, que desembestaram como se um boss estivesse atrás deles, quebrando tudo que viam pela frente, erguendo-se e correndo que nem loucos a cada trinta metros. Temendo que não conseguisse acompanhar aquela velocidade, Navi entrou no chapéu de Link. Quando encontraram uma construção ao longe e tentaram parar os javalis, estes frearam de repente, fazendo os dois Links caírem com um baque forte no chão. Midna saiu da sombra de Link e puxou os dois para cima.

Um pequeno castelo se erguia por trás de muros de pedra e de um portão de madeira. Goblins vigiavam as redondezas do alto e grandes pontos luminosos voavam em alguns lugares ao longe.

— Insetos! – Link* percebeu – Vamos entrar.

— Com cautela, tem goblins vigiando esse lugar.

Seguiram adiante, subindo os degraus de pedra o mais silenciosamente possível e acabando com goblins vigilantes que encontravam pelo caminho. Quando tiveram sorte de deparar-se com dois insetos, rapidamente os destruíram e a luz que os deixou flutuou na direção dos heróis e desapareceu.

— Ainda bem que essa neve silencia nossos passos – Link observou – Deve ter um goblin gigantesco aqui por perto. Sempre tem.

O herói não estava errado. Andaram mais um pouco até encontrarem os javalis, que haviam se deslocado para um local mais fechado e protegido do frio. Mesmo como a neve servindo como silenciador, puderam ouvir os passos da criatura gigantesca. Derrotaram-no em poucos golpes. Dessa vez, Link não o deixou viver para tocar fogo no lugar pelo lado de fora. Quando montaram novamente, os javalis correram como se o mundo estivesse acabando e pararam bem antes da entrada do castelo, fazendo-os cair dentro da água.

— Água?! – Link e Midna se surpreenderam.

— Quando isso aconteceu na nossa era, o deserto virou um oceano. Alguns habitantes antigos de lá tiveram que me guiar por vários quilômetros.

— Está mesmo parecendo que Ganon quer fundir os tempos... Não falta muito. Vamos nadando.

Apesar do frio intendo do lado de fora e de suas roupas encharcadas, lá dentro continuava quente, não teriam muitos problemas para se secarem. Desceram uma grande escada, onde o piso terminava e havia um buraco negro de areia movediça, várias pedras e crânios espalhados até chegar num portão com o símbolo da triforce gravado acima dele.

— Tenha cuidado com essa areia e com os crânios, eles podem virar esqueletos vivos em miniatura. Tem óleo lá em cima, vamos encher as lanternas.

Com as Clay Shoots e as pedras, após enfrentarem algumas caveiras erguidas dos crânios, e encontrarem a corrente que abria o portão, finalmente o abriram e passaram por ele, enchendo as lanternas num grande caldeirão com óleo. Por horas, enfrentaram caveiras, múmias enormes com espadas gigantescas, monstros pequenos, passagens secretas, armadilhas... Nada que não fosse familiar aos dois. A única se impressionar vez ou outra era Midna, que não costumava andar pro tais lugares. No final das contas, Link* achou o lugar muito parecido com o templo em Faron Woods na superfície. As cores das paredes e a maneira como as salas eram projetadas, as várias escadarias eram muito semelhantes.

— Midna, me transforme em lobo. Ouço insetos. Será mais fácil pegá-los.

— Agora mesmo!

Logo ele transformou-se e avançou quando sete animais apareceram de uma só vez. Pegou três deles e impressionou-se ao ver Link* usando uma arma estranha, que derrubou os quatro restantes. Não era bem uma arma, funcionava como uma bomba d’água, que impedia os insetos de continuarem voando. As luzes coletadas foram na direção dos dois até sumirem.

— Consegui no Deserto de Lanayru. É muito útil pra remover areia e fazer as passagens que são balanços te levarem pro lado certo.

Após mais salas, inimigos, múmias enfurecidas tão altas que chegavam a ser maiores que Midna, com espadas gigantes enfaixadas nas mãos, passagens e escadas, os três tinham o mapa do lugar e uma bússola. Junto ao mapa encontraram um pergaminho com os seguintes dizeres: “Você conseguiu o mapa da Dungeon. As salas escuras representam os locais que você ainda não visitou e o ponto brilhante indica sua localização atual.”

