Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 147
Capítulo 146


Notas iniciais do capítulo

FELIIIIIIIIIIIIIIIIZ ANO NOVO COM COMBO E CRIATURAS QUE ME COLOCARAM PRA ESCREVER BASTANTE!

Aliás, a demora de vir aqui pro primeiro post de 2023 é culpa inteiramente deles - mentira, mas uma parte é deles sim hahaha Também aproveitei o climinha de ano novo pra voltar na terceira temporada e mergulhar em muitos feels de Natal e Ano Novo desse povo. Muita jogatina, confusões, agentes especiais e até vaso quebrado na cabeça do Vini.

Era pra eu ter postado segunda-feira, mas fiquei sem como revisar o combo da vez. E quando sentei pra revisar, um certo Mister Box (lembrem desse fato aqui pra breve) aprontou e lá se foram mais uns capítulos. E que bom, né?

Pra começar o combo NO ESTILO, tem gente quebrando a cabeça com decisões (e ameaças de quebrar pratos em certo cidadão), tem gente se comportando bem, ótimas notícias e fofoca das boas.

ENJOY!



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— Cheguei, família!

Meu mano quebra o silêncio da casa com certa animação. Eu tô tão concentrada na tela a minha frente que ouço-o sem ouvir de fato. Quer dizer, ouvi claro, só não respondo, nem dou bola. Aparentemente, ele quer que eu responda, pois chega perto do sofá, inclina-se até o pé do meu ouvido e brada novamente:

— Chegueeeeeei, família!

— Ai, Murilo! Eu ouvi! A vizinha ouviu. E a vizinha da vizinha também.

Digo, apertando a entrada do ouvido. Também ouço seu riso desembestado, sem me virar pra criatura.

— Cadê a dona Bia?

— Teve que sair mais cedo. Mas o almoço tá pronto.

— E por que a senhorita não tá comendo? E esse notebook aberto aí?

— Mu, convenhamos. Eu fiz tudo direitinho esses dias todos. Não reclamei em nenhum grau. Perto de Djane, eu tô muito da obediente. Mas não posso ficar o tempo todo assistindo série ou filme.

Mais uma vez, sem me virar para ele andando pela casa, só vou ouvindo e acompanhando-o pela voz e seus ruídos. Estava na cozinha, espiando as panelas.

— Eu só quero que você descanse.

— E eu descansei. Tô quase na segunda temporada de Dawson's Creek, embora tenha um impulso muito forte de pular pra terceira. Mas não se pula fases, né? Até porque quero lembrar de algumas coisas, o que não vêm ao caso. Eu não tô fazendo muito. Tô só verificando minhas notas no sistema.

Sávio me avisou que alguns professores já estão colocando as notas finais, só que a droga do site tá sobrecarregado de novo e não consigo entrar. Fora isso, a última vez que abri o notebook foi no dia seguinte a minha ida ao hospital, para revisar os textos dos meninos, ajeitando a ABNT. É uma parte chata e cansativa, por isso me voluntariei para cuidar disso por eles, que fizeram tanto por mim, escrevendo os artigos e outros trabalhos de equipe. Claro que fiz escondido do Murilo.

Embrulhar os presentes que chegaram do correio também. Foram chegando aos poucos por esses dias e aproveitei esse tempo de nada com nada para deixar tudo no ponto para a viagem.

— Tá, tudo bem. Só faz pausas, ok?

— Ok.

— Que tal agora?

— Não tá cedo?

— Não no fuso local, mana.

— Acho que perdi um pouco a noção de tempo com isso aqui aberto. Vai preparando a mesa aí que só vou lavar as mãos.

Assim que volto, um Murilo esfomeado já está batendo uma pratada. Paro pra olhar, uma sobrancelha levantada, e ele enfia mais comida na boca.

Taua-com-fume, ué!

— Não é educado falar de boca cheia, maninho.

Ele mastiga rápido o suficiente pra poder falar sem ter tanta coisa virando de um lado pro outro ali. Com uma mão contraída à boca, ele diz:

— Desculpa, tô nervoso. Tô esperando o resultado de uma avaliação. Acabei não comendo direito antes de sair.

— Devia ter feito um lanche ao menos.

— Não consegui. Não consegui comer. Mas te encontrar aqui me deu mais paz.

