Disenchanted escrita por Diana


Capítulo 20
XX - Redenção


Notas iniciais do capítulo

Olá, lindos e lindas!
É.. Sei que demorei.. Desculpas por isso.
Então, nesse capítulo acaba o suspense. Clarisse conta a decisão que toma. E aí? O que será que vai rolar?
Como de praxe, betado pela Srta With,
No mais boa leitura!



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XX

Redenção

“Still I call it magic

When I'm next to you”

(Magic, Coldplay)

Fazia dois anos. Dois anos que não via Annabeth. Saí do Acampamento naquela mesma noite. Soube da batalha no Labirinto de Dédalo. E sabia da Batalha de Manhattam. Estava num andar de um prédio observando a cidade se transformar num caos. Mais precisamente, estava ajudando a cidade a se transformar num caos.

– Ora se não é nossa melhor capitã. – Um homem esguio, com um sorriso jocoso e cabelos grandes, entrou no local.

– Prometeu. – Cumprimentei-o brevemente. – O que quer aqui?

– Luke a convoca. – Lancei-lhe um olhar raivoso e o acompanhei. Já estava na hora do conselho de guerra do senhor titã se reunir novamente.

Enquanto ia com Prometeu pelo corredor escuro, não consegui organizar meus pensamentos. Me lembrei do dia em que fui até Luke. Sim, cometi uma traição. Abandonei o Acampamento Meio Sangue. Abandonei o chalé de Ares e, o mais importante de tudo, abandonei a chance de consertar tudo com Annabeth. Não há conserto para o que está em cinzas.

Cheguei à sala onde Luke estava. O rapaz me olhou com olhos dourados e frios. Olhos do senhor do tempo, rei dos titãs. Olhos de Cronos. Encarando-o com um medo indescritível estava um rapaz de feições asiáticas, Ethan Nakamura. Cronos o pressionava sobre alguma coisa.

– Eu... Eu realmente não sei, meu senhor! – Ethan gaguejava. Ele estava prestes a se borrar todo. Covardes. Luke perdeu o interesse nele e se dirigiu a mim. – A garota pulou na frente dele e...

– Clarisse. – Cronos o cortou e me ofereceu um sorriso frio. – Receio que esteja na hora de darmos o golpe de misericórdia.

– Comandarei o ataque, meu senhor. – Disse solene. Apesar de as últimas palavras terem saído entaladas. Ainda não me acostumei à ideia de chamar Luke ou Cronos de ‘senhor’.

– Não ao ataque, minha querida. – O senhor titã caminhou até mim. Ficamos frente a frente. Seus olhos dourados, frios e penetrantes, me julgando. – É hora de diplomacia.

– Prometeu, por favor. – Luke se dirigiu ao titã da providência e ignorou meu olhar confuso. – Leve nossa capitã e alguns outros para uma missão de diplomacia. É hora de conversar com a resistência. Fazê-los ter um pouco de bom senso.

– Do que está falando? – Perguntei nervosa. Odiava segredinhos. Cronos sorriu maleficamente.

– Ora, minha querida, é simples. Eles estão perdendo. É hora de oferecer uma rendição, não acha? Não queremos ter mais sangue derramado aqui. – Dessa vez fui eu quem sorriu. Cronos discursando sobre não derramar sangue? Soava tão falso que chegava a ser cômico.

– Sim, senhor. Vou me preparar então. – Já ia me retirar quando Cronos decidiu me oferecer mais uma informação.

– Prepare-se, capitã. Prepare-se bem. Talvez você esteja mais perto de obter sua vingança do que acha.

– O quê? – Virei-me para ele com um pressentimento ruim começando a formigar por dentro. Sabia que não ia gostar das próximas palavras que o senhor titã me diria.

– Nosso Ethan aqui. – Ele apontou para o garoto assustado. – Ele quase feriu nosso amado Jackson. Quase. A filha de Atena pulou na frente. O resultado não foi bonito.

Não soube dizer qual foi minha expressão. Annabeth ferida? O quanto ela estaria machucada? Por um instante, senti minha raiva crescer dentro de mim, querendo sair, querendo explodir. Cerrei os punhos e lancei um olhar ameaçador para Nakamura. Minha vontade era socá-lo. Machucá-lo. Fazê-lo sentir tanta dor quanto ele causou à loira.

