Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 94
O Mestre do Castelo Misterioso.




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Num momento nada apropriado para conversas, 1145 virou-se para o Doutor Mario para perguntar uma certa duvida que tinha. Eles já estavam terminando a jornada quase interminável que faziam pelas diversas linhas do tempo e dimensões diferentes que existem no universo.

 

Mario estava mexendo com algumas esferas estranhas que brilhavam com um piscar contagiante e vicioso de várias cores diferentes. Segurava uma azul clara cujo brilho cegaria a luz do Sol e uma verde escura cuja escuridão cobriria um véu ao Sol. Uma anulava a outra e representavam algo complicado que 1145 não entendia e Mario também não, apesar de estar mexendo com todas essas coisas complicadas. Mario parecia, entretanto, que realmente sabia o que estava acontecendo e onde estava. Ele não sabia direito, só sabia que essa era uma das localizações que deveria estar caso quisesse mesmo salvar o mundo.

 

— Com licença, Doutor... Você tem certeza do que está fazendo? – Nunca que 1145 tivesse duvidado em algum momento de Mario, mas ele não conseguia entender como alguém conseguia manusear essas coisas místicas que parecem tão importantes com a facilidade de Mario. Imaginava que Mario tinha noção do que estava fazendo, Mario era um homem inteligente que já tinha feito várias coisas em sua jornada.

 

— Não, meu caro, mas eu tenho convicção que irá funcionar. Eu estive fazendo isso por bastante tempo agora e está funcionando, meu caro. O futuro de muitos universos foi destruído, mas consegui alongar seus passados para que o presente ainda exista, meu caro. E uma Terra, meu caro, uma Terra muito importante... Estou fazendo tudo o que posso para que essa Terra possa fazer algo. Não sei se irá funcionar, meu querido, mas é a única coisa que podemos fazer, dar mais vida ao que está para morrer até que isso possa reagir.

 

— Entendi. – 1145 agora tinha mais noção do que esteve fazendo esse tempo todo. – Essas esferas... O que elas fazem? – perguntou, por curiosidade.

 

— Eu não tenho muita certeza, meu caro. – Deu uma risadinha, era engraçado estar fazendo isso tudo sem poder responder com certeza o que estava fazendo. – É... Sei que isso ajuda o universo a viver, meu caro. Sei que isso pode ajudar a fazer o mundo continuar existindo, o mundo como conhecemos, meu caro.

 

 

— Como assim?

 

— O fim do universo não resultará no fim de tudo, mas na criação de algo além desse tudo, meu caro. Algo além de tudo... Se assim me permite dizer, meu caro.

 

1145 pareceu não entender bem o que Mario quis dizer. Na verdade, entendeu, mas, se o fim de tudo não resultará no fim e apenas na criação, por que estão se esforçando tanto para impedir o fim? Iria perguntar isso, mas antes que pudesse Mario decidiu tocar nesse detalhe.

 

— Não é bem como você imagina, meu caro, é bem diferente... Eu não sei te dizer com certeza também. O meu tempo no Conselho dos Marios não pôde me dar todas as repostas, e eu passei bastante tempo lá, apesar de que para você tenha sido só alguns minutos, talvez, meu caro. Tudo será destruído e reorganizado de uma forma diferente da que conhecemos, eu não consigo prever o que acontecerá e mesmo que pudesse eu ainda não conseguiria ler o que essa previsão diz, meu caro. Somos apenas meros mortais para compreender, meu caro, e acho que talvez nem os próprios deuses possam dizer.

 

— Deuses... – Analisou a palavra e refletiu por algum momento. 1145 lembrou-se de toda a história da sua raça e do que os deuses fizeram com a sua galáxia.

 

Mentalmente Mario respondeu “Sim, Deuses, meu caro”, mas ele estava mais ocupado tentando descobrir quais esferas eram aquelas, Elas representavam certamente alguma coisa que ele precisava descobrir para que pudesse utilizar. Não poderia testá-las aleatoriamente, poderiam ser perigosas demais para o rumo da linha do tempo caso utilizado no sujeito errado. E ele tinha os sujeitos, faltava saber qual seriam os efeitos nesses sujeitos. Infelizmente não existia análise laboratorial qualquer que poderia ajudá-lo no caso, que o que era o que estava acostumado a fazer na sua vida acadêmica quando precisava saber os efeitos de qualquer alteração na linha do tempo. Não apenas essa era a única incógnita, mas também precisava saber quais segredos as esferas tinham dentro delas mesmas. As anteriores foram fáceis de compreender... Alguns símbolos estranhos o ajudaram naquela ocasião de uma maneira bem incomum. Alguns símbolos também estavam presentes no grande salão oval em que estavam, mas eram completamente incompreensíveis e apareciam a bel prazer nas paredes do salão. Estavam bem no centro do salão onde podiam ver um desenho que parecia ser o esboço de um mapa colado a uma mesa. A mesa fora construída para que várias esferas pudessem ser alojadas na sua superfície, o que deformava o formato original do mapa.

