Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 155
Capítulo 154


Notas iniciais do capítulo

E VAMO DE REPEAT DE ELLIE GOULDING!
Somar 1+1 a gente deixa pra depois ^.^



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Eu sabia que não devia estar chateada, mas estou. Por todo o almoço, me sinto num limbo. As coisas aconteciam na minha frente e eu ainda não acreditava que tinha levado um perdido desses DA MINHA PRÓPRIA FAMÍLIA.

Pode uma coisa dessas?

Pedi a Iara e a minha mãe para não comentarem o fato – eu perdidaça achando que o plano de Natal era outro. Seria muito muito MUITO vergonhoso se todos soubessem. Capaz de eu de fato nem querer comemorar a data nessa tamanha festa improvisada. Isso foi o que convenceu as duas de pronto a passarem o zíper na boca e levar ao túmulo.

Estava tão além com tudo isso que mal correspondi às conversas na mesa. Apenas disse que estava um pouco cansada e que a caminhada do dia tinha me puxado um pouco – o que não era de todo mentira também, pois mamãe fez o Murilo estacionar longe da entrada da casa para que eu pudesse andar mais e depois, ao ver como fiquei pelo esforço, ela se arrependeu.

Como o Vinícius chegou um pouco atrasado para a bagunça familiar, também se uniu ao time dos cuidadosos comigo.

Ainda não creio que a festa é AMANHÃ. Tipo, não sei nem o que vestir. Meu look de Natal que havia pensado e preparado foi bem antes de ir parar na emergência e agora não tá exatamente compatível. O vestido era bem justo, o que agora não faz sentido, porque preciso de bastante folga para mexer as pernas. Haveria de considerar uma sandália simples e sem salto também. Hoje, por exemplo, estava com uma rasteirinha para poder caminhar melhor. A sapatilha não era uma boa opção porque, mesmo que colocasse apenas no pé bom, não entraria pelo leve inchaço que detinha. Era outra coisa a se considerar.

Poisé, minha cabeça ficou nisso, em looks e em barulhos mentais. O que não sei dizer se é melhor do que a música da Ellie Goulding que demorei outra vida para tirar da mente por toda a manhã. Ficava me lembrando de hora em hora coisas do sonho que... Bem, é melhor deixar quieto.

É melhor deixar isso do meu mico e chateação quietos também. Afinal, estavam fazendo por mim e não de um modo ruim. Estavam todos se reunindo de acordo com as circunstâncias para meu melhor conforto. Por que estar chateada com isso?

Porque minha cabeça tá doida assim.

Pifada assim. Ruim assim.

Fora que estão todos... felizes. Felizes por esse encontrão. Foi tudo às pressas, como mamãe mesmo disse, e foi um bom arranjo ao final. Não era o que eu queria desde o começo?

Será que tô procurando pelo em ovo?

Ai, que vergonha-mor.

Enterro a cara nas mãos e não sei onde me enfiar. Sério. Considero o fundo do sofá quando Djane se interrompe na conversa e se dirige a mim:

— Está se sentindo bem, Milena?

De repente, todos os pares de olhos estão sobre mim e fico toda sem graça, mais do que antes já estava. Dou um sorriso amarelo e simulo um bocejo.

— Acordei muito cedo hoje, só isso.

Mamãe concorda.

— Antes das 8h já estava perambulando pela casa. Mas acho que minha menina tem se esforçado muito com esse pé. Melhor ficar aqui para descansar. Pode ver seus avós amanhã.

Acontece que papai e meus avós vão chegar de viagem agora de tarde e Djane vai fazer uma pequena recepção para eles em sua casa, já que vai hospedar vovô e vovó. Quero muito vê-los e ao mesmo tempo não quero, porque estou com esse tamanho embaraço no meu cérebro. Não que eles fossem saber, mas vovó possivelmente iria pressentir. Essa mentirinha que tô usando para me acobertar não iria colar com ela não.

Acho.

— Fico com ela aqui e vocês podem ir pra casa de Djane.

