Disenchanted escrita por Diana


Capítulo 10
X - Heróis


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!

Então, mais um capítulo né! Tentei atualizar antes do carnaval, aí saiu esse capítulo, kkkk
Espero que gostem do capítulo.

Betado pela srta. With.

Boa leitura!



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X

Heróis

“But I keep pushing on and on and on and on…

There’s nothing left to say now

There’s nothing left to say now

I’m giving up, giving up, giving up now”

Os dias que se seguiram foram confusos. Felizes, mas confusos. Parecia tão surreal que por vezes eu me pegava com medo de estar sonhando. A única coisa que me dizia que não era um sonho era a mão de Annabeth sobre a minha quando caminhávamos pelo Acampamento.

Era uma cena estranha até. Quer dizer, os outros campistas olhavam meio atordoados, como se fosse uma brincadeira. Annabeth e eu sempre brigávamos e agora estávamos andando por aí de mãos dadas e trocando olhares e sorrisos? Alguma coisa estava errada. Na maioria das vezes, queria socar os curiosos, mas Annabeth me segurava.

E, acredite, eu também pensava assim. Talvez fosse pegadinha de algum dos olimpianos, talvez até de algum deus menor, não tinha lá muita certeza. Mas às vezes, eu também acreditava que finalmente a sorte tinha me sido favorável.

– No que você está pensando? – A voz de Annabeth me tirou de meus devaneios. Estávamos à beira do lago, admirando o fim de tarde. Acho que ela estava, porque, sinceramente, não tenho “paciência” pra esse tipo de coisa.

– Ahn, nada. – Respondi sem tirar meus olhos da água que parecia dourada ao refletir os raios de Sol.

– Não parece. – Ela pegou minhas mãos e pôs entre as dela. Soltei um suspiro de alivio: Aquilo era o que precisava para saber que não era um sonho. – Preciso conversar algo com você. – O tom de Annabeth era sério. Não gostei daquilo. A encarei e ela me pareceu apreensiva. Permaneci em silêncio e ela entendeu a deixa.

– Lembra-se dos rascunhos que te mostrei sobre o Labirinto de Dédalo e tudo? – Apenas assenti e ela continuou. – Acho que tenho uma pista sobre uma das entradas. – Ela pareceu ficar mais séria agora, quase sombria, e eu meio que entendia a mudança de humor repentina. Decidi intervir.

– Quando você vai me mandar para lá? – Perguntei de supetão evitando mais delongas. A questão era simples: Alguém precisava ir lá ao tal do Labirinto para tentar, sei lá, mapear o lugar. Aparentemente, Quíron designara a nós para tal missão, mas Annabeth não queria me deixar ir lá sozinha e eu também não queria a deixar ir. Um impasse e tanto, confesso.

– Por mim, não te “mandava para lá” nunca, Clarisse. – Ela ficou mais carrancuda e fechou o cenho. Me aproximei e a abracei, aspirando o perfume que ela usava. Senti o corpo de Annabeth se estremecer quando depositei um beijo em seu ombro.

– É necessário, Annie. Ambas sabemos disso. – A olhei com toda sinceridade. Se tinha alguém no Acampamento capaz de desvendar o Labirinto, esse alguém era ela. E se eu pudesse ajudar, eu iria ajudar. E, se por ventura, isso evitasse que ela se metesse em encrenca, melhor ainda.

– Eu sei. – Ela respondeu um pouco triste, escondendo o rosto em meu pescoço. Comecei a acariciar seus fios loiros. É estranho o quanto podemos fazer o mundo externo desaparecer com um simples abraço.

Quando abraçava Annabeth, não havia Acampamento, não havia deuses, não havia Cronos, não havia guerra, não havia nada. Só havia as batidas do coração dela se conectando às batidas do meu. Só havia o perfume dela me inebriando e o calor dos nossos corpos se misturando.

Já era tarde e tínhamos que ir para o jantar. Decidi não tocar no assunto do Labirinto na volta até o Pavilhão de Jantar. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, desceria lá. Quando chegamos ao Pavilhão nos separamos. A contragosto, Annabeth foi se juntar a seus irmãos, pois as constantes escapulidas dela para a mesa de Ares (porque eu não ia me enturmar com os sabichões dos irmãos dela e ela sabia disso) já estavam começando a irritar o Sr. D. Não que eu me importasse, mas, bem, ela era filha de Atena e ser “certinha” meio que estava no currículo.

A toda hora, tentava captar o olhar dela com o meu. Às vezes, ela desviava o olhar, timidamente, às vezes sorria e eu me sentia cada vez mais idiota e alegre ao vê-la daquele jeito.

Terminei rapidamente o meu jantar, porque estava meio que apostando com um irmão meu quem comia mais rápido. Não preciso nem dizer que vou ganhar um puxão de orelha de Annabeth por conta disso mais tarde. Fiquei esperando-a terminar sua refeição.