 

O local era como um palácio, o terceiro desse tipo que tinha passado em sua jornada. O primeiro recordava que não havia nenhum guardião, no segundo o guardião parecia ter sido executado. Nesse tinha certas dúvidas, encontrava traços de que alguém esteve ali recentemente.

 

Muitas concavidades que se esperava encontrar as esferas estavam vazias, Mario não considerou isso já que tinha muito a considerar. O que ele considerou foi um copo de água que se apresentava na superfície de um tipo estranho de móvel com um visual muito imoral no canto do salão. Isso que o levou a pensar que alguém estava ali naquele palácio, ou esteve bem recentemente naquele cômodo. 1145 estava bem atento a todas as possíveis entradas e teria certeza que ele cuidaria de qualquer um que se aproximasse hostilmente. Tinha esperanças que se permanecesse ali fazendo nada o guardião apareceria uma hora, recordando do copo de água que esquecera e não terminara de beber.

 

1145 estava com a mão no bolso de seu sobretudo de policial investigativo, de super espião noir. Não teve que atirar em momento algum enquanto visitavam os outros palácios, mas algo estava estranho nesse. Sua intuição de detetive excepcional estava alertando-o que precisaria de foco e de uma mira certeira para que pudesse salvar Mario do que quer que estivesse por vir.

 

— Bom dia. – Era uma voz que não estava presente.

 

1145 se assustou. Todas as três portas continuavam fechadas e nada havia se movido. Havia uma à esquerda e outra à direita, e outra que dava acesso a um andar que não tinham explorado.

 

— De onde vem essa voz, meu caro? – Mario pareceu mais empolgado que preocupado.

 

1145 não pôde responder. – Não se mova, por favor, Doutor. É pelo seu próprio bem. – Estava em estado de alerta máximo. Não ficou desse jeito desde o caso do assassino estripador de frangos. – Você pode estar correndo grave perigo.

 

— Pode ser a resposta de todas as minhas perguntas, meu caro. Finalmente, meu caro, a chance de podermos ter certeza do que estejamos fazendo.

 

— Não estamos roubando esses artefatos estranhos com efeitos mais estranhos ainda dessas pessoas? Se ele também sabe disso, pode ser que também estejamos procurados.

 

— Não sei, meu caro. Não sei quem possuía as esferas que pegamos nos palácios anteriores e não sei sequer se alguém os possuía.

 

— Como assim? Eram palácios, óbvio que alguém os possuía.

 

— Isso é algo que não podemos simplesmente aceitar – disse.

 

Estavam tendo uma discussão importante que apenas elevava a inquietação no ser de cada um por causa da situação apertada em que estavam. Essa voz misteriosa parecia estar se aproximando e cada segundo que gastavam discutindo era como um segundo que poderiam estar se preparando para o que estava por vir.

 

— Não podemos discutir agora – impôs 1145.

 

— Não atire primeiro, meu caro, deixe que fale primeiramente – disse Mario. 1145 concordou com a cabeça e decidiu se posicionar em frente a porta à esquerda.

 

Mas se lembrou de que não sabia bem de onde a voz surgiria então percebeu que se posicionar para qualquer porta poderia ser inútil. Decidiu concentrar-se e manter o foco, estava pronto para mirar seu neutralizador neural para a porta a qual o indivíduo aparecesse. Ele estava pronto.

 

A porta à direita foi aberta e por reflexo 1145 atirou. Demorou para a ficha cair que tinha neutralizado sem pensar antes e quando caiu Mario parecia bastante intrigado. Depois ele lembrou que era só um neutralizador neural e que não tinha problema. Tinha feito o seu trabalho na verdade. Deu um outro disparo no rosto do indivíduo para que esse pudesse se manifestar.

 

— Ah, está tudo bem. – 1145 estava aliviado e Mario deixou de estar intrigado. Acalmaram-se e o indivíduo pôde finalmente falar.

 

— Eu não mereço esse tipo de tratamento – disse.

 

— Libere-o, 1145 meu caro.

