Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 150
Capítulo 149


Notas iniciais do capítulo

PENSE numa pessoa que tem duas atividades para entregar AMANHÃ, sendo que uma delas ainda nem comecei (embora seja menor) e TÔ AQUI PARA TRAZER UM CAPÍTULO DE MUITO AMOR! E ENOOOOOOOORME!

Assim vocês me perdoam pela demora, quem sabe *hihihi*
Mesmo cheia de trabalho e atropelada de sagas, AMO VIR AQUI.
Acho injusto ficar com capítulos novos só pra mim.

Então, ENJOY!



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Sinto um carinho ao rosto me trazer de volta ao mundo. E ao retornar, sinto o peso do dia anterior contemplar todo o meu corpo. Daí não sei ao certo se quero voltar.

— Amorzinho? Hora de acordar.

Identifico a voz da minha mãe quando torna a me tocar no rosto e espero que seja real. Abro um pouco os olhos.

— Awn, minha filhota tá tão abatida.

— Mãe? Já chegou?

Percebo que acabei me virando na cama, pro outro lado e alguém foi sábio de colocar uma almofada para me aparar. Mas até que desse jeito parece que a posição não oferece perigo.

— Ih, faz horas! Já arrumei casa, já recebi tuas visitas, já arranquei as orelhas do teu irmão... Ah, tanta coisa. Já são onze horas, filha.

— Onze???

Quase salto da cama, mas sinto uma barreira pesar no meu corpo. Me sinto completamente atropelada. Não, triturada. Não, mortificada. Sei lá, TUDO dói. TUDO. Meu pé ou braço são o de menos. Parece que levei uma surra e então fui arrastada, ida e volta, por um trem. Dois trens. Cinco trens. Mal consigo me mexer. Fico só gemidos e não dos bons.

— Filha?

— Hmmm.

— Estou aqui, meu bebê. O que está sentindo?

— Tá tudo doendo.

— É da queda. Também já caí assim uma vez. Quando passa o susto, sobra só dor. Awn, minha bebê tá toda machucada.

— Mãe!

Ela sabe que não gosto que ela me trate como criança, porém, não nego que nesse momento prefiro ser criança. Porque não sei o quanto consigo cuidar de mim mesma nesse estado.

— Vou trazer teu suco para não tomar remédio de barriga vazia. Espere só um momentinho.

É com muito esforço que consigo me sentar na cama e me alimentar. Ontem eu fazia as coisas como se nada tivesse acontecido, agora é como se um piano estivesse em cima de mim, me barrando de fazer qualquer coisa. Não acredito que dormi tanto. Era para eu... Bem, ao menos ter avisado meu chefe. A essa altura ele percebeu minha falta. Iara com certeza vai dizer-lhe sobre o ocorrido também.

— Quem você disse que veio aqui, mãe?

— A menina Iara e o Filipe. E seu namoradinho.

— Assim parece que tô na escola. Me conta direito.

Ela se senta na cama e logo está junto de mim ao encosto de travesseiros.

— Tá bom, senhorita crescida. O Vinícius me buscou na rodoviária, porque SEU IRMÃO É UM TRATANTE, e tomamos um café da manhã decente aqui. Murilo apareceu logo depois e puxei aquelas orelhas até ele arregar. Era pra ele ter ido me buscar, oras!

Dona Helena enfezada assim significa dengo pesado. Chateação, sim, preocupação, sim, mas o dengo e chantagem emocional tomam a frente. Mas ela faz isso sorrindo, o que eu acho fofo. Bom, porque a raiva dela não é comigo. Sou sua filhota machucada no momento, ela só quer cuidar da cria.

— Ele devia estar bem cansado para não ir.

— E desde quando tu defende aquela peste?

Dona Helena me pegou. Mas deito no ombro dela, que se enternece toda e amaina na hora. Me recebe com muitos carinhos.

— Só continua, tá.

— Um tempo depois a Iara apareceu com o pai, estavam a caminho da empresa quando souberam. Não demoraram muito. Queriam te ver, mas você estava dormindo tão bem. Não quis te acordar.

— Eu não dormia... assim... faz muito tempo.

Vou bocejando enquanto falo, ainda com certa sonolência. Dez horas de sono pra universitário é algo que não existe.

— Mas e aí, o que mais teve?

— O Murilo foi pro trabalho também. O Vinícius ficou aqui até ainda pouco. Tava todo preocupadinho. Pelo jeito, alguns amigos seus ligaram e ele tava conversando com todos. Adoro como ele é super prestativo. Ah, e Djane também já ligou umas duas vezes. Você é famosa, filha. Não à toa quase não me visita.

— Tava demorando, né?

Eu bem sou filha dela, porque também sou uma pessoa que gosta de alfinetar sempre que pode.

— Meu jeitinho de dizer que sinto muitas saudades sempre.

