No mesmo momento em que Pierre e Amanda discutiam sobre o que tinha ocorrido naquele dia, Alex entrou em seu quarto e viu Chuck com as costas viradas para ela enquanto ele observava a paisagem do lado de fora da janela. Ela quis cumprimentá-lo ou algo do tipo, mas ela percebeu na expressão de seu rosto que ele estava bravo com ela, então decidiu dar um tempo a ele até que ele decidisse falar algo.

Enquanto esperava para ouvir algo dele, ela tirou as luvas e a jaqueta e desfez o rabo de cavalo, deixando seus longos e lisos cabelos castanhos escuro caírem até o meio de suas costas. Ela estava caminhando em direção ao banheiro para tomar um longo banho quente quando finalmente ouviu Chuck dizendo algo, ainda assim de costas para ela.

"Você se divertiu com o Pierre hoje?"

"Pra falar a verdade, sim. Ele é muito divertido. Mas você sabe disso, ele é o seu melhor amigo."

"Quantas vezes eu vou ter que dizer que eu não quero você perto do Pierre?" ele gritou se aproximando e começando a puxá-la pelos cabelos

"Chuck, você está me machucando."

"A intenção é essa." Ele disse a atirando ao chão "O que vocês estavam fazendo?"

"Snowboard."

"E?"

"E nada, Chuck. O Pierre e eu somos apenas amigos. Você não confia na sua esposa e no seu melhor amigo?"

"São onze e meia da noite agora, Alex."

"Se eu fosse te trair com o Pierre, por que é que a gente levaria o Matt junto?"

"Vocês não ficaram com ele o tempo todo. Com toda a certeza você e o Pierre tiveram momentos sozinhos, não tiveram?"

"Chuck, eu..."

"Responde!!!"

"Sim, mas..."

Sem deixar que ela terminasse a frase, ele deu o soco mais forte que conseguiu dar no rosto dela no momento em que ouviu "sim" e, sem deixar que ela pensasse em olhar de volta para o rosto dele, ele a agarrou pelo colarinho e a empurrou com o máximo de força possível contra a parede.

"Agora vai pedir ajuda para o Pierre."

"Chuck, eu estou..."

"Está o quê? Com dor? Era para estar mesmo. Agora cala a sua boca e para de gritar e chorar antes que..." sem conseguir terminar a frase, ele ouviu alguém batendo na porta "Antes que exatamente isso aconteça. Cala a sua boca e eu vou inventar uma desculpa decente."

Deixando-a sozinha e em lágrimas, ele abriu um pouco da porta. Espaço suficiente para que ele visse o olhar preocupado do Seb, mas não o suficiente para que o Seb visse a Alex deitada no chão sangrando.

"Fala, Seb."

"O Jeff, o David e eu ouvimos alguns gritos e uns barulhos estranhos vindos daqui então eu vim ver se está tudo bem com vocês."

"Estamos ótimos. A Alex tropeçou na cama e caiu no chão, só isso."

"Tem certeza? Parecia que foi bem pior do que isso."

"Eu tenho certeza, sim, Seb. Agora, posso voltar para o meu quarto? Eu estou cansado."

"Tá, desculpa. Mas chama a gente se acontecer qualquer coisa, tá bom?"

"Claro, a gente chama." Ele disse fechando a porta e caminhando em direção a Alex "É isso o que você ganha por ser tão barulhenta. Está feliz agora?"

"Eu não me importaria se ele tivesse visto o que você fez comigo. Chuck, tem alguma coisa doendo muito. Por favor, me leva para o hospital. Eu prometo que não vou dizer que foi você."

"Eu não vou te levar para lugar nenhum. Pra falar a verdade, eu acho que você merece até mais do que isso pelo que eu tenho certeza que você está fazendo comigo." Ele disse dando vários chutes em sua barriga "Agora durma bem e fique exatamente onde você está. Não ouse se aproximar da minha cama."

"O Pierre nunca faria a Amanda dormir no chão e ela fez muitas coisas pra ele que eu nunca faria para você."

