Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Lá vai um combo!
(Na vdd, ia ser só um cap., mas eu não quero findar 2013 e começar 2014 com um caso delicado como esse do post...). Então comemorem rs
Tbm fiquei besta qnd a Flávia me contou essa do cap. 1. Foi inesperado até para mim.
E o que Milena fez também XD

Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/453816/chapter/3

Tentei ser o mais profissional possível, juro!

– Você o quê, Milena?

– Eu dei um tafhgtlswq...

Falei baixo mais uma vez. Era duro admitir que tinha perdido o controle, que tinha feito isso da pior maneira possível e que poderia perder meu estágio por isso, apesar de a confusão ter se dado fora do prédio, pois ainda estava no horário de trabalho.

Flávia também mal podia acreditar no meu feito. Internamente agradecia por minha reação que eu sei, só não admitia alto e claro, porque, bom, ela tinha uma alma muito bondosa e sabia que não devia incentivar a violência. Por isso mesmo eu fiz o que fiz. E faria de novo e mais quantas fossem necessárias.

Vinícius sente que é uma coisa muito errada só pelo fato de eu tentar enrolá-lo. Eu ia dormir na casa de Flávia, não fui pra faculdade, permaneci com minha amiga o tempo todo depois de chegar do estágio. À família dela só comuniquei que havia brigado com o namorado, e eles deram espaço a ela também, apesar de preocupados. Vini deu uma passada para me ver, saímos para uma lanchonete dali perto para conversar melhor.

– Mi, diz logo.

Remexi a boca, mexi a mão, suspirei. Soltei o canudo do meu suco para falar:

– Eu dei um tapa nela, pronto, disse.

Vinícius quase salta da mesa pra me repreender.

– Milena!

– Ela que pediu, nem vem. Desde a hora que entrei naquele escritório e parei, falei pro meu chefe que me retiraria, que não poderia fazer aquela consultoria, a vaca entendeu que eu sabia e que tava espumando de raiva dela. Sabia que eu sabia!

– Você prometeu não sair mais batendo nas pessoas.

– O que queria que fizesse, oras? Da próxima que você socar alguém, vou ficar no teu pé também, pode apostar.

– Mi, mas... é a mãe do seu amigo. E sua cliente.

– Não, eu me recusei a fazer a consultoria. Dispensei por motivo maior e pessoal. Saí educadamente da sala, voltei pro meu canto. Pegou mal pra mim, mas num tava nem ligando, me virava depois. Foi aí que Gui foi tentar falar de novo comigo, e eu disse que a mãe dele tava lá. Ele achou que eu tava de sacanagem, para enganá-lo, então o levei até o corredor da sala.

– E aí?

– Ele ouviu pela porta que era a mãe dele. A gente discutiu baixo lá mesmo. Iara nos encontrou assim, e me puxou para a portaria pra me acalmar. Nisso, saí logo do prédio pra ninguém ficar me observando no saguão da entrada. Aí não demorou muito, a vaca apareceu na saída. Trocamos uns olhares de desprezo, ela saiu. E voltou só pra provocar.

Com receio, Vini, mesmo sabendo o fim da história, perguntou:

– Que ela fez?

Enchi-me da altivez podre da vaca e a imitei, abrindo aspas sugestivas com as mãos para entender que era ela falando.

– “Só pra constar, aquela menina não está à altura de um Villaça”.

Aí eu me aproximei dela chutando todo meu autocontrole, disse na cara dela “bora ver se meus 1,69 estão à altura” e dei um belo tapa na infeliz. Dei com gosto pra que notasse quanto era bom. Vinícius ainda não concorda comigo.

– Mi... não podia se deixar levar.

– Eu sei, mas, minha melhor amiga, poxa! Você sabe o quanto ela a humilhou. Eles podem terminar de verdade. Gui e Flávia separados. Pode imaginar isso? É Romeu sem Julieta, é Julieta sem Romeu. Juntos eles dão sentido ao mundo. E separados?

– Não tá exagerando?

– São meus melhores amigos, Vini... Além do mais, se Djane me destratasse, tu seria o primeiro a virar bicho. Na realidade, já virou uma vez.

Só assim ele assente, sem, no entanto, concordar 100%.

– Ok, entendo as razões. Mas tu sabe que não fez bem algum.

– Não era minha intenção fazer bem mesmo...

– E ela... revidou?

– Só me xingou. E se fez de vítima. Geral me olhou estranho. Não me arrependo.

