Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 149
Capítulo 148


Notas iniciais do capítulo

Vocês lembram de certa investigação envolvendo uma tal de "princesa"?



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O último dia de “aula” não parava com suas surpresas. Desde o primeiro horário já tivemos uma mudança na grade. Às quartas-feiras, Max fica com os dois últimos horários, enquanto nos primeiros temos Silvana e Sanches. Hoje, de modo excepcional, tivemos uma troca – Gestão, com Max, nos primeiros horários, e Direito do Consumidor e Administração Financeira II, com Silvana e Sanches, respectivamente, após o intervalo. Outro fato é que Djane assumiu a turma. Ela só corrigiu na lousa as atividades finais, tirou dúvidas e entregou os trabalhos de volta. Acabou liberando a gente cedo.

Encontrar professora Silvana em classe assim me dava impressão que era segunda-feira de novo, por conta dessa grade. Encontrar ela com um retroprojetor na mesa me dá a conhecida sensação de que ela adora evitar novos aparelhos. Como os outros professores, ela se propôs a comentar os trabalhos e tirar dúvidas, o que foi bem rápido. Curioso era que toda hora ela olhava para o relógio de pulso. Quando ia começar a entregar nossos trabalhos, veio uma nova surpresa.

— Vou precisar de duas voluntárias para levar o retroprojetor para a secretaria. Senhorita Flávia e... senhorita Milena.

Nos entreolhamos rapidamente. Eu vinha desviando o olhar da Flávia faz um tempo, apesar de nos sentarmos bem perto, mas nesse momento vi o que o Murilo falou. Ela parecia bem abatida mesmo. Mais magra.

Quando levanto, já com meu celular de volta, só coloco o aparelho nas minhas coisas e desvio das mochilas dos colegas por ali. Flávia parece fazer o mesmo, com pouca vontade. Ao passar por um grupinho, ouço quando dizem:

— Vai lá, tia Flávia.

Tia?

Acho que ela vê minha cara de quem estranhou e emparelha comigo, esclarecendo:

— Meu sobrinho nasceu.

Isso mexe comigo de um jeito que não sei como explicar. Era algo que acompanhava à distância e parecia agora tão mais distante. Sei lá, me bateu uma tristeza e uma... falta. Costumava brincar que ela ia me ensinar como lidar com bebês.

Nos apresentamos à mesa da professora e ela nos ajuda a carregar a máquina. Por mais que Silvana fosse antiquada em seus métodos, ela era muito incentivadora de colocar as mulheres frente às coisas. Quer dizer, não era porque éramos mulheres, que não seríamos capazes de transportar um aparelho daqueles. Muitos professores só chamam os rapazes para atividades que envolve peso. Silvana equilibrava isso. E sempre nos dizia, ao seu modo, que tudo podemos. Gostava disso nela. Não sei é como me sentir em fazer isso junto da Flávia neste momento. Mas estou disposta a ver como vamos nos sair.

Vamos equilibrando devagar e andando com calma, de olho no aparelho. Ao chegar no corredor, considero descer pela rampa, mas aí Flávia diz:

— É melhor pela escada. Pela rampa, vamos dar uma volta maior.

De fato, com uns andaimes por ali e uns materiais de construção, teríamos que andar muito mais. Concordo e nos direcionamos para a escada. Nos degraus, combinamos de descer sincronizadas. Eu apoiava as costas no corrimão, pra dar mais suporte ao aparelho, e ela se firmava mais aos degraus, observando se a máquina não ia cair.

Como éramos do segundo andar, tínhamos que descer quatro lances de escada. Estava bem concentrada na atividade, porque não gostaria de pagar mais um extra por isso também. A minha mente volta de novo ao caso de não passar nas disciplinas. Até então, tinha o resultado (positivo!) de três matérias, faltavam duas – justamente as que mais me preocupavam, de Sanches e Amália.

Quando estávamos no terceiro lance, o retroprojetor deu uma balançada e paramos para reequilibrar. Logo retomamos e graças a Deus já estávamos chegando ao patamar da secretaria, que ficava quase do lado da escada.

Mas aí, já no meio do último lance, Flávia para de repente e diz:

— Você ouviu isso?

Ela olha pra cima. Eu, olhando o retroprojetor, soo meio perdida.

— Isso o quê?

— Não sei, tive impressão de ter ouvido a voz de Fabiano. Algo estranho.

Paramos uns segundos, aguçando os ouvidos, e realmente ouço longe algo que parecia uma discussão. Uma discussão feia. Mas nada que pudéssemos entender o que diziam. Só que aí ouvimos alguém na escada, correndo, e logo mais um grito do professor Sanches chamando os seguranças para pegarem “ele”. Não houve muito tempo para pensar.

Por instinto, puxo o retroprojetor para que Flávia descesse e ficasse ao meu lado, abaixo, a fim de evitar um acidente, uma colisão. Mas ela demora a se mexer. Demora muito. E o pior acontece. O pior do pior.

