Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 120
Capítulo 119


Notas iniciais do capítulo

O finde mais demorado!

*PASSA CORRENDO FUGINDO DAS BALAS*



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Trilha indicada/citada: Matchbox Twenty – How Far We’ve Become?

 

Ajeitando a bata praieira que mal meti na cabeça antes de entrar no banheiro numa manobra muito doida quando estava pegando a necessaire, sinto uma energia sem igual me renovar para começar o dia super bem. Ao encarar a pia antes de começar a tirar a maquiagem, tampouco posso acreditar onde estou, com quem estou ou pra onde vou. O velho oncotô, com quentô, proncovô. Dou uma espiada no dia lá fora pela janelinha de ar e meu dia por dentro estava igual. Brilhante, animado, bonito.

A noite foi... incrível. Quando as pessoas falam de noite de amor de novela, a gente passa uma vida imaginando como seria. Não sei dizer se as novelas são justas, mas preciso dizer: são boas. Ótimas. Maravilhosas. Revigorantes. Uma combinação máxima de paixão, amor, carinho, entrega. Confiança. E, bem, de verdade. As novelas não podem garantir esse ponto.

Escovo os dentes com a cabeça nas nuvens com esse momento de pausa, curtindo a música que vem de fora. Vini e aquele controlezinho do som vem me deliciando cada vez mais. Quero uma cópia dessa playlist já!

De cara para o espelho, já removendo a make, repasso tudo na cabeça de novo. Cada momento da noite, cada toque, cada sentimento, foi marcado por uma música diferente. Diria que foi uma seleção escolhida a dedo. Tudo era tão bom que eu não queria dormir. Mesmo. Sentia o cansaço me pegar, e resistia. Em dada hora, aninhada pelo Vini por completo, ele percebeu isso.

— Algum problema?

— Nenhum. Só... Não quero dormir. Não quero que este dia acabe.

Em resposta, Vini riu suave ante meu pescoço, onde seu rosto descansava. Também estreitou os braços em torno de mim, aproximando-nos ainda mais, como se fosse um desafio à física. Por fim, ele disse:

— Durma, descanse. Assim poderemos aproveitar o amanhã. Ir para a praia, a piscina. Ou ficar aqui. Tem serviço de quarto. Você decide.

— Eu decido é? E vou de vestido, é?

Ele riu, com suas últimas forças, sonolento e sem graça.

— Acho que esqueci de dizer que cuidei disso. Quer dizer, alguém me ajudou.

— Como assim?

Se aconchegando mais em mim, inspirando mais uma vez meu perfume, ou o perfume das pétalas de rosas ali espalhadas, ele revelou:

— Tem... uma mala ali no pé da cama... com suas coisas. Cortesia... de uma fiel escudeira.

Por isso que a Flávia andava sumindo com minhas coisas!

Esse namorado pensa nas coisas. E como gosto em como pensa.

Volto-me à realidade com a música que começar a tocar lá no quarto. Abro a porta do banheiro só pra poder colocar a cabeça pra fora:

Trilha citada/indicada: Avril Lavigne – Sk8er Boy

 

Sk8er boy, Vini? Vai preparando tuas histórias, porque vou querer saber de tudo!

~;~

Depois de uma seleção de mais Matchbox Twenty, Avril Lavigne e outros que eu não conhecia, um banho bem tomado, o café da manhã no quarto, eu toda curiosa fazendo perguntas, um Vini às vezes fazendo grandes revelações, às vezes me enrolando, decidimos ir para a praia. Já era hora do almoço.

Enquanto comíamos, ele me contava sobre sua ligação com Iara de mais cedo.

— Nem se a gente quisesse ir, poderíamos ir. A casa tá uma zona mesmo. O Sávio tá lá, com mais uns amigos, pra ajudar a colocar as coisas no lugar. Então, o dia é nosso.

O dia é nosso. O dia. É nosso. Nosso.

Eu tinha tanta vontade em mim por um dia desses que mal sabia lidar. Sonhei tanto com um descanso, que mal ainda acreditava que ele estava acontecendo. Sério, ainda não parecia real. Mas a ventania de praia quase me fazendo comer cabelo era um lembrete e tanto. Lembrete também de que esquecera meu amarrador de cabelo no quarto. Ah, o quarto. E a noite passada... Ô. Grandes lembretes.

