E se Eu não Tivesse Me Atrasado pra Formatura? escrita por Tati


Capítulo 10
Quando parace que não dá pra ficar pior...




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Capítulo 10 - Quando parece que não dá pra ficar pior...


Algumas horas se passaram desde que Pierre e Alex chegaram ao hospital. Na verdade, não eram só algumas horas, eram muitas horas. Eram mais ou menos 8 horas da manhã quando o Pierre saiu para tomar café e a deixou sozinha no quarto em que a colocaram enquanto ela esperava pelo resultado de seus exames. Eram 8hs30mins da manhã quando a porta abriu de novo e ela, inconscientemente, sorriu ao ver o rosto dele.

"Te deram alguma notícia enquanto eu estava fora?"

"Não. Nada."

"Mas você está se sentindo melhor?"

"Estou sim. Só tem uma dor estranha no meu útero."

"Você acha que alguma coisa aconteceu com..."

"Eu nem ao menos quero pensar nisso, tá bom?"

"Tá bom, desculpa." Ele disse se sentando ao lado dela e, inconscientemente, segurando sua mão "Você não chegou a me dizer o que aconteceu."

"Não se preocupa comigo. Não foi nada sério."

"Se não tivesse sido sério não estaríamos aqui. O que aconteceu?"

"O Chuck..."

"Foi ele que fez isso com você?!" ele perguntou chocado e ela respondeu balançando a cabeça de cima para baixo uma vez "Por quê?" sem usar palavra alguma ela só levantou a cabeça e olhou no fundo dos olhos dele, fazendo com que ele entendesse a resposta e se sentisse culpado de alguma maneira "Por causa de mim? Como é que ele pode ser tão doente? Nós somos amigos. Eu confio nele com a Amanda, por que ele não confia em mim com você?"

"Porque o Chuck e a Amanda nos vêem como propriedade particular."

"É irônico o quanto eles se preocupam que a gente não traia eles se você considerar tudo pelo que eles já nos fizeram passar. Se eu fosse bater na Amanda toda vez em que eu suspeitasse que ela estivesse me traindo, ela já estaria morta."

"Eu sei. Mesmo assim, eu não quero que você se distancie de mim por causa deles."

"Alex, o Chuck quase te matou e a Amanda te ameaçou e você ainda me quer por perto?"

"Quero. Você é muito importante pra mim."

"Você também é muito importante pra mim, é por isso que eu tenho que admitir para mim mesmo que você vai ficar mais segura sem mim e, já que eu quero que você fique bem, é melhor que eu me distancie de você. Vamos ficar juntos no ônibus, não vai ser como se nunca mais fossemos nos ver, mas é melhor a gente não sair mais juntos e que não fiquemos mais sozinhos um com o outro. É para o seu próprio bem."

"Por favor, não faz isso. Se você fizer, depois da turnê a gente nunca mais vai se ver de novo e não é isso o que eu quero. Eu não quero ficar longe de você de novo."

"Alex, você vai estar mais segura se isso acontecer."

"Eu vou estar mais feliz se isso não acontecer. Além do mais, vou estar segura até que o Chuck arranje outra pessoa para ter ciúmes e aí tudo vai voltar a ser a mesma coisa. Pierre, você não faz idéia do quanto você é importante pra mim. O quanto você e o Matt são importantes para mim. E eu não quero perder vocês. Isso me machucaria mais do que qualquer coisa que o Chuck pudesse fazer pra mim."

"Você se importa tanto assim comigo?"

Antes que ela pudesse responder qualquer coisa para ele, um médico entrou no quarto com algumas pastas nas mãos. Algumas delas tinham o nome dela escrito, fazendo com que ela os reconhecesse como seus exames. Naquele momento, ela se sentou na cama e segurou firme na mão dele, com medo do que iria ouvir mas, ainda assim, não conseguindo tirar os olhos do médico.

"Então?" ela perguntou

"Vamos te deixar sair depois do almoço."

"Então está tudo bem com ela?" ele perguntou aliviado

"Na verdade não, mas não podemos fazer nada pelo ocorrido."

"O que aconteceu?" ele perguntou

"Ela perdeu o bebê."

"O quê?!" ambos perguntaram juntos

"Você não está falando sério. Pára de mentir pra mim." ela gritou entre lágrimas

"Sinto muito, Sra. Comeau."

Naquele momento, ela começou a chorar ainda mais do que antes e a tremer como nunca pensou que pudesse tremer. Pierre logo a abraçou e tentou acalmá-la, mas ele sabia que nada nesse mundo a acalmaria naquele momento. A única coisa que nenhum deles sabia é que quando parece que não dá pra ficar pior...

