E se Eu não Tivesse Me Atrasado pra Formatura? escrita por Tati


Capítulo 31
Uma traição imperdoável




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"Eu juro que eu não fiz nada. Eu jamais..."

"Pierre Bouvier, você tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o que disser pode ser usado contra você em uma corte de justiça. Você tem o direito de ter um advogado presente em qualquer questionamento. Se não puder pagar por um advogado, o Estado lhe apontará um livre de pagamento se assim o desejar."

"Eu seria incapaz de matar alguém! Especialmente ela!"


"Esse vídeo mostra as últimas palavras que conseguimos gravar antes da prisão de Pierre Bouvier, vocalista da banda Simple Plan, há duas semanas." Disse a repórter do telejornal que estava sendo exibido "Ele foi acusado de tentativa de homicídio contra sua amante, Alexandra Hamilton, no dia em que se divorciou de sua ex-mulher, Srta. Amanda Collier. A polícia encontrou suas impressões digitais na arma do crime, mas ele ainda afirma que não sabe o que aconteceu e que não se envolveu no crime. Seu advogado já trabalha em sua defesa. O julgamento poderia ser evitado com um simples testemunho da Srta. Hamilton, mas ela passou as últimas duas semanas em um coma, após uma cirurgia mal sucedida, e aparentemente ela não vai resistir ao..."


Ele desligou a televisão imediatamente após ouvir aquela mesma notícia pela décima vez apenas naquele dia e lançou o controle remoto para longe. Matt deitou seu corpo no sofá e ficou ali por um certo tempo, chorando. Ele tinha definitivamente perdido as esperanças de voltar a ver a pessoa que ele sempre pensou ser seu pai depois daquelas duas semanas.

Ele tinha certeza absoluta de que seu pai não tinha nada a ver com aquilo, mas quem poderia provar o contrário? Ele tinha certeza de que o assassino havia sido Chuck, mas ele não podia provar. Pierre passaria anos na cadeia por um crime que não cometeu e ele não poderia fazer nada quanto a isso.

Além do Pierre, ele também estava perdendo a Alex. De acordo com as notícias que ele ouvia, ela estava morrendo. Assim que aquilo acontecesse, ele perderia a coisa mais próxima de pais de verdade que ele já havia tido em toda a sua vida, apesar de nenhum deles ter o mesmo sangue que ele tinha.

Ele queria poder ajudar, mas sabia que o melhor que poderia fazer era sentar e assistir enquanto a história se desenrolava, esperando por um final feliz para todos. O sentimento de impotência era o que o fazia se sentir ainda pior. A única coisa que podia fazer era assistir enquanto o que ele mais queria como família desmoronava em frente aos seus olhos.

"Matt..." chamou Amanda, enxugando suas lágrimas

"Fica longe de mim!" ele gritou, se sentando no sofá

"Matt, está tudo bem, meu amor. Eu não quero brigar, nem te ameaçar, eu só quero conversar. Podemos?"

"Que seja." Ele respondeu, permitindo que ela se sentasse ao lado dele

"Obrigada." Ela respondeu, entregando-lhe o prato de comida que passou as últimas horas cozinhando "Toma. Eu trouxe o seu almoço. Coma logo antes que o Chuck volte e suba para fazer as suas malas. Fui eu que fiz, espero que goste."

"Não estou com fome."

"Eu sei que está, Matt. A comida é segura, eu juro. Não tem veneno. Eu não sou como ele. Não sou capaz de matar, eu juro."

"Prove, então."

"Tudo bem." ela respondeu, pegando um pouco da comida com seu garfo e comeu "Viu? Posso não ser a melhor cozinheira do mundo, mas eu sei que não está tão ruim assim e que vai matar a sua fome. Pega." Ela respondeu, lhe devolvendo o garfo

"Por que você está fazendo isso?"

"Porque eu sei que vai acontecer alguma coisa muito ruim comigo assim que eu fizer o que estou planejando. O Chuck não vai me deixar escapar dessa. Então, eu quero ter certeza de que está tudo bem com você antes que eu... parta."

"Do que é que você está falando?"

"Você vai entender o que eu estou falando quando chegar o momento e eu temo que não vá demorar muito. Mas... antes que eu já não tenha mais tempo de fazer isso... eu só queria que você soubesse que... Bem lá no fundo, eu te amo muito, Matt, e eu sempre vou amar. Aconteça o que acontecer. Esse vai ser um preço que eu estou disposta a pagar pela sua felicidade. E eu também queria dizer que... que eu sinto muito mesmo por tudo o que eu te fiz. Para você, para o Pierre e para a Alex."