Descansando do almoço, Vini emparelha sua cadeira na minha, assim ficamos de frente para o mar, ali mesmo no restaurante. Ele meio largado e preguiçoso, mas feliz. Sorrio por sua carinha de quem nem queria sair do quarto, mas atendeu meu pedido de vir sentir a brisa natural. Na verdade, viríamos jantar neste lugar, se não fosse pelo meu plano surpresa. E por eu ter comido parte da sobremesa ainda no carro, não havia mais pelo quê esperar. Mas agora, relax, e com o pouco movimento, era bom ter um momento de paz.

— No que você está pensando?

— Na gelatina que ficou para trás. Junto com seu presente.

— Você ainda não me disse o que é.

— Claro, porque você ainda não abriu.

Vini faz um bico, embora não muito surpreso. O garçom aparece para entregar a conta e o bonito nem me deixa ver os números. Se eu perguntasse, era bem possível que ele usasse a ideia do presente como moeda de troca. Assim, ele levanta para passar o cartão e fechar tudo, e sobre isso, decido não implicar. Quando ele volta, parece ainda mais sonolento. Mas ainda não quero ir embora. Puxo conversa para reanimá-lo.

— Quem diria que a gente armou surpresas independentes. Que sintonia... doida.

— E você lembrou do nosso aniversário. Não imagina minha cara quando acordei e vi aquela sua mensagem, mesmo que entregando todo o esquema. Não é todo dia que isso acontece.

Eu não tava batendo bem mesmo.

Mas provoco de volta por que sim, presunçosa.

— Agora posso dizer “mas no primeiro ano, eu lembrei!”.

— A namorada gosta de provocar.

— Eu gosto mesmo. Gosto de estar aqui. Gosto de...

— De...?

Inspiro a maresia, relaxada.

— Deste dia. Sem preocupações. Eu e você. E muitas histórias e músicas.

— Tenho uma história em especial... da viagem... no rancho. Que envolve música.

Curiosíssima, já viro para ele, pra ouvir. E é essa a minha vez de fazer um bico, quando um som alto começa ali do lado, com um forrozão, interrompendo nossa paz.

— Vamo voltar? Prometo contar com detalhes.

Não havia o que prometer, porque eu arrancaria tudinho, mas, antes de levantar, não deixo de sorrir como se estivesse colhendo provas.

~;~

Também achei pacotinhos de chocolate confeitado – M&Ms – na mala com as minhas coisas. Tenho que reforçar à minha melhor amiga o quanto a AMO. Imagino o quanto ela ficou tentada de ficar com todos os pacotes!

Dividindo uns com o Vini, sento na cama com tamanha expectativa, enquanto ele deita, com cara de que tá pensando duas vezes.

— Nem adianta fazer essa cara. Tu sabe que nada mais vai acontecer nesse quarto – ou em qualquer outro lugar – se tu não começar a contar, não sabe?

Vinícius ri, saboreando os pequenos confetes.

— Diante de tal realidade...

— Conta, conta, conta.

Ele alcança um travesseiro pra apoiar a cabeça enquanto eu me posiciono melhor para ouvir. De última, cato meu travesseiro também, e o abraço, porque estou assim, empolgada.

— Foi no dia que chegamos no rancho. Depois do almoço, papai estava bem cansado, a Iara também, e resolveram ir logo pro quarto. Eu... bem, eu tava meio elétrico. Eu não conseguia desligar a cabeça. Tentei relaxar de tudo que é jeito, mas minha cabeça tava observando tudo, recobrando lembranças, tentando juntar peças, memorizar... Eu sei que posso voltar quando quiser, quantas vezes quiser, mas estar ali, sabendo que ela também esteve... que aquela também foi a casa dela... O cansaço não tava me vencendo. Fiquei conversando com o Silveira, que, aliás, é um cara muito legal. Eu não tinha percebido isso da última vez, anos atrás.

— Ele é, de fato. Não o conheci no seu melhor momento, mas houve uma segunda vez, e ele foi super gentil. Parecia outra pessoa.

Vini faz uma carinha convidativa, mas logo trata de voltar aos trilhos do que contava.

— Ele quer te ver na próxima. Mas, ok, ok, voltando à história... Em dado momento, ele foi chamado por um dos trabalhadores lá, pra resolver não sei o quê, e eu fiquei no sofá da sala. De alguma forma, eu acabei dormindo. Um pequeno cochilo. Acordei ao ouvir uma voz... Conhecida.

Vini a essa hora fazendo suspense? Suas reticências no olhar sugeriam algo que eu não saberia dizer, sequer tentar adivinhar. Não poderia ser a voz de Viviane, afinal.