Vinícius balança a cabeça, não quer me dar a razão para algo extremo assim. Enquanto ele suga mais suco de seu canudo, um pouco debruçado a minha frente sobre a mesa, mantenho-me na minha, dando a entender que a história terminava ali.

Não terminava.

Não digo a Vini que Filipe viu toda a comoção lá de fora, estava no saguão resolvendo algo na recepção quando tudo aconteceu. E ele me ajudou. Me defendeu. Sob o olhar de todos.

Quando a mãe de Aguinaldo reclamou de mim, ele só disse que “ela devia ter feito algo pra merecer, que eu não faria aquilo se não fosse necessário”. A mulher simplesmente se horrorizou, conhece o Muniz, que ele era chefe e eu funcionária. Quer dizer, estagiária. Puxou sua assistente, saiu gritando quaisquer impropérios e Iara me amparou para eu não fazer mais nada – eu não ia mesmo, mas foi bom tê-la comigo.

Fomos pra sala das mamães ali perto, não tinha quase gente lá, tocava alguma música de ninar em volume baixo. Iara tratou de me manter fora do alcance de Gui, conversou com ele quando apareceu.

Também não digo que foi Filipe quem me deixara na casa de Flávia.

Vinícius suspira cansado do dia, compreende bem que não me dissuadiria daquilo. Meu celular toca, indica Murilo no visor. Pendi a cabeça só de lembrar que ainda teria outro pra lidar também. O jantar com a família de Aline felizmente me salvou por apenas uma noite. Atendo.

– Oi.

Uma enxurrada de vozes por trás da voz de meu irmão toma meu ouvido. Parecia bem agitado lá. Esperava que Murilo não estivesse dando uma de exagerado, ele pilhado é uma coisa estranha, fala pelos cotovelos, fala muita merda, e coitada da Aline, estava sozinha com ele para consertar.

– Você vai ficar mesmo na casa de Flávia?

– Vou.

– Ok, era só pra checar.

– Como tá aí?

– Tá tranquilo por enquanto. Ainda tô nervoso. Vinícius teve uma sorte tremenda, conheceu a nossa família antes de ser apresentado oficialmente.

Nem tanto se eu quebrei o vaso da vovó na cabeça dele.

– Calma, mano. Só não falar muito e segura tuas besteiras por um dia, ok?

– Ah, tá, porque ISSO me tranquiliza muito.

– Ok, então me diz quem nunca gostou de ti? Você tem um jeito de conquistar fácil, mano. Seja você mesmo. Não tente impressionar ninguém.

Ouço quando respira fundo.

– Isso soou melhor. Valeu.

– Vinícius tá mandando força.

– Ah, ele tá aí? Diz que ele tá me devendo 40 pratas então.

– 40 de quê?

– Ele apostou que você iria me pilhar e que não era pra te ouvir. Só eu fui decente de não apostar contra você, apesar de ter me pilhado mesmo. Ainda assim, contornou e me aconselhou.

Entrecerro os olhos para o namorado a minha frente, que nota minha expressão de imediato. Sorri amarelo com desculpas, sacou que foi pego. Me despeço do irmão sem dar-lhe chance de resposta, pois logo desligo.

– Quero metade. Tchau.

Vinícius faz a cara mais deslavada do mundo para se explicar. Me levanto, a conta estava paga já, Vini me alcança.

– Não foi desse jeito, Mi. Aposto que ele distorceu só pra te provocar.

– São muitas apostas numa mesma noite, namorado. Quer dizer, defunto.

– Ô amor, foi só uma brincadeira. E fora de contexto, devo acrescentar.

Parei na porta do carro dele, cruzei os braços.

– Do jeito que vocês têm suas coisas, nem quero saber que contexto foi esse. Já sabe, né? Sem beijo. Vou pensar em quantos dias vai ficar deserdado.

Entramos no carro, ele medindo palavras pra não fazer um estrago maior.

– Posso ficar hoje sem beijo pra compensar, mas dias não. Nãm-ham.

– Não tá nem posição pra fazer acordos, Vinícius Garra.

– E se eu prometer...?

– Nem de prometer. Sem tentativas a mais.

A lanchonete ficava a duas ruas da casa de Flávia, então não demora para chegarmos à porta.

– Ok. Mas o que vai fazer com o Gui?

– Ainda tenho que pensar quanto a isso. E sua mãe?

– Que tem minha mãe?

– Vou fingir que você não se fez de bobo, tá.

– Mi, isso é... Isso é complicado.