Me ajeito mais um pouco, no limite das dores, me deitando de lado, o pé machucado sobre uma almofada próxima do pé bom, e apoiando a cabeça nas pernas de minha mãe. Mereço o colinho dela depois de dias tão insanos.

— Também sinto, mãe. Sinto falta de dias mais simples também. Ser crescida não é fácil. Trabalho, estudos, relacionamentos... Como que a gente dá conta?

Ela faz carinho em meus cabelos.

— Sendo amada. E pelo que vi hoje e vejo todo o tempo, você é muito amada aqui. É muito amada por onde vai. É o que me tranquiliza enquanto vocês estão longe.

De fato, aqui o que mais me sinto é amada. Mesmo quando não acreditava que ninguém ficaria do meu lado. Mesmo quando pessoas me decepcionavam. Por aqui sempre encontrei pessoas para me acolher, para se importar.

Já cheguei a reclamar de amor demais. No caso, do Murilo. E do Gui. Na verdade, eram outras coisas de menos – respeito, tolerância, confiança. Pude perceber mais e separar essas coisas neste último ano.

— Ficou calada de repente, filha.

— São as dores. Muitas dores.

— Awn, meu bebê.

Abraço esse colinho porque dele não quero sair tão cedo.

~;~

— Hora de acordar, amorzinho.

Dessa vez sorrio ao ouvir a voz da minha mãe. O peso do corpo e suas dores intensas permaneciam, porém, seu afago me deixa molinha e com uma preguiçinha gostosa.

O que era pra ser um cochilo pós-almoço, tornou-se um sono bom desses de tarde inteira. Não lembrava mais da última vez que fiz uma graça dessas. Nem quando estava de atestado e sonolenta pelos cantos. Se bem que naqueles dias eu tava me cobrando demais pra compensar minhas faltas, agora já não tem tanta necessidade. Me espreguiço com vontade, abrindo um bocão num bocejo.

— Parece estar bem melhor.

— Porque estou sendo bem cuidada.

Com isso, minha mãe se inclina, puxa meu rosto e me enche de beijos. Quando passa os braços ao meu redor para um abraço apertado, me esquivo com dor, fechando os olhos.

— Ô, filha, desculpa, esqueci.

Por um momento não estou na minha cama e nem no meu quarto. Me recordo do dia que visitei o Gui todo quebrado e eu querendo não largar dele. Ele deve ter sentido dores piores que as minhas. Deve ter sentido um cansaço pior que o meu. Deve ter ficado bem desnorteado com tudo.

Mas não é nisso que quero pensar.

— Que tal uma fruta agora? Se alimentar bem nesse período é essencial.

— Pode ser uma maçã.

Mamãe bate com o dedo indicador na bochecha, pensativa.

— Acho que não tem maçã... Não lembro de ter visto na geladeira. Vou pegar uma laranja então. Volto já.

Com a saída dela e de volta ao silêncio, quero me afastar de pensamentos sobre o Gui ou a Flávia e toda aquela situação que ficou para trás. Alcanço meu celular, desejando ser canhota para saber mexer nas coisas com a mão esquerda, e tem apenas mil notificações que não sei por onde começo. É claro que aquele agito todo ia gerar grande comoção nos grupos da faculdade. Antes de abrir qualquer coisa de lá, vejo que tem um e-mail da instituição.

Encaro a tela por uns minutos ao ler o aviso. Dizia que por conta de um incidente entre alunos foi preferível resguardar a segurança de todos, o que levou àquela liberação repentina. As notas permaneciam no prazo de atualização, até sexta-feira, e caso algum aluno precisasse de orientação ou atendimento, os canais de contato estavam disponíveis.

Corro para os grupos para ver como os alunos reagiram e fico pasma ao saber o que mais ocorreu. A polícia bateu no prédio.

O que eu esperava mesmo? É claro que tiveram que chamar a polícia.

Muitos alunos estavam perdidos, especulando os motivos e fatos sobre os envolvidos. Pequenos vídeos circulavam mostrando Yuri e Juliano descendo a rampa, algemados, para uma viatura. Não vi Max por perto.

Era muita informação e muita notificação para processar que em algum tempo só fiquei vendo os comentários em tempo real, sem ter ideia de como proceder.

Mamãe bate na porta aberta de meu quarto para chamar minha atenção:

— Trouxe sua laranja. E uma visitinha.

— Quem é?

Mamãe coloca o pratinho em cima de uma almofada ao meu colo e a visita aparece por trás dela.

— Oi.

— Djane!

Mamãe nem chia da minha animação perante a presença da sogrinha, só tira o celular das minhas mãos e então aponta para o seu ouvido, que estava ouvindo algo longe:

— Acho que é seu irmão chegando. Vou aproveitar a carona e ir no mercado comprar as maçãs.