Murilo me surpreende com essa e eu me surpreendo por não querer ele por perto. Não agora. Não sei nem porque tô me sentindo assim. Sei lá, estranha. E impaciente.

— Não, Mu, vai ver nossos avós. Sabe que vão te arrancar as duas orelhas se não for. Mesmo por minha causa.

— Isso é verdade.

Mamãe ri, confirmando. Vinícius então faz a sua proposta.

— Eu fico aqui enquanto ela descansa e à noite a levo lá.

Outro bocejo deixo escapar e isso os convence bem. Murilo, no entanto, parece vacilar um pouco com o trato, mas aceita.

Tô tão desgostosa com a coisa toda que até sobremesa – meu sorvete preferido: napolitano – eu dispenso. Aproveito a dispersão de todos para ir pro sofá e enfim enterrar toda a minha cara e meu ser lá.

 

~;~

 

O. Que. Tá. Havendo. Comigo?

Me mexo um pouco desnorteada do novo sonho que tive. Outro sonho que mexeu... com meus sentidos. Meu cérebro novamente conseguiu a proeza de me enviar imagens surreais de Vinícius. Dessa vez, com sorvete. Meu cérebro sensualizou sorvete. Melhor dizendo, sexualizou sorvete.

Pelo que consegui compreender, é como se eu estivesse brincando com a tacinha de sorvete do namorado, em um local que não consegui bem identificar, e eu o desafiava a me fazer sentir um quente gelado. Ou um gelado quente. Algo assim.

Sério, o que tava acontecendo comigo?

Detalhe que ainda estou no sofá na casa de seu Júlio com geral dentro de casa e por perto. Ouço o barulho de passadas ao chão, chaves, despedidas, risadas baixas. A almofada que coloquei ao rosto continua tapando minha cara, então ninguém me percebe acordada, menos ainda totalmente mortificada de embaraço. Alguém passa a mão por meus cabelos brevemente e sai. Apenas permaneço quietinha até tudo cessar.

Quando parece tudo sereno, que me movo um pouco a fim de espiar o território, ouço os passos de meu irmão e sua conversa baixa com Vinícius, que, ao que parece, está bem próximo de mim, na poltrona ao lado acho. Eles parecem se despedir com uma bater de mãos.

— Qualquer coisa, me liga, viu.

— Ela tá quieta, só precisa descansar mesmo. Pode ficar tranquilo.

— É, eu tento.

Murilo ri uma risada sem graça, pelo que identifico. Logo depois aumenta um pouco a voz para certa pessoa:

— Bora, Iara. Só vou me despedir do seu Júlio e vou pro carro.

Uma voz ao fundo responde:

— Tô indo, tô indo!

E aí me dou conta de uma coisa. A Ellie Goulding também.

Quer dizer, eu ficaria sozinha com o Vinícius. Afora seu Júlio no quarto dele, seríamos só nós. A casa vazia. Quieta. Livre.

Next thing, we’re touching – whoah, oh, oh. Next thing, we’re touching. Next thing, we’re touching – whoah, oh, oh. Next thing, we’re touching.

A música me revolve por inteira me despertando de outra maneira. De repente – e novamente – desejosa. Quando vem o refrão, o cérebro incrementa os versos com nova letra sobre... errrr... esse cenário que me encontro.

Oh, everybody’s out (oh, todo mundo está fora).

Everybody’s way (oh, todo mundo está longe).

Oh, everybody’s knows nothing (oh, todo mundo não sabe de nada).

Tomo um fôlego para encarar essa nova sensação e meus pensamentos correndo pelo meu Mister Box. Quer dizer, meu namorado. Tão próximo. Tão... tão.

Me mexo um pouco para poder ver onde estava, só que antes que possa me manifestar, alguém aparece ao recinto. Fico novamente impaciente e inquieta.

— Ei, irmãozinho.

— Oi.

Diferente de mim, Vinícius soa entediado com a irmã. Só consigo pensar que quando ela sair, não haverá mais tédio. Pelo contrário, ação. Muita ação.

— Eu conversei com o Gui esses dias.