Já estava ficando impaciente quando lancei um olhar para a mesa de Atena e ela o pegou. Annabeth assentiu com a cabeça e pediu licença aos seus irmãos. Ela se retirou e eu fiz o mesmo. Encontramos-nos na entrada do Pavilhão onde a recebi com um abraço. Eu a apertei como se não houvesse mais nada no mundo e ela me correspondeu.

– Senti sua falta, briguenta. – Ela sussurrou em meu ouvido.

– Mas foram só alguns minutos, senhorita Annie Bell. – Ela revirou os olhos, se fingindo de irritada quando a chamei pelo nome que o Sr. D usa. Percebi que umas filhas de Afrodite lançavam olhares sugestivos para nós e só então me dei conta que ainda estávamos em um “local público” por assim dizer. – Acho melhor sairmos daqui.

– De acordo. – Ela disse e pude perceber que estava com o rosto vermelho.

Levei-a,novamente, para o “meu” lugar no Acampamento. Annabeth chamou a árvore em que havia desenhado na casca de Ítaca. É, o nome da ilha de Ulisses. Não me pergunte o por quê. Talvez porque toda essa corrida atrás do velocino lembrou, além da história de Jasão, é claro, a jornada de Ulisses para casa.

Eu estava recostada à árvore e Annabeth a mim. Tinha meus braços ao redor dela, enquanto ela estava com a cabeça deitada em meu ombro e estava admirando o céu. A noite estava boa: Hércules já estava se pondo, mas Perseu e Órion se mostravam fortemente.

Perseu estava segurando a cabeça horripilante da Medusa e ao seu lado estão as constelações de Pégaso e de sua amada, Andrômeda. Lembrei que Annie e Percy deram um jeito na Medusa nessa época e me senti enciumada.

– Acho que está faltando um herói no céu. – Ela disse baixinho em meu ouvido e eu levei um tempo para juntar as palavras.

– O quê? – Aproximei mais meu ouvido dos lábios dela.

– Aquiles.

– Do que exatamente você está falando, Annie? Esqueceu que eu sou filha de Ares e não acompanho seu raciocínio?

– Acho que Aquiles merecia uma constelação. – Ela me olhou séria. Meio que assenti. Era estranho Aquiles não ter uma constelação, mas não entendo dessas coisas.

– Teseu também não tem. – Arrisquei dizer, pois ela parecia concentrada na questão de Aquiles não ser representado no céu.

– Eu sei, é que... – Ela parecia estar pensando em mil coisas agora e confesso aquilo estava me assustando um pouco. – Às vezes, parece que nós estamos repetindo os feitos dos heróis da antiguidade.

– Por que você acha isso? – Perguntei-a.

– Quer dizer, Percy com a Medusa. – Ela apontou a constelação de Perseu. – E nossa viagem em busca do velocino. Jasão levou vários heróis com ele. Você meio que encontrou a gente a contragosto.

– Vocês se intrometeram, é diferente. – A corrigi e ela fechou a cara pra mim. Dei um beijo rápido em seus lábios como um pedido de desculpas.

– O cassino Lótus é claramente réplica da ilha onde Ulisses e seu homens chegaram. Fora a confusão com Polifemo, ainda passamos pelas sereias e pela ilha de Circe.

– Ei, vocês ganharam os ventos de Hermes. – Lembrei-a. Hermes tinha dado a eles um frasco com todos os ventos da Terra para auxiliar-lhes na viagem até o Mar de Monstros.

– É, mas, na mitologia, Ulisses ganhou-os do rei Éolo. – Os olhos dela tinham aquele brilho de quando ela estava animada. E eu gostava de vê-la assim. – Vê, Clarisse? Parece que a história vem se repetindo só que com algumas alterações

– Acho que entendo, Annie. – Disse meio amuada. O que ela tinha acabado de dizer me deu uma sensação estranha. – Mas ainda não entendo porque você disse algo sobre Aquiles.

Ela ficou em silêncio por um instante e voltou a me encarar. Já estava ficando preocupada quando ela soltou as palavras:

– É porque você me lembra Aquiles. – Ela me disse com certa tristeza. – Algo me diz que, no fundo, você tem alguma ligação com ele.

– Você acha que vou dar um pulo no rio Estige? – Brinquei com ela e percebi que não adiantou muito. Ela apenas voltou a se recostar em meu ombro.

– Não sei, Clarisse. Sinceramente, não sei.

Apenas depositei um beijo no alto da cabeça dela, e fechei os olhos, aproveitando a brisa noturna e o perfume de Annabeth. Tínhamos algum tempo até termos que voltar para nossos chalés. Não queria saber de Aquiles, Ulisses ou qualquer outro. O que me importava agora era a calma que ela me trazia.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem!
E,claro, deixem seus comentários!