— Porque sou um calmante natural, né?

Faço um charminho piscando os olhos e a cara mais fofa possível.

— Porque você está bem melhor. E eu tô sendo um bobo com essa avaliação. Não é como se eu não soubesse fazer as coisas. Mas um pouco de normalidade já me acalma.

Fico feliz que a normalidade tem se reencaixado nas nossas rotinas, embora muita mudança esteja acontecendo, e também agradecida porque isso também me alivia um pouco. O alívio máster mesmo vai ser quando enfim esse semestre insano acabar – e eu ver que não fiquei com minhas notas no vermelho. No entanto, tenho que pensar nas coisas que estão ao meu alcance, logo, o último dia de aula. Dia de festa!

— Ei, você lembrou de comprar o co...?

— Sim, tá no carro. Aquilo ali sim que me faz questionar tua sanidade. Quem dá um copo de presente? Se fosse ao menos de time.

Me sento em frente à criatura com meu prato, pra me obrigar a me alimentar, embora a comida de dona Bia parecesse bem convidativa.

— É essa a ideia, Mu. Um copo simples é algo útil e aleatório e inesperado. Se fosse pra comprar algo do Palmeiras, que é o time do Bruno, eu estaria quebrando a regra principal da brincadeira. E se fosse do Santos, do time rival, seria muita malvadeza.

Com os olhos cerrados, meu irmão se mostra intrigado porque não deixa de notar certo detalhe:

— Desde quando tu sabe quem é o rival de quem?

— A Iara, minha consultora preferida.

— Ei, eu também posso ser consultor.

— Te deixo esse cargo pra outras coisas. Como músicas do Backstreet Boys.

Murilo me aponta a faca com que mexia com graça. Já quero contar pra minha amiga o dramazão dele.

— E ai dela me tirar isso.

— Fora isso, gosto de pregar peças reflexivas no Bruno.

— Como um copo pode ser reflexivo?

— Até parece que não leu os textos da vovó. Mas sim, tem o clássico “um copo meio cheio ou meio vazio”.

Sem que eu entenda de cara, ele fala mais brando, abaixando a cabeça para seu prato e o restante de arroz e feijão que ia abocanhar.

— E como você avalia?

— O copo?

— A vida agora.

Meio doido, meio estranho, meio sei lá. Mas o que digo é:

— Meio cheio?

— Ainda bem. Se fosse meio vazio, ia arranjar mais um atestado.

— Pra dois dias de aula. E minhas reposições.

Ele se recosta na cadeira e cobre a boca ainda cheia de comida, todo resoluto.

— Vou-pauar-com-gosto.

— Murilo! Tem que torcer pra eu passar.

— Verdade. E você vai.

Me concentro na comida de repente percebendo que eu tinha fome. Ultimamente parece que só percebo as coisas com atraso. Por isso também que meu mano fica me empurrando coisas.

— Algum plano para seus últimos dias de atestado?

O atestado expira no último dia de aula. Já disse para ele que vou.

Vou comendo devagar pra poder continuar a conversa.

— Acho que só arrumar mala... e organizar algumas coisas da casa, já que vamos ficar dias fora. É bom pra ocupar a cabeça também.

— Ia sugerir um filme.

— Velozes e Furiosos de novo não.

— Qualquer um da tv. Só algo pra desanuviar a cabeça. Eu pelo menos.

— É uma avaliação tensa assim?

— Não exatamente. Só não quero pensar muito no assunto.

— Então vamos ver sim. Qualquer filme.

— Só nós dois?

— Aí tu tem que te resolver com o Vini e Djane.

Murilo solta o seu sorriso mais bobo.

— Pode deixar.

~;~

Dani_Ela

Ei

Não te vi a semana toda

Vai pra aula hj?

MLins

Oi!

Fiquei doente esses dias. Nada mto grave, apesar de ter tomado soro e o Murilo me segurar em casa com um atestado

Mas volto na quarta

Precisa de algo?

Dani_Ela

Mais ou menos. Ainda não sei o que dar no amigo da onça. Tudo o que penso parece ser presente de verdade

Preciso de ideias

Encaro a tela do celular e considero o que responder. Não queria ter que pensar no Gui no momento, menos ainda sobre o quê presentear ele.

MLins

E o Yuri?

Dani_Ela

Ele não quer me contar nem o dele!