Isso me chama a atenção, embora não devesse. Vini, por outro lado, não parece dar muita bola. Como eu, ele não se interessava em saber.

— Hm.

Iara continua.

— Olha, eu sei que você não quer falar sobre isso... É só que tem uma coisa que ele falou que eu fiquei pensando a respeito. Disse que você falou que “ele dormiu com a Milena”. Você não pensa isso realmente, pensa?

Essa me pega desprevenida e me distrai de todos os insanos e ousados pensamentos. Quer dizer, eu sei que teve um dia que o Vinícius foi até a casa do Aguinaldo para tirar satisfações, mas nunca soube o que conversaram de fato. Também porque não me interessava saber. Mesmo agora, acho que não quero. Quero outra coisa.

Como o namorado não responde, Iara protesta e eu continuo ouvindo:

— Vini!

— O quê? Eu não disse nada.

Ele não disse nada pela abordagem dela ou ele não disse nada do tipo para o...? Enfim, não quero saber.

— Foi uma situação extrema, errada, muito errada, mas não foi nada sexual. Quer dizer, eles não... Eles não tem isso de relacionamento. É como se eles fossem irmãos.

— Só que não são.

Sinto a raiva contida de Vini ao declarar isso e acho que eu responderia na mesma medida. Mas não é sobre isso que quero pensar. Não preciso me autoafirmar sobre o que era minha relação com o outro e tampouco quero lembrar que ele era assim, como um irmão. Não era e não é. Nem me digno a avaliar o quesito dessa conversa que Iara traz.

Mas ela insiste.

— Eles não fariam isso.

— Será? Tem maluco pra tudo.

Tem, tem sim. Eu sou uma. Maluca pelo Vinícius. Maluca já para ficar sozinha com ele. Maluca pra me ver livre de todo mundo. Falta muito ainda?

— A Milena te ama.

— Eu sei. Eu confio nela. Mas perdi o respeito que tinha por ele. Esse ano ele deu muita bola fora, ficou no pé da Milena direto, inúmeras discussões e agora essa. O que você quer que eu pense? Ele se deitou junto com ela. Abraçou ela. Foi além dos li-mi-tes com ela.

Deixo que tudo entre por um ouvido e saia pelo outro. Meu corpo pede por outro papo, um outro tipo de conversa. Que parece não poder se concretizar nunca.

— Foi além dos limites, de fato, mas ela não correspondia. Quer dizer, pra ela foi uma coisa bem... Ela pensou ser o Murilo, poxa. O irmão dela.

Oh, everybody’s staaaarry-eyed. And everybody gloooows, oh. Everybody’s starry-eyed. And my body gooooooooes... Oh.

— E ele se aproveitou disso.

— Mas não de uma maneira sexual, é isso que tô dizendo. Foi manipulado sim, foi errado, foi. Mas não houve interesse sexual.

— Importa isso agora?

Não.

— Importa porque eles não dormiram juntos. A Milena já tá sofrendo o bastante.

Eu tô? Não parece que eu tô. Tem uma rave na minha cabeça e quero vivê-la intensamente. Excessivamente. Poderosamente. Vigorosamente.

— Querendo dizer?

— Não deixe os seus ciúmes adicionarem mais uma carga pra ela, Vini. É isso que quero que você pense a respeito. Tenho que ir. Tchau, irmãozinho.

ATÉ QUE ENFIM!

Pela fresta da almofada ainda em meu rosto, consigo ver um pouco de Vinícius na poltrona, sentado mais à ponta, de cabeça baixa e apreensivo por seus pensamentos, ainda mais com essa abordagem de Iara. Não o quero tenso. Pelo menos, não esse tipo de tenso.

Quando ele suspira e levanta a cabeça, dá de cara comigo o observando. Sem graça e receoso, Vini começa:

— O quanto você ouviu?

Com muita calma e também impaciência, me mexo para me sentar. Para que não fique mais agoniado, declaro:

— Eu sei que me proibiram de ser carregada, mas... Poderia me levar pro quarto de hóspedes?

