Os lábios se separaram, ele sorriu ao me encarar, a boca rosada pelo que havíamos feito. Seus lindos olhos verdes sendo iluminados pelas luzes da rua. Como não amá-lo, desde o momento em que ouvi sua doce voz, me lembro bem e jamais quero esquecer. Ele deitou em meu peito, fazendo pequenos círculos com o dedo em meu peito. Aquele momento era tão nosso, nunca pensei que ficaríamos juntos de verdade.

– Você gostou do Ian? – a voz sonolenta de Hic adentrou meus ouvidos, pude perceber um sorriso.

– Sim, mas atrapalhou meus planos. – disse ao adentrar seus cabelos com os dedos e acariciá-los.

– Hum... Vá dormir. – sorri e beijei o topo de sua cabeça. – Boa noite.

– Bons sonhos. – disse antes de cair no sono.

Acordei com um grito ofegante, outro pesadelo. Olhei ao redor reconhecendo o lugar, suspirei e tirei o cabelo dos olhos. Hiccup saiu do banheiro com a escova de dente na boca, seus olhos pareciam preocupados. Vi que parte da cama estava coberta de gelo, de novo não.

– Outro pesadelo, Jack? – indagou o moreno com a voz embargada por causa da escova ao se aproximar. – Está tudo bem, não se preocupe.

– Sim... Emma. – descongelei a cama e abracei minhas próprias pernas, ele sorriu e voltou ao banheiro. – Sinto sua falta.

Algumas horas depois já estávamos em um taxi, iríamos a um museu. Se bem que eu não queria ir a um museu, serio, tem algo mais chato? Mas farei isso por Hiccup, ele merece, até por que eu estou aqui para deixá-lo feliz. Ele segurava minha mão enquanto sorria para a janela. Eu nunca havia viajado antes, mas sem dúvida, essa seria a melhor da minha vida.

No museu caminhávamos distraidamente, nada ali realmente chamava minha atenção, mas Hic parecia muito entusiasmado. E anotava algumas coisas em um bloquinho, sim, aquilo era uma chatice, mas se ele estava feliz não haveria problema. Eram quase uma da tarde e ainda não havíamos almoçado, na verdade, eu estava com muita fome, mas Hic não parecia sentir.

Hic observava um totem, ou era uma simples estatua? Não sei, mas era algo relacionado a páscoa. Olhei ao redor e pude ver crianças em o que parecia ser uma excursão de colégio, sorri. Havíamos acabado de terminar o colégio, Hic começaria a estudar na faculdade de Happy Valley no ano que vem. Eu estava feliz por ele, muito mesmo. Eu por outro lado nem tentei, na verdade, eu estou guardando dinheiro há muito tempo, para algo que eu venho trabalhando.

Senti uma mão na minha e encarei Hic que sorria.

– Aqui é tão chato assim? – ele indagou rindo e guardando o bloquinho na minha mochila. – Sei que te fazer aturar isso daqui foi ruim, mas vamos até um lugar melhor agora, mas antes, quer comer algo?

– Não foi tão chato assim – ele arqueou uma sobrancelha. -, tudo bem, foi muito chato, mas fazer o que? Também estou com fome, vamos?

Saímos do museu e estávamos próximos a um lago, do outro lado havia avenidas paralelas. Andamos um pouco até chegar a um restaurante movimentado, conversamos sobre o museu enquanto almoçávamos... Bem, eu ouvi Hic, por que não me lembrava nem do nome do museu. Alguém chegou por trás de Hic e tapou-lhe os olhos, era Ian, como não poderia deixar de ser.

– Oi pra você também Ian. – disse Hic voltando a comer.

– Seu sem graça! – disse o loiro ao se sentar ao meu lado e me cumprimentar. – De mal humor, é? Também ficaria se estivesse com tão poucos agasalhos assim.

– Ah, é que, não gosto de roupas muito grossas, não me sinto a vontade nelas. – comentei ao voltar a comer.

– Jack é tímido assim mesmo, mas não se preocupe Ian, é temporário. – disse Hic e apertou minha bochecha. – Que tal comprarmos uma blusa nova hein? Essa daí já devia se aposentar.

– Eu gosto dela. – falei abraçando a mim mesmo. – Emma quem me deu ela...

– Ah... Entendo... – resmungou Hic e Ian franziu o cenho, chamou a garçonete e pediu um prato pra si.

– Será que posso perguntar quem é Emma? – indagou o loiro e suspirei, era um assunto delicado e nunca muito agradável.

– Era irmã de Jack. – soltou Hic antes mesmo que eu pudesse piscar.

– Era?

– Sim, significa não é mais. – falei ao dar uma garfada na minha comida.

– Emma morreu quando Jack era menor, quando o conheci, ele ainda não havia superado isso muito bem, sabe? – contou Hic ao esticar o braço e acariciar minha mão. – Sabe Jack, eu queria ver você usando algo que eu te dei, mesmo que tenha sido de Emma, ele já não serve mais em você.

Murmurei “hum” e seguimos o resto do almoço assim, bem, Hic e Ian falavam que nem pobre na chuva. Affs, dois nerds.

Depois do almoço passeamos pela cidade, entramos em algumas lojas, encontramos uma das ex-namoradas do Ian... Nem vou comentar. Hic me comprou um casaco, porém eu não quis tirar o de Emma. Ele pareceu ficar de mau humor o restante do passeio, e nem sei por que.

Depois de mais umas voltas, Hic disse que precisava passar no banco, me deixou a sós com Ian e sumiu prédio adentro. Nós nos sentamos em um dos bancos públicos ali perto. Eu devia estar com uma cara péssima, nossa viagem não estava dando muito certo, e também, eu nem tinha mais certeza sobre pedi-lo em casamento.

– Sei que não é da minha conta. – começou o loiro chamando minha atenção. – Mas, devia ouvir Ethan... Quer dizer Hic.

– Eu o ouço. – repliquei, do que diabos ela estava falando.

– Não conheci Emma, não foco idéia do quanto ela significava pra você. – ele disse e o olhei nos olhos. – Sim, ela nunca poderá ser substituída. Mas ela se foi.

– O que você quer dizer com isso? – é, a minha paciência para com ele já não era uma das melhores.

– Quero dizer que, Hic te ama demais, nunca o vi tão próximo de alguém como ele é com você. – ele falou e meu semblante suavizou. – Não me interprete mal, só quero dizer que agora, Hic precisa mais de você que Emma.

– Acho... Que você tem razão. – disse ao umedecer os lábios. – Eu vou me desculpar...

– Não precisa se desculpar bobinho! – disse ele ao bagunçar meus cabelos, me senti um pirralho. – Cara nossa, eu tenho que ir, fale para Hic que eu amei sair com vocês de novo, até mais!

Ele saiu correndo e o perdi de vista, suspirei e vi Hic se aproximar.

Caminhávamos de volta para o Hotel, o jantar havia sido divertido, mas Hic ainda estava de mau humor, e eu podia sentir. Estávamos de mãos dadas, era tarde e o lugar estava deserto. Eu podia apenas ouvir alguns carros e nossos passos. Coloquei a mão no bolso e senti a pequena caixinha, é, eu não podia mais adiar aquilo.

– Hic, poderia se virar de costas um instante? – indaguei parando de repente. Ele suspirou, mas se virou, sem questionar.

Olhei ao redor e vi que estávamos realmente sozinhos. Retirei as luvas, que apenas usava para não parecer tão estranho, afinal, estava nevando um pouco. Me concentrei e fiz uma escultura de gelo de um dragão com as patas em concha. Retirei a pequena caixa do bolso e a abri colocando ali, o anel de diamante brilhava, tinha o formato que um dente canino. Sorri e fui até Hic que já parecia impaciente. Tapei-lhe os olhos com as mãos e o direcionei até a estatua.

– Pronto, pode olhar. – ele abriu os olhos e se deparou com a escultura, me ajoelhei rapidamente e seus olhos se focaram em mim. – Ethan, você quer se casar comigo?

Lágrimas descontroladas escapuliram de seus olhos e ele tapou a boca com a mão.

– S-sim... Eu quero sim, Jack! – disse ao me abraçar.

.................

Chegamos ao hotel meia hora depois, pois ficamos um pouco ocupados no parque, se é que você me entende. Eu não estava realmente com sono, se bem que andamos muito durante o dia, mas eu ainda queria tomar um banho. Me sentei na beirada da cama e alonguei o pescoço, e levei um susto ao sentir os lábios de Hic contra os meus. Aquilo foi uma surpresa...

Pouco tempo depois mal conseguíamos nos separar. Os agasalhos estavam espalhados pelo chão, assim como as sacolas de comprar e outras coisas, só nos restavam no corpo às calças. Nunca havia visto Hic assim antes, era estranhamente bom! Interrompi o beijo e passei a morder o pescoço alheio. Os suspiros de Hic ecoavam em minha cabeça. Lhe beijei novamente.

– Hic... – disse ao olhar para seus olhos. – Você...?

– Vamos fazer Jack, aqui e agora. – disse e rebolou no meu colo, me fazendo ofegar, afinal eu já estava excitado aquela altura. – Eu quero você...

Retirei as roupas que nos restavam e deitei Hic na cama, eu não sabia se era ou ao proibido fazer esse tipo de coisa naquele hotel, porém, quem diabos iria nos interromper?