— Voz?!

— Ouvi uma música tocando ali perto, mas demorei a me tocar que era uma voz que eu conhecia. Meio devagar, levantei, seguindo a trilha, e fui parar numa saleta ali do lado, que era o escritório do Silveira. Lá tinha uma tv e... a Dani estava cantando. Na tv. Era um daqueles vídeos dela que tem no youtube, um dos ensaios filmados.

Paro de mastigar e tapo a boca, estarrecida. A expressão surpreendida de Vini ali também dizia que ele se admirara por isso.

— Eu também fiquei meio assim. Na verdade, meio perdido. O Silveira logo me viu ali e me chamou pra entrar. Ao ver que eu tava observando a tv, sem entender, ele explicou. Disse que o filho do caseiro sabia mexer na tv, pra colocar vídeos do “utube”. E aquele era um “canal” que ele vinha ouvindo tem um tempo... porque a voz da tal cantora era muito parecida com a da minha mãe. E eu lá tipo “a Dani?”, e ele “ah, você conhece ela, não conhece?”. Contei que ela era uma amiga e que estudava na mesma faculdade que a sua, que vocês já tinham cantado juntas até. Sim, contei as peripécias de vocês pelos ônibus da cidade. E ele ficou... maravilhado. Quer ir num show dela e tudo. Também quer te ver cantar, mas a Dani... A Dani mexe com ele de um jeito que nem sei explicar.

Abraço apertado o travesseiro e acho que posso dizer que estou chocada. Emocionada também, mas precisamente sem palavras. Lembro de como o Filipe ficou quando a ouviu pela primeira vez. Paralisado. Era tudo muito surreal.

Depois de abrir e fechar a boca várias vezes sem conseguir expressar coisa alguma, consegui dizer:

— Meu Deus, ela nem vai acreditar!

Cauteloso, Vini alcança meu joelho pra me trazer de volta. Acho que fiquei tão impressionada com isso que dei uma vagada, pensando sobre a Dani, a voz da Dani, Filipe, Viviane, o Silveira. Fazendo um carinho de leve, ele pergunta:

— Vocês já estão se falando?

Abro a boca e termino por suspirar.

— Nem eu sei propriamente. Quer dizer, no outro dia teve aquele lance do Bruno... que ela deu uma fugida. E também teve aquela vez que apareceu do nada, falando comigo no intervalo. Estava triste. Confusa. Mesmo compreendendo sua raiva, ainda fico muito chateada com todas as atitudes dela com o Sávio. No níver das meninas, me lembro da história daquela bebida que ela jogou nele... e mais os empurrões e cortes que deu... Foi muito infantil. Às vezes nem eu sei o que pensar. Eu só... acabei me afastando. E ela tem sentido isso.

Apoiada de queixo no travesseiro que apertava aos braços, ainda sentada, me permiti sentir esse pesar.

— Ela tem mesmo. Estávamos conversando outro dia por mensagens e deu pra perceber. Ela me disse que tinha até sonhado outro dia com a gente. A galera.

— Ela me disse isso também.

Um pouco desanimada pelo tópico, termino por deitar, ainda abraçada ao travesseiro. Havia outro mais acima para eu apoiar a cabeça e, tão logo o puxei, o Vini se aproximou mais, se acomodando também. E sem segundas intenções. Ele parecia pensativo.

— Sabe, ficamos conversando por um tempo... Acho que confusa é a palavra. Nem falei sobre esse lance da viagem. Acho que nem saberia explicar direito. Também pensei que vocês poderiam conversar sobre isso, pra, você sabe, quebrar o gelo. Mas falei umas coisas com ela...

— Que tipo de coisas?

Vinícius mexe na minha franja e olha nos meus olhos quando diz:

— Coisas como “confia na Milena”.

Dividimos um e outro segundo nos olhando, ele me passando confiança, eu ainda em conflito. Mas apreciava a atitude dele. Com mais um suspiro, quebro a conexão ao perguntar:

— E ela?

Vini não liga propriamente que eu esteja fitando a colcha da cama mais do que a ele enquanto responde. Acho. Só sinto que ele me olha e sinto seu carinho ao meu rosto, colocando uma mecha de cabelo para trás.

— Não entende como eu poderia confiar tanto sabendo o que aconteceu. Que o Sávio... fez o que fez. E que namora minha irmã. Mas eu disse que confiava em você, independente do que parecia. Também pedi pra ela largar o osso, por assim dizer.

Sem entender bem essa última parte, acabo voltando-me para ele.

— O que quer dizer?

— Pra ela não fazer mais nada com o Sávio. Comentei que eu já tinha batido no cara, pelo que ele tinha feito, e isso não me fez sentir melhor. Imaginava que ela não se sentia melhor também, por mais coisas que fizesse ou tentasse. Senti raiva por muito tempo, confesso. E a gente brigou muito por isso, Lena. Não gostava do fato de ele viver por perto... Sempre se esgueirando. Daí vazou a história da Iara, e eu não sabia o que pensar. Não sabia como a I podia gostar dele. Escolhi não pensar sobre isso, achando que ela estando com ele significava que ele não estaria perto de você. Eu sei, idiota eu. Mas as coisas foram mudando com o tempo. E o ponto de virada mesmo... acho que foi quando você fez aquele acordo com o Max. Por ouvir a história de Sávio, acho que ali eu entendi qual era a dele. E você fez muito, Mi. Confiou em mim de uma maneira... Você fez um acordo com um policial pra me contar tudo. Você poderia ter guardado isso, talvez não do Murilo ou da minha mãe, mas me escolheu. Como não confiar em você? E então descobri do dossiê...

Não me percebi chorando até me sentir impelida a tomar fôlego e me tocar dos reais efeitos sobre tudo o que ele me dizia.

— E lembro como você sentiu medo de mim, da minha reação.

— Vini...

Ele se aproxima mais um pouco na cama e me segura pela nuca, onde faz um pouco de carinho. O ar, de repente, é escasso. Respiro pela boca para facilitar e assisto de perto as expressões dele mudando em um mix de sentimentos.

— Não sei nem explicar o que senti naquele momento. Quando me virei e te vi distante. Vi alguém que estava se distanciando pra se preservar. Em um momento eu tava super feliz, e então, não compreendia por que você estava daquele jeito, falando coisa com coisa... Até eu me tocar que era eu. Você estava com medo de mim. E meu pai tinha medo de mim. Lembrei daquela vez que você sumiu e foi parar no apartamento dele. Que fomos eu e o Murilo lá. Que por um momento a gente teve que ficar no corredor enquanto vocês se reconciliavam. Meu pai... Meu pai quase se fundiu à parede pra fugir de mim. E aí que você estava assim na minha frente. Eu... Me senti a pior pessoa. 

Uma lagriminha teimosa minha escorrega pelo meu nariz e pinga na cama. Mesmo que o serviço de quarto tenha feito uma limpeza rápida depois que saímos pra almoçar, ainda se podia sentir um cheirinho inebriante das rosas no quarto. Mas conforto mesmo, eu encontro só no meu Vini neste momento, que me observa, carinhoso. Não reprime o que sente, ou o que eu sinto. Até então, não havíamos conversado sobre isso. Houve tanta coisa nesse meio tempo também, que não tivemos muito espaço pra dizer quaisquer coisas mais.

— Eu te amava – amo – tanto que só queria consertar tudo. Sabia que não bastariam palavras. Eu tinha que agir, tinha que provar... Por isso também fui atrás do meu pai. Só sei que nunca mais quero sentir isso... Deixar as pessoas inseguras sobre eu fazer alguma besteira. Quer dizer, inseguras não, com medo mesmo. Esse medo. Mas o que eu quero dizer mesmo, Mi, é o quanto a sua confiança em mim faz diferença.

— F-faz?

— E como faz! Eu sei o quanto você se esforça, o quanto tem dificuldade... Sempre quis que você confiasse em mim, e muitas vezes fiquei magoado e chateado – comigo mesmo até – por não conseguir ser alguém que você se sentisse bem para falar algo. Mas em muitas dessas vezes eu também não sabia seus motivos. E isso já não importa, Lena. Porque você me chamou pra sequestrar minha mãe.

Rio um riso engasgado. Foi um comentário tão malandro que foi impossível não rir um pouco. O sorriso que escapuliu do namorado então, carregado de humor e felicidade, também foi determinante. Buscando um pouco de ar, entre fugir desses sentimentos e aceitá-los, consigo dizer, pra amenizar:

— Foi um sequestro épico.

— E me chamou pra participar da ligação com seus pais. Mesmo com o Murilo não querendo. E não mentiu pra mim quando a polícia quis. Apesar dos apesares da situação, quando realmente parei pra pensar sobre isso – e demorei a processar, confesso – foi, tipo... extraordinário.

Ouvi-lo falar tudo isso e como disse... não sei. Algo mexeu dentro de mim. Quis chorar mais um pouco, mas já não de tristeza, angústia ou qualquer aperto. Mais do que nunca, eu precisava ouvir isso. Precisava ouvir que minhas atitudes estavam sendo percebidas, que minhas tentativas de fazer diferente estavam dando em algo. Que, no meio do incerto, havia coisas muito boas ao meu redor. Eu precisava acreditar que não estava sozinha.

Mas também, em meio a essas confissões, eu também precisava dizer uma coisa.

— Falando em processar... Lembro de como você ficou silencioso depois que eu contei tudo. Foi... estranho. Tive medo que tivesse sido demais.

— Demais?

— Que tivesse se chateado. Não sei bem. Fiquei meio noiada... porque você costumava me mandar muitas mensagens. E de repente, silêncio. Foi confuso pra mim.

— Ô, Lena. Nada disso. Muito pelo contrário. Eu tava me segurando pra não te encher de mensagens, te dar um espaço. Acabei mandando um bocado pro Murilo. Mas... pensando bem, quando nos encontramos na casa do meu avô logo depois, você parecia melhor.

— Ah. É que...

— Que...?

Mordo um pouco o lábio, me sentindo pega num flagra. Mas não tenho porque esconder isso, penso. Não escondi o segredo de Max, o que seria um pequeno bisbilhotar?

— Você sabe como o universo me mostra umas coisas, não sabe?

Já conhecendo essa história, Vini faz a pergunta certa, interessado.

— O que ele te mostrou dessa vez?

— Eu ouvi uma conversa sua com Djane.

Amasso um lábio no outro, um tanto desconcertada. O olhar de Vini divaga um pouco, perdido.

— Acho que ainda não entendi.

— Eu falei com Djane, naquela manhã, pelo celular. Na hora de desligar... ela não desligou. E foi justo na hora que você chegou. E eu também não desliguei. Como eu disse, estava um tanto... agoniada. Só depois que o Murilo me contou sobre as mensagens que você enviou pra ele – e depois que ele tinha me pego escutando conversa alheia. A conversa de vocês.

— Acho que eu nem lembro o que conversei com minha mãe.

— Ela dizia pra você conversar comigo e dividir seus pensamentos. Você respondeu que não queria acrescentar mais nada na minha cabeça, que eu já estava lidando com muito. Lembro que você tava pensando sobre o que poderia ter sido o que... O que eu tinha feito por você e que tinha haver com Filipe. E lembro também que a sogrinha falou que observava a gente. Que sabe quando a gente tá de bem, quando estamos nos estranhando, mas que não soube interpretar quando a gente aprontou aquele sequestro com ela... Vocês falaram também sobre como as coisas comigo sempre são... agitadas. Que tem seu lado bom e seu lado ruim.

Abaixo meu olhar de novo, não por estar desconcertada, mas por essa realidade fazer tão parte da minha vida.

— Desculpe se te deixei preocupada.

— Desculpe se te sugo o cérebro com tanta coisa.

Antes que eu pensasse qualquer coisa mais, Vini me toma a atenção de volta. Segura-me pelo queixo, cuidadoso, aproxima-se mais e diz, muito convicto:

— Lena, eu te amo. Às vezes queria que você tivesse mais sossego sim, mas independente de agitações, eu te amo. Desse jeitinho. Com esse coração enorme. Eu te amo. E espero que essas lágrimas sejam de alegria, porque é isso que quero pra você. Mas mesmo se não forem, já fico feliz de poder deixar que eu as veja e deixar que eu faça algo a respeito.

De fato, meus olhos estavam cheios. Tomada pela emoção master dessa declaração, fecho-os e eles transbordam. Enquanto escorrem e Vinícius faz de tudo para contê-las com pequenos beijos ao meu rosto, digo baixinho:

— Te amo.

— Não precisa dizer mais nada.

Mas quero dizer mais e mais.

— Te amo. Te amo. Te...

Beijo-o com paixão e uma paixão diferente. Um gosto diferente. Se na noite passada se tratavam de saudades, de corpo a corpo, agora se tratava de algo mais intenso. Real conexão. Convicção. Segurança.

Esse fim de semana foi, definitivamente, a melhor das surpresas.


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Notas finais do capítulo

E aí, melhor surpresa?

*finge que não passou anos sem postar e sai de fininho*



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