Não é que “ele” tromba nela. O vulto LEVA ela.

Num segundo, estou me redirecionando com o retroprojetor, no outro, caio na escada com ele em cima de mim e Flávia é levada pelo pescoço. O tempo parece parar quando vejo ela se debater contra o aperto e o susto. O tempo para de vez quando vejo quem é o vulto.

POMPEU.

~;~

Na hora da adrenalina, o instinto fala mais alto. Movo o retroprojetor para o lado e tento levantar. Há algo no meu corpo, não entendo, que me barra. Ainda assim, meio sentada, meio agachada aos degraus, grito:

— SOLTA ELA!

Pompeu me ignora e sibila rente ao rosto de Flávia:

— Quieta. Quietinha!

Um segurança surge do lado leste, passando por debaixo da rampa de acesso. Ele se aproxima dos dois, pedindo calma, para liberar a aluna. Mas Pompeu se mostra, além de nervoso, violento e ameaçador, pois puxa Flávia, quase a enforcando. Ele é categórico ao declarar:

— PRA TRÁS. ELA VAI COMIGO.

Pompeu segue se afastando, andando de costas com Flávia em choque, que não tinha escolha, se não tropeçar nos próprios pés para acompanhar os passos dele.

O segurança tenta se aproximar mais uma vez. Porém, Pompeu saca um canivete, apontando do segurança para Flávia. Eu grito mais uma vez:

— DEIXA ELA EM PAZ! SOLTA ELA!

Mas não surte nenhum efeito nele.

— Nós vamos para um passeio. Cuidado com os degraus, princesa.

Estaco ao ouvir a palavra “princesa” enquanto Pompeu instrui Flávia para subir os três degraus que levavam ao pátio. Tento levantar mais uma vez e alguém me puxa. Nem me dou o trabalho de ver, só grito:

— NÃO, A FLÁVIA NÃO!

Então tudo acontece muito rápido, como cena de filme. O segurança tenta avançar novamente, ele consegue chegar bem perto e isso distrai Pompeu. De repente só vejo um cano sendo erguido atrás dele e, com um golpe certeiro, atingi-lo com toda a força. Na mesma hora, Pompeu bambeia e afrouxa o braço, momento que Flávia se desvencilha e corre para atrás do segurança.

Mais uma vez meu instinto grita mais alto e levanto com uma força inexplicável, indo além de algumas barreiras no corpo que comecei a sentir. Levanto para alcançá-la, nem que me arrastasse, para puxá-la e a proteger.

No meio da coisa toda insana, Flávia se gruda a mim, tremendo-se toda e assistimos que a figura com o cano se aproveita da fraqueza de Pompeu, vez que bate mais uma vez na cabeça dele, depois de lado, até que ele cai ao chão. A figura surge para verificar se ele apagou e... É a Daniela!

Ela chuta o corpo de Pompeu e acho que ele se mexe, pois Dani, em fúria, ataca novamente. Ela bate com o cano no alto de sua barriga e é detida por outro segurança e pelo professor Sanches. Acho que foi ele quem me segurou na escada.

Ainda assustada, abraço mais forte a Flávia e ela a mim. Professor Sanches consegue afastar a Dani e a abraçá-la forte também. Um dos seguranças se abaixa para checar o estado do Pompeu, que parece resmungar algo, e um outro chama reforço pelo fio de contato.

Um pouco depois o diretor Fabiano surge das escadas, um pouco ferido, andando devagar. Ele vai conferir também o estado de Pompeu, ainda no chão, mas já se sentando, com o auxílio e vigilância dos seguranças. Com jeito, eles o prendem.

O que quebra a cena de horror é Daniela que se sai do professor e corre para onde estamos, e eu e Flávia a recebemos noutro grande abraço.

Ouço um burburinho de alunos acima de nós, no primeiro andar, e nem consigo me mexer para olhar. Logo mais avisto Djane, Glorinha e Max chegando ao pátio, de quem vinha dos fundos do prédio. Ouvimos também um pouco da conversa deles, só que se eu não tinha muitas condições de prestar atenção, o mesmo eu diria sobre as meninas.

Entendo apenas que os seguranças iam levar Pompeu para a saleta do auditório, ali ao lado, que o diretor logo seguiria para lá. Também indicou à Max para acompanhar um aluno que ficou machucado no segundo andar.

Sem nos olhar, Max segue pelas escadas e antes que Djane se mova para conferir como estamos, Fabiano diz:

— Precisamos evacuar o prédio, rápido.

— Podemos ligar o sinal de incêndio.

Sanches dá a sugestão, mas Fabiano, ainda machucado, é contra.

— Não, geraria um pânico desnecessário. Vão de sala em sala, avise para os alunos recolherem suas coisas e para os professores irem para a sala de reuniões. Me encontrem lá. Djane, leve as garotas para fora. Vão! Rápido!

E assim Sanches se divide com Glorinha e Djane se mobiliza para cuidar da gente.

