Percy Jackson e as alianças de prata. escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu simplesmente amei esse capítulo. PELO AMOR DE DEUSSSSSSS
Ele tá superlindo, modéstia parte.
Do jeito que eu queria.
Grande beijo e aproveitem.



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Agora que estava feito eu não podia mais descer. Além de causar muitos risos poderia decepcionar Annabeth- E era definitivamente o que eu menos queria fazer.

Relaxei os ombros e respirei fundo, preguei os olhos somente na moça de olhos cinzentos a poucos metros de mim e esperei minha entrada. Quando a musica começou eu já não estava mais ali, era como se eu de repente tivesse desaparecido da terra, não sentindo nada abaixo dos meus pés. Um calafrio percorreu minha espinha, de canto de olho pude ver algumas pessoas cochichando e alguns dos que deveriam estar trabalhando- garçons e garçonetes- estavam parados na soleira da grande porta que dividia os salões, esperando que eu cantasse.

Agora eu não tinha tanta certeza se minha mãe realmente achava minha voz bonita. Levando-se em conta de que todo rabisco que eu fazia, para ela, era melhor do que Picasso.

A introdução estava quase acabando e logo teria que soltar a voz, e eu estava quase desistindo e cogitando um possível desmaio, só pra sair dali.

Concentrei meus pensamentos em Annabeth e tentei não pensar em mais nada. Ela estava ali, usando o anel que merecia ter ganho a muito tempo- dois anos para ser mais exato- sorrindo e mordendo o canto do lábio inferior, esperando pra ver o que seu namorado podia fazer.

Limpei a garganta e comecei. A primeira nota saiu com confiança que nem eu mesmo sabia que tinha. Se eu continuasse assim talvez conseguiria disfarçar meu nervosismo.

Nota mental: Nunca suba num palco ao vivo sem pensar duas vezes.

A musica era She Will be loved, a musica mais romântica que consegui lembrar. Por sorte sabia a letra de cor. Mesmo gostando de Rapp as outras musicas surgem na sua cabeça e você não consegue se desvencilhar delas.

Agora cantava com menos nervosismo. Arrisquei olhar para o restante do publico, que mantinha o total silencio dentro do restaurante, olhando para o cara em cima do palco. Eles me encaravam com interesse, algumas mulheres piscaram quando passei o olhar por elas, mas não dei atenção. Continuei a cantar, mesmo que as pontas dos meus dedos fossem cubos de gelos.

No refrão eu não estava em mim novamente, acho que viajei o espaço todo naquela noite. Em poucos instantes senti minha voz mais forte, descendo e subindo escalas,acompanhando as batidas da bateria nas minhas costas.

Era vez do solo das guitarras, que cintilavam e tamborilavam suas cordas fazendo acordes seguidos de outros, o som se espalhava das caixas de som para o ar, se espalhando por todos os lados.

Voltei a cantar no momento exato, como se tivesse ensaiado por dias. Minha atenção era tanta que não senti as gotas de suor descendo pelas laterais do meu rosto até caírem para meu pescoço.

A atenção em mim era dobrada, agora quase todos os garçons estavam parados diante da porta olhando para cima do palco.

Alguns dos clientes cantavam junto, baixinho em seus lugares, outros sequer piscavam.

Olhei para Annabeth que assim como os demais estava com os olhos pregados em mim. Quando encontrou meu olhar ela limpou os beiços, fingindo estar babando. Sorri ainda cantando, dando uma piscada para ela, que retribuiu com um beijo no ar.

Pensei em tudo que acontecera durante o dia, nas coisas que me aconteceram e no agora, que surpreendentemente estava tudo dando certo. Mal parecia que meu dia tinha sido um caos comparado a essa noite. Nem as nuvens quiseram cobrir a lua, deixaram ela brilhar e atravessar as janelas. A fiação da praça fora milagrosamente arrumada e agora estava onde deveria estar: No alto dos postes junto com os outros fios. Se aquilo não fosse uma recompensa dos deuses então meu nome não era Percy Jackson.

A musica estava quase no fim, mais duas vezes repeti algumas frases do refrão antes de finalizar. Mesmo minha voz sendo mais grossa do que a do vocalista da banda da qual a musica pertencia, elas meio que se casaram, combinaram perfeitamente, ficara tão audível que pra mim, não ter ninguém cobrindo a boca e rindo, era um acontecimento para ser contado por anos.

A musica terminou com um ultimo acorde de guitarra, então as caixas de som pararam e abaixei o microfone. Não estava mais tremendo por dentro ou com as pontas dos dedos congelados, quando acabei me soltando fora como se tivesse sido assaltando e o bandido tivesse levado minha vergonha, cantei como se estivesse no chuveiro de casa, sem ninguém para dar opinião ou criticar.

O som das palmas invadiram meus ouvidos, mas tudo o que eu queria era sair dali e dar uma volta, e nunca mais fazer tal loucura. Sorri em gratidão e peguei a mão de Annabeth, ela a apertou e a soltou.