"Mãe, do que é que você está falando? Você está me assustando."

"Não precisa me chamar de mãe, Matt. Eu não mereço. Assim como o Chuck não merece ser chamado de pai. Seu pai sempre vai ser o Pierre e a sua mãe sempre vai ser a Alexandra. Eu e o Chuck fomos as pessoas que te colocaram nesse mundo, mas isso não é nem metade do trabalho de ser um pai ou uma mãe. Essa é a parte mais fácil. O mais difícil sempre ficou com o Pierre e a Alex. Eu nunca vou ser uma mãe igual a Alex e eu sinto muito mesmo por isso."

"Mamãe, qual é o problema? Você nunca foi assim."

"Matt, quando estiver satisfeito, suba e faça as suas malas o mais rápido possível. Eu vou fazer o mesmo. Eu vou te levar de volta para os seus pais hoje."

"O quê?! Você está falando de..."

"Pierre e Alex, isso."

"Mas como? O meu pai está preso e a Alex está morrendo."

"Eu vou tirar o Pierre da cadeia. Eu vou denunciar o Chuck e libertar o seu pai. Depois, eu vou entregar a ele os papeis da sua adoção e, legalmente, ele vai finalmente ser mesmo o seu pai. Depois disso, vai ter que esperar e torcer para que a Alex melhore. Mas temos que ir rápido. O Chuck não pode sonhar que estamos saindo de Nova York antes de estarmos longe daqui ou ele vai nos parar. Come rápido. Eu vou subir para começar a fazer as malas." Ela disse saindo do sofá e se aproximando das escadas

"Mãe, espera!" ele chamou "Por que você está fazendo isso? Por que está me ajudando?"

"Porque eu não quero mais ser assim. Eu não quero ser como o Chuck. Eu me tornei tudo o que eu nunca quis ser. Meu sonho era ser médica. Eu queria salvar vidas mas, ao invés disso, a única coisa que eu tenho feito desde que terminei o ensino médio foi destruir um monte de vidas. Agora eu queria fazer uma última boa ação, alguma coisa que fizesse alguém pensar em mim com carinho, antes que a minha vida acabe."

"Mamãe, por que você está falando assim? Você está doente? O Chuck está te ameaçando?"

"Não se preocupe comigo, meu amor. Eu só quero que você fique bem e eu sei que você não poderia estar em lugar mais seguro do que com o Pierre. Agora, coma."

Escondendo as lágrimas em seus olhos, ela subiu as escadas e fez as malas o mais rápido possível. Matt ainda comia quando ela terminou suas malas, então ela também arrumou as dele. Depois de terminar, colocou Matt em seu carro e passou a dirigir o mais rápido que pôde em direção ao aeroporto.

Ela havia comprado duas passagens de volta para Montreal e seu vôo sairia da cidade em meia hora. Ela ia levar Matt de volta para Pierre e tinha a intenção de voltar para a casa dos pais e passar a fazer a faculdade que tanto sonhara fazer para poder então, finalmente, poder se sustentar sozinha e começar a vida que sonhara aos dezessete anos. Ela queria colocar Chuck na cadeia por tudo o que havia feito e fugir dele, mas sabia que seria difícil sair ilesa disso. Os últimos atos dele a haviam chocado muito. Ele parecia cada vez enlouquecer mais e até ela começava a se assustar.

A única falha em seus planos foi que demoraram demais para sair de casa. Pelo espelho retrovisor, ela viu Chuck e percebeu que ele a seguia. Ela tentou aumentar a velocidade do carro e dirigir o mais rápido possível naquele caminho cheio de curvas, mas, aparentemente, ele era um ótimo motorista. Ele estava determinado a não perdê-la de vista e, realmente, não perdeu.

Chegou ao aeroporto em 25 minutos e começou a correr em direção à plataforma de embarque o mais rápido possível, enquanto procurava pelas passagens na bolsa mas, antes que conseguisse chegar a algum lugar, sentiu algo atingindo sua perna e caiu ao chão. Chuck havia lhe dado um tiro.

"Você nasceu para ser uma traidora, Amanda. Você traiu o Pierre e agora está me traindo."

"Chuck, eu só..."

"Você ‘só\' nada, Amanda. O Pierre pode até ter te perdoado, mas eu não perdôo. Eu vou te fazer me pagar por pelo menos pensar em me mandar para a cadeia." Ele respondeu friamente apontando a arma na direção dela e atirando em seu peito

"Mãe!!! Mãe!!!" gritou Matt preocupadamente chacoalhando seu corpo, tentando acordá-la


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