Tenho o feeling de que ele me tirou

Então... Ideias?

MLins

Não sei. Cabide? Martelo?

Dani_Ela

Pq você quis trocar mesmo?

O que digo?

MLins

Pq eu queria o Bruno.

Dani_Ela

Mas como vc sabia?

Eu não preciso mentir, preciso? Até porque as pessoas vão ver. E vão perguntar.

 

MLins

Eu não sabia. Só não queria o Gui

A gente teve um desentendimento feio

 

Dani_Ela

Ah. Por isso não falou com ele no dia do retorno? Estranhei

MLins

Sim. As coisas estão em suspenso ainda

Se não se importa, prefiro não falar sobre isso

 

Dani_Ela

Tudo bem! Vou ver umas dicas com minha tia msm

 

MLins

Ei, vc tem visto o Seu Chico?

 

Dani_Ela

Pensando agora... Não. Pq?

 

MLins

Por nada. Lembrei da amizade dele com sua tia

 

Dani_Ela

É, ele deu uma sumida

Lena, eu tenho pensado numa coisa...

 

MLins

Em q?

 

Dani_Ela

Em me declarar pro Bruno

Musicalmente

Eu sei, parece bobo

Mas ouvi uma música no outro dia, que ele gostava por conta de uma série, e isso ficou na minha mente

 

MLins

Pq parece bobo?

 

Dani_Ela

Parece coisa de adolescente, sei lá

 

MLins

Preciso lembrar das nossas conversas sobre como sua voz impacta pessoas?

Não acho bobo

 

Dani_Ela

Acho que fico insegura

Não sei se ele ainda gosta de mim

E se eu ficar com cara de tacho?

 

MLins

Eu não tenho como afirmar 100%, mas acho que ele gosta sim e muito

E ele não precisa saber que a música é pra ele

 

Dani_Ela

Como assim?

 

MLins

Você pode cantar em algum lugar que ele esteja presente. E cantar observando a reação dele. E partir daí alguma conversa

 

Dani_Ela

Você me deu a melhor ideia!

Pensei em sugerir fazer o amigo da onça lá na pizzaria. Último dia de aula, né?

Vou falar com o CK!

 

MLins

Que bom que ajudei :D

 

Depois de tanto tempo fazendo nada com nada, é bom também me sentir útil.

~;~

Fazia um bom tempo que não via um filme despretensiosamente com o Murilo. Na verdade, fazia um bom tempo que não fazia nada assim, de esperar a novela das 9 acabar, para assistir qualquer coisa com ele. Repenso sobre isso enquanto termino de preparar um chocolate quente para nos acompanhar.

O dia estava um pouco friozinho e nublado, bem diferente de ontem na casa do vô-sogro. Caiu apenas uma chuva leve à tarde e o clima assim ficou. Murilo avisou que não teria trovões, dessa maneira eu estava mais tranquila, só me despedindo desses dias de descanso compulsório.

— Qual é o filme mesmo que você disse, Mu?

Na pia, ele terminava de lavar a louça do jantar. Quando meu mano disse que eu poderia escravizá-lo para as tarefas domésticas, ele não brincou em serviço. Todo dia ele assume a pia e todo o resto das coisas sem reclamar. Eu fazia coisas menores, só para me manter ativa.

— Um de ação.

— Sim, mas e o nome?

— É surpresa.

— Se for Velozes e Furiosos de novo, eu quebro esse prato aí na sua cabeça.

A criatura? Ri besta, ensaboando a peça.

— Te garanto que não é.

Coloco a louça suja na pia e ele para de rir. Mas não reclama. Realmente, são outros tempos. Com tudo no ponto, deixo a garrafa térmica na mesa e sigo para a sala, para checar a programação, já que o bonito resolveu esconder o título do filme. Estava a apontar o controle-remoto para a televisão quando tocam a campainha e batem na porta.

— Tá esperando alguém, Murilo?

— Não. Pode ir lá?

— Tá.

Abro a porta e encontro uma Djane com uma cara engraçada, que nem sei descrever. Esfuziante talvez? Lembro então que o Murilo tinha ficado de dispensar visitas hoje. Só se ele esqueceu, de tanto que saía fumaça de seu cérebro preocupado com a tal avaliação do trabalho. E o que eu posso dizer sobre isso? Também estava atualizando de hora em hora o site da faculdade em busca das minhas notas.