Sem dizer qualquer coisa mais, Vinícius se levanta e me prepara aos seus braços para fazer o transporte. O caminho todo é feito de silêncio e com uma expressão bem inquieta em seu semblante, que quero desfazer com todo o amor e carinho que quero extravasar.

Ao me sentar na lateral da cama, percebo mais de seu desassossego ao corpo e apenas desejo relaxá-lo ao meu jeito. Ou melhor, tencioná-lo e então relaxar cada músculo seu. Só de ter isso em mente, fico sem fôlego.

Por isso respiro longamente e faço um pedido categórico:

— Tranca a porta.

Vinícius, por outro lado, entende de uma maneira completamente equivocada. Ele chega a rir, coçando a cabeça, do que parecia sua desgraça.

— Tô ferrado assim?

Me ajeito um pouco na cama enquanto ele fecha a porta, passa a chave e liga o ar-condicionado. Aproveito para tirar também a bota protetora e me esticar melhor pelo espaço. Chamo-o para que venha deitar junto. Só que mais uma vez sem graça, ele não me olha diretamente. Acho que pensa que eu iria começar ali uma DR com força total.

Estaria ferrado era se continuasse a fugir de meus olhos.

Quando finalmente se senta na cama e se ajeita para ficar frente a frente comigo, quero que deixe todo esse acanhamento para trás. Quero que não pense. Quero que siga comigo nessa energia. Quero que aja, reaja.

Toco-o em seu rosto e encaro-o. Ele, ainda receoso, busca uma resposta:

— O que foi?

— Me beija.

— O qu...?

Tomo a iniciativa, avanço para um primeiro beijo. Mas não qualquer beijo. Chego junto e longa e lentamente sugo seus lábios e a língua, como se não houvesse amanhã, o que ele até corresponde de pronto, embora muito do perdido.

Vez que sinto esse ponto vacilante, declaro:

— Não pense, apenas me beije.

Isso parece acendê-lo um tanto, que deixa um pouco de suas amarras e investe nessa descarga de energia que lhe atirei. Puxo-o para mim outra vez e sinto as coisas esquentarem mais quando o toco por debaixo da camisa. Esse movimento, no entanto, o faz recuar um pouco. Beijando-lhe o caminho de sua mandíbula, insisto, baixinho:

— Você está pensando. O que está pensando?

— Que quer me convencer com sexo.

Tô tão envolvida pelo seu perfume e sua pele que nem consigo somar 1 + 1.

— Convencer de quê?

— De que... Sei lá, de que não foi nada sexual. O lance com o Gui, o que ele fez. A minha acusação.

Rio ao seu ouvido, porque, nesse segundo, isso é totalmente irrelevante pra mim. Mas por estar retesado assim, me volto para seu rosto e digo do modo mais claro possível:

— Vini, eu não tô nem aí.

— O quê?

O namorado se sobressalta com essa e quero, outra vez, desfazer cada nó de pensamento, cada nó de tensão e cada nó de palavras. Sexo não era uma arma aqui. Nem truque, nem artifício. Era a mais livre expressão da paixão.

Seguro-o pelo queixo, muito certa do que quero e do que preciso que entenda.

— Eu. Não tô. Nem. Aí. Porque quero você. Quero que veja como reajo a você e sentir como você reage a mim. Quero sua respiração junto da minha. Quero que altere a minha o quanto quiser. Agora.

Imagino que meus olhos cintilem de tão determinada que me encontro. Ouso, ao continuar, até usar as próprias palavras dele, conforme minha mão desliza pelo seu rosto e então a nuca, onde quero traçar caminhos de chamas por seu cabelo macio.

Fecho uma força e tanto lá.

— E como você disse no outro dia... Apenas espalhar amor. Sentir esse amor. Com paixão. Conexão.

Sem quebrar o encontro de nossos olhos, termino de hipnotizá-lo com uma pergunta:

— A questão é: você também quer?

Vinícius se atrapalha todo, para meu divertimento pessoal.

— Mas... E... Você não tá machucada, cansada, com dores?

Miro sua boca e lá deposito leves selos, até que mordo seu lábio inferior.

