Ele sentiu como se estivesse em um sonho. Ele estava dividindo a mesma cama com a Alex e estava segurando seu corpo adormecido entre seus braços. Aquele sentimento era tão incrível que ele não conseguia acreditar que aquilo poderia ser real. Ele sabia que estava ficando tarde e sabia que deveria ir embora, mas ela parecia tão linda enquanto dormia que ele continuava adiando o momento de sair. Ele não conseguia tirar os olhos da boneca de porcelana em frente aos seus olhos. Com um sorriso nos lábios, ele continuou correndo os dedos por entre os cabelos tão macios que ela tinha até que acabou adormecendo também. O relógio ao lado da cama marcava cinco da manhã quando ele dormiu. O mesmo horário que marcava o relógio de Chuck no momento em que ele e Amanda saiam de um hotel não tão longe dali e começavam a retornar para o lugar onde deixaram Pierre e Alex.

Por volta das seis horas da manhã, Alex começou a acordar e percebeu que Pierre ainda estava lá. Ao invés de se sentir alarmada, ela sorriu e acariciou seu rosto. Aquela era a primeira vez em que ela acordava entre os braços dele e ela sentiu com isso que tinha alcançado tudo o que mais queria no mundo. Ainda assim, sua felicidade deu espaço a um medo repentino quando ela percebeu o horário.

"Pierre! Pierre, acorda!"

"O que foi?"

"Pierre, já são seis horas da manhã!"

"O quê?! Ai meu Deus!" sem dizer mais nada, eles pularam da cama e começaram a recolher as roupas dele o mais rápido que podiam

"Vai rápido, se veste e volta para o seu quarto antes que..." antes que ela pudesse completar a frase, começaram a ouvir o barulho da chave girando na fechadura "Antes que isso aconteça."

"O quê que eu faço agora?"

"Entra no banheiro. Te chamo quando ele dormir."

"Mas e se ele..."

"Entra." Ela sussurrou o empurrando para dentro e fechando a porta

Foi nesse momento que a porta abriu e revelou por trás dela, Chuck, que continuou a olhar para a Alex um pouco confuso. Tudo o que ele viu foi a Alex parada no meio do quarto vestindo só as roupas intimas e se movendo rápido sem motivo aparente.

"Alex, o que é que você está fazendo?"

"Eu? Bom... eu estava... dançando."

"Dançando? Dançando sem música às seis horas da manhã de calcinha e sutiã?"

"É. Eu não consegui dormir então eu decidi tentar me cansar." Ela respondeu "E o que você estava fazendo fora?"

"Eu? Ah, eu... eu também não consegui dormir então eu fui caminhar." Ele respondeu. Ela sabia que era uma desculpa, mas ela nem se importava mais com isso "Alex, você está tão sexy assim, sabia?" ele disse se aproximando dela com um sorriso e começando a beijar seu pescoço

"Chuck, eu não estou com vontade." Ela disse se afastando dele

"Você disse que não está cansada."

"Mas eu não estou com vontade. Eu estou com... com dor de cabeça."

"Eu não vou cair na velha desculpa da dor de cabeça que a minha tataravó contava para o meu tataravô."

"Então fica com a versão moderna: eu esqueci de tomar a pílula hoje."

"Alex, eu mal consigo me lembrar da última vez que você me deixou te tocar. Você me afasta todas as vezes em que eu tento me aproximar de você. Por quê?"

"Você já deveria saber que eu iria acabar me cansando de todas as coisas que você faz comigo." ela disse dando as costas a ele e se deitando na cama

"Eu vou ganhar você de volta, você vai ver. Eu te amo muito, Alex, mesmo que às vezes não pareça. Eu te amo e eu quero fazer qualquer coisa que você queira que eu faça para recuperar o seu amor, mesmo se for ter um filho nosso. Você ainda quer ter um filho? Porque se quiser..."

"É tarde demais, Chuck!"

"Por quê?"

"Não importa, mas nós não vamos ter um filho, pode ter certeza disso."

"Você poderia ser um pouco menos fria comigo. Tem algo errado com você, eu sei disso. Você não era assim."

"Sinto muito por não sentar e chorar todas as vezes que você me machuca como eu fazia antes. Sinto muito por ter começado a me amar um pouquinho. E, se você não se importa, eu queria muito dormir. Você pode apagar as luzes e vir para a cama, por favor?"

"Eu pensei que talvez a gente pudesse conversar..."

"Você pode conversar comigo enquanto eu durmo?"

