Ainda era noite e caminhávamos descontraidamente pelo famoso central park, grande ele era, mas nada tão luxuoso assim. Passamos perto de um lago, ele deveria ser o único ali que o gelo estava fino. Eu esperava que tivesse algum animal ali, mas não iria realmente encontrar algum, era inverno.

Estávamos de mãos dadas, há algum tempo, mesmo que a dele estivesse coberta por uma luva. O olhei de relance, o cachecol lhe cobria os lábios, porém eu ainda conseguia ver suas bochechas que ruborizavam por conta do frio. Os grandes olhos verdes, que examinavam a tudo com atenção, eu me perguntava se ele reconhecia o lugar, mesmo não estando ali a muito tempo. Seus olhos eram muito parecidos com os de sua mãe, tão lindos. Vi uma mulher se aproximar, os cabelos não eram visíveis peã touca, e seu rosto também estava parcialmente cobertos por um cachecol. Tinha uma garotinha com ela.

– Ei, olhe mãe! – ouvi a menina chamar atenção da mãe quando se aproximava de nós. – Ele tem cabelos brancos! Olhe!

– Sim, bonitos, não são querida? – disse a mulher nervosa.

– Os meus também podem ser assim? – indagou a pequena ao se distanciar.

Hiccup riu ao seu lado.

– O que foi? - Indagou a ele.

– A garotinha, quer ter cabelos brancos. – ele riu outra vez. – Me faz lembrar Jamie. – seu olhar era vago, mas ele sorria. – Acho que quando você ficar velho eu nem vou precisar encontrar fios brancos.

Certo que aquela piada foi tão ruim que chegou a ser engraçada, o empurrei levemente com o ombro e ele riu. Continuamos a caminhada noturna, NY era realmente uma cidade bonita. Fomo para um local mais afastado, onde não havia mais luzes de natal em algumas arvores. Hic se sentou em um banco, e tirou o telefone do bolso começando a teclar. Sentei-me ao seu lado, inclinando um pouco a cabeça, para ver o que tanto ele digitava, mas não pude ver por que ele o guardou novamente. Suspirou fazendo fumaça sair por sua boca, enquanto olhava ao redor impaciente, não entendi aquilo.

Olhei para o céu noturno, não havia uma sequer estrela ali, presumi que fosse por conta das luzes da cidade. Eu acho que não iria gostar de morar aqui, cidade grande, sem falar que, é bem perigoso para mim. Olhei para Hic que tinha os olhos fechados e um sorriso quase invisível nos lábios. Já sabia que ele gostava do ar gelado, e que costumava fazer aquilo. Sorri, ele nunca iria mesmo mudar, mas eu até que o preferia assim.

Vi um homem vindo pela trilha de pedra, teclava no celular, mas realmente não me importei com ele. Repousei a cabeça no ombro de Hic, ele entrelaçou nossos dedos, mesmo com dificuldades, pois usava luvas. De repente o homem parou a nossa frente.

– Finalmente encontrei vocês, estou rodando há horas. – exclamou ele ao guardar seu telefone, por um momento achei aquilo estranho, quem era ele afinal? Mas isso mudou assim que Hic lhe abraçou. – Também senti sua falta.

Levantei-me não entendo o que se passava, e quem era aquele cara? E por que diabos ele estava abraçando meu namorado? E por que ele parecia tão feliz com aquilo? Os dois se separaram, nunca vi Hiccup sorrir tanto. O cara tirou seu capuz revelando os cabelos castanhos quase negros, os olhos dourados, ele sorria. Eu ainda não fazia idéia de quem era.

– Ah, perdão. – Hic se aproximou de mim. – Este é Ian, Jack. Ian este é Jack.

– Muito prazer. – ele sorriu ao estender a mão, o cumprimentei. Ele era alto. – Nossa, eu simplesmente amei seu cabelo.

– O prazer é meu, obrigado. – eu disse sentindo meu rosto meu rosto esquentar.

– Como fez com que ele ficasse assim? – ele indagou sorrindo. – Tingiu?

– Não, eu meio que, nasci assim. – eu disse.

– Não brinca, serio? – ele parecia animado, pude ver Hic rir ao meu lado. – Nunca vi alguém com os cabelos assim que não fossem tingidos. Olha, eu fiz as reservas para as dez horas, vamos nos atrasar.