— Tudo bem não ter maçã, mãe.

— Eu sei. É que saí tão batida de casa que esqueci um monte de coisas. Vou lá. Fique à vontade, Djane.

Com um beijinho mais delicado ao meu rosto, ela se despede. E assim Djane se senta na beirada da cama, próxima de mim. Ajeito com calma meu cabelo (que devia estar um ninho de passarinho) e sem se importar com isso, ela começa:

— Você parece melhor, querida.

— O que um bom sono não faz, né?

— É isso mesmo, descansar.

Como um pedaço do bago da laranja para demonstrar mais que estou bem e muito da obediente. Porém, as imagens de há pouco no celular não me deixam esperar por muito tempo:

— Vi o vídeo do Pompeu e Yuri saindo algemados. Acho que até então tinha apagado a razão de estar assim. Agora tudo parece real demais.

— Bem entendo essa sensação. Ainda estou processando o ocorrido.

— E o que aconteceu? De verdade.

— Ainda estamos investigando.

Djane tenta disfarçar, mas está com uma expressão corporal de extremo cansaço, e com a cabeça que eu sei.

— Mas você deve saber de algo, não sabe?

A professora suspira, cuidadosa. Sem uma resposta direta, toco em outro ponto.

— Vi o e-mail ainda pouco.

— Tivemos que fazer às pressas. Muitas coisas... às pressas.

— Seja sincera, Djane: agora acabou? A operação?

— Não sei dizer. As coisas estão tão incertas. Tenho corrido de um lado para o outro para resolver emergências da instituição que realmente não sei dizer. Desculpa se não tenho muitas informações.

— Você parece bem cansada.

— Tem sido puxado.

— Precisa se cuidar. Comer bem. Comer laranja também.

Aponto para que coma um pouco da fruta ao pratinho.

— Obrigada, querida, mas essa aqui é sua e só vou ficar aqui até sua mãe voltar.

— Então aproveita pra deitar um pouquinho aqui do meu lado.

— Melhor não, porque se eu deitar, não vou conseguir ir pra casa.

— Melhor sim, porque aí fazemos festa do pijama!

Essas horas de sono, de algum jeito, me deram uma bela energia, que até eu me surpreendo. Djane aparenta estar feliz por esse meu espírito mais ativo, apesar de ela não estar tão inteira e disposta assim.

— Você tem resposta para tudo, Milena.

— Eu tenho, eu acho. Tô aqui me cuidando e quero ver a senhora fazer o mesmo. Tô toda estrupiada, mas ainda tenho contatos caso precise fazer uma nova intervenção na senhora.

— Eu não duvido. Um bago e só!

— Já estamos evoluindo. E ainda considerando uma festa do pijama.

— Não sei se teria cabeça pra uma dessas.

— Não duvide de mamãe, Djane. Ainda mais com o Murilo junto. E o Vini. Ele deve chegar logo mais. Ainda não o vi desde a queda.

Nem sei se ele mandou mensagem, mas posso apostar que sim. E ter pego informações com sua mãe e meu irmão.

— Só vocês para me fazerem sorrir neste dia tenso.

— Estamos aqui pra isso. Come só mais um pedaço, tá?

~;~

Depois de um bom banho (com a ajuda de mamãe, não mais de Djane) e de um caldo quentinho e saboroso no estômago, esperava a chegada do namorado. Como estava tão dolorida, que era difícil me mexer, o Murilo me carregou pra cozinha e depois da cozinha para o quarto novamente. Ele disse que seria bom jantarmos todos juntos, o que foi um alento de verdade. E apesar de sua proposta de ser colocada no sofá, preferi voltar pro quarto, porque para uma visitinha do Vinícius eu queria privacidade. Conheço minha mãe e sei que ela não iria querer sair de nosso pé na sala.

Preferi também ficar fora do celular e das múltiplas notificações que não me levariam a lugar nenhum. Não obteria nenhuma resposta por agora, por mais que quisesse. Assim eu ajudava minha cabeça a se desligar de toda essa agitação e teorias atreladas. Pra corroborar nesse plano, liguei apenas o notebook para ouvir algumas músicas ao aleatório enquanto limpava meu e-mail e, por que não, espiava o sistema de notas.

Que também não tinha as respostas que eu tanto queria.

O cansaço logo me bateu novamente e consegui me arranjar numa posição melhor. Em algum tempo, acho que cochilo. Em outro momento, abro os olhos para me situar de que horas eram e noto uma pessoa encostada à minha porta. Ao me aperceber melhor do namorado, que está de semblante preocupado, ele sorri um riso leve, embora afetado.

— Há quanto tempo chegou?

Me remexo um pouco na cama para poder estar mais presente à sua visita.

— Uns minutinhos. Não queria te acordar. Só te ver bem.