"Tem mais." O médico completou

"O que é?" ela perguntou

"A pancada que você recebeu no útero causou um sangramento interno muito forte e eu sinto em dizer que isso não é reparável."

"O que você quer dizer com isso?" ela perguntou entre lágrimas e agarrando-se firme na camiseta do Pierre enquanto ele continuava a abraçá-la

"Bom, Sra. Comeau, eu sinto muito, mas a senhora nunca mais vai poder engravidar. Talvez se vocês tivessem chego mais cedo pudéssemos ter tentando uma cirurgia, mas já era tarde demais quando chegaram aqui."

Boquiaberta e sem conseguir dizer uma palavra em resposta, ela chorou ainda mais do que antes e mal conseguia respirar. O Pierre tentou o máximo para acalmá-la mas nada nesse mundo conseguiria fazer isso. Ela parecia estar completamente destruída por dentro.

"Por favor, me diz que isso não está acontecendo. Por favor!" ela pediu em lágrimas

"Eu sinto muito, Alex." Pierre disse acariciando seu cabelo

"Não, Pierre, não diz isso. Não é sua culpa, você não tem que sentir muito. Eu juro que eu vou matar o Chuck. Eu vou matar o Chuck!"

"Alex..."

"O que eu mais queria nesse mundo... A única coisa nesse mundo que eu queria acima de qualquer coisa era ser mãe. Desde que eu era criança, eu adorava brincar com as minhas bonecas e fingir que elas eram minhas filhas, como todas as outras meninas da minha idade faziam, mas o que eu sentia enquanto brincava disso era muito mais especial do que o que as minhas amigas sentiam. Elas sempre acabavam se cansando mas eu nunca me cansava. Mas agora... agora eu nunca vou ter um filho pra chamar de meu e é tudo culpa dele. É tudo culpa dele."

"Alex, eu sinto muito mesmo. Eu queria poder fazer alguma coisa, mas não há nada que eu possa fazer. Mas você ainda pode adotar uma criança."

"O Chuck não me deixaria fazer isso, ele odeia crianças. Ele nem ao menos sabia que a gente ia ter uma."

"Bom... eu sei que não é o mesmo mas... você poderia agir como uma mãe para o Matt."

"Huh?"

"O Matt tem medo da Amanda, mas ele é muito apegado a você. Eles nunca tiveram o típico relacionamento mãe e filho e dá pra perceber que ele sente falta disso e eu sei que ele te ama. Eu sei que pode parecer estranho, mas... você poderia fingir que ele é seu."

"A Amanda não ia gostar nada dessa idéia."

"A Amanda não precisa saber disso."

"Muito obrigada, Pierre. É muito gentil da sua parte. O problema é que eu já amo o Matt como se ele fosse meu desde que ele era um bebê e a cada dia que se passa eu o amo mais, mas eu queria ter a chance de engravidar, de ver minha barriga crescendo, de esperar nove meses e de finalmente dar a vida a uma coisinha linda que é um pedaçinho de mim."

"Sabe, eu queria tanto que a Amanda fosse como você. Eu conversei algumas vezes com ela sobre ter mais filhos... Ela não quer mais nenhum. Ela está até pensando em fazer uma cirurgia para que ela não tenha mais nem o menor risco de engravidar de novo, mas eu queria tanto ter mais um filho... Agora que eu finalmente me sinto pronto e maduro o suficiente para isso... mas isso nunca mais vai acontecer."

"Pelo menos você tem o Matt."

"É, pelo menos eu tenho o Matt."

Algumas horas se passaram e, por volta das três horas da tarde, Pierre e Alex chegaram novamente ao hotel. Todos já estavam dentro do ônibus com todas as malas já arrumadas e esperando por eles para que pudessem continuar a viagem. Tudo o que tiveram de fazer foi entrar e eles já estavam saindo da cidade.

Alex estava usando óculos de Sol para esconder os olhos vermelhos de tanto chorar mas ninguém ousou perguntar a ela sobre o que aconteceu. Nem o Pierre e nem a Alex dirigiram uma única palavra a ninguém depois de entrar. Eles não estavam com humor para conversar ou discutir, assim como a Amanda e o Chuck não ousaram perguntar a eles onde estavam e o que aconteceu. Pierre, muitas vezes durante a viagem, lançou olhares de raiva e nojo ao Chuck. Para ele, foi como se tivesse perdido o próprio filho, apesar de saber que era do Chuck, e não dele. Alex, por outro lado, simplesmente se sentou em um canto e ficou perdida na própria dor o tempo todo.


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