Mas me contive. Apenas trinquei o maxilar, fechei os punhos e me virei, pisando duro. Não sei se Cronos percebera tudo. Certamente sim. Ele era cruel. Peguei minha lança e botei um escudo nas costas. Recolhi também uns pedaços de ambrosia e os guardei.

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A resistência de Percy estava assentada em um prédio a umas poucas quadras do Empire State. Quando nos aproximamos, recebemos olhares hostis e raivosos. Muitos deles dirigidos a mim. Apenas fechei a cara e continuei seguindo, segurando minha lança com força. A bandeira branca que Prometeu levava era a única coisa que os impedia de nos atacar.

Percy nos recebeu com uma cara de pouquíssimos amigos. Obviamente. Ele estava acompanhado de Thalia e Silena. Silena. Fazia dois anos que não a via também. Vi seus olhos lacrimejarem ao me encarar e ela fazer um aceno negativo com a cabeça. Aquilo me enfraqueceu.

– O que querem? – Percy perguntou. Podia sentir a raiva que ele estava sentindo. E podia sentir que grande parte dela estava direcionada a mim.

– Trazer um presente. – Prometeu tomou as rédeas da conversa. Ele era uma raposa.

– Não queremos presentes. Queremos chutar seus traseiros pra fora daqui. – Thalia respondeu rispidamente e aquilo pareceu divertir o titã.

– Vejo que tem o temperamento de seu pai. Você me entende mal, Perseu Jackson. Se pudéssemos conversar.... – Percy o estudou. Franziu o cenho e apenas assentiu. – Clarisse, querida, fique por perto. Presumo que nossa conversa será breve. – Prometeu disse enquanto acompanhava Percy e Thalia.

– Você veio vê-la? – Silena me perguntou de supetão. Como se ela estivesse tentando engolir aquelas palavras e fossem indigestas demais para ela.

– Vê-la? – Me fiz de tonta.

– Annabeth. Ela está ferida. – Demorei um pouco a responder. Engoli seco.

– Eu soube.

– Depois desse tempo todo, ‘eu soube’ é tudo que consegue dizer? – Silena me encarava com raiva. Seus olhos estavam chorosos. Desviei o olhar. A filha de Afrodite segurou meu rosto e me obrigou a encará-la. – Vá vê-la. – Ela me ordenou e me afastei dela de um jeito brusco.

– Não estou aqui para isso!

– Você não pode esconder o que sente, Clarisse. Não de mim. Eu vejo a bagunça que você se tornou. – O tom suave e triste, quase pesado, com que ela disse aquilo me convenceu.

– Mesmo se eu fosse, acha que Percy permitiria? Eu estou do lado inimigo, Silena!

– Você não é uma traidora, Clarisse. – Ela voltou a se aproximar de mim e tocou meu peito. Havia dor no tom de voz dela, como se ela estivesse escondendo algo muito sombrio. – Você só estava se protegendo. Vá vê-la.

– Onde ela está? – Finalmente cedi. Silena sorriu e pegou minha mão. Me guiando.

Chegamos num quarto pequeno. Reconheci a figura loira de Annabeth adormecida num sofá velho. Meus olhos lacrimejaram. Estufei o peito e engoli o choro. Eu não sou chorona. Silena me deu um olhar encorajador e um beijo carinhoso na bochecha. Acho que era o jeito dela me desejar boa sorte.

Entrei no quarto. Cada passo que dava parecia uma tonelada, e cada passo parecia aumentar a distância entre nós. Finalmente cheguei até ela. Não sabia o que estava acontecendo dentro de mim. Meu coração parecia querer pular, meu corpo todo estremecia.

Ajoelhei-me ao lado dela e acariciei alguns fios loiros. Annabeth tinha certo poder sobre mim. Era impressionante. E era assustador.

– Percy? – Ela murmurou confusa, abrindo os olhos cinzentos. Ao vê-los de novo, senti meu sangue queimar.

– Não, Annie. Sou eu. – Disse. O medo claramente identificável em minha voz. Não sabia o que esperar dela quando me reconhecesse.