– Aproveite que tá sem beijo, pense um pouco mais a respeito.

Ele faz uma carinha desgostosa linda quando desliga o motor. Apesar de ter dito sem beijo, dou um abraço nele, e deixo um breve beijo ao rosto. Sei que fica tentado a roubar-me um de verdade, mas se segura.

– Ainda penso o mesmo, você sabe.

Me despeço.

– E eu também. Tchau.

~;~

Existem alguns momentos da vida que devemos ouvir músicas amenas conforme nosso íntimo dite. Não quer dizer necessariamente que estamos tristes, que precisamos extrair sentidos das letras, só... precisamos ouvir. Pois o silêncio consegue ser gritante.

Quando a irmã de Flávia abriu a porta pra mim, vi que tava muito preocupada. Flávia tinha uns momentos de silêncio, mas aquele estava sendo assustador. Desses que Murilo se aterroriza quando faço com ele.

– Ela tá muito quieta. Não quer abrir a porta pra ninguém.

Seu marido passou por mim, também visivelmente inquieto pelo comportamento da cunhada.

– E aí, preciso dar uma porrada nesse cara ou o quê?

Sorrio em agradecimento, porém, sem jeito. Flá havia me proibido de comentar qualquer coisa sobre a “briga”, então me forço a apenas balançar a cabeça em negação, apesar de querer muito que alguém levasse uma porrada bem dada. Não necessariamente Aguinaldo, mas se isso confortasse de alguma maneira minha amiga, eu autorizava.

– Não. Melhor apenas dar um tempo.

– Tem certeza?

Os pais dela haviam se retirado cedo, procuraram não sondar muito, e assim fez a irmã e o cunhado, dando-me passagem para o quarto de Flávia. Trancado, tive que bater na porta. Realmente, enquanto esperava ela abrir, havia um silêncio enorme. Aliviei mais quando vi que assistia algum episódio no notebook de sua série com fones de ouvido. Meio aérea, minha amiga aproveitou que havia levantado e foi no banheiro.

Mexi um pouco no touchpad do notebook, e percebi uma coisa. Não, não era a cena congelada da série em questão. De acordo com o programa que rodava o dvd, o volume estava zerado. Então levei o fone ao ouvido e... constatei, ao reconhecer Maria Mena, que Flávia dera partida às músicas tristes noutro programa e que tentava se convencer a fazer o que eu temia. Não se distrair, mas se afastar de Gui. Terminar com ele.

Não era saudável, e eu entendia bem seus pontos, mas... terminar com o Gui? Ele era perfeito pra ela! E não falo isso só porque ele é meu melhor amigo, me refiro a ele com ela mesmo. Tem esse fitar afetuoso à distância, esse sorriso instantâneo, aquela expressão suave, só de pensar nela. Diria que é um bobo, como muitas vezes pode ser, mas desse jeito, ele era apenas um... apaixonado. Do sentimento dele eu não duvido.

Quando ela volta, já coloquei o fone no lugar como se não tivesse mexido. Tenho a impressão que tinha uma playlist ali sua, com músicas escolhidas a dedo, todas as tristes, amenas e calmas que pôde encontrar no seu notebook, e as ouvia em looping infinito. Flávia era dessas pessoas que fazem listas de músicas para várias situações e se deixa levar pela força delas, principalmente se precisa tirar alguma para se levantar. Só que dessa vez, ela não quer levantar, ela só quer se manter deitada. Diferente de mim que jogo água no rosto para passar por cima da dor, ela se permite sentir.

Mas não quero que sinta, me parte o coração vê-la assim. Ao voltar para a cama, onde estou sentada, ela joga um travesseiro sobre minhas pernas e nele deita, onde posso dar todo um carinho que precisa. Um cafuné que eu queria que pudesse resolver parte daquilo. O resto eu me viraria com alguma conversa.

– Blair Waldorf não ajudou muito, né?

Ela funga.

– Ajudou um pouco.

– Sei.

Então puxo o pluggin do fone de ouvido da máquina sem aviso e ela reage com um “não” atrasado. Antes de ter deitado, Flávia havia abaixado a tela do notebook, então só encaramos a máquina disposta logo a nossa frente fechada e emitindo a playlist que eu desconfiava. Era alguma música bem calma, com piano, que não reconheço.

Trilha indicada/citada: Marketa Irglova - The Hill

(02:14)

Flá termina por confessar:

– Tentei assistir aos episódios. Só que... não consegui me desligar. Queria poder ouvir outros problemas, esquecer um pouco dos meus, e só as músicas me deixaram ir além.