Não sei como, se era eu ou as meninas, ou nós três em sincronia, só sei que fomos nos distanciando da coisa toda, cada vez mais para trás, a ponto de eu só perceber quando Djane corre um grande espaço para nos encontrar.

— Meninas, o que aconteceu?

Nem Flávia, nem Daniela conseguem responder. Mal conseguem chorar, mal conseguem respirar. Eu acabo falando as coisas, toda atropelada também.

— Eu não sei, ele apareceu do nada e pegou a Flávia. E depois tava de canivete. E a Dani...

— Quem?

Sem entender muito, Djane nos ampara, levando-nos até a portaria. É aí que eu – e ela – percebo que estou mancando. As dores dão seu ar da graça, principalmente na região do pé esquerdo e da mão direita. Com seu crachá, Djane consegue liberar a trava de emergência e passamos as catracas. Nos sentamos na mureta de entrada.

Recolhendo meu braço e pé, também me percebo toda arranhada. Com Flávia e Dani chorando, Djane fica até sem ação. Mas eu sei que agora a instituição precisa mais dela do que nós.

— Vai, Djane, você precisa ir.

— Mas vocês...

— Fabiano precisa mais de você agora. Vai.

Djane entende que se trata daquele assunto.

Assim que ela novamente entra no prédio, Dani se deixa cair de cócoras, apoiada à mureta, e Flávia fica imóvel olhando para o nada a sua frente, com os soluços de choro.

— Está tudo bem agora. Vai ficar tudo bem.

Digo às duas, sem saber o que dizia, porque, como elas, também começava a me permitir surtar.

~;~

Logo as primeiras turmas surgem e se amontoam nas catracas. Eles até demoram a perceber que a saída foi liberada. Os primeiros que nos alcançam se assustam um pouco. Não conheço ninguém ali, não pessoalmente. Mais alunos vão surgindo, desnorteados, sem saber se ficam, se esperam, se ajudam, se saem. Não entendem o que acontece.

Bruno é o primeiro conhecido a nos alcançar:

— Gente, o que está acontecendo? O que houve?

Mas ninguém consegue responder. Até porque todo mundo assiste Yuri sendo levado para o auditório. Estava com os braços nas costas, como um preso. E machucado no rosto. Dani chora mais ao ver seu amigo sendo escoltado daquele jeito e é aninhada por Bruno.

Acácio chega logo depois e reconheço minha mochila e pasta às suas mãos.

— Ei, o que aconteceu? Vão estão bem?

Só consigo mexer a cabeça que não, não muito bem. Pego minha mochila e de lá tiro um pouco de papel que sempre guardo para emergências de banheiro. Dou um pedaço para Dani e vez que a Flávia continua em estado catatônico, eu mesma enxugo seu rosto. As pessoas continuam assustadas e o burburinho rola solta.

Bruno fala o que sabe e Acácio segue nessa.

— O professor Sanches só disse pra a gente recolher as coisas e ir embora.

— Pra gente também.

— Aquele era o Yuri, não?

— Era sim. Ele tava bem machucado quando passei por ele.

— O diretor também! O que será que rolou entre eles?

As pessoas estavam se amontoando todas ali no alto da portaria que começava a ficar difícil se locomover. Bruno continuava perguntando a Dani o que tinha acontecido para estarmos do jeito que estávamos, mas ela não conseguia dizer coisa alguma, só soluçar.

Sávio consegue abrir caminho com Gui e o restante da turma, tão desnorteada quanto o restante dos alunos. Flávia, ao ver o namorado, abraça-o antes que ele pergunte. Sávio ainda fica um pouco sem ação ao ver o nosso estado. Acácio parece respondê-lo com um “também não estou entendendo”. Puxo mais um pedaço de papel da bolsa e enxugo o rosto. Sávio se aproxima de mim.

— Milena?

— Só me abraça.

Ele me atende. Abraço-o forte.

— Me conta, por favor?

Me desvencilho dele e tento organizar os pensamentos. Eu sabia do que se tratava – ou acho que sabia – e teria que ser cuidadosa com as palavras. Havia muita gente ali para ouvir.

— Um maluco surtou, me derrubou na escada e pegou a Flávia de refém.

Alguém da rodinha ao nosso entorno pergunta:

— Foi o Yuri?

Dani dessa vez responde:

— Não. Foi o... Juliano. Juliano Pompeu.

Um tom de surpresa se generaliza e o burburinho aumenta, com as pessoas espalhando a notícia. Para ajudar Dani, complemento:

— Não sei como o Yuri está envolvido, mas ele não fez nada com a gente. Só o Pompeu.

A coisa toda recomeça e ter aquele tanto de gente perto começava a me sufocar. Ia pedir ajuda de Sávio quando Djane reaparece, graças a Deus, para dispersar os alunos e orientar para que fossem para casa. Ela consegue afastá-los e enfim consigo respirar melhor. Assim que me vê, volta-se para mim, toda preocupada e agitada.