"Eu queria que você me escutasse e respondesse o que eu digo. Tipo como em uma conversa normal."

"Então vai ter que ficar pra amanhã. Esquece, Chuck. Agora será que você pode vir pra cama?"

"Se é isso o que você quer, fingir que não temos problemas e dormir, tudo bem. Vamos ver até onde vamos conseguir chegar sem nenhuma comunicação." Ele disse tirando as roupas e caminhando em direção a cama

"Chegamos até aqui sem comunicação alguma."

Sem discutir, ele se cobriu e automaticamente passou os braços ao redor dela. Os olhos dela estavam fechados, ela estava entre os braços de alguém, mas o sentimento não era o mesmo de antes, quando era o Pierre no lugar do Chuck. O Pierre parecia realmente querer estar ali enquanto o Chuck parecia simplesmente estar fazendo o que deveria fazer. Não havia sentimento naquilo.

Em 20 minutos, ela percebeu que ele realmente havia adormecido, então ela se afastou silenciosamente do corpo dele, colocou suas roupas e foi para o banheiro.

"Vamos, ele dormiu. Você tem que voltar para o seu quarto."

"Tá."

Rapidamente, ele se levantou do chão e saiu do quarto deles segurando a mão dela até que chegaram à porta do quarto que ele dividia com a Amanda.

"Queria que você não tivesse que ir embora." Ela disse o abraçando

"Um dia eu não vou ter que ir." Ele disse levantando o queixo dela e a beijando "Eu te amo."

"Eu também te amo. Muito, muito mesmo. Agora volta pra sua linda vagabunda loira."

"E você para o seu moreno tarado. Não deixa ele te tocar muito, tá?"

"Tá bom, prometo. Agora pareceu que o meu marido é você e não o Chuck."

"Não que eu não quisesse que fosse assim. Tchau."

"Tchau." Ela disse o soltando e caminhando na direção oposta

Logo que ele abriu a porta do quarto, ele viu Amanda sentada na cama deles usando uma curta camisola branca e uma toalha ao redor de seus cabelos molhados. Ela tinha um livro em suas mãos e nem ao menos tirou os olhos dele antes de começar a interrogá-lo.

"Aonde é que você estava?"

"Eu estava... conversando com o Jeff. Mas você já sabe disso."

"Sério? Se eu bater na porta dele e descobrir que ele está dormindo, posso bater na do Chuck também e ver se a Alex também está dormindo?"

"Amanda..."

"Você começou a conversar com o Jeff às 11. Já são seis horas da manhã. Aonde é que você estava?"

"Eu estava... caminhando."

"Caminhando? Mas que caminhada mais longa, hein? Não mente pra mim, eu passei a noite acordada te esperando. Eu sei que você estava com aquela vagabunda, não estava?" ela gritou fechando o livro e o encarando

"Amanda, o Matthew está dormindo, pára de gritar. E a Alex não é nenhuma vagabunda, ela é bem melhor do que você."

"Não ouse defendê-la. Ela está destruindo o nosso casamento, você não percebe?" Ela disse se aproximando dele

"Não, Amanda, foi você quem destruiu o nosso casamento e não a Alex."

"Pierre, se está acontecendo alguma coisa entre você e a Alex, me diz. Eu vou te perdoar. Afinal de contas, eu sempre soube que algum dia você iria querer se vingar de mim. Eu prometo que podemos esquecer disso e tentar ser uma família normal daqui pra frente. A gente consegue fazer com que tudo dê certo. Mas se você está me traindo e não me contar, eu juro que eu vou descobrir tudo, pode ter certeza disso. E quando eu descobrir, eu juro que eu vou abrir a garganta da sua querida Alex com uma faca."

"Se você ousar colocar um dedo que seja nela, eu juro que eu vou ser o motivo da sua morte."

"Então você admite que está me traindo?"

"Eu admito que me importo com a Alex, mais nada." Ele disse tirando as roupas e indo pra cama

"Pierre, não fique bravo comigo. Você está me deixando com ciúmes, é só isso. Você sabe que eu te amo. Você é a única coisa que eu quero."

Ela disse deitando-se ao lado dele e o abraçando, mesmo que ele lhe desse as costas

"Sinto muito, Amanda, mas eu já não acredito mais nisso."

"Ah, é? E você acredita nisso?" ela perguntou beijando seu pescoço e descendo sua mão pelo corpo dele

"Pára, Amanda. Não deu pra perceber que eu estou cansado? Será que você não entende que eu quero dormir?"

"Eu pensei que talvez você quisesse..."

"Eu estou sem vontade."