E se Eu não Tivesse Me Atrasado pra Formatura? escrita por Tati


Capítulo 25
Um novo plano...




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Eram seis horas da noite daquela segunda feira tão comum quando ele dava seus primeiros passos de volta ao lar depois do colégio. Depois daquele longo dia em período integral. Foi então que ele ouviu risos histéricos vindos do quarto de sua mãe. Não era normal ver ninguém animado com nada naquela casa, mas se Amanda estava feliz nada de bom poderia ter acontecido, ele já sabia bem disso. Começou a aprender forçosamente durante o período de convivência com os dois o que seu pai tentou lhe mostrar tantas vezes antes.

Tentando descobrir o motivo de tamanha felicidade, caminhou nas pontas dos pés o mais lenta e silenciosamente possível até chegar à porta. Ainda tinha medo de ser visto, mas abriu uma fresta da porta e viu Chuck e Amanda sentados na cama rindo muito de alguma coisa. Provavelmente estão contando um para o outro alguma coisa que aconteceu durante aquele final de semana. Chuck não esteve em casa nos últimos dois dias e Amanda era a única que realmente sabia onde ele estava mas, julgando pelas risadas, ele provavelmente não tinha feito uma viagem tão normal assim. A única coisa que ele sabia era que Amanda havia pedido para Chuck fazer alguma coisa em Montreal durante aqueles dois dias, mas Matt nem fazia idéia do que poderia ter sido. Na verdade, Matt nem ao menos sabia que Chuck já tinha voltado para casa depois daquela viagem, mas ele desejava que ainda não tivesse voltado. Ele realmente conseguia ser, para Matt, ainda pior do que sua mãe.

"Você deveria ter visto aquela cena. É inigualável..." disse Chuck, tentando controlar o riso "A Alex não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo com ela. Ela saiu com o carro chorando tanto..."

"E o Pierre?"

"Ele estava completamente confuso. Antes que ele conseguisse entender o que estava acontecendo ela já estava indo embora. Ele nem sabia o que tinha acontecido. Ele chegou em casa e ela jogou um sutiã em cima dele, começou a gritar e lhe deu um tapa. Ela foi embora e ele ainda nem ao menos sabia o que tinha feito."

"E ele deixou que ela simplesmente fosse embora?"

"Não, isso já seria bom demais para ser verdade. Ele foi atrás dela e eu os segui o tempo todo para ter certeza de que se ele conseguisse chegar perto dela, eu conseguiria atrapalhar de alguma maneira. Mesmo assim, eu não precisei fazer nada. Ela fez muitas curvas e ele acabou perdendo-a de vista. Teve que voltar para casa de mãos vazias."

"De mãos vazias não, levando remédio." Ela comentou rindo

"Ele não levou o remédio. Ele conseguiu comprar mas, só para fazer com que ela pensasse que ele tinha saído para se encontrar com uma amante ou coisa assim, eu contratei alguns garotos para pararem o carro e roubarem tudo o que tinha dentro, especialmente o remédio. Eu deixei as coisas dele na delegacia para devolverem já que eu não tenho interesse nenhum no celular dele e nem em nada disso e fui embora. Deixei como anônimo, então eles nem vão poder suspeitar que fui eu."

"E o meu sutiã? Como você colocou lá dentro?"

"Ele saiu para visitá-la no hospital no sábado e aqueles mesmos garotos que o assaltaram me ajudaram a abrir a porta sem arrebentar a tranca e nem precisar de chave. Deixei o sutiã embaixo da cama e fui embora. O resto foi com você." Ele respondeu "Passei pela casa deles hoje à tarde quando estava indo para o aeroporto e, até então, nenhum sinal dela. Agora ela saiu do seu caminho e ele saiu do meu. Vai ser difícil para que eu recupere a Alex, mas para você recuperar o Pierre vai ser bem mais fácil. Ele perdeu a Alex, você está com o Matt..."

"Mas e você? Tem idéia do que fazer para recuperar a Alex? Porque, apesar de parecer que ela não vai mais voltar para o Pierre, acho difícil ela te querer de volta."

"Eu não sei o que fazer, mas eu vou recuperar a Alex, mesmo que seja contra a vontade dela. Eu vou pensar em alguma coisa, não importa. Ela tem que voltar para mim. Ela estragou a minha imagem quando se mudou para morar com o Pierre." Ele respondeu "Bom, mas e aí, como é que você fez a ligação? Como é que ela não reconheceu sua voz?"

"Não era a minha voz. Pedi para uma amiga minha fazer isso. Disse para ela que aquela era a vagabunda que tinha estragado o meu casamento e ela concordou em fazer isso. A Alex ficou tão nervosa... Especialmente quando minha amiga mentiu para ela e disse que tinha 18 anos."

Impressionado com as coisas que ouvia, Matt esqueceu-se de tomar mais cautela ao se apoiar sobre a porta e acabou a abrindo mais do que deveria, deixando que Chuck e Amanda o vissem.

Com medo das conseqüências que ele tinha certeza que estavam por vir, ele fugiu de casa o mais rápido que pôde, mas seu padrasto era muito mais rápido do que ele e o segurou ainda na calçada.

