E se Eu não Tivesse Me Atrasado pra Formatura? escrita por Tati


Capítulo 30
Talvez não tenhamos sido feitos paraterminarmos juntos




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Passou-se algum tempo desde que Amanda, Chuck e Matt foram embora e Alex ainda não havia voltado do banheiro e aquilo começava a preocupar Pierre. Ele tinha certeza absoluta de que ela não estava bem e começava a pensar que talvez ela tivesse desmaiado novamente. Estava a ponto de ir até lá conferir se estava tudo bem quando ouviram a voz de uma mulher descendo as escadas correndo e, logo, se aproximando desesperada.

"Socorro! Socorro!"

"Calma, o que aconteceu?" perguntou David

"Tem... Tem uma mulher no banheiro... Ela... Ela deu um tiro nela mesma. Ela está morta... Ela... Por favor, ajudem ela! Por favor!"

"Uma mulher atirou nela mesma?" perguntou Pierre, temendo concluir quem era "Como ela era?"

"Eu não fiquei muito. Só sei que ela tem cabelo comprido e castanho escuro. Por favor, façam alguma coisa."

"Minha nossa, Alex!" ele gritou preocupado e começou a correr em direção a escadaria

Os outros o seguiram, todos esperando encontrar outra mulher naquele banheiro, mas sabiam que as possibilidades apontavam para ela. Se fosse outra pessoa, Alex provavelmente teria feito o mesmo que aquela mulher havia feito: correr até eles assustada, gritando e chorando.

Em meio ao desespero, Jeff foi o único que conseguiu raciocinar e telefonar para a ambulância, mesmo sem parar de segui-los.

No momento em que seus olhos encontraram aquele corpo deitado ao chão do banheiro, Pierre completamente perdeu as ações. Parou à porta do banheiro, boquiaberto e sem movimentos. A única coisa que se movia em seu corpo eram suas mãos trêmulas e a única coisa que ele sentia, além das lágrimas que corriam instantaneamente pelo seu rosto, era a batida acelerada de seu coração naquele momento, tentando acreditar que aquilo não era nada além de um sonho horrível. Ele não podia acreditar no que via.

"Alex... Por que foi que você fez isso? Por que foi que você fez isso comigo?"

"Pierre..."

Fosse porque não o ouviu ou porque não se interessava pelo que Seb tinha a lhe dizer para oferecer algum conforto, ele o ignorou e passou a caminhar em direção ao corpo de Alex e logo se ajoelhou ao seu lado. No momento em que viu a arma, contava apenas com as reações instintivas que seu corpo apresentava, pois todo o resto estava em choque ou se concentrava em tentar compreender o que houve e por que houve. Sendo assim, não se absteve em segurar a arma em mãos e analisá-la por completo antes de colocá-la de volta ao lugar onde a encontrou. Foi aí que sussurrou para ela, mesmo que não o ouvisse, a única conclusão em que podia crer.

"Não foi você. Você não faria isso consigo mesma e nem comigo. Só fique bem, por favor!" ele pediu, segurando suas frias mãos enquanto lágrimas continuavam a lavar seu rosto e ele temia que já fosse tarde demais "Alguém chame a ambulância!"

"Eu já chamei. Estão vindo." Disse Jeff "Ela está viva?"

"Eu não sei." Ele respondeu, finalmente se lembrando de checar seu pulso "Está... Ela está viva. Ela não faria isso, eu sei. Mas quem foi então?"

"Você não consegue pensar em ninguém, Pierre?" perguntou David

"Não foi o Chuck. Ele seria incapaz de matar."

"Sempre pensamos que ele fosse incapaz de tantas coisas..." disse Seb "Não pode ter sido mais ninguém, encare."

"Não foi o Chuck. Ele não iria tão longe."

"Esperamos que você esteja certo, Pierre." Disse Jeff

Em menos de cinco minutos, a ambulância chegou para buscá-la e a polícia tomou o lugar para investigar o crime.

Logo que saíram do prédio, repórteres de todas as partes passaram a filmar e fotografar tudo o que estava acontecendo e bloqueando intencionalmente o caminho de todos, inclusive de médicos, para conseguirem uma entrevista sobre aquela notícia que estava sendo exibida ao vivo nos jornais de notícias urgentes de todas as emissoras de televisão e rádio.

Sem responder a questão alguma e tentando fazer tudo da maneira mais rápida que os repórteres permitiriam para que não perdessem a vida de Alex, os médicos conseguiram colocá-la na ambulância e os outros passaram a segui-los com seus carros, quebrando cada um dos códigos de trânsito, mas seguindo a ambulância sem perdê-la de vista por nem ao menos um momento.

Chegaram todos juntos ao hospital, porém, não mais conseguiram vê-la. Ela foi rapidamente levada para a sala de cirurgia de emergência e eles ficaram na sala de espera, esperando ouvir sobre sua melhora ou algo do tipo.

"Eu juro que se eu descobrir que foi mesmo o Chuck, eu vou matá-lo com as minhas próprias mãos."

"Você ainda tem dúvidas?" perguntou Seb impressionado "Quem mais teria feito isso, Pierre? Aquela mulher correndo como uma louca do banheiro? A faxineira que não foi muito com a cara da Alex? Ou melhor ainda, uma mulher que queria usar o banheiro mas a Alex estava o ocupando? Você é quem escolhe. Ou foi uma dessas pessoas ou foi o Chuck."