— Milena, boa noite. Passei aqui rapidinho para trazer algumas notícias.

— Poderia ter me ligado, professora.

— Interrompo algo?

— Não, não, só pra não atrapalhar o seu caminho mesmo.

Djane passa a mão nos meus cabelos, que deviam estar meio que uma zona. Bom, não esperava ninguém, né. Não deu nem tempo de passar um pente rápido. Nada que Djane ligue de verdade. Ela só parece feliz de me ver mesmo.

— Ah, minha querida, nunca me atrapalha. E gostaria de contar pessoalmente. Se eu puder roubar uns minutos seus.

— Claro, entre.

Assim que chegamos na sala, Murilo surge, enxugando suas mãos em um pano de prato. Ao ver Djane, ele parece se lembrar de nosso acordo do almoço. Será que vai ligar pro Vini agora? Rio ao vê-lo maquinando sozinho.

— Aceita alguma coisa, Djane?

— Só estou de passagem rápida, querido.

Com isso, ele volta para a pia, terminar seu serviço. Abaixo um pouco o volume da televisão e Djane se senta comigo no sofá. Antes de qualquer coisa, pergunto sobre a faculdade. Não iria perguntar de Max.

— Estão indo. Já começamos alguns reparos nos prédios. Dessa vez tem andaime pra tudo que é lado. E queremos acabar com essa história de “escada assassina”.

— Já não era sem tempo, né?

Djane não corresponde a minha piadinha, só coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e diz:

— Você que tem que se cuidar, viu. Sua mãe vai me cobrar se te ver assim.

— Djane.

— Tô mentindo?

— O Murilo disse que eu já não tava com cara de doente.

— Ah, nós mães percebemos as coisas de longe. O meu filho, por exemplo, saindo tristonho de casa e voltando feliz da vida. Já sei que vocês estão de bem de novo.

Isso também deixa minha sogrinha bem animada.

— Sempre observando a gente, né?

— Sempre observando as pessoas e as coisas, querida. O que me leva às notícias.

Nessa hora, ouço o celular do Murilo tocando no quarto dele. Interrompo Djane só pra avisá-lo rapidamente e logo mais ele sai atrás do aparelho. Sozinhas então, a professora continua:

— Já digo logo que você passou na minha matéria. Quer dizer, na de Max.

Isso me alivia o peito de tal maneira que não consigo mensurar, embora estivesse mais preocupada com meu desempenho nas matérias de Sanches e Amália.

— E também na do professor Paulo. Vi sem querer na sala dos professores.

— Djane!

— Como você diz, às vezes o universo mostra algumas coisas. O que posso fazer? Não ver? Não é como se estivesse te favorecendo. Você fez por merecer.

Lembro que precisava tirar pelo menos 5,00 para passar em Contabilidade Gerencial. Confiei em Sávio e Acácio, que são tão bons alunos quanto eu, para me ajudar nessa reta final. Fiz por merecer amigos tão incríveis a esse ponto. E sim, me esforcei bastante desde o começo. Mereço essa paz na consciência.

— De fato, vou deixar passar essa. Não espiou ninguém mais, né?

— Bem... É isso que me leva a outra notícia. Espero que você não leve a mal, mas fiquei doida pra te contar.

De professora à amiga, de amiga à sogra, de sogra à professora e amiga de novo, Djane traz um olhar brilhante para contar, ao que parece, uma boa nova.

— Contar o quê?

— Hoje, na sala de arquivos, peguei Max e Glorinha se beijando.

Levo uma mão à boca, desacreditada e admirada ao mesmo tempo.

— Eles finalmente...?

— Ao que parece, sim. Não vi muita coisa, porque logo fechei a porta. Só sei o que vi.

— Nossa, eu realmente não esperava. Embora torcesse, acho.

— É, fiquei desse jeitinho mesmo.

Djane não entrega apenas sua empolgação, mas sua máster aprovação. Bom, se Max deixa a Glorinha feliz, e ela a ele, quem somos nós para dizer alguma coisa? Só não sei o quanto a secretária de Djane sabe sobre o caso. E no momento, não quero ser a pessoa a perguntar isso. Cutuco a sogrinha sobre outro detalhe:

— Espera, por que disse para eu não levar a mal?