"É mais seguro pra você se você parar de falar o nome dele." Ele disse friamente apagando as luzes e se deitando em sua cama

Apesar de ouvir o choro dela, ele simplesmente deitou a cabeça no travesseiro e dormiu. Alex, por outro lado, se esforçou ao máximo mas não conseguiu fechar os olhos. O chão frio e a dor que ela sentia não a permitiam fechar os olhos e dormir. Em uma meia hora ou mais, ela desistiu de tentar dormir e se esforçou para sair do chão onde se deitava. Quando conseguiu, ela caminhou até a porta e saiu do quarto o mais silenciosamente que pode para mantê-lo dormindo. Depois de conseguir sair, ela continuou andando vagarosamente com um dos braços abraçando sua barriga pra tentar ignorar a dor que sentia até que ela conseguiu chegar ao quarto que procurava: o do Pierre. Ela sabia que o Chuck ficaria ainda mais bravo com ela, mas ela precisava de ajuda e não conseguia pensar em ninguém mais que sairia da cama pouco depois da meia-noite para levar a esposa de outra pessoa ao hospital.

Depois de muito esforço para chegar àquele quarto, ela bateu na porta. Em pouco tempo, começou a ouvir passos perto da porta mas, ao invés de ver o Pierre quando a porta abriu, tudo o que ela viu foi aquele longo cabelo oxigenado e aquele frio par de olhos azuis olhando para ela como se ela fosse lixo.

"O que é que você quer?"

"Amanda, eu realmente precisava falar com o Pierre então se você pudesse..."

"Se quiser falar com ele, espere até amanhã de manhã."

"Amanda, você não está entendendo. Eu realmente preciso da ajuda dele. Eu preciso ir para o hospital agora."

"Sabe o carro que trouxeram junto com o ônibus em caso de emergência? As chaves dele estão na recepção. Por que você não as pega?"

"Eu não estou me sentindo bem pra dirigir."

"Ótimo. Então talvez você bata o carro e morra e aí você nunca mais vai poder tentar roubar o meu marido de novo."

"Amanda, eu não estou tentando roubar o Pierre de você; eu só estou aqui implorando pela ajuda dele, será que você pode, por favor, acordá-lo? É uma emergência."

"Eu não vou acordá-lo e é melhor você ficar bem longe dele ou eu te prometo que você não vai continuar respirando por muito tempo."

"Você tem tanto medo assim de perdê-lo pra mim? Eu sou tão linda assim que você não confia mais em você mesma? Não se preocupe, Amanda, eu não sou como você. Apesar de ser muito mais linda do que você, eu sou casada e eu jamais trairia o meu marido, apesar de ele merecer."

"Eu não vou te dar um tapa porque parece que você já teve o suficiente mas, Alex, querida, a minha vida pessoal e a do Pierre é só nossa, assim como os nossos problemas e você não tem o direito de nem ao menos sugeri-los, quanto mais falá-los no corredor para que todos escutem e na frente da minha porta para que o meu filho possa acordar e ouvir algo que não sabia. Agora, se você me dá licença..." ela disse tentando fechar a porta

"Amanda, por favor..." Alex pediu segurando a porta

"Alex, eu não vou..."

"Amanda, com quem você está conversando?" elas ouviram o Pierre perguntando de dentro do quarto

"Com ninguém, amor. Eu já vou pro quarto."

"Ninguém não demora tanto assim. Da próxima vez, eu atendo a porta." Depois de ouvirem isso, ouviram passos se aproximando da porta que Amanda se esforçava para fechar, e a abrindo "Alex? O que foi? Você não parece bem."

"Eu não estou bem, mas eu estou sem tempo para explicar. Você pode me levar para o hospital?"

"Nossa, Alex, claro." Ele respondeu pegando a jaqueta e saindo do quarto "Vamos." Ele disse a segurando pela cintura e a ajudando a andar

"Pierre, é melhor você não sair daqui ou eu vou fazer com que você se arrependa."

"Assim como fez com que eu me arrependesse por sair com o Matt?"

"Isso também ainda vai ter volta. Pierre, nós somos casados, precisamos de acordo mútuo de vez em quando."

"Assim como concordamos mutuamente naquele dia em que eu voltei pra casa e te vi com aquele cara... Qual é o nome dele, amor?"

"Greg."

"Obrigado. Assim como concordamos mutuamente quanto a você e o Greg?"

"Pierre, isso é diferente."

"Mas é claro que é diferente. Disso eu não discordo. Você estava na cama com outro homem, eu estou levando uma amiga para o hospital. Nossa, eu sou tão desalmado, não sou, Amanda?"