— Não agora. Não com... você.

— E... Sua família... Ou a minha família...?

Chega de família, é o que quero dizer-lhe, mas se é essa a sua preocupação, me lanço para seu pescoço e alcanço, divertida, o lóbulo de sua orelha esquerda. Desenho ela com meu nariz deslizando na área.

— Você os ouviu. Me deixaram aqui para descansar. Acontece que o meu jeito de descansar pode ser... diferente. Entende?

Sinto-o enfim retesar e tensionar da maneira que eu queria. E para encerrar a questão, jogo-lhe uma pergunta crucial:

— Você... tem proteção?

A sussurrada pausada ao pé de seu ouvido parece ser o que quebra de vez sua hesitação, pois ele se vira para me alcançar e me beijar, como eu quis desde o começo. Rio gostosamente por sua resposta, o que me deixa sem ar e eletrizada logo de cara. Mas Vinícius mostra que não quer ser interrompido, nem mesmo para respirar e apenas AMO isso.

Sua camisa é a primeira a ir embora e fico agradecida até mesmo por ele não ter ligado a luz do quarto quando entramos. Apesar de não ter uma lâmpada acesa por ali, temos a luminosidade da janela de vidro entre as cortinas e minha ânsia por sua pele na minha é tanta que o puxo de imediato para cima de mim.

Quando meu vestido se torna um empecilho, ele me traz de volta à posição anterior, ambos sentados ao colchão, beijos avassaladores e interruptos, apenas para puxar o tecido. Era tão leve e solto que saiu rápido do corpo e foi tempo o suficiente para ver o brilho intenso de seus olhos, além de sentir toda a tensão em seus músculos contraídos.

Antes de ser deitada novamente por ele, seus braços fortes vão de encontro ao fecho do meu sutiã logo atrás. Assim que dou com as costas nuas ao colchão, meu corpo já pede por mais e mais dele. É por instinto que o enlaço com minhas pernas e seguro-o com mais força aos braços. E no auge dessa adrenalina toda, preciso de sua resposta. Uma resposta concreta, mesmo que mal consiga perguntar pela falta de fôlego.

— Vini... A proteção?

De repente, um pacotinho plástico cinza, de traços azuis, me é apresentado à altura dos olhos.

— Procurando... por isso aqui?

Sua respiração quente e rente ao meu rosto faz as correntes eletrizantes faiscarem por todo o meu corpo. Era bem mais do que esperava que fosse esse efeito e sorrio lindamente. Melhor, devolvo toda a eletricidade quando o puxo a mim outra vez.

Definitivamente, não era nenhum jogo. Era somente paixão.

Pele, calor e conexão.

 

~;~

 

Acordo molinha de uma satisfação gostosa, que dessa vez mal me movo sob o lençol, lençol esse que, percebo, o namorado foi sábio de abrir para um bom descanso. Ao encará-lo à baixa luz de fim de tarde, dormindo serenamente ao meu lado, mordo o lábio diante de sua imagem quieta, um charme em especial.

E sorrio ao notar que, de fato, consegui relaxar cada músculo seu.

Ao me mover mais para assistir esse seu repouso sossegado, percebo uma tamanha marca ao ombro que eu deixei. Sim, vampirizei. Sei que, no auge de nosso encaixe, o mordi ali, mas não achei que ficaria uma marquinha. Não como essa. O que é curioso.

Ao tocar nela com o polegar, o namorado abre os olhos de forma preguiçosa.

— Me observando?

— Observando um souvenir que deixei por aqui.

Mordo o lábio, travessa, e Vinícius leva isso como um convite, pois, todo sedutor, ele se aproxima de mim para um beijo vagaroso e não menos quente. Por instinto, seguro seus cabelos com força e o que acho que não senti outrora, me fisga no braço e pulso, o que me faz me afastar um pouco para alongar.

— Com dor?

— Acho que dei um mal jeito, só isso.

Nestes últimos dois dias vinha prestando mais atenção ao pé, tornozelo e demais articulações que até me esquecia do pulso. Nem colocava mais o tensor. Vez que quase já não sentia, não tava ligando muito.