Por um momento achei que ela não estava tão feliz com a loucura que eu tinha feito, mas ela me abraçou e disse em meu ouvido “Minha vez”. Então me empurrou calmamente para a cadeira onde ela assistiu a minha apresentação e andou em direção ao palco.

Pisquei várias vezes antes de acreditar no que eu estava vendo.

Uns caras sentados numa mesa próxima ao palco bateram palmas e assoviaram mesmo com Annabeth ainda subindo... De costas.

Respirei fundo, me acalmando para não estragar a noite. Olhei para eles e rosnei. Eles pararam, entendendo o recado.

Será que eles não estão vendo a aliança?

Annabeth pegou o microfone e se virou, dizendo alguma coisa para a banda.

Eles concordaram e começaram.

Foi surpreendente logo no começo. Eu já ouvira aquela musica antes na rádio, era de um cantor teen canadense, ela começava com uma pegada de jazz suave e sexy, lenta e sedutora, mas misturada com uma voz delicada e feminina era de fazer qualquer um levantar da cadeira.

A voz de Annabeth fluía pelo espaço de vagar, embalando a todos com sua voz doce e aconchegante. Mas havia alguma coisa na musica que me fez suar ainda mais. Eu sabia que ela estava cantando para mim, mas praticamente todas as mesas do restaurante, principalmente as que tinham homens, a olhavam de uma forma diferente. Sua voz ainda era a de Annabeth, a Annabeth que eu conhecia, mas estava diferente em alguns aspectos, mais... Sexy. Provocante e convidativa, daquelas que ninguém conseguia tirar os olhos, que os fariam pensar besteiras.

Quis subir naquele palco e implorar que cantasse outra coisa, menos aquela musica que estava me fazendo suar como um louco.

Será que ela não percebia os olhares?

Voltei minha atenção para o palco, na maneira suave com que ela acompanha a musica, de olhos fechados, seus lábios pintados com batom vermelho escuro, que combinavam perfeitamente com sua pele clara, estavam a centímetros do microfone. Seus cabelos cobriam os ombros, postos todos os fios para frente, deixando-a ainda mais bonita.

Ela dançava com a musica lenta, de um lado para o outro, mexendo apenas sua cintura fina e os quadris. Linda como uma modelo.

Então ela abriu os olhos, encontrando os meus. Ela sustentou meu olhar por um bom tempo, até que guiou suas mãos arrastando-as da cintura até as laterais do quadril. Uma de suas mãos massageou sua nuca, bem na hora em que arqueava uma das sobrancelhas e entoando uma nota com a boca semiaberta. Suas mãos contornaram seu corpo e voltaram delicadamente para o microfone, onde ela fechou os olhos e abaixou o tom da foz, e em poucos segundos abrindo-os novamente, terminando a musica.

Nunca tinha a visto desse jeito, ou melhor, se insinuando, mas de uma maneira imperceptível, quase inconsciente. Eu sabia desde que ela entrara no carro que aquele vestido ia me causar problemas, tanto com os outros caras como comigo mesmo.

Ela desceu do palco com leveza. Assim como fizeram comigo, as palmas tomaram conta, mas dessa vez todos de pé, batendo as mãos com vontade- principalmente os homens.

Annabeth ria e acenava. Quando se juntou a mim eu não sabia se a beijava ou fazia cara feia. Provavelmente eu estaria babando quando ela se sentasse.

Ela sorriu com carinho e se sentou ao meu lado.

–Espero não der te assustado- disse ela

–Dãa...

Annabeth gargalhou.

–Você me surpreendeu- confessou ela- Me fez suar frio.

Eu a fiz suar frio? Eu estava quase tendo uma parada cardiorrespiratória com ela naquele palco!

–Todas as garotas daqui parecem ter gostado- ela franziu o nariz

Aquilo me surpreendeu ainda mais. Como sempre você nunca sabe como está se saindo até que outra pessoa conte, mas eu devia ter sido uma mistura de Justin Timberlake, Jesse McCartney, Chis Brown e Usher naquele palco sem ter percebido.

– Eu o quê?- Lembrei das garotas que piscavam para mim e mandavam beijos enquanto cantava. Mas dei de ombros, tudo aquilo era insignificante quando se tem uma namorada tão linda e talentosa.

– Você é bonito demais para ficar exposto- Ela se levantou e estendeu a mão- No nosso próximo aniversário vou te comprar uma coleira.

Nós rimos. A ideia soara tão estúpida e divertida que me imaginar usando uma coleria de cachorro era até engraçado.

–Tudo bem senhorita Spears, da próxima vez que quiser me matar do coração chame uma ambulância- Peguei sua mão e juntos deixamos o restaurante.

Ela parecia um pouco envergonhada com meu comentário, mas preferiu dar de ombros.

Mulheres são difíceis de se entender, primeiro elas te viram a cabeça, depois fingem que nada aconteceu.

–O que vamos fazer agora?- perguntou ela, mudando de assunto- Ou já quer me deixar em casa?

Olhei para a praça do outro lado da rua. Enquanto estive perseguindo Zóiudo pela cidade não tive chance de aproveitar aquele lugar como deveria- ela agora estava iluminada pelas lamparinas de natal e os enfeites- mas agora era uma excelente oportunidade para conhecê-la melhor.