"Socorro! Socorro! Alguém me ajude! Ele vai me bater!" gritou Matt, chamando a atenção de toda a vizinhança e os alarmando

"Crianças... Dizem qualquer coisa para escapar de comer seus legumes. Mentir é feio, Matt, principalmente quando você pode acabar colocando o papai na cadeia por isso." Ele disse com um falso sorriso, o mesmo que ele já estava tão acostumado a usar em capas de revista, e voltou para casa como o mais perfeito ator que a prática havia criado

Logo que trancou a porta, o sorriso simpático sumiu de seus lábios e ele atirou o corpo do menino ao chão, ignorando seus gritos de dor e as cortinas abertas que, por sorte, Amanda lembrou-se de fechar.

"Por que você gritou aquilo na frente de toda a vizinhança?"

"Porque é verdade. Eu sei que você vai me bater."

"Sabe qual é o seu problema? O Pierre. Ele foi muito bonzinho com você e agora você não se comporta e não aceita que precisa apanhar para aprender algumas coisas. Nenhuma criança deveria ser criada da maneira que o Pierre te criou. Agora você é mimado. Você não respeita ninguém."

"Não é verdade. Eu respeito muito o meu pai."

"Mas não respeita mais ninguém."

"Eu só não queria que você me batesse de novo. Isso foi falta de respeito?"

"Não mas a maneira que você está falando comigo agora é bem desrespeitosa."

"Assim como ouvir atrás das portas." Completou Amanda

"E assim como traição é, mas você não se importou com isso quando traiu meu pai com praticamente todos os homens que eu conheço. Se meu problema é o fato de meu pai ter me amado muito, o seu problema é não conseguir amar ninguém além de você mesma. Você destruiu a maior parte da vida do meu pai e, quando ele decidiu ser feliz com outra pessoa, foi você quem fez questão de destruir isso também. Tudo o que você faz é errado e desrespeitoso, então não tente me ensinar nada sobre respeito. Primeiro, me dê um exemplo."

"Seu desgraçado abusado, eu vou te dar o seu exemplo..."

"Não, Amanda, não bate nele. Nós vamos fazer algo um pouco pior como punição. Eu tive uma idéia bem melhor."

"Que idéia?"

"Vai ser ele quem vai destruir a vida do pai dele e da Alex de uma vez. Ele vai fazer a Alex voltar para mim." ele respondeu sorrindo "Escuta, Matt, eu vou te levar para o meu quarto e, já que você está tão preocupado com a Alex, eu vou discar o número dela e vocês vão conversar. Você vai pedir para ela ir até a corte no dia do divórcio dos seus pais. Ela sabe onde e quando vai ser. Ela provavelmente não vai querer ir, mas diga que você sente falta dela e implore para que ela venha. Eu sei que ela não vai conseguir dizer não para você."

"Eu não vou fazer isso. Eu sei que você vai fazer alguma coisa com ela e eu não vou deixar."

"Ah, não vai? Tudo bem, mas eu acho que eu tenho um brinquedinho lá em cima que vai te fazer mudar de idéia."

Com um sorriso nos lábios, ele puxou Matt violentamente pelo braço e o levou até o quarto. Amanda, sem saber o que Chuck poderia estar armando, seguiu-os quieta e observou o momento em que Chuck tirou uma arma da gaveta e apontou para a cabeça de seu filho. Logo após, discou o telefone de Alex.

"Chuck, tira essa arma de perto do meu filho agora!"

"Cala a boca, Amanda!"

"Chuck, se você machucar o meu filho eu te coloco na cadeia!"

"Eu te mandei calar a boca! Se não quiser morrer, fica quieta. Você está comigo ou não?"

"Sabe que eu estou com você, mas isso..."

"Então cala a sua boca, Amanda!" ele gritou, a deixando assustada e voltando a falar com o garoto "Matt, eu disquei o número do celular dela. Fala o que eu te mandei ou eu vou explodir a sua cabeça."

"O que você vai fazer com a Alex?"

"Alô?" ele ouviu Alex dizendo na outra linha

"Fale com ela." Sussurrou Chuck para o garoto que ainda relutava

"Alex? Sou eu... Matt."

"Matt, meu amor, você nem imagina o quanto eu tenho sentido a sua falta. Como você está, querido?"

"Bem. Eu também tenho sentido sua falta, Alex. Foi por isso que... foi por isso que eu liguei. Eu queria... eu queria te ver de novo. Eu vou te ver no dia do divórcio dos meus pais?"

"Matt... infelizmente, não deu certo entre o seu pai e eu..."

"Isso não quer dizer que nós não podemos ser amigos, não é?"

"Não, mas..."

"Por favor!"

"Matt, você quer mesmo que eu faça isso?"

"Quero."

"Então eu estarei lá. Se cuida, meu garotinho de estatura média."

"Você também. Tchau."

"Tchau." Ela respondeu desligando o telefone

"Bom trabalho." Disse Chuck, dando-lhe os parabéns

"Você não a vai machucar, vai?"

Ele não respondeu. Sorriu e apontou a porta com a arma como se o estivesse mandando ir embora e, sem objetar, foi isso exatamente o que fez. Ele já imaginava, naquele momento, o imenso problema no qual ele tinha envolvido Alex.


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