— Milena! Meu Deus, que zona. É melhor ir pra casa. Você consegue ir pra casa?

Ela me segura no braço e sinto dor na hora.

Ai.

— Onde dói, querida?

— Aqui, no braço. Meu pulso... Tá doendo muito. Meu tornozelo também.

— É bom passarmos num hospital, não?

— Djane, mas você precisa fica...

Você precisa de atendimento.

— Os meninos me levam.

— Certeza?

— Sim. Te mando mensagem.

Djane, com resistência e toda atarantada, sai de cena. Viro pro Sávio, que estava de prontidão ao meu lado.

— Você está de carro?

— Droga, não. Peguei a moto hoje.

— Eu levo.

Bruno se prontifica. E a Dani dá a volta por trás dos meninos para ficar ao meu lado. Ela se senta na mureta, coloca os braços ao redor de mim e a cabeça apoiada no meu ombro. Pra quem tinha atacado Pompeu daquele jeito, ela parecia tão pequena, como alguém em busca de colo.

— Que bom, porque quero ir com a Lena. Só preciso achar minhas coisas.

— Acho que a Flávia devia ir também.

Me vejo falando isso ao ver o estado de choque dela. Sávio concorda.

— Tem uma unidade de saúde aqui perto. Vocês três vão com o Bruno e a gente segue o carro dele.

As meninas concordam, assentindo às suas maneiras. Mais gente sai do prédio e Dani se levanta para interromper uma delas.

— Babi, você sabe quem pegou minhas coisas?

— Acho que a Mariana.

— Diz pra ela guardar pra mim que depois pego com ela, tá?

— Tá. O que rolou?

— Eu não tô muito legal agora, mas tem uma galera lá embaixo que vai saber te informar.

— Tá, eu vou lá. Espero que fique bem.

— Obrigada. Não esquece de checar com a Mariana.

— Vou sim.

Com isso, Bruno pega a chave do carro na calça e se aproxima de mim.

— Acha que pode andar?

— Não sei. O seu carro tá muito longe?

Sávio interrompe:

— Fazemos assim. Dani, leva o material da Lena. Bruno, pega o carro e te vemos lá embaixo. Vou descer com ela até a calçada. E Gui... Acompanha a Flávia. Beleza?

Todo mundo concorda e começa a se mexer. Bruno desce a rampa na frente, Gui segue logo atrás com Flávia, já Dani coloca minha mochila nas costas e abraça a pasta. Já ia me preparar pra me apoiar no ombro de Sávio quando de repente ele me pega pelas pernas e me iça para carregar. Com passadas largas, logo estamos na calçada e procurando onde o Bruno tinha estacionado. Agradeço a ajuda e entro no banco de trás. Dani senta comigo, ficando ao meio, e Flávia logo em seguida, muito calada.

Sávio dá as coordenadas finais pro Bruno e logo estamos na avenida. As coisas vão acontecendo meio num borrão, tudo muito rápido, e tento respirar aos pouquinhos. Dani segue o exercício comigo, enquanto aperta minha mão boa. A outra eu mantenho ao colo imóvel. É então que me ligo das coisas e penso no meu irmão. Dani me repassa o celular, que ficou na minha bolsa. Com cinco toques, Murilo atende:

— Oi, mana.

— Mu... Oi. Aconteceu uma coisa. Eu caí na escada e me machuquei um pouco.

— Machucou onde? Bateu a cabeça?

— Não, só o tornozelo e o braço. Ai. E as costas. Mas o pulso é o que tá doendo mais, acho. Tô indo na emergência, aquela que fica perto da casa do Sávio. Tô com as meninas. E os meninos.

— Tá, te encontro lá em alguns minutos. Mas você está bem, não está?

— Tô. Só essas dores mesmo.

— Tudo bem. Te vejo já.

Com o carro novamente em silêncio, tenho tantas perguntas. Quero saber como Dani apareceu ali, o que tinha acontecido com Fabiano e Sanches, como Pompeu estava envolvido. E Yuri. Lembro de quando ele falou que Pompeu não era pro nosso bico. Quero entender o que isso tem a ver – se tem a ver – com Max, a tal princesa e a operação.

Mas sei que não é pra agora. Até porque não tem nem como falar com Dani, pelo seu estado e por Bruno estar dirigindo. Tenho que me concentrar no aqui e agora. Nas meninas. Em mim. Em como dividir tudo isso com o Murilo e Djane e o Vinícius.

Vinícius!

Pego o celular novamente para digitar uma mensagem, no máximo que consigo com a mão esquerda. Escrevo porque provavelmente ele estava em aula. Não iria interrompê-lo assim, nem assustá-lo. Digito:

Oi, Vini. Caí na escada e me machuquei um pouco. Bruno tá me levando numa unidade de saúde. Vou encontrar o Murilo lá. Mas tô bem. Acho que só torci. Me liga qnd puder.