— Estou bem. Bem dolorida, bem medicada, bem... gelada?

Uma sobrancelha faceira se levanta na expressão de Vinícius e minha investida em quebrar sua tensão é completada com sucesso. Mas talvez ele esteja se perguntando sobre a minha sanidade e se devo voltar ao hospital para checar se tá tudo no lugar na minha cabeça. Por isso, com graça, esclareço:

— Com muito gel para pancada.

E não era mentira, pois, por todo o dia fui descobrindo roxos em todo o meu corpo. Tinha até na minha bunda! Claro que só mamãe viu. E me ajudou a passar gel nos pontos específicos. Não que eu fosse mencionar esses pontos a outras pessoas, mesmo o Vini. Como disse, ele precisa saber e ver que estou bem. Fazer piada é um desses modos de demonstração.

Ou talvez ele ache que eu esteja me fazendo de forte, o que também não é mentira. Ele me conhece assim.

— Mamãe traçou algum limite de visita?

Vini novamente parece desnorteado com o que digo. E olha que quem estava dormindo até ainda pouco era eu.

— Limite?

— Você aí, parado, na porta do quarto.

Só assim ele se desencosta do portal e se mexe, embora cheio de reservas, até mesmo para deixar a porta entreaberta – o que não sei interpretar bem. Assim que se senta na ponta da cama, eu me ajeito melhor, também sentando, para recebê-lo. Vinícius ainda parece em transe, me observando, mas com a cabeça longe.

— Estou bem, Vini.

— Está mesmo?

Assinto, dessa vez sem brincadeiras.

— Estou.

Ele enfim me abraça, quieto. Sinto que é um abraço diferente também, cheio de preocupação e cautela. Até seu beijo calmo ao meu pescoço e ombro, é cuidadoso.

— Tem certeza que está tudo bem?

— Agora ainda mais.

— Desculpe por não ver a mensagem. Fiquei preso na faculdade até bem tarde.

— Imaginei que estivesse. Por isso mandei mensagem, não fiz ligação.

Ele se desvencilha de mim, porém, sem se desconectar, com nossas mãos enfim juntas, para uma de suas observações:

— Sempre querendo amenizar a situação, né, senhorita Milena Lins.

— Só não queria te atrapalhar. Talvez perdesse algo importante. Tanto é que...

— Você é importante.

— ... ficou até tarde. Eu sei.

Isso me faz baixar os olhos, acanhada. Ele não estava fazendo acusações, nem nada. Aliás, acho que sei o que está fazendo. Mais que fazer que eu reconheça a seriedade da coisa toda, quer que eu pare de ficar abrandar o ocorrido.

— É que aconteceu tudo tão de repente e... eu mal pude reagir. Tinha a Flávia, tinha a Dani, tinha toda uma situação. Eu tive que me concentrar no que eu conseguia. Ligar pro Murilo, avisar você, cuidar das garotas, ir pra emergência.

Vinícius faz carinho ao meu rosto, sem parar de me olhar cara a cara. Não um olhar de julgamento, era algo mais receoso e gentil ao mesmo tempo.

— Sim, eu entendo, amor, você fez o que pôde.

— Eu fiz! Fiz, não fiz?

De repente, o que minha mente tinha apagado durante o dia, estava voltando à tona, me enchendo o peito e me colocando de volta àquela escada, àquela cena, àquele desespero.

— Com certeza fez. Você defendeu suas amigas.

— Defendi.

Digo, com afinco.

— Mesmo sob risco.

— Mesmo sob risco!

— Cuidou delas.

— Cuidei.

— Mas cuidou de si mesma?

Essa pergunta me pega. Na noite anterior, ficou claro como Daniela e Flávia, mesmo lá nos seus estados catatônicos, choraram. Eu não consegui chorar. Não abertamente. Surtei? Surtei. Mas prendi toda a loucura aqui dentro para me concentrar no que precisava ser feito.

Como resposta, só consigo balançar a cabeça em negação, vez que a angústia me enche completamente e já começa a alterar minha respiração. O que consigo dizer é:

— Foi h-horrível, Vini.

E assim ele me abraça novamente, dessa vez mais acolhedor. Ele me beija o rosto e me aperta contra si.

— Eu sei. Minha mãe me falou um pouco da situação. E o Murilo e o Bruno. Mas ainda não sei bem o que aconteceu. Ou como aconteceu.

— Eu também n-não. Já tentei juntar as peças, os pontos, mas... É tudo tão confuso.

— É o que você faz, não é? Tentar entender.

Assinto, deitada em seu ombro, com os olhos cheios de pesares. De não ter conseguido fazer muita coisa, nem de ter impedido, percebido ou ter... sei lá. Mais informações, talvez.

— Mas nem tudo é para você resolver, amor.

