Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 84
Herói Protagonista Salva o Universo Outra Vez.




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Fazia tanto tempo que Robin não olhava para aquelas ruas que quando olhou-as novamente sentiu como se estivesse reencontrado uma parte de si muito antiga. Junto com a parte de outros companheiros, companheiros e companheiras distante de infância, amizades que surgiram após fugirem da prisão científica que moravam. Cada um teve o seu triste destino, mas Robin ainda se perguntava se aquelas que não tinha visto a morte estivessem vivas, se tivesse sido derrubada pelos pecados daquela cidade ou se tinham conseguido se livrar das tragédias consecutivas e infindáveis, infinitas, da vida. Ele não tinha se livrado disso tudo, mas os pecados da cidade não tinham o derrubado. Ele tinha se tornado o pecado da cidade, em seus tempos, sem sequer perceber.

Ele tinha retornado para concluir o que quer que estivesse para concluir? Não tinha certeza. Durante sua viagem voando sentia que tinha um imenso sentido em estar ali naquele momento, mas agora que tinha chegado ao objetivo ele percebeu que aquela cidade não fazia mais parte do seu mundo. Estava ali como um estrangeiro, era um turista na sua própria cidade. Ele mudou tanto desde o primeiro capítulo. Na verdade, desde que pegou o ônibus para fora dali buscando sua redenção.

Estava se reencontrando com o seu eu antigo sem entendê-lo, sem saber como que cada detalhe das ruas tinha ganhado os pequenos significados que ele via ao lê-las como algumas páginas soltas da sua memória, da memória de outro homem.

Durante esses últimos dias, de coma e de redescoberta e de herói para os poucos sobreviventes da vila que guarda com carinho no coração, não teve tempo nem cabeça para fazer a barba. Sua mente não pensava nisso. Eram poucos dias, mas como estava em sua juventude seus hormônios deixavam com que crescesse, nada de muito volumoso... Apenas alguns fiapos que cresciam buscando alguma forma. Seu cabelo continuava careca como de costume desde se tornar um membro do clã Xyaoxyao. Vestia uma roupa em farrapos. O Robin do passado estaria de terno.

Parece que ele estava rebobinando os lugares que marcaram a sua vida. Qual seria a próxima parada? O lugar onde foi aprisionado por anos enquanto criança? O que teria lá para ver? De qualquer jeito, não tinha acabado essa sua visita à cidade. Assim como tinha avistado o sangue no vilarejo que fez com que lembrasse das ruas, passou seus olhos e encontrou crianças sujas brincando próximas a um beco. A cidade estava suja de costume. As ruas quebradiças, alguns prédios pareciam ter desmoronado, ou pegado fogo e nenhum bombeiro foi chamado para conter o fogo. Agora, parte do prédio estava destruído. Faltou ser noite para que assimilasse completamente esse local com aquele estranho que foi misteriosamente teleportado com Xupa Cabrinha há vários capítulos atrás. A memória passou de relance na sua cabeça como a visão das crianças correndo para dentro do beco. Essa era a memória que a cidade estava lhe dando, como a lembrança do sangue pelas ruas que teve no vilarejo. Em um local do passado, mais passado é mostrado para Robin.

Observou-as atentamente pelos poucos milissegundos antes que se tornassem apenas vultos. O momento não tinha passado para ele, seus olhos ainda estavam focados agora na parede vazia e no asfalto quebrado. Algumas memórias passavam sem que controlasse a sua mente.

Sujeitos criminosos perante a legislatura do país sentavam nas portas de prédios abandonados, ou ocupados, e estavam em seus cantos usuais que faziam seus negócios. Outros só observavam o movimento da rua como se não houvesse mais o que fazer. Um deles caminhava na direção de Robin. Era uma dessas pessoas que espera que você saia do caminho delas na rua, mas Robin não saiu. Robin estava focado demais para que percebesse que o homem estava para esbarrar nele. E esbarrou.

O homem de terno charmoso e olhos malignos só continuou caminhando. Era um desses sujeitos que espera que você saia do caminho deles na rua e que mantêm a arrogância, sem se desculpar ou mostrar que o esbarrão foi um incomodo. Robin só olhou para ele enquanto passava, sem dar importância alguma ao acontecimento, enquanto o narrador está dando bastante e o maligno também, mas sem mostrar que está se importando. O maligno julgou que Robin era um homem de forte índole, era um desses sujeitos que pode sentir a aura e a energia dentro de cada um, é um desses sujeitos com habilidades sobrenaturais. É o sujeito que manda na cidade. A cidade sabe disso, mas não se incomoda com um sujeito tão importante caminhando pelas ruas. Estava indo para o barbeiro porque precisava ajeitar o seu penteado, fazia isso a cada dois meses.

Robin seguiu a sua história e seus passos, paralelos aos passos do sujeito maligno que comanda a cidade. Estava na cidade apenas por estar, não para tomá-la de volta para si mesmo.

Ele reconheceu o prédio onde ficava seu antigo apartamento não pela aparência, pois parecia ter sido acertado por um soco de um robô gigante, mas pela posição de cada coisa naquela rua. A padaria com azulejo azul à esquerda, o beco onde os moradores se reuniam para usar suas drogas, o hidrante quebrado em frente ao apartamento... Não que conseguisse entrar no apartamento, mas sem nem pensar já tinha pulado com uma paz tão grande que foi como se tivesse flutuado com rapidez e suavidade até a cobertura do prédio esmagado.

Foi quando Robin descobriu que as coisas estavam estranhas demais e que não fazia sentido alguém estar esperando por ele lá. Não fazia sentido ter um sujeito na cobertura revestido com uma armadura de tungstênio que estava olhando para Robin como se Robin fosse quem tivessem lhe mandado matar.

Não será entrado em muitos detalhes. Robin também não conseguiu perceber detalhe algum. As coisas estavam parando de fazer sentido demais e passou a ficar muito, muito confuso. Mesmo assim seu corpo continuou agindo. Ele sem sequer considerar as outras possibilidades ou ouvir o que o oponente tinha a dizer estava enfiando seu punho através da camada da armadura e através do tronco do homem que ele não tentou reconhecer. Estava muito confuso.

Depois ele entendeu. Estava em uma história e ele era o protagonista. Entendeu que tinha julgado a situação inconscientemente, ou deveria ter julgado, pois é isso que um protagonista faz. Um protagonista herói.

Ele não era um protagonista herói, mas parecia que era isso que a história estava fazendo dele sem que ele percebesse. Se ele questionasse o que estava acontecendo, tudo ficava confuso e passava a não entender o que estaria acontecendo, mas seu corpo faria os passos que o personagem que ele estava pra fazer faria. Entendia só os passos rasos...

Quem era esse inimigo? Tinha perdido muito conteúdo enquanto estava confuso.

— Não havia reversibilidade em sua maldade, Rossiano. Você fez tanto por crenças tão pífias. Eu não tive outra opção. – E então Robin descobriu quem era seu adversário. – Eu vou salvar o universo. – O que.

Estava aos poucos retomando posse do seu corpo e entender a realidade. De volta a si mesmo, retirou seu punho e seu antebraço do abdome perfurado do Ministro e tentou analisar a situação de novo. Seja lá o que tenha acontecido, disse, eu vou de volta para Frota. Chega de doideiras.


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