 

1145 não queria discutir mais e por isso decidiu liberá-lo completamente. Não parecia um inimigo, parecia uma pessoa com bastante dinheiro para roupas caras feitas de pele de pobres animais e costuradas por mãos de pobres pessoas. Seu castelo tinha sido construído por seus pobres escravos. Ele conhecia vários desse tipo no seu mundo, eram os líderes políticos de cada planeta na verdade.

 

— Agora acho que podemos conversar civilizadamente – disse o indivíduo de roupas luxuosas. Ele pronunciava suas palavras de uma forma alta, como se fosse real. Sua alma parecia nobre através de seus olhares e seu objetivo em sua aproximação dava ao doutor altas expectativas.

 

Ele parecia estar ali há bastante tempo. Tinha marcas da sua idade em seu rosto e aquelas marcas aparentavam ter nascido em sua época de vida no castelo misterioso. Ou esteve ali em toda sua vida? Era um ser misterioso e místico como a própria existência dos castelos que residem nas bordas entre as linhas do tempo?

 

— Vejo que demoraram um tanto para chegar. E não bateram na campainha. – Soava decepcionado, mas não surpreso.

 

Olhou para as grandes janelas que se mostravam aleatoriamente pelo quarto, em pontos e formas bastante inusitadas para janelas.

 

— E ainda por cima a essa hora da noite – completou o misterioso.

 

— É tarde? – perguntou 1145, curioso. Pelas janelas apenas conseguia ver as estrelas e as galáxias distantes.

 

— Não sei, mas quero tomar chá. Eu sou Baskario, oi. – Parecia contente com a chegada dos convidados e deu um ar mais informal à conversa.

 

— Sou Mario, prazer é todo meu, meu caro, e esse ao meu lado é 1145.

 

Baskario claramente sabia da identidade dos personagens queridos por nós. 1145 e o Doutor eram esperados. Ele foi direto ao ponto do que queria dizer, aproximou-se em um ritmo calmo até a mesa onde as esferas misteriosas se encontravam. Ele as manipulava e as observava como se fossem objetos novos para ele. Não eram.

 

 

— Você está interessado nas Esferas da Verdade.

 

Mario achou interessante ter um nome para chamar aquelas bolinhas.

 

— Sim, meu caro – confirmou, não precisava. Finalmente estava chegando o momento que tudo seria explicado para ele.

 

— Mario, certo? – perguntou por perguntar enquanto permanecia entretido observando o brilho de uma esfera com uma extensão de cores que vinham do amarelo ao laranja. 1145 permanecia suspeito, principalmente depois de perceber o comportamento anormal de Baskario. Algo estava errado, era o seu instinto de detetive.

 

— Exatamente, meu caro Baskario. – Estava feliz. Sorriu.

 

— As Esferas da Verdade não são brinquedos para serem utilizados de qualquer forma como você as utiliza. Gostaria de ajudá-lo as utilizá-la de uma forma mais eficaz para manter a ordem do universo, que é o que você busca. Entretanto... Eu não sou capaz de consertar o que você já fez. – Primeiramente estava prestes de começar um sermão, depois caiu-se em decepção e estava olhando para a esfera de uma forma desanimada. – Perdão, mas não sei o que posso fazer por você.

 

— Qualquer coisa, meu caro. Por favor, meu caro, por favor... Poderia explicar-me o funcionamento das Esferas da Verdade? Pouco sei sobre elas e pouco sei como utilizá-las, meu caro. Mesmo que não haja como consertar o que fiz, meu caro, me ajude com o que puder – Mario não se importou com ter fodido o universo com o seu trabalho amador com as Esferas da Verdade. Ele só queria ter completar a sua jornada por conhecimento.

 

— É incrível que tenha conseguido chegar até aqui e ter descoberto as singularidades presentes entre as linhas do tempo. Você não é Mario qualquer disso tenho certeza. Seu trabalho vem levando-o aos lugares certos.

 

 Doutor Mario não pareceu ter prestado atenção na parte suspeita da pergunta.

 

— O que você quis dizer com isso? – 1145 perguntou agressivamente.

 

Colocou a Esfera Laranja de volta onde se encontrava e retornou lentamente a sua mão para o seu corpo. Fez uma pose interessante com sua mão no quadril. Era uma pose de intrigas, relaxada demais depois de sentir a agressividade do guardião de Mario. Era como se estivesse mostrando sua personalidade abusada, só que não é uma pessoa abusada e não estava fazendo isso no momento.

 

— Vocês chegaram ao lugar correto, 1145 e Doutor Mario. Tenho muito a discutir com vocês. Irei ajudá-los a salvar seus mundos, meu caro. Farei da bagunça que vocês fizeram algo que faça sentido. Farei ordem. Venham comigo.

 

Eles foram.


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