Chorosa, digo, e as primeiras lágrimas enfim abrem caminho.

— Eu sei.

— Você fez o que pôde. Mesmo.

— Eu fiz. E f-foi horrível ainda assim.

— E precisa se cuidar agora. Com gel, bom sono, alimentação e muita compreensão. Muito amor. Porque te quero inteira e bem. Ok? Sem guardar essas coisas todas.

Assinto às suas costas, mesmo com as imagens indo e voltando na minha cabeça, e me lembrando que estou em casa, segura, sendo bem cuidada e com todos sendo atenciosos. Isso me esvazia e me preenche de volta.

Quando Vini se volta novamente para mim, seu olhar já parece mais tranquilo. Não encara meu rosto traçado por umas lágrimas como algo ruim. Pelo contrário, passa os dedos na minha face para deixar todas para trás.

— Melhor?

— Acho que sim. Obrigada por isso.

Puxo a linha da boca num sorriso sem vontade, embora esteja mesmo agradecida. Não sabia o quanto precisava desse momento até me ver encarando de vez a situação. Tal como Murilo no dia anterior, que precisava colocar pra fora e não afundar toda a sensação, como se isso fizesse desaparecer. Não faz. E o melhor disso era se sentir abraçada e acalentada. Estar com quem te compreende.

Devia isso a mim mesma. E acho que devia um pouco mais.

— Você me conhece mesmo.

Digo, ainda acanhada por meus desarranjos mentais de fugir de sensações ruins. Todo mundo tem um, ou uns, e não são nada de dar orgulho. Pelo contrário, precisamos sempre de alguém para nos aperceber melhor dessas situações. Se antes era eu quem lhe apontava isso, agora tem sido a vez do Vinícius de ser esse porto seguro. Uma espécie de equilíbrio em nossa relação.

— Depois de muitas “sagas”, como você diz, fui pegando o jeitinho de como essa cabeça trabalha algumas coisas. O que não quer dizer que não me surpreenda. Seu coração sempre me surpreende.

E com essa declaração, que me derrete inteira, só me resta uma coisa a dizer, uma que digo da maneira mais modesta possível:

— Meu coração tá pedindo uma coisa, Vini.

O namorado faz uma cara confusa e engraçada. Acho que meu coração vai surpreendê-lo mais vez, embora não devesse ser tão surpresa o quanto eu o amo.

— O quê? Precisa de alguma coisa?

— Preciso. De um loooongo e apaixonado beijo seu.

Bobo, ele sai do transe de atencioso para uma descontração serena e cativante, que logo se aproxima, mas brinca com a expectativa. Ou melhor, com minha respiração, agora alterada pelo brilho de seus olhos e seu roçar de lábios tão interessado quanto os meus. Quando finalmente se juntam, parecem transmitir um ao outro exatamente o que ele havia dito segundos atrás – o coração sempre surpreende. O meu ao dele, o dele ao meu.

Era todo o espaço seguro que eu precisava nesse momento.

~;~

Vez que todo mundo madrugou por minha causa, mamãe adotou um toque de recolher, o que nem reclamei, apesar de ter dormido quase o dia todo. Via o quanto todos estavam cansados – Vini inclusive, que em dada hora deixou de se fazer de forte e, com uma carinha bem cansada, demonstrou todo seu sono. Preferi que não se demorasse também, não queria prejudicar sua volta para casa.

Mas eu não deixava de pensar numa coisa... Em como eu estava processando tudo. O Vinícius me ajudou a me abrir, mesmo sem eu precisar dar detalhes de nada. Só me permitir sentir. Me permitir pensar sobre o que aconteceu. E sobre não me cobrar sobre essas coisas que não estavam no meu alcance de fazer algo mais.

Havia mais uma pessoa com quem me abrir sobre isso. Sobre o que tem acontecido nas últimas semanas, na verdade. Apesar de ter aberto a porta da minha cabeça para o Murilo, eu só o fiz quando vi o quanto a coisa toda estava o afetando. Agora quero deixar claro o quanto essa porta está aberta para melhor acesso. Que ele não precisa arrancar as coisas de mim, nem esperar que algo aconteça outra vez. Realmente, não quero processar tudo isso sozinha. Não quero que a vergonha ou o medo me impeça desse jeito mais.

Para além disso, tenho outra decisão difícil para colocar em prática. Uma que com certeza vai reclamar sua atenção.

Assim que mamãe aparece com meu copo de água e o último remédio do dia para eu tomar, meço minhas palavras com ela, que eu sei, vai ficar chateada com meu pedido. Mas tenho que ir além disso se quero mais uma vez esvaziar o peito.

— Mãe, se importa de hoje o Murilo ficar aqui?

Dona Helena, que ora e outra arruma algo em meu quarto, verifica a tomada do meu abajur. Ela parece distraída, apesar de me responder, mas não entende de primeira onde quero chegar.