O namorado me faz voltar ao nosso campo energético ao dedilhar a região dolorida e me olhar todo indiscreto.

— Posso dar um bom jeito.

— Pode, é?

A mão que me segura o pulso me guia para seu pescoço, que novamente laço-o estreitando nossos corpos e ele me arrebata outra vez com um beijo apaixonante. Ao se debruçar sobre mim, me vejo sem opção senão forçar outra vez o braço e arranhar suas costas, o que dessa vez ele sorri enquanto tenta disfarçar o ardor.

Arteira, anuncio a coleção e Vinícius entra na brincadeira:

— Mais um souvenir.

— Esse vai arder no banho.

— Vai ser o máximo.

Assim que sua boca cola na minha com entusiasmo, sinto um novo desejo brotar. Como o sonho mais recente, quero mais. Quero calor e frio, frio e calor, tudo ao mesmo tempo, e não falo do ar-condicionado. Será que ele topa?

A sobremesa do dia era sorvete, algo que eu havia dispensado e agora fazia mais sentido. Se fazia mais necessário.

Sem interromper o caminho de sua paixão por meu pescoço, lanço a ideia, no máximo que consigo me expressar:

— Uma... perguntinha.

Antes de me roubar os lábios novamente, Vinícius solta um “diz”.

— Ainda tem sorvete?

Isso faz com que ria gostosamente ainda colado a minha boca, descrente de meu pedido acho. Bem, foi bem do nada mesmo. Mas desejo é desejo.

Vinícius diminui a intensidade dos beijos e responde entre breves intervalos deles:

— Tem... E tem... gelatina... também.

 Gosto como ele pensa. E gosto de sua resposta quando faço um pedido.

— Pode trazer para sua namorada?

— Posso... Eu... Volto... Num minuto.

Acontece que ele não volta. Porque ele não vai. Não de imediato. Não depois de mais mimos e beijos infinitamente extasiantes. Uma despedida longa e cômica, pois os sorrisos e risadas ganhavam espaço logo que a tentativa de sair falhava. Mas em algum tempo e com muito custo, ele coloca a bermuda e camisa de qualquer jeito e sai para a cozinha, com a promessa de nada demorar.

Sozinha à cama, pego minha roupa e, ainda deliciada por esta tarde, visto-me com serenidade. De repente, me sinto uma boba, o que me faz abrir um sorriso mais besta ainda. Boba por ter encarado desde cedo meu desejo como uma vergonha perante todos. Não é algo para se envergonhar. Não diria para se vangloriar também, porque não deixa de ser algo íntimo. Mas é normal, faz parte de se estar num relacionamento.

A única coisa que os outros precisam ver ou saber de mim é que estou feliz e só.

Os detalhes se guarda. Com essa mudança de perspectiva, acho que estou pronta para ver meus pais e meus avós.

Ao ajeitar o vestido em mim, uma mensagem apita no celular e já imagino que sejam de nossas famílias, unidas, requerendo então sua atenção. Toda vaidosa, pego o aparelho para conferir e vejo que são duas mensagens. Uma de Daniela e uma de Bruno, o que me faz soltar um gritinho pelo conteúdo de cada um.

Eles estão juntos outra vez.

E eu preciso deles arrancar os detalhes como ninguém.

 


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Notas finais do capítulo

1. Os detalhes se guarda.
2. E eu preciso deles arrancar os detalhes como ninguém.

SUUUUUUUUUUUUUUUUURTA!

Bondosa como estou hoje, deixo até trechinhos do próximo:

"Minha expressão de descrente é tanta que ele tenta me incentivar, me fazendo sentar na cama e ir pegar meu notebook dali perto. Tento dar um voto de confiança para sua animosidade, mas não sei bem se vale.
EU REALMENTE NÃO QUERIA SER VIOLENTA NESSE NATAL."

e

"- Não acredito é que nenhum até agora me contou o que é esse mistério todo.
— Talvez porque seja surpresa, querida?"

ESSE NATAL PROMETE!



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