— Ainda tem um bom pedaço pra andar e nem temos tantos insetos - Midna falou, olhando o mapa por ciam do ombro de Link.

— Mas só devemos achar inimigos fracos, armadilhas ou caminhos difíceis até o final. Olhando onde nós estamos... Acho que devemos pegar aquele elevador agora. Possivelmente há uma chave em algum andar.

Por vários andares os dois Links se revezaram empurrando a estrutura giratória que os fazia mudar de andar para andar, encontrando no caminho uma chave e uma Ooccoo, que novamente resolveu segui-los.

— Esses besouros no chão... Parecem estar indo a algum lugar – Link* notou, pois os insetos quase sempre estavam andando em fileira e indo para alguma direção específica.

— Se pudéssemos vê-los no mapa... Facilitaria a nossa vida.

Link olhou as salas ainda não visitadas. Todas escuras. Ele as conhecia havia anos, mas quando Hyrule entrava em qualquer ameaça todos os mapas existentes se apagavam, a menos que você estrasse no local.

— Hey! Hey! Link! Hey! Listen!!

— O que há Navi?

— Eles costumam indicar a saída, mas estão andando em círculos... – ele coçou a cabeça, tentando pensar.

— Link... – Midna chamou – Um faro bem apurado poderia descobrir o que está acontecendo, talvez até falar com os besouros.

— Tem razão! Faça isso.

Transformado em lobo, o hylian farejou a areia, captando um cheiro familiar.

— Ei! Você aí! Aqui embaixo!

Midna e Link* observaram, intrigados e segurando uma risada ao mesmo tempo, quando viram Link sentar-se e abaixar a cabeça na direção de um besouro parado na areia. O pequeno inseto não emitia nenhum som audível para os outros dois, mas Link lhe respondia com alguns rosnados e abanou a calda quando pareceu receber uma informação relevante. O besouro saiu correndo, juntando-se novamente a seu bando e Link olhou para cima em alerta, farejando o ar e batendo em disparada. Link* e Midna o seguiram, sendo obrigados a atravessar com toda a velocidade uma sala onde havia uma espécie de ventilador gigantesco encoberto por espinhos, que poderia ter feitos todos em pedaços sem não passassem no momento certo, e em seguida atravessaram um corredor cheio de areia e besouros onde todas as pedras afundavam um pouco quando eram pisadas.

Link continuou correndo e os levou para dentro de uma sala escura, que trancou-se atrás deles. O lobo farejou o ar novamente e rosnou quando uma grande nuvem de insetos voadores veio na direção dos três. As ondas de energia sinistra e golpes de espadas rapidamente deram conta das criaturas, mas havia algo mais com o que se preocupar. Os três se adiantaram, cortando algumas cordas, e símbolos vermelhos brilharam na superfície de uma grande espada presa ao chão, que soltou-se, dissolvendo todas as amarras e erguendo-se ameaçadoramente na direção dos três. Tratava-se se um fantasma enorme e de aparência monstruosa, que apenas tornou-se visível quando Link se transformou em lobo por alguns segundos. Apesar do tamanho, a criatura não foi difícil de destruir, e ao fim do combate a sala iluminou-se e as portas se abriram.

— A partir daqui temos que seguir com o spinner... É uma espécie de pião gigante. Podemos andar em cima dele – explicou diante do olhar interrogatório de Link* - Midna, é melhor você ir pra minha sombra, só cabemos nós dois em cima disso.

— Tá bom, herói – ela disse, desaparecendo.

Os dois subiram no spinner que girava pelo chão, adentrando a dungeon em grande velocidade, às vezes encaixando em trilhos nas paredes, chegando rapidamente aos andares superiores, ou encaixando-se no centro das salas e levando a passagens diferentes, onde encontraram uma big key em um baú negro com uma pedra vermelha, que sabiam muito bem ao que lhes serviria. A chave tinha a mesma pedra do baú e era muito mais elaborada que as simples small keys. Encontraram mais dos grandes insetos voadores, completando o número necessário, na conta de Link, e notaram a ausência total de inimigos menores ou besouros, o que obviamente significava a proximidade de um boss. Não demoraram a encontra-lo, logo estavam dentro de uma sala escura e consideravelmente grande, a ossada de um dinossauro enterrada no chão.