— Me importo sim. Não sei se cabe nós três nessa cama. Seu irmão sozinho pega metade. E tem que ter espaço pro seu pé.

— Não, mãe, no caso... é que...

Coloco o copo na cômoda ao meu lado e aí ela se empertiga, de repente, com uma expressão nada boa e assim sei que ela entendeu. Ou... parcialmente. Com as mãos firmes na cintura, ela declara:

— Tá me expulsando daqui, Milena?

— Não, não é nada assim.

Mas ela continua a esbravejar:

— Logo eu que vim de tão longe! Tua MÃEZINHA do coração!

Faço a cara mais sincera que posso ao momento:

— É importante, mãe.

Ela ia dizer alguma coisa, mas engole as palavras. Sei que a ideia não é nada atrativa para si, porém, hiper necessária para mim. Minha expressão – honesta – de “por favor” faz ela maquinar um pouco e por fim, cruzar os braços, chateada, ao pé da minha cama.

— Entendi. Vocês querem costurar sozinhos. Não contam mais nada pra mãe.

— Teremos muito tempo juntos, pode ter certeza.

— Vou cobrar, viu. Mas essa brincadeira aí é só por uma noite!

Ela nem precisava negociar, mas fecho negócio logo de cara, aceitando suas condições, no melhor linguajar Lins amoroso possível:

— Te amo, mãe.

Ela pega meu copo e, depois de um beijo rápido na minha cabeça, sai resmungando:

— Só assim para dizer que me ama, já vi.

Como meu irmão estava tomando um banho para enfim cair na cama durante minha negociação, quando ele passa pela porta do meu quarto, coloca a cabeça para dentro só pra perguntar:

— O que é que mamãe já tá soltando fogo pela casa de novo?

Me preparo para a conversa que logo virá. Mas primeiro me ajeito para levantar, me sentando à cama, pois tinha de usar o banheiro e escovar os dentes ainda. Agradeço aos céus que ficava tudo em frente ao meu quarto.

— Porque você vai dormir aqui.

— Eu vou?

Meu mano soa desnorteado, assim esclareço melhor:

— Sinto que preciso da sua companhia. Hoje.

Ele se endireita mais, embora ainda perdido, coçando a cabeça.

— Então eu vou. Só vou terminar de ajeitar umas coisas no quarto e já volto.

Mamãe me ajuda mais uma vez ao banheiro, mesmo de cara enfezada. Ela não nega meu abraço quando me deixa no quarto novamente. Só repetiu que era mesmo só uma noite e se retirou para o quarto de hóspedes, que ela ajeitou no improviso.

Assim que Murilo chega, pergunto, por garantia:

— Mamãe já foi dormir?

— Já.

Faço mais um pedido, me ajeitando na cama.

— Vai lá na dispensa e pega papel higiênico.

Como apaguei propositalmente o abajur e o quarto tá escuro, não consigo ver a expressão do meu mano, porém, antes que diga algo, emendo:

— O rolo todo.

— Tá bom.

Ele vai num pé e volta em outro, bem rápido. Assim que passa pela porta, digo:

— E fecha a porta. Com chave.

Sinto que ele hesita, mas atende o pedido. Tateando o local, ele dá a volta na cama para acessar pelo lado direito, seu espaço reservado, já que meu pé esquerdo, imobilizado numa almofada alta, tem que ficar numa posição só.

— E o abajur?

— Deixa assim. Só deita. Cadê o papel?

Murilo me joga o rolo de papel higiênico e preenche seu lugar com toda a criatura de peso que é, de barriga pra cima, todo inquieto. Sei dessa intranquilidade só pelo jeito com que se derrama desajeitado pela cama, sua respiração curta e dificuldade de parar quieto.

Sei que ele está cansado, muito cansado, no entanto, sei o quanto eu falar as coisas o deixa mais tranquilo. Mais vale um Murilo sossegado do que um que dorme cheio de preocupações em mente. Digo o mesmo sobre mim.

— Tenho que perguntar: aconteceu alguma coisa?

Com calma, respondo, abraçando o rolo como uma pequena almofada para apertar.

— Aconteceu. Aconteceu tudo de uma vez só.

Ele, expirando devagar, concorda.

— Muita coisa mesmo.

— É que ainda não tive um momento de respirar, sabe? De repente tem sido muita coisa. Muita gente, muitos afazeres, muitos cuidados, muita atenção, muito... tudo.

— Quer eu barre algumas visitas? Ou ligações?

Mamãe tira o celular de mim sempre que pode, mas não quero me enveredar por aí. Não quero me afastar do assunto, nem enrolar ou amenizar com outra conversa.

— Não é isso. Só quero esse momento aqui, quieta, pra sentir o que estava evitando de sentir. Entende?