–Que tal se fizermos um passeio?

Ela seguiu os meus olhos e agarrou meu braço.

–E o que estamos esperando?- Ela me puxou delicadamente para o outro lado da rua, onde caminhamos tranquilamente, só nós dois, conversando e rindo um do outro, até que paramos sob a mesma arvore que os macacos estiveram empoleirados mais cedo.

Nos sentamos, Annabeth tirou seus sapatos de salto e encarou seus pés, pensativa. Ela franzia a testa e fazia um pequeno bico quando estava pensando.

–O que foi?- perguntei, me encostando na arvore e tirando a jaqueta.

Ela se virou para me encarar- Eu estava pensando... Você gastou todas as suas cartas antes do nosso aniversário. Vai ter que me surpreender no próximo dia dezoito.

Deixei suas palavras pairarem sobre nós por alguns instantes, enquanto sustentávamos nossos olhares e o silêncio. Comecei a rir, sorri sarcasticamente enquanto ela franzia o cenho e batia nas têmporas.

–Estou falando sério!- Ela bateu em meu ombro- Vai ter que me levar no mínimo para Lisboa para me surpreender de novo.

Continuei a rir. Em nosso primeiro aniversário de um mês eu a levara para jantar em Paris, agora ela queria conhecer Lisboa.

Annabeth estava ficando nervosa. Ela me fulminou com os olhos antes de se entregar, ela cruzou os braços e se encostou na arvore assim como eu.

–Não vou te levar pra Lisboa- disse antes que levasse um chute- Vou te levar para a Europa toda.

Ela não respondeu, mas sua feição estava menos fechada, talvez até segurando o sorriso.

–Se você insiste...- ela relaxou os ombros por fim.

Annabeth escorregou mais para baixo, deixando sua cabeça sobre a grama mas encostada ao meu corpo. Ela olhava para cima, para o grande numero de estrelas. Ela sorriu de lado e respirou fundo, seus olhos piscando leves e delicados. Ela poderia se passar por alguma princesa Inglesa perdida, e eu acreditaria.

–Porquê não se deita comigo?- Ela perguntou sem tirar os olhos do céu

Obedeci instantaneamente. Escorreguei para seu lado na grama, ombro com ombro, e olhei para o céu. Ele estava claro demais para um começo de inverno, onde as nuvens começam a se aglomerar antes de cair em nevasca. Não haviam nuvens lá; só as constelações e a lua.

Annabeth apontou para um amontoado de estrelas- está vendo aquelas?- Ela pegou minha mão e apontou para elas, com meu dedo indicador apontando para cada uma, ela desenhou, juntando-as, formando constelações do zodíaco- Aquela é Orion.

Eu me lembrava das aulas no acampamento. Orion era pontos ligados formando um homem ajoelhado com um leão numa mão e na outra algum objeto que ele usou para matá-lo.

–E aquela...- Ela levou minha mão para os pontos brilhantes sobre sua cabeça- A que eu mais gosto.Capricórnio.

Ela desenhou um homem metade cavalo, metade homem com meu dedo indicador.

–De que constelação você mais gosta?- ela virou um pouco o rosto para que pudesse me ver.

Ela estava tão perto, seu calor se fundindo com o meu, bem ali, onde todos podiam nos ver.

–Pégaso- Consegui dizer

Ela sorriu com humor, procurou no céu um aglomerado de pontos brilhantes e desenhou um cavalo com assas com meus dedos.

–Achei que fosse Hércules- brincou ela

Bufei. Eu odiava esse cara.

Ela fez mais um desenho, devagar, segurando meus dedos com os seus.

–O que é esse?

–Escorpião. Mitologicamente dizendo, Hades.

Ela abaixou minha mão mantendo seus dedos entrelaçados com os meus. Mas seus olhos ainda procuravam pelas figuras nas estrelas.

Estávamos deitados sobre o gramado de uma praça sob o céu noturno, supernormal para um semideus que perseguiu macacos o dia todo.

Estiquei o braço para seu lado, sua cabeça rapidamente a tomou como apoio. Sua respiração era tão tranquila que só com extremo silêncio seria capaz de ouvi-la. Notei que eu estava da mesma forma. Meus pulmões puxavam o ar e o devolviam para atmosfera como se sugasse plumas, meu coração palpitava devagar, quase mudo. Eu estava tão bem que me sentia no céu, morrido e finalmente ido para o Elíseos.

–Já pensou em quantas estrelas existem no universo?- Perguntou Annabeth

Eu nunca pensei sobre isso, na verdade nunca me passara por minha cabeça. Mas sua pergunta me levou a pensar a respeito. Existem bilhões de estelas no universo todo, algumas maiores, outras menores, mais brilhantes ou nem tanto. Mas cada uma, de certa forma, transmitem seu brilho para um único planeta. O único com a atmosfera capaz de refletir seu brilho. E isso as torna tão especiais. Se houvessem menos estrelas, o céu seria um imenso vazio, sem vