Mestiça escrita por Mandy Sunshine


Capítulo 4
Capítulo 4: Sangue-suga


Notas iniciais do capítulo

Este é o quarto capítulo. Vejo várias visualizações, mas nenhum comentário ou favorito. :'(



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Eu confesso que esperava ter acordado na minha cama macia, no meu quarto de sempre, na casa que eu habitava desde criança, esperava, principalmente, não ter mais essa marca que agora habita meu pulso, que por sua vez me lembra que eu não sou uma humana. Mas ao invés disso, eu acordo na cama de um estranho, que deveria estar deitado no sofá, próximo a mim, já que a casa dele é pequena.

E por falar em Thommas, desde que acordei não o vi. É melhor eu ir procurá-lo.
Andei toda a casa, chamando pelo seu nome.

Escuto gritos vindo do lado de fora, um pouco distante. O único lugar que não o procurei. Era um grito agudo, feminino. E, quando eu chego lá, não acredito no que estou vendo. No começo pensei que ele estava apenas se agarrando com uma garota, mas era algo completamente diferente. Ele estava sugando o seu sangue, torturando-a, enquanto a mesma contorcia-se de dor. Vi sua vida esvair-se diante dos meus olhos e não pude fazer nada para ajudá-la.

Só agora percebi que as lágrimas não rolam apenas do rosto da morena, mas também no meu. São lágrimas de tristeza, de pena, de horror, de medo, de desapontamento. Ele é um monstro.

Recuei um pouco por conta dos meus pensamentos. Thommas se virou rapidamente. Ele estava com uma expressão assustadora, que, com certeza, causaria os piores pesadelos em uma criança, durante todo o resto de sua vida. Seus dentes estavam repletos de sangue e pontudos, não só os caninos como nos contos, mas todosos dentes, que antes, com apenas um sorriso, poderia parar uma guerra. Suas irís esverdeadas, que com um olhar cativaria a pessoa mais fria do mundo, agora estavam pretas, não vermelhas, como nos contos.

Meu único impulso foi correr. Correr para um lugar onde eu estivesse protegida. No aconchego de minha casa e dos meus pais, talvez.

Agora ele também corria e gritava pelo meu nome. Alguns animais selvagens também me acompanhavam.

Acho que corri por uns 2 minutos e fico encurralada por um paredão enorme. O sangue-suga agora esta segurando os meus braços com firmeza. Pelo visto, eu serei a sua sobremesa.

– Me larga! - Ordenei, com receio.

– Eu não vou te soltar até você se acalmar - Ele gritava perto do meu rosto. Foi quando eu percebi que ele havia voltado ao normal.

– Como eu irei me acalmar se tem um monstro sangue-suga a menos de 10 centímetros do meu pescoço? - Acho que peguei pesado

– Olha eu não sou um montro ta legal - Ele gritou, apertando mais o meu braço, realmente o magoei - Pelo menos eu não sou o único - Ele se referia a mim, lógico.

– Pelo menos eu não ando matando ninguém por aí - Retruquei

– Ainda não - Falou, como se fosse para si

– O que você quer dizer com isso?

– Olha. O fato é que eu te disse que eu era filho de uma vampira e não me lembro de ter dito que me alimentava apenas de animais.

– Mas deveria tentar.

– Claro. A menos que eu queira morrer.

– Aquela garota era uma inocente.

– Muito inocente. Ela que apareceu e veio se atirando para cima de mim. Eu apenas estava caminhando. E ainda por cima estava com sede. Eu só mato quem merece.

– Isso não justifica!

– Se isso te satisfaz, desculpa. Ok.

– Isso não vai trazer a vida dela de volta!

– Você quer que eu a ressuscite. É isso?

– Seria ótimo.

– Eu tenho uma sugestão. Por que você não estala os dedos e faz isso, fadinha?

– Se eu soubesse fazer isso apenas estalando os dedos - o fiz- faria com o maior prazer.

Depois de muita discussão ele me fez compreender que aquilo era da natureza dele e que eu não poderia fazer mais nada em relação a garota, isso não a tiraria do mundo dos mortos. Tomei o café da manhã, ele já estava satisfeito com a refeição de agora a pouco.

– Onde você arranjou aquele livro que contém a minha história?

– O nome dele é Marcada pela lua. Eu só li o resumo. Ele tem várias outras coisas, algumas desnecessárias, outras que não passam de mito. Algumas folhas estão rasgadas, outras com letras borradas. Foi a última cosia que eu peguei antes de fugir de casa, sempre gostei desse conto, é uma história muito bonita, assim como a personagem principal - A personagem principal sou eu, então, no caso, acho que isso é uma cantada. Durante alguns segundos, a sala entrou em um silêncio perturbador.

– Então me fale mais sobre a sua história, creio que ela também é muito bonita. Como é ser filho de um lobisomem com uma vampira? - Desviei sorrateiramente do assunto, e, juntando o útil ao agradável, também acabei com o silêncio.

– Eu me alimento de sangue, em caso de sede. Mas fora isso eu me alimento de tudo. Se eu não estive com esse colar - Falou, me mostrando um colar de diamante, eu acho, em forma de lua - Me transformo em lobisomem na parte da noite, não apenas em lua cheia, como em todas as histórias. Um dos meus poderes que eu tenho, por parte de pai, é o dom de cativar as pessoas, principalmente garotas.

– Então, digamos, que se eu estivesse apaixonada por você, foi você que me "hipnotizou" - O interrompi

– Não, eu faço a garota sentir algo especial por mim, o resto é tudo por conta dela e de seus sentimentos. O poder de hipnotizar eu adquiri por parte de mãe. Mas eu só posso fazê-lo de 20 anos acima, e eu só tenho 17. Mas, eu posso saber qual é o motivo da pergunta? - Ele perguntou, um tanto quanto malicioso. Não é possível que ele esteja achando que eu perguntei isso porque estou apaixonadinha por ele. Que imbecil!

– Curiosidade, apenas.

– Ok - Ele falou meio decepcionado. Acho que ele queria que eu dissesse que estava amando-o, para podera colocar mais uma na sua listinha de idiotas apaixonadas.

– Eu tenho mais vários outros dons sem importância. - Mudou de assunto

– Você sabe algo dos meus poderes?

– Apenas o que você sabe. Animais te protegem à mando da lua. Você pode matar, tanto quanto curar. Pode voar. Faz vários feitiços. Mas não sabe fazer nada. Ainda.

– No livro não diz mais nada?

– Nada. Apenas o óbvio.

– E as folhas rasgadas?

– Eu não as li. Já estavam rasgadas quando peguei no livro. Mas eu posso tentar se ensinar algo. Eu já convive com alguns bruxos, algumas fadas. Também tenho vários outros livros sobre essas espécies.

– Quando começamos?

– Agora.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo. Comentem por favor. Façam essa pobre leitora ficar rica de alegria. >—