— Sempre me perguntei porque tenho que enfrentar essas dungeons nas épocas de guerra – Link disse – Achei que esses monstros estavam sempre aqui, então eu voltei depois que tudo acabou dez anos atrás, mas não havia nada. Pareciam grandes templos comuns. Essas criaturas aparecem aqui quando Ganon está por perto. E mantê-las vivas fortalece o poder dele. Por isso temos que destruir todos, isso vale pra o mundo de onde você vem também, Link*. Vê esses ossos? Vamos despertá-lo e acabar com isso.

— Ele é enorme! – Midna apareceu de repente, dando um grande susto nos dois.

— Eu odeio quando você faz isso! – Link reclamou.

Os olhos da carcaça do animal brilharam e toda a sala tremeu quando ele começou a se levantar. A criatura balançou com o próprio peso e ao equilibrar-se, rugiu furiosamente na direção deles. Aquele movimento fez link* lembra-se do desajeitado e furioso polvo ciclope que enfrentara no Deserto de Lanayru. Era um Stallord. Link e Midna lembravam-se bem dele, mas dessa vez parecia ainda maior e seus olhos vermelhos pareciam mais vivos e atentos.

— O único jeito de entrar nesse buraco de areia e lutar com ele é usando o spinner. Eu e você vamos atacar constantemente aquele osso do final da coluna. Um golpe de cada lado. Midna, livre-se dessas caveiras cinzentas minúsculas. Em trio isso será muito mais rápido.

Durante minutos e minutos, os dois heróis deslizaram pela areia em cima do spinner, ouvindo infinitos alertas de Navi, e golpeando e rachando cada vez mais o osso do grande dinossauro. Midna corria em volta da criatura, destruindo aos poucos suas guarda de pequenos esqueletos armados, o que facilitava incrivelmente o ataque dos dois Links.

— Acho que se agora dermos só uma pancada com o spinner será suficiente pra desmontá-lo. Já tem muitas rachaduras – Link* disse, apertando olhos para observar quando se afastaram.

E assim foi. O osso virou pó, o dinossauro soltou seu último lamento, a luz deixou seus olhos e o esqueleto afundou na areia. Quando o chão de pedra abaixo dela se revelou, Link usou o spinner para elevar a plataforma, tendo uma desagradável surpresa quando a cabeça do animal se reergueu com os olhos acesos outra vez e os derrubou lá embaixo, expondo-os a uma dolorosa pancada e grandes arranhões, apesar dos escudos protegendo suas costas. Antes de subirem novamente, Link catou uma poção roxa, que lhe garantia quatro vezes mais força por algum tempo, e a fada de Agatha em seus itens, e entrou a fada a Link*, deixando os itens mais acessíveis, e encaixou o spinner na parede, seguindo em espiral para cima. As coisas pioraram bastante quando perceberam a cabeça os seguindo e foram derrubados várias e várias vezes. Midna tentava desorientar o animal, mas não conseguia muito sucesso. Toda a sua fúria o fazia se focar apenas em comer os dois heróis vivos. O dinossauro ainda lhes lançava bolas de energia, obrigando-os a pular com o spinner de uma parede para outra, e como estavam em dois, a tarefa era muito mais difícil e cansativa. Quando finalmente trouxeram a cabeça para o chão, não perderam tempo. Link bebeu sua poção, sentindo os ferimentos se fecharem, e a golpeou com toda a sua força, mas foi o garoto que desferiu o golpe de misericórdia, e puderam ver o monstro subir rugindo no ar e dissover-se. Uma ponte se estendeu até eles, mostrando a saída.

— Link*! – Os outros dois espantaram-se quando o jovem caiu no chão desacordado.

— Hey! Listen! Hello!!

— Ele vem se machucando desde que chegamos e passou por condições totalmente anormais pra ele aqui...

Link pôs a mão entre o escudo e as costas do garoto e pode sentir machucados causados pelo próprio escudo na queda, além de outros arranhões abertos em suas pernas e braços. Marcas de sangue manchavam sua mão quando a puxou de volta.

— Sabe onde está a fada?

— Sim. Temos poções, mas nesse caso uma fada fará muito melhor.