– Quer conversar?

– Não. Não sobre isso. Me fale qualquer outra coisa... Murilo? Ele falou algo sobre você ficar aqui?

Não reclamo sobre as músicas, deixo que sejam o pano de fundo de nossa conversa, se era isso que ela precisava. Qualquer coisa que me pedisse, estava fazendo. Começo tranças pequenas em mechas que resgato habilmente. Sempre acertei fazer tranças nos outros, menos em mim. Devia ser um gene semelhante ao do Murilo, aquele que não consegue amarrar o cabelo de alguém, ou fazer laços senão no próprio sapato.

– Não, achou até melhor. Tu sabe que anda tendo uns assaltos a casas lá por perto e nem sempre ele tem podido ficar em casa. No outro dia ele chegou de madrugada, eu me tremi toda, pensando que tinham invadido. Porque o carro dele já tava na garagem, então ele usou a porta da frente. Peguei a primeira coisa que vi e fui lá averiguar. Ele saltou de susto quando o abordei no corredor com uma... hã... caneta.

Isso a surpreende, e me acalma por ver que prestava atenção em mim.

– Caneta?

– Yeah. Era de madrugada, eu mal tinha acordado, tava com medo.

– É, é compreensível.

Ela abraça uma almofada pequena, funga e isso me sugere que ainda não desobstruíra suas vias nasais. De acordo com que falo de meu irmão, minha amiga se força a se manter focada e coerente.

– Agora ele tá num jantar na casa da Aline. Sendo apresentado formalmente à família.

– Wow. Um passo sério.

– Aham. Sei que é essa noite que ela vai fazer aquela proposta a ele.

– Aquela sobre a irmã dela?

Trilha citada/indicada: Ellie Goulding – Your Song

Sinto-a melhor quando começa Ellie Goulding, ainda que a música seja quieta. Os olhos dela parecem pesar um pouco conforme continuo as tranças e a respondo.

Sabia ela que aquela proposta era segredo de Estado. Murilo nem sonhava com uma coisa dessas, mas até mamãe sabia, apesar de parcialmente. Quer dizer, quando eu tava fora pela viagem, mamãe conversou a sós com Aline – para terror de meu irmão – e a aconselhou um pouco. Não que minha mãe sabia bem o que falava, afinal, não tinha conhecimento nem de 1% do que fora da briga deles sobre a suposta gravidez. Bom, Djane me garantiu não ter comentado, nem Vinícius.

Minha sogra também sabe da surpresa, apenas por alto, não lhe disse bem do que se trata. Vinícius é outro que nem sonha. Só contei mesmo para Flávia, porque, bom, é minha melhor amiga. Senão fosse a ela a contar, quem mais seria? Aline havia me ligado um dia quando tava fora da cidade e desabafou um pouco sobre seus anseios.

– Aham.

– Queria poder ver a reação dele.

– E eu!

– E Vinícius?

– Nenhuma noção. Ultimamente só tá encanado com aquela de Renato ainda.

É, Flávia sabia dessa também. No sábado antes de voltarmos para nossa cidade, eu contei a história do jantar estranho e um pouco do rolo de Renato e Djane para Gui, pois ele era o único que sabia que havia algo entre eles por... tê-los flagrado junto de mim. Só que Flá terminou por ouvir sem querer e aí já viu, tivemos que esclarecer tudo.

– Não acredito que ele implica com Djane sobre isso. E ainda não consigo imaginar professor Carvalho com ela. Quer dizer, não sendo maldosa. É que às vezes ela é tão séria. E ele é tão... palhaço.

Rio um pouco.

– Eu prefiro classificá-lo como gentil e animado. Acho lindo. Ela fica mal, embora não demonstre muito.

– Já conversou com Vini sobre isso?

Ouço um bip de notificação no meu celular, pego rapidamente para ver. Era uma mensagem de Gui. Fico em dúvida sobre ler. Principalmente por estar com minha amiga e ter ignorado as milhares de tentativas dele pelo dia. Estou magoada com ele também, mas bem que eu poderia deixar que falasse dessa vez. Continuo a conversa como se não fosse nada demais.

– Algumas vezes. Ele insiste que a mãe não precisa de ninguém. Por um lado Djane fica feliz por o filho demonstrar esse carinho e amor com ela, por outro, sei que sente a falta de apoio dele. Vini não gosta quando toco no assunto. Ainda pouco mesmo ele quis escapar, como se eu não o conhecesse.