Com o texto enviado, me permito deitar a cabeça ao topo do banco. Parece que a adrenalina está baixando e as dores aumentando. Dani se recosta mais em mim, ainda fungando. Minutos atrás estávamos de mãos dadas dando força uma pra outra. Como ela está reagindo melhor, me estico um pouco para capturar uma mão de Flávia. Ela me olha de instantâneo quando a toco. No meio do claro e escuro do carro atravessando a avenida, consigo ver um pouco do seu olhar abalado. Pisco devagar como se dissesse de novo que ficaria tudo bem, o que ela entende e assente.

Já na porta do atendimento, Bruno desce e abre as portas traseiras. Flávia, que estava atrás do banco do motorista, consegue se levantar e sair por sua porta. Bruno me dá apoio por fora, assim como Daniela por dentro, para me mover com calma. Sávio aparece assim que me encontro de pé e me carrega mais uma vez. Enquanto ele se orienta para frente, eu vejo os meus amigos se juntarem e seguirem logo atrás.

A unidade de saúde não está nem cheia nem muito vaga. Bruno e Sávio vão para a bancada de atendimento para pegar informações. Demora um tempinho para que sejamos atendidas depois da triagem. Eu vou pra um lado, numa cadeira de rodas, acompanhada por Sávio, e Flávia vai para outro, acompanhada por Gui. Murilo me avisa por mensagem que está preso em um engarrafamento, mas já está por perto.

Quando ele chega, estou entrando para um exame de raio-x. Ao sair da saleta, sou encaminhada para a enfermaria. Encontro Murilo no meio do caminho, já que precisava passar pelo saguão de espera. Ele me checa ao seu modo, preocupado, e Sávio o assegura de que estou bem. Quando deito na maca da enfermaria, vejo que Flávia está ali do lado, também numa maca. Gui fica incerto de se aproximar, mas por fim o faz:

— Avaliaram ela e deram um calmante. Logo poderá ir pra casa.

— Obrigada por me informar.

Murilo mostra seu telefone com o nome de Djane na tela e se afasta por um momento. Sávio assume a cadeira de acompanhante e Gui continua por ali, hesitante. Por fim, ele pergunta:

— E você... Como está?

Me remexo na maca para ficar numa posição melhor.

— Dolorida. O retroprojetor caiu por cima de mim. Tô esperando o resultado do raio-x, mas acho que não quebrei nada.

— Ah. Espero que fique bem.

— Obrigada.

Com isso, ele volta para sua cadeira de acompanhante, para ficar com a Flávia.

Dessa vez sozinha com Sávio, ele se pronuncia baixinho:

— Lena... Isso tudo... Tem a ver com Max?

— Acho que sim. Só que... não sei o que aconteceu. De repente Pompeu desceu correndo e pegou a Flávia. E no meio da coisa toda, a Dani apareceu do nada, por trás dele, com um daqueles canos dos andaimes. E bateu nele. Várias vezes.

Sávio fica com uma expressão de espanto. Continuo:

— E eu lembro de uma situação em que discuti com o Yuri, um tempo atrás, que ele tava implicando com o Pompeu. Eu não sei como as coisas estão interligadas, só sinto que estão.

— Vamos descobrir. Agora descanse.

À hora que Murilo volta, uma enfermeira me visita com uma dose injetável para minhas dores. Faço cara feia e peço licença para esmagar as mãos de meu irmão e de Sávio. Digo, apertar as mãos deles. Nenhum deles faz caso da minha vergonha momentânea com uma agulha. Mas me preocupo quando percebo que meu mano tinha chorado. Quer dizer, escondendo que chorou. Só que logo depois chegam o Bruno e a Dani, como visitantes. Apesar de seu estado, ela se encontrava mais inteira do que eu e a Flávia juntas. Murilo sai novamente pra atender outra ligação.

— Como se sente?

— Acho que estraguei a sua festa da onça.

Faço graça para dispersar o climão.

— Você em primeiro lugar. Mas, sabe, algumas pessoas foram mesmo pra pizzaria. Não sei como ficou a troca de presentes.

Peço minha bolsa para o Sávio, que estava perto dele. Pego o embrulho e entrego pro Bruno.

— Adivinha de quem sou amiga da onça?

Ele ri, outra vez desacreditado nesta noite, e pega o presente. Abre ali mesmo. E enquanto puxa o embrulho, diz:

— Precisamos MESMO de uma festa sem tragédia. Principalmente quando formos trocar presentes.

Rimos eu, ele e Sávio, porque Bruno está se referindo ao níver do nosso amigo na delegacia. Sávio estar com sua camisa carnavalesca torna tudo ainda mais curioso. Se é que é disso que posso chamar.

Quando Bruno puxa o copo, eu digo:

— Meio cheio ou meio vazio?

Ele parece pensar um pouco. Termina por dizer:

— Meio cheio de preocupação e meio vazio do estômago. Ia comer na pizzaria.

— Ainda bem que comi aquele sanduíche. Mas é bom você ir comer alguma coisa. Ou trazer alguma coisa. Tá com fome, Dani?