– Clarisse? – Ela me olhou. Seus olhos estavam duros, e fracos. Me sentia um lixo. – O que está fazendo aqui?

– Silena me disse... – Engoli seco antes de continuar. – Vim te ver.

Vi sua expressão se fechar ainda mais. Percebi raiva e descontentamento passarem pelo rosto bonito. Ficamos nos encarando um bom tempo em silêncio. Eu tentava ler cada expressão no rosto dela, mas não sabia o que estava estampado no meu.

– Eu sinto muito, Clarisse. – Por fim Annabeth disse e não entendi.

– O quê? – Sussurrei, ainda com medo dela se enfurecer.

– É minha culpa você ter passado para o lado de Cronos, é minha culpa o chalé de Ares não estar lutando, é minha culpa.. – Cortei-a com um beijo casto. Vi a dúvida estampada nos olhos cinzentos.

– É minha culpa ter sido teimosa com você aquela noite, durante a caça da bandeira. Se eu tivesse admitido a mim mesma que te amava, que ainda te amo, talvez não estaríamos assim. – Disse com toda sinceridade que tinha. Annabeth se entristeceu e pousou timidamente a mão em meu rosto. Me encolhi sob seu toque.

– Ah, Clarisse, o que fizemos a nós mesmas? – Sua voz estava embriagada, carregada pelo choro baixo. Procurei em meus bolsos algo e o dei a ela. Era ambrosia.

– Tome. – A ofereci um pedaço e ela aceitou. Eu odiava vê-la frágil e machucada. Sentia a ira me domando. Queria muito devolver o favor a Nakamura.

– Você ainda me ama? – Ela me perguntou e não desgrudou seus olhos dos meus.

– É a única certeza que tenho nessa guerra estúpida. – Ela sorriu e me beijou. Eu senti como se não houvesse nada do lado de fora. O desejo percorreu meu corpo como o fogo. Queria deitar-me ali com ela, queria senti-la outra vez, me acolher a ela, mas havia uma guerra acontecendo do lado de fora. E estávamos servindo em lados opostos. Quando o beijo terminou, ela repousou sua testa à minha.

– Então traga Ares de volta. Lute ao meu lado.

– Do que está falando? – A perguntei, ainda carregada de emoções. Alívio, medo, raiva, paixão... Tudo me preenchia e fazia um pequeno caos dentro de mim.

– Traga o chalé de Ares de volta. Eles só vão lutar se você os liderar. Dê-nos alguma vantagem.

– Eu traí vocês, Annie! Eles não vão confiar em mim!

– Você não é uma traidora, Clarisse! Você comandou as forças de Cronos! Essa é a única razão pela qual não fomos destruídos ainda. Você os levou a bater de frente onde éramos mais fortes, e os fez debandar onde éramos fracos!

– Como? – Perguntei-a, surpresa. Havia realmente feito isso, mas talvez foi mais por sentimento de culpa do que por lealdade.

– Clarisse, eu sou filha de Atena. Estratégia de batalha é uma coisa que eu entendo! – Ela ralhou comigo e, por um instante, era como se estivéssemos de volta ao Acampamento Meio Sangue. Passeando de mãos dadas, brincando, sorrindo e amando.

– O que você está fazendo aqui? – Uma voz forte me fez levantar e me pôr de guarda. Thalia invadira o quarto como uma tempestade.

– Não é da sua conta! – Gritei com ela, apertando o cabo da minha lança até deixar os nós dos meus dedos brancos.

– Depois de tudo que você fez a Annabeth, você ainda vem aqui? – A filha de Zeus segurava o Aegis. Lembrei-me de nossa disputa no Acampamento. Dessa vez, nada iria intervir.

– Chega! – Annabeth rugiu e se levantou cambaleante. A amparei, recebendo um olhar raivoso por parte de Thalia.

– Annie, você ainda está fraca! – Thalia foi até nós e me ajudou a sentá-la na cama. Senti ciúmes ao ver o carinho estampado nos olhos da caçadora. Ela ainda não havia esquecido Annabeth, e eu também não. A diferença é que, daquela vez, não estava em condições de protestar.


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Notas finais do capítulo

Aguardo vocês nos comentários!
Beijos!