– E o que ela fala?

– Evita também. Aí eu não me meto. Mas tudo que eu puder fazer para que Vini tenha a consideração de não interferir, eu vou fazer. Ela merece.

– Nisso você tem razão.

– Gosto de ter razão.

– Mas nem sempre tem.

Trilha indicada/citada: A Fine Frenzy – Almost Lover

Your fingertips across my skin

The palm trees swaying in the wind

Images

A ponta dos seus dedos pela minha pele

As palmeiras balançando com o vento

Imagens

E então começa uma música que sei que ela não devia ouvir, reconheço bem os primeiros toques do piano, leves e breves. Conheço-a bem para ter noção de que faria os machucados dessa manhã arderem sobre e sob a pele. É de um ritmo poético e lindo, porém, muito triste. E se ela tinha pretensão de terminar mesmo com Aguinaldo, essa música seria o argumento que a levaria a tomar a decisão.

You sang me Spanish lullabies

The sweetest sadness in your eyes

Clever trick

Você me cantava canções de ninar espanholas

A mais doce tristeza em seus olhos

Truque inteligente

– Teria eu razão em não te deixar ouvir essa música em específico?

Movo um pouco o braço pra abrir o notebook, mas ela é mais rápida. Coloca a mão e a pesa sobre a máquina para me impedir.

– Teria. Só que... preciso ouvi-la, Mi.

Ajeito seu cabelo e tento virá-la para mim. Flávia nem procura se mexer em concordância, resiste em permanecer do modo que está.

– Flá! Não faz isso. Não faz isso com vocês. Não termina com ele. Vocês se...

I never wanna see you unhappy

I thought you'd want the same for me

Eu nunca quero te ver infeliz

Eu pensei que você queria o mesmo pra mim

– Não é o bastante, Mi. Seria... seria co-omo ter uma vida dúbia... Nós tenta-amos. E-eu...

Noto que mais uma vez ela não quer ceder ao sentimento que a toma, porém, a música, consoante toca, resume sua situação. Torno a aconselhar.

– Dê um tempo. Não termine.

Goodbye, my almost lover

Goodbye, my hopeless dream

I'm trying not to think about you

Can't you just let me be?

So long, my luckless romance

My back is turned on you

Should I known you'd bring me heartache?

Almost lovers always do

Adeus, meu quase amante

Adeus, meu sonho sem esperança

Estou tentando não pensar em você

Você não pode apenas me deixar?

Até logo, meu romance sem sorte

Virei minhas costas pra você

Eu deveria saber que você me traria dor?

Quase amantes sempre trazem

Queria pedir “por favor”, mas não tenho o direito. Principalmente quando sinto que o corpo dela treme por recomeçar um pouco de um novo choro, que ela não quer permitir vazar, mas ele dá seu jeito de sair. Era doloroso de ver.

– Ainda não decidi... mas pode ter certeza que não seremos mais os mesmos.

– Flá...

– Me deixe ser insensata dessa vez, sim?

Como poderia lhe negar o pedido? Ela me apoiara tantas vezes quando estive errada. Iria ser insensata junto então.

– Ok. Tô aqui.

Então “Almost Lover” seguiu curso pelo quarto, baixo, poético, pictórico. Flávia fechava forte seus os olhos a cada vez que a letra narrava cenas, imagens que batiam com a história dela. Assistir esse seu estado então me fez pensar no meu melhor amigo também. Em como estaria sofrendo. Em como eu não o ajudei também.

Como o ignorei e tomei partido, tão cega de raiva. Ele não merecia.

Me sinto um pouco mal pela forma com que me comportei com ele, como lidei. Vinícius tinha razão, fui severa demais. Enquanto Gui só me pediu socorro, fechei portas na cara dele. Mas também não me pareceu justo no momento. Ambos precisavam de um tempo antes de tomar qualquer decisão, ou mesmo conversarem.

Esperei que dormisse, ouvi com ela todas as músicas, que realmente, pareciam infinitas. Era uma mistura de fossa, tristeza, poesia, despedidas e até uns alternativos que não soube identificar bem. Quando a ajeitei na cama, que fui mexer no celular e verificar a mensagem de Gui.

Uma que me encheu os olhos de novo, devo confessar. E não duvidei dessa vez.

Eu a amo.

Ele tem sim meu apoio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aiiin, esses dois tinham que brigar logo agora?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mantendo O Equilíbrio - Finale" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.