— Um pouco, acho.

Gui se aproxima de novo.

— Vou com você. A Flá dormiu.

Eles saem juntos, acompanhados de Sávio também, que dá o lugar dele pra Daniela. Murilo consegue outra cadeira para ficar perto de mim. Quando ele funga e me segura a mão, a mão boa, tranquilizo-o:

— Estou bem, Mu.

— De verdade?

— De verdade. A dor tá diminuindo.

Então a médica que me atendeu se aproxima com os resultados.

~;~

Chego em casa com uma muleta do tipo bengala, uma bota protetora no pé, um tensor no pulso e um jarro de flor nas mãos. Flor de girassol, sendo mais específica.

Eu nunca fui uma garota que gosta de flores. O Vinícius até tentou me chamar atenção com elas e só conseguiu uma reação educada de agradecimento. Sei lá, flores não me comovem, não são minha praia dessa maneira. Não quer dizer que não as ache bonitas ou apropriadas em algumas situações. Eu só não sou garota que gosta ou espera ganhar flores. Já ganhar uma flor, com jarro e tudo, dessas para cuidar, são outros quinhentos, seiscentos e setecentos. Ainda estou sem reação, essa é a verdade. E talvez seja o melhor que posso dizer sobre meu amigo da onça neste momento.

Na garagem, Murilo desce primeiro para ajeitar algumas coisas em casa, principalmente a questão de mobilidade. Nessa espera, checo de novo o celular para conferir se tem alguma resposta do namorado. Nada até então. Imagino que esteja bem ocupado na faculdade, a ponto de não ter visto minhas mensagens. É também sua última semana do semestre.

Me volto mais uma vez para o pequeno jarro em mãos. Era uma muda um pouco desenvolvida, com algumas folhas e a flor já crescida. “Para regar”, ele disse, sem me olhar nos olhos. O presente estava envolvido por um plástico colorido sem cobrir por todo a plantinha. Não era garota de flores e não sabia se poderia ser uma garota que cria flores. Ou plantas. O quanto de água precisa? Com qual regularidade devo regar?

Puxo um pouco do embrulho, encarando à flor à meia luz da garagem e vejo um cartãozinho da loja com instruções. Menos mal. Já estava com receios de matar uma vida por despreparo. Mas claro que procuraria no Google. Mesmo vindo de quem veio, eu não deixaria ela morrer assim, por descuido. Será que foi por isso que Aguinaldo me deu uma planta? Porque não poderia ignorá-la ou jogar fora? É uma possibilidade.

Incrivelmente, um grande “braço” do amigo da onça tava na emergência comigo. Depois que Bruno e Gui saíram e voltaram com uma montanha de misto quente pro nosso pequeno grupo, Gui também passou no carro e pegou seu presente para me entregar. Isso eu já tava na ala de espera, com Murilo finalizando o atendimento. Ninguém quis arredar o pé dali enquanto todas não saímos. Flávia acordou num timing certo, logo que eu estava saindo da enfermaria.

Daí encontramos os meninos chegando com os lanches. Eu ainda comi um misto, sem muita fome. Sávio e Bruno abocanharam três cada um. Empurrei um pro Murilo quando voltou. Dani comeu dois, assim como a Flávia e o Gui. Acho que tava tudo bem comer ali, porque ninguém reclamou ou expulsou a gente. Ficamos num cantinho, comendo e conversando qualquer coisa.

Já na hora de irmos embora que Gui me entregou o presente. E pra completar – ou não – o climão, o Sávio puxou o dele de sua mochila e se revelou para Daniela. Para surpresa minha e do próprio, ela foi bem agradável e curtiu o presente. Era um recipiente vazio de perfume, com spray, que ela poderia usar para viagens. Nesse clima mais razoável, ela anuncia que tirou o Gui, mas que estava sem suas coisas. Levaria para ele em outra oportunidade.

Em resumo, o Sávio tirou a Dani, que tirou o Gui, que me tirou, que tirei o Bruno e o Bruno... tirou o William. A Flávia preferiu ficar quieta, sem se manifestar sobre a brincadeira. Era hora de irmos para nossas casas, isso sim.

— Lena?

— Oi.

— Já podemos entrar. Quer que eu te carregue?

— Acho melhor. Vou penar muito para me apoiar nessa muleta, imagina andar.

Me ajeito no banco do carro e depois no ombro do Murilo. Com passos rápidos, ele sai comigo pelo terraço, entra na sala e me coloca no sofá. Quase desfaleço ao conforto do lar. Sinto que ele me observa, agitado, como se não estivesse fazendo o bastante. Do que Murilo avalia, ele termina por se agachar e mexer no velcro da bota protetora.

Com ela eu poderia até pisar no chão, porém, era tudo tão novo e recente que meu corpo invariavelmente se retraía. Meu braço, por exemplo, ficava colado ao corpo o tempo todo, como um cachorrinho manco. No final das contas, foi só uma torção no pé e o pulso distendido, nada quebrado. Pro que aconteceu, tá de bom tamanho.