– O que? – indaguei ao ver os dos já começando a caminhar.

– Eu disse que... – começou o tal Ian, mas foi interrompido.

– Era uma surpresa para você Jack, por isso não lhe contei que íamos encontrar iam, vamos jantar com ele. – Hic disse sorrindo, então voltou a conversar com Ian.

É claro que eu não gostei nada de ser ignorado. Ciúmes? Mas é claro que não, eles são só amigos, não é mesmo? Suspirei e os segui. Pareciam realmente bons amigos, mesmo que Ian parecesse muito mais velho. Eu tinha uma vaga lembrança sobre ele. Era amigo do pai de Hic? Algo assim.

Bem, o que posso dizer? Estou cozinhando aqui.

Neste momento estamos em um restaurante, e nossa, pensei que fosse estar tão frio aqui quanto lá fora. Está tão abafado que mal consigo respirar. Como vocês já devem saber, eu odeio o calor. Abaixei a temperatura do meu próprio corpo, não iria suportar mais nem um segundo. Hic e Ian conversavam animadamente. Sobre eles. Ele não era amigo do pai de Hic, e sim assistente, parece que ele passava muito tempo com Hic. Depois de muito tempo eles decidiram me colocar na conversa.

– Quantos anos você tem Jack? – indagou o mais velho, parei de brincar com a comida e o olhei.

– Ah, tenho 19. – eu respondi.

– Como conheceu Ethan? – ele indagou.

– No colégio, ele se sentava ao meu lado, eu meio que me aproximei dele. – respondi sorrindo ao me lembrar de como ele ficava com raiva quando eu me aproximava. – Ele não gostava muito de mim na época. – Hic corou.

– Ele é bem tímido, deve ser por causa disso. – Ian riu. – Eu sempre o encontrava no parque, lendo, ele é viciado nisso.

Conversamos o restante da noite. Bem, até umas horas depois. Levamos Ian até o metro, que parecia ser o melhor meio de transporte por ali. Iríamos sair com ele amanha outra vez, senti um pouco de ciúmes por que eles eram próximos. Caminhávamos por uma avenida movimentada. Tínhamos os dedos entrelaçados. Algumas pessoas nos olhavam de relance, mas não nos importávamos. Ouvia Hic suspirar a cada segundo. Ele comprou um cachorro-quente para ele, me contentei com um sorvete, se bem que o vendedor ficou confuso por eu querer um sorvete no inverno. Mesmo assim não disse nada.

Voltamos ao hotel, ele foi tomar um banho. Ele deixou a porta aberta, não demorei a entrar no banheiro. Era grande e possuía uma enorme banheira, Hiccup estava lá, com os olhos fechados. Estava quente, mas não me importe, me agachei ao lado da banheira e lhe beijei os lábios. Seus olhos se abriram, as esmeraldas surgiram, assim como um sorriso doce. Lhe beijei outra vez.

– Não vai tomar banho? – ele indagou. – Comigo?

– Quer morrer congelado? – indaguei. – Prefiro assistir.

– Tarado! – ele disse ao empurrar meu peito de leve.

– Se continuar me seduzindo tanto eu serei ainda mais tarado. – disse e me sentei no chão com as costas na parede.

Fiquei em silêncio, apenas ouvindo o som da água.

– Hey, Jack. – o moreno me chamou, fiz “hm” – Você... Você gostou do Ian?

– Sim, ele é bem legal.

Senti sua mão molhado na minha, que estava na borda da banheira.

– Eu te amo tanto. – ele disse, sorri e lhe beijei.

– Eu também te amo Hic. – pensei em ir até minha mala e pegar a aliança que comprei, mas pedir alguém em casamento no banheiro não é muito romântico. – Amanha vai ser um dia maravilhoso.

Estávamos deitados na cama, Hic mexia em seu notebook, mas isso não durou muito. Ele o colocou no criado mudo, que ficava ao lado da cama. Ele me olhou, usava uma regata marrom, eu uma azul. Vi um sorriso nascer em seus lábios, ele sentou em meu quadril e me beijou vorazmente. Nem mesmo eu o estava reconhecendo.

Seria uma das melhores noites.