Djane faz um carinho aos meus cabelos outra vez, toda cuidadosa.

— Ah, querida. Você passou por tanto nos últimos dias. E teve que ir falar com Max sobre o que descobriu.

Sim, Vinícius também foi autorizado a compartilhar o caso com a mãe.

— Fiquei na dúvida se devia tocar no assunto, trazer Max para discussão. Mas aqui, sabe, não falo dele como policial, só um homem apaixonado pela minha secretária.

Nesse ponto, era super válido mesmo, porque histórias de amor suplantam muitas coisas ruins. No entanto, havia outra coisa em mente.

— Ah. Tudo bem. Pensei que seria por outra coisa.

— Que outra coisa?

— Algo que acho que não chegou a seus ouvidos... Bom, aposto que ele não diria.

Penso um pouco alto, divagando e enrolando um pouco sobre como comentar meu fight com esse homem apaixonado. Ou melhor, policial. Porque ali ele era um.

— O que quer dizer?

— Sobre o dia que ele apareceu todo quebrado na sala da Glorinha.

— Meu Deus, Milena, você viu?

Dou de ombros porque foi o que foi. Mas me impressiona que Djane se espante.

— Foi meio sem querer. Eu cheguei atrasada, fui procurar por você e lá estava ele. Acontece que a gente discutiu. E discutiu feio.

A sogrinha, ou professora, ou amiga, ou não sei mais, me repreende.

— Milena!

E eu faço a caveira dele porque Max também não colaborou naquela hora.

— Ah, Djane, ele foi super grosso comigo. Grosso como ninguém antes. Nem o Murilo que é o Murilo fala daquele jeito comigo. Daí não deu outra... Eu dei um tapa nele.

A minha direta faz ela ficar mais boquiaberta do que eu ao saber do babado do dia – no caso, o beijo do dia. Até parece que Djane não me conhece. Quer dizer, sou boa em devolver a ignorância do outro. Só não sei revidar quando sofro algum tipo de invasão, penso. E continuo a comentar o caso, porque não quero ter esse pensamento de novo, não agora.

— Eu só queria ajudá-lo, só isso. Mas ele me escorraçou de lá. Eu fiquei o puro ódio. E depois preocupada. Max não parecia estar bem.

Isso amaina a agitação dela, apesar de demonstrar bem que estava tão apreensiva com ele quanto eu.

— Ai, querida. Foi um dia bem complicado. Ele e Fabiano se engalfinharam, brigando. Não sei dizer quem ficou pior.

Essa me pega de surpresa.

— O que rolou entre eles?

Com resquícios de aborrecimento, ela se ajeita no sofá, saindo de sua posição de alarmada para agastada.

— Basicamente? Juntou o estresse de um e do outro. O caso é que estávamos preparando a grade do semestre e queríamos saber em que pé estava a operação. Temos que zelar pelo ensino e não podemos dar conta disso por mais um semestre. Max disse que precisava de mais um tempo e Fabiano não gostou. As coisas esquentaram e logo estavam se xingando e se batendo.

E eu aqui com umas tramoias nada a ver, considero. Ter a explicação de Djane não só dá um bom contexto como me clareia melhor sobre os fatos. De repente quero enfiar minha cabeça na brecha do sofá e ficar lá um tempo. Ela não deixaria, claro. Me retraio de qualquer maneira.

— Nem me liguei desse fato. Quer dizer, está acabando o semestre, sim, só não me atentei à questão da grade escolar.

— É, não podemos segurar as pontas por tanto tempo. Agora Max tem um prazo para entregar seu cargo de professor.

Repenso um pouco mais sobre o que houve naqueles dias e em como Djane ficou agindo estranho, esquiva. Bem, foi a minha impressão. Agora estou em dúvida sobre essa intuição também.

— Achei que estivesse acontecendo algo sério. Não que isso não seja, mas, sei lá, algo da própria operação. Algo que não pudesse me contar.

— Por que diz isso?

— Porque a senhora tinha me chamado para sua sala e depois... deu uns sumiços. E agia como se nada de anormal tivesse acontecido.

— Estava muito atarefada, só isso. E ainda tinha aqueles dois teimosos.

Aqueles dois deixavam ela enfastiada, isso era fato.