— Quer alguma coisa? Água?

— Água seria bom.

Murilo ainda me parece afetado com os eventos dessa noite e olha que ainda nem revelei tudo, porque, primeiro, não deu tempo, e, segundo, porque tudo aconteceu muito doido. Ele só sabe o geral, como o Bruno, que um aluno surtou, eu caí na escada e a Flávia ficou refém. Murilo também sabe que deve ter a ver com a operação. De qualquer forma, teremos muito tempo para mais detalhes. Nesse momento só quero tranquilizar seu coraçãozinho.

Quando ele volta com meu copo d’água e se senta na mesinha de centro a minha frente, meu mano se permite expirar um pouco de suas preocupações. Parece cansado e não é do trabalho. Ia perguntar, porém, nesse segundo, alguém toca a campainha. Será o Vini?

Murilo vai atender a porta e pelas vozes que escuto, é Djane. Ouço parte da conversa deles, algo que já vinham se comunicando desde a emergência. Djane sugere fazer umas adaptações na casa para eu poder me mover melhor e meu irmão responde que vai cuidar disso, só fez o básico mesmo. Entrando na sala, eles continuam:

— Você parece cansado, querido. Pode ir tomar um banho que fico com ela.

— Certeza?

— Vá sim.

Ela dá um beijinho na testa dele e Murilo segue para seu quarto, não sem antes dar uma última avaliada em mim. No sofá, me mexo um pouco para melhorar minha posição e cumprimento Djane, que se senta na mesinha, de frente pra mim.

— Como está, minha querida?

Tenho muitas perguntas para ela, mas um cansaço também me abate e o que consigo dizer é:

— Viva.

Djane me dá seu sorriso meigo e toque maternal por minha bobice. Mas meu desconforto me faz me ajeitar de novo no sofá e tenho uma vontade imensa de tomar um bom banho e cair na cama. Mas aí me dou conta de uma coisa. Uma coisa assustadora que me alarma por inteira.

— O que é essa carinha agora?

— Tô pensando aqui em como vou tomar banho.

Djane fica pensativa, embora calma. Calma demais.

— Hmm. Uma cadeira deve resolver. Dessas de plástico mesmo.

— Mas não sei como vou tomar banho.

MEU DEUS, COMO VAI SER ISSO?

— Não se preocupe, vou te ajudar lá.

— C-como assim?

— Vou te ajudar no seu banho, no banheiro.

— No b-banheiro?

— Onde você pensou que seria, querida, no terraço? Esses remédios, hein?

Djane ri, boba, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Eu não sabia nem por onde começar.

— É só que... Não sei, Djane. É algo muito íntimo.

— Você prefere o Murilo?

— DEUSMELIVRE!

Meu mano ouve minha repreensão e se manifesta de volta:

— O que foi isso aí?

— NADA NÃO!

Djane então me segura as mãos e diz confiante:

— Vamos dar nosso jeitinho, Milena. Te prometo que vou ter cuidado com sua privacidade. Mas não se preocupe com isso agora, primeiro vamos preparar as coisas e aí ver como nos saímos. Tá bom, querida?

— Tá bom. Obrigada, Djane.

Eu não saberia agradecer por tanto, mas tentaria, com certeza.

~;~

Após a sessão de ultra embaraço no banheiro – Djane ficou de costas e eu me apoiei nela em alguns momentos, mas ainda fiquei toda estabanada, sem saber como me comportar com ela ali – e já no quarto, que estou quietinha na cama com uma sensação boa de limpeza, o cansaço me pega pesado. Mas por mais que tente, não consigo achar uma posição boa para dormir. Tenho que prestar atenção no pé e no braço.

E se eu me virar de madrugada?

Ultimamente tenho dormido de lado e mudar isso de uma hora para outra me parece “perigoso”. Sem jeito, puxo um travesseiro para fazer uma barreira. Mas aí vou precisar de outro travesseiro. E outro pé e outro braço para sentir tudo no lugar de novo. Bufo.

Eu sei que dei sorte. Poderia estar de gesso! Poderia estar sentindo dores piores e só estou desconfortável. Poderia ter acontecido algo comigo e com a Flávia e a Dani. E estamos todas bem, em casa, respirando. Se ainda eletrizadas do susto, é outra coisa.

O importante é que esse dia louco acabou. Acabou, não acabou?

Vejo a sombra do Murilo entrar trotando no meu quarto. Sem dizer coisa alguma, só observo, à pouca luz que vinha das frestas da janela, ele se sentar na ponta da cama, próximo ao meu pé direito, o pé bom, e suspirar.

— Que dia.

— É, que dia.

Retruco, também extenuada. Meneando a cabeça, ele a abaixa mais, parecendo derrotado. Mas então puxa os cabelos e volta a ficar ereto. Quando ligo o abajur do lado, encontro ele com uma expressão diferente. Alívio?

— Alguma coisa, maninho?