Puxou o vidro do bolso do garoto, onde a fada se agitava, e a soltou. Ela voou em volta do menino, o envolvendo com sua luz e cada machucado desapareceu, assim com a própria fada. Link* abriu os olhos, conhecia aquela leve presença. Já fora curado por fadas durante a guerra na superfície. Devagar, ele se levantou, sentindo-se em perfeitas condições novamente.

— Ainda bem! – Link sorriu.

Seguiram pela ponte e logo se viram na saída. O deserto voltara ao normal, sem neve, sem tempestade de neve, sem água. Uma imensidão de terra apenas.

— Na superfície, temos três dragões no lugar dos espíritos da luz. Achei que encontraríamos Naryu aqui – Link* estranhou quando o espírito não apareceu.

— Estranhamente... Ele vive no lago Hylia, que certamente também está um caos. Nós devemos devolver a luz a ele quando estivermos lá. Mas antes, voltaremos ao castelo. Precisamos nos recompor.

— Link!

Viraram-se e viram uma linda jovem mulher correndo em sua direção. Seus cabelos negros contrastavam com a pele clara e suas roupas e a pele branca de animal que a envolviam a faziam parecer de algum clã de guerreiros.

— Eu sabia que você estava envolvido nisso quando tudo voltou ao normal! – Ashei exclamou feliz.

— Olá, Ashei.

Após repetir o mais brevemente que podia sobre as origens de Link* e Midna, e finalmente apresentar Navi à Ashei, Link ouviu o relato de Ashei sobre o lago Hylia, área a qual ela também estudava constantemente. Em alguns locais a água estava estupidamente fria e até congelada, os Zoras estavam ariscos, desconfiados e alguns deles também congelados. Fato anormal, uma vez que os Zoras, apesar de preferirem evitar o contato com humanos, eram um povo calmo, simpático e cortês. Ruto e o príncipe não haviam aparecido durante a última ronda de Ashei. O reino do Zoras estava novamente imerso na escuridão.

— Obrigado, Ashei.

— Temos sempre informações, venha ao bar se precisar. Foi bom rever você, Link, e conhecer seus amigos. Até mais - ela despediu-se e saltou para longe até desaparecer.

— Devemos estar nas primeiras horas da manhã, a paisagem está bem mais fácil de enxergar, mesmo sem as lanternas acesas. Midna, pode nos levar de volta?

— Agora mesmo!

A princesa fez um gesto, transportando todos imediatamente de volta ao castelo.

— Link*! – Zelda* correu na direção do noivo quando este entrou no quarto algum tempo depois de ter chegado, e se agarram num forte abraço.

— Ainda está escuro. Você não dormiu?

— Acordei faz poucos minutos, não consegui dormir. Estive conversando com Impa. Zelda teve um sonho, parecido com o seu. Havia súditos de Ganon por toda parte. Estamos preocupadas com o castelo.

— Ainda bem que nada aconteceu quando estávamos longe.

Sentaram-se juntos numa das camas e ela deitou a cabeça no ombro dele, que pôs-se a afagar os cabelos dourados.

— Aqui Naryu comanda duas áreas. Ele vive no lago Hylia. Só completaremos a missão quando formos até lá. Eu não queria, mas você terá que ir com a gente encontra-lo.

— Eu sei. Farei isso de bom grado.

— E quando farão isso?

— Em breve.

******

— Link... – Zelda falou sonolenta quando viu o marido fechar a porta e vir sentar-se ao lado dela.

— Está acordada? O que há?

— Me sinto bem hoje, não consegui dormir sem você.

— Mas finalmente estou de volta.

— Olá, Navi.

— Olá, Zelda. Essa fada precisa descansar. Boa noite – disse ao casal quando se recolheu para dormir.

Link sentou-se ao lado da princesa, abraçando-a confortavelmente. Relatou a ela o ocorrido no deserto e ela lhe contou sobre o sonho. Logo Link teria que ir ao lago Hylia e tinha um mal pressentimento sobre isso. Também temia pela segurança do castelo quando ele estivesse longe. Mas pensar em tais coisas naquele momento em nada ajudaria. Nos momentos seguintes, convenceu Zelda a deitar-se e dormir até amanhecer, mas continuou acordado com tais questões rodando em sua cabeça, até adormecer pelo cansaço.


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