— Não foi por mal que não falei. Até porque você é uma das poucas pessoas com quem posso conversar sobre isso. Mas realmente, não queria te preocupar com coisas do departamento.

Tombo a cabeça no encosto do sofá, novamente retraída.

— Eu que fui uma boba. Achei que estivesse escondendo algo quando a senhora só estava fazendo seu trabalho. Confesso que até fiquei chateada. Na real, só estava preocupada com Max e com como as coisas estavam acontecendo.

Bondosa, ela pega uma mão minha nas suas e dá uma batidinha carinhosa.

— Tudo bem, Milena. Às vezes só é muita coisa para lidar mesmo. Com aqueles dois então, humf, dá vontade de esganar.

— Acho que posso imaginar. Max depois me pediu desculpas, na reunião que tive quando fui levar as novas informações a ele. Disse que não vai se repetir. Ele pareceu sincero.

Tenho que dar votos de confiança, até porque ele confiou em mim também.

— Que bom, porque eu poderia trucidar ele se fizesse algo mais. Não admito ele mexer com você. E ai dele se fizer alguma besteira com a Glorinha.

Djane faz uma cara ameaçadora e ao mesmo tempo engraçada que apoio demais.

— Só autoriza alguns beijos e pegações.

— Sim. Quer dizer, não. Tem que ser respeitoso. Vou dar umas indiretas diretas amanhã. E você, mocinha, descanso.

Ela bate com seu dedo no meu nariz, dando essa “ordem”. Logo eu, que comportei tão bem e bem diferente dela. Mas menciono isso? Não, me faço de anjinho.

— Mais do que eu já descansei? Fui bem boazinha esses dias.

Se aprumando, ela levanta e pega a chave do carro que deixou em cima da mesinha de centro.

— Não é sobre ser boazinha, é sobre sua mãe não me matar.

— Djane!

— Bem, já contei o que tinha pra contar. Preciso ir.

É então que me toco do horário, checando rapidamente o relógio na parede.

— Saiu cedo hoje.

— Ainda tenho que lançar muitas notas no sistema. Lembra de quem ficou no suporte de Max? Domingo ficou eu e Fabiano corrigindo os trabalhos.

Sigo ela para a porta.

— Caramba, fiquei aérea mesmo, porque nem liguei os pontos nessa também.

— É por isso que tem descansar, pra essa cabecinha voltar ao normal.

Ela passa a mão na minha cabeça mais uma vez, só que brincalhona.

— Desse jeito, posso reconsiderar.

— Hora de ir, minha querida. Dá um beijo no seu irmão por mim.

Assim que retorno à sala depois de sua saída, encontro Murilo vindo do corredor, distraído, mexendo em seu celular. Provoco:

— Era o Vini?

— Não, a Aline. Por quê?

— Você que disse que ia dispensar as visitas.

— Ah. Falei com o Vini mais cedo. Esqueci de Djane.

— Tudo bem, maninho.

Quando ele passa por mim, dou um beijo no seu rosto.

— Djane deixou pra você.

— Então ainda bem que eu esqueci.

— Seu chato. Olha, terminou a novela.

Nos sentamos no sofá e ainda nas propagandas entre as programações, Murilo puxa uma almofada para colocar nas minhas pernas e se deitar. Até lembro do chocolate quente que fiz, mas aprecio tanto esse pequeno gesto e momento entre irmãos que deixo pra lá. Posso pegar no próximo intervalo, afinal. Tá um clima bem gostosinho e só quero aproveitá-lo.

Quando vejo a primeira cena, sinto que já vi esse filme. Conforme as coisas vão acontecendo, nem acredito. Era aquele com o ator parecido com meu irmão. O tal do G. I. Joe – A Origem de Cobra.


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Notas finais do capítulo

AMO que Djane tbm é das nossas de ficar observando demais haha

Trechinho de fofura no próximo?

"Sentado na mesa da cozinha, com o tal livro, a criatura diz com simplicidade:
— Lê um dos da Lia.
— A Lia já tem livros? Ela tem, tipo, mês.
— A Aline comprou uns que são de plástico. Livro de companhia pro banho. São até engraçadinhos. É um modo de a criança se acostumar com objetos. Mamãe já separou uns pra mim.
Parece fofo. Mas o que comento, com graça, é:
— Pra você também ler no banho?"

VOLTO LOGO!



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