"Eu não sei, mas eu daria tudo para ouvir que o Chuck se arrependeu de tudo e que foi mesmo a faxineira."

"Isso não vai acontecer, aceite." Disse Jeff

"Bom, eu não me importo. Que se dane! Eu só quero que a Alex fique bem, só isso. Ela tem que ficar bem. Eu passei por volta de duas semanas procurando por ela e, quando nós dois finalmente descobrimos que foi mais um plano da Amanda e do Chuck, alguém surge e dá um tiro nela! Será possível que talvez nós não tenhamos sido feitos para terminarmos juntos?"

Ninguém respondeu. Sabiam que havia um pouco de verdade no que ele dizia. Desde a adolescência, sempre houve algo que os impedia de estarem juntos e, desde então, nunca houve um momento em que fossem completamente livres para serem um do outro. Agora em que o momento finalmente havia chegado, alguém a estava tirando dele outra vez.

Passaram horas na sala de espera. Horas que pareciam durar mais do que dias até o momento em que alguém saiu do quarto dela. Era o mesmo médico que cuidou de seu caso da primeira vez e, no momento em que Pierre viu seu rosto, não conseguiu mais conter a mistura de sentimentos que passavam por sua mente naquele momento. Fervendo em raiva, segurou o médico pelo colarinho e o empurrou contra a parede. Ele não tinha mais controle de seus atos naquele momento e ninguém sabia o que dizer para convencê-lo de se acalmar.

"Você vai me dizer agora que não tem nada errado com ela, seu desgraçado? Eu acho que agora está bem claro para nós dois que realmente existe algo errado com ela, não concorda?"

"Por favor, eu vou ter que lhe pedir que se acalme."

"E eu vou ter que lhe pedir, pelo amor de todos os que vão passar por esse hospital, que estude mais ou devolva o seu diploma ao lugar onde o comprou. Acalme-se você, eu não. Ela foi até aquele banheiro porque se sentia tonta, tinha enjôo e febre, exatamente os mesmos sintomas que ela apresentava quando veio para cá da primeira vez, ficou duas semanas internada e voltou para casa porque você e sua equipe de incompetentes não descobriram nada e não se deram conta de que ela ainda se sentia mal. Ela está doente assim como no dia em que vocês deram alta para ela! Não me diga que você ainda não sabe o que há de errado com ela ou eu juro que eu vou te matar!"

"Largue-me ou eu chamo a polícia!"

"Está com medo de apanhar aqui?" Ele perguntou o soltando "Diga o que aconteceu com ela agora!"

"Ela está fraca demais. Tivemos que retirar a bala porque estava alojada muito próxima ao coração dela e estava comprometendo a batida, o que poderia ocasionar um sangramento ainda pior ou até mesmo uma parada cardíaca. Mesmo assim, sabíamos que essa era uma operação arriscada. Ela não está respondendo bem à cirurgia. O efeito da anestesia já passou, mas ela não recobrou a consciência e o corpo dela não está respondendo como deveria aos medicamentos. Acreditamos que isso ocorra devido à doença anterior que a enfraqueceu."

"Ah, vocês acreditam? Vocês acreditam? Ela está morrendo, sabia? Você acredita nisso também, doutor? Não pode supor que sabe o que há de errado com ela! Isso aqui não é uma prova da faculdade que se você errar quem morre é o seu boneco, isso é um hospital de verdade e você está matando a minha namorada! Você tem que ter certeza do que está fazendo! Você é pago para isso! Se ela morrer eu vou te processar."

"Escuta, pessoas morrem todos os dias e isso não é em parte nenhuma minha culpa. Eu faço o meu melhor para salvar vidas, mas todos morrem e eu não estou em condições de desempenhar milagres. Estamos fazendo o nosso melhor, mas não somos Deus. Sinto muitíssimo se você pensava que médicos eram seres excepcionais, diferentes de todos, que foram inspirados por Deus para nunca errarem e nunca perderem uma vida, mas não é assim que acontece na vida real, com pessoas de verdade, e não com os bonecos que tratamos na faculdade, que sempre sobrevivem. Estamos estudando o caso dela de perto e fizemos cada um dos exames que poderíamos para tentarmos descobrir o que há de errado com ela. Um deles vai ter que dar positivo, mesmo que seja para um tipo de gripe muito estranha."

"Por que não fizeram esses testes logo da primeira vez em que viemos?"

"Porque estávamos concentrados nos sintomas. Dessa vez, a fizemos passar por exames dolorosos dos quais sabemos que o resultado será negativo, mas temos certeza de que vamos conseguir concluir o que houve."

"Implore para que já não seja tarde."

Ignorando as ameaças que recebera, levou os exames ao laboratório e, ao mesmo momento, a polícia se aproximou da sala onde se encontravam.

"Pierre Bouvier?"

"Sim?"

"Podemos pedir para que nos acompanhe?"

"Por quê? Descobriram quem tentou matar a Alex?"

"Sim. Encontramos suas digitais impressas na arma do crime. Você está preso por tentativa de homicídio."


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