— Entendo.

Ficamos em silêncio por um tempinho, só ouvindo o ventilador. Respiro enfim. Longamente e então, sem precisar pensar muito, estou de volta ao espaço de impotência, medo e agitação, nas escadas da faculdade, como se aquele retroprojetor ainda estivesse sobre mim. Vejo mais uma vez, como se fosse ali no meu quarto, a Flávia sem ação como refém, só que agora sem que eu possa gritar. Vejo outra vez um cano se erguer ao fundo e atingir Pompeu.

De respiração curta, os primeiros soluços vêm quando aperto os olhos como apertei quando consegui a Flávia de volta. Acima de tudo o que vivemos nas últimas semanas, ela é importante para mim. Não teria como não reagir, gritar, defender ela. Temos nossos conflitos, mas ainda é minha amiga. Ninguém iria machucá-la na minha frente sem que eu pudesse fazer algo. Mesmo mancando, eu pensaria em algo.

Murilo não interfere, só se aproxima um pouco para que eu pudesse deitar sobre seu ombro. Me viro um pouco para seu lado, no máximo que dá com meu pé imóvel e a mão machucada no espaço entre nós, para não prejudicar com a posição.

— Isso, só coloca pra fora.

Tenho um rolo inteiro de papel higiênico pra me amparar também, mas nessa sequência, só o aperto, descarregando toda minha agonia e aflição. Choro um choro aberto, embora quieto. Naquela loucura toda com Daniela e de Flávia, lembro do quanto quis chorar e engoli toda a sensação para me manter ativa, cuidando das meninas e da situação. Acontece que eu precisava de ajuda assim como elas. Precisava desabar como elas estavam desabando. Não é para eu ser forte o tempo todo. Não é para segurar as rédeas de uma situação que não está nada sob controle. Não adianta esse esforço, porque é em vão.

Chorando baixinho, mal conseguindo respirar, deixo que Murilo me abrace. A questão não era segurança, nem pra mim, nem pra ele. Sei que aqui estou bem distante de tudo, protegida, porém, a cabeça da gente guarda tantos sentimentos. Eles que precisam ser liberados. Para seguir em frente, é preciso esvaziar-se deles. Saber disso eu sabia, mas não me impedia de sempre tentar abrandar as coisas. E de tentar consertar e controlar, como se fosse possível ter qualquer domínio sobre isso.

Eu não sabia o quanto estava cansada disso também, cansada dessas tentativas nada efetivas. Eu sei o quanto melhorei nos últimos meses com a descoberta de Murilo sobre Denise, o caderninho e nossos conflitos sobre sua viagem, e também o quanto caí nas últimas semanas com a descoberta sobre a invasão de Flávia e Aguinaldo. Caí a ponto de perder a saúde física, que dirá a mental. Fui parar num hospital por exaustão. Estava mais do que na hora de respeitar meus limites. Saber que existem limites de ação. Saber também que nada se resolve sozinha.

Busco ar, quase engasgando com toda a congestão do choro. Murilo abre mais espaço para que eu possa respirar e assim acabo sentando um pouco, acompanhada dele, que liga a tela de seu celular e depois o abajur. À luz amena e amarela, puxo um pouco do papel para limpar o nariz e o rosto. Com certo esforço, digo:

Tenho que... respirar... porque... não dá mais... não dá mais pra ir pra baixo.

Meu mano se mostra bem preocupado com essa declaração, pois responde:

— Não fala assim, mana.

Fungando e puxando o ar com obstinação, esclareço:

— É um verso daquela música, Going Under.

Foi o trecho de que mais me apeguei enquanto me fazia de boazinha no meu período de descanso forçado. Fui obediente de me cuidar e ao mesmo tempo desobediente para violar as condições de repouso. Uma vez sozinha em casa, era impossível só me cobrir de coisas plácidas e serenas. Como aquele passeio com Sávio, extraía de mim as sensações ruins à base de muito barulho musical e mental. E por fim, escondi-os. Chorava e fingia que estava tudo seguindo bem.

Agora, espero, que não mais.

— Tava ouvindo Evanescence?

— Um pouco. Sei que você queria que eu pegasse só as músicas mais leves, mas precisei tirar umas coisas de mim.

Ele meneia a cabeça, um pouco pensativo. Flexionando as pernas, Murilo apoia a cabeça nos joelhos, abraçando as pernas junto. Por fim, suspira.

— Acho que eu devia fazer isso também. Não digo ouvir de Evanescence, falo de encarar as emoções. Meio que andava evitando. Fiquei ouvindo Avril pra não ouvir Nickelback e não deu em nada, porque a Avril também tem umas letras que dão o que pensar.

Bem me lembro de uma em específico dela que certa vez ouvia no fone a caminho da faculdade com o Gui, quando estávamos brigados por alguma coisa, muito provável pelo seu mal comportamento com Sávio. Ele também passava por grandes problemas em casa, com seus pais se divorciando. Só lembro que eu... Eu não estava pronta para desistir dele. Agora, também não sei mais.

Mas o que sei é:

— A gente reage aos ritmos e letras conforme nosso íntimo estado de espírito. Entendi que não dá pra se preservar assim, só com música alegre ou leve. Acho também que precisamos de um meio termo. Sair dessa bolha e se encontrar em outras coisas. Depois de se esvaziar, claro.

— Acho que vou roubar um dos CDs da Lia.

Observo meu mano ainda cabisbaixo, absorto em algo na sua cabeça. Não sei se o Murilo está tentando amenizar o clima, o que não deveria ser o objetivo deste momento, mas, agora, me sentindo melhor, me parece razoável seguir sua linha de pensamento.

— Posso pegar um pendrive do Vini junto.

Murilo não responde por uns segundos, apenas segue quieto e um pouco distante. Aproveito esse tempo para me recuperar mais e regular meu fôlego. Alcanço a lixeirinha do quarto, que estava do lado da cama, para me livrar das evidências do meu choro. Penso se quero ou não que mamãe veja. Ninguém contou que houve um problema na faculdade, nem a versão light dela. Para todos os efeitos, eu só tinha caído na escada por conta de trombar com outra pessoa. Não era nenhuma mentira e tampouco a verdade completa. Não teria como falar-lhe tudo se boa parte da base dessa história estava sob juramento a um policial.

— Lena, tenho que dizer uma coisa. Umas coisas.

Me surpreendo com essa abordagem de Murilo. Me volto para ele, atenta.

Meu mano suspira, então começa, ainda de olhar distante.

— No outro dia, que você sumiu com o Sávio, eu meio que dei uma surtada. Eu entrei em pânico real. Mas não estou te dizendo isso para se sentir culpada ou mal, digo porque não quero guardar isso comigo.

Ele não pareceu bem mesmo quando cheguei em casa naquele dia, apesar de eu estar mais preocupada em disfarçar minhas negligências e imprudências. Sinto que agora ele quem precisa desabafar e que há mais para ouvir. Assim, só coloco minhas mãos sobre as suas, juntas e presas a si.

De voz embargada e de olhar fixo à colcha da cama, ele continua:

— Chorar c-com você naquele dia... Me libertou muito. E como chorei na terapia depois, você nem imagina. Acho que chorei o que não me permitia em anos.

Eu que achei que já tinha me esvaziado toda, volto a sentir os lábios trêmulos.

— Por conta do que você tava passando, eu escondi. Só que não quero mais esconder. Assim como não quero que você esconda os seus sentimentos.

Nesse momento, Murilo me olha, um tanto abatido e desgastado. Ele comprime o rosto, mas parece segurar a emoção só pra poder falar:

— Chorar... não é tão... Não é tão ruim quanto se pensa. É uma sensação estranha, mas que liberta, e como liberta. Isso é bom, porque significa que não precisamos guardar tudo.

Reúno as forças que tenho para me mexer e abraçar meu mano querido, que logo solta suas amarras do corpo e me recebe. Sinto o choro voltar com tudo e com ele esvazio mais uma vez, libertando os dois.

— Obrigada. Muito obrigada por contar.

No final, utilizamos quase metade do rolo de papel higiênico juntos. Os papéis usados, evidências, ficaram à vista, sem nem eu, nem ele, se importar em serem percebidos. Independentemente do que iriámos falar sobre, era bom deixá-los visíveis. Contavam uma história triste e bonita de dois irmãos que se uniram para enfrentar tudo o que carregavam. E que agora, poderiam seguir em frente, juntos.

Pro que der e vier.


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Notas finais do capítulo

DONA HELENA SENDO DONA HELENA HAHAHAHAHA
com muito carinho e dengo, aí não resisto também T-T

"- Como que a gente dá conta?
— Sendo amada. E pelo que vi hoje e vejo todo o tempo, você é muito amada aqui. É muito amada por onde vai. É o que me tranquiliza enquanto vocês estão longe."

E ser DERRETIDA pelo Vini? AI MEU CORAÇÃO!
"Depois de muitas “sagas”, como você diz, fui pegando o jeitinho de como essa cabeça trabalha algumas coisas. O que não quer dizer que não me surpreenda. Seu coração sempre me surpreende."

NEM PRECISO DIZER O QUE FOI ESSE MOMENTO COM O MURILO, NÉ? *chora*
*chora muito* *chora junto* *chora para libertar*

A ÚNICA COISA QUE VOU DIZER SOBRE O PRÓXIMO CAPÍTULO É:
"Nosso pote de ouro no fim do arco-íris depois de tanta tempestade."

Até breve!



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