— Nada não.

Murilo finge um riso desses de só repuxar o canto da boca.

— Essa carinha não me engana.

— É só que... Fiquei preocupado, só isso. Hospital, medicações, material ortopédico, muleta, ligar para nossos pais.

Levo a mão boa ao rosto, de repente preocupada.

— Eita, nossos pais. Mamãe deve ter surtado.

Alcanço meu celular na mesinha do lado e, sem jeito nenhum com a mão boa, a esquerda, não vejo nada dela lá.

— Espera, como que ela não saiu me caçando?

— Pedi que ligasse por agora no fim da noite. Foi tudo tão estressante que achei melhor não te incomodar.

Só levanto uma sobrancelha imaginando a cena e não vejo outra coisa senão mamãe querendo bater no Murilo.

— E como ela não te decepou por isso?

— Acho que ela quase esqueceu que eu também sou filho dela. Ela brigou muito comigo. Tá uma fera.

— E você está sorrindo com isso.

— Estou sorrindo porque tudo acabou bem. Estamos em casa. E porque só fiquei preocupado... E não culpado.

Me sento um pouco, mas Murilo me impede e me faz deitar de novo.

— Eu só não entendi. Por que haveria algum tipo de culpa?

Ele hesita um pouco e toma um fôlego. Parece estar confessando algo mais pra si mesmo do que para mim.

— Porque... Em outro momento eu teria achado que era minha responsabilidade. Mas como você me falou uma vez... Não posso te proteger de tudo, nem controlar o que acontece com você. E tudo bem. Dessa vez, tudo bem.

Os olhos dele brilham conforme fala e conforme continua:

— Estou feliz porque, pela primeira vez, em anos, eu não sinto culpa. Só preocupação e alívio.

Não tem como eu não me erguer depois dessa e me arrastar no colchão até meu irmão, que me recebe sem reclamar.

— Ô, maninho. Vem cá. Te amo.

— Te amo, minha pequena. Foi só um susto.

Ele me beija a cabeça sem me largar.

— Foi.

— Vamos passar por isso.

— Vamos sim.

Assinto, aninhada nele.

Ficamos quietos assim, por uns segundinhos. Depois ele me solta, funga um pouco e tenta disfarçar.

— Vou cuidar para que se sinta o mais confortável possível.

— Vai fazer chazinho?

Eu e minha mania de fazer piada em momentos dramáticos. Mas não poderia perder essa deixa em especial, coisa que Murilo não entende de cara, pois só dá de ombros, como se fosse uma coisa trivial.

— Se você quiser, acho que sim.

— É que lembrei aqui de quando você ficou doente, com a catapora e conjuntivite. Em algum momento você falou que eu tava sendo muito bruta e que iria devolver o tratamento. Aí eu disse que, pelo contrário, você faria até chazinho pra mim.

Ele ri seu riso bobo, meu riso favorito.

— É, eu faria. Mesmo de cabeça decepada.

Ouvimos seu celular tocar no outro quarto.

— Acho que é mamãe ligando. Aguenta esses olhos abertos por mais uns minutos? Pra mamãe não terminar de me trucidar?

— Aguento. Aguento sim.

Em poucos segundos, estou com o celular na orelha.

— Oi, mãe.

— FILHOTA!

— Tá tudo bem agora, mãe. Juro. Já tô em casa e... O que é essa barulheira aí, mãe? Onde a senhora está?

— Na rodoviária. Chego aí umas seis e meia, amanhecendo o dia.

— O QUÊ? Mãe!

— E acho bom seu irmão estar lá pra me pegar. Vou puxar a orelha dele da rodoviária até em casa.

— E como ele vai dirigir?

Tento fazer piada, mas ela realmente tá uma fera.

— Ele que se vire. Não se faz isso com a mãe! Preciso te ver, filha. Te abraçar e te cuidar.

— Então vem, mãe. Vou ficar muito feliz.

— Daqui a pouco vou entrar no ônibus, estou na fila para despachar minha mala. Chego logo logo. Avise seu irmão. Te amo. Do tamanho do universo.

Depois dessa, nem me preocupo mais com posição, só quero fechar os olhos e ver o que será do meu dia seguinte.

Claro, aviso o Murilo a hora de seu velório antes de finalmente me fundir à cama.


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Notas finais do capítulo

GENTE, A DANI EM FÚRIA COM ESSE CANO, SOCORR -merecido
E O MURILO? "Estou feliz porque, pela primeira vez, em anos, eu não sinto culpa. Só preocupação e alívio." *chora litros junto* DÁ UM DESCONTO, DONA HELENA!


"Eu não sei como as coisas estão interligadas, só sinto que estão."
"Precisamos MESMO de uma festa sem tragédia" HAHAHA SIM
"O importante é que esse dia louco acabou" SERÁ?

Só digo pra deixar um ROLO DE PAPEL pra próxima notificação de capítulo novo. Vai fazer sentido e vai ser bom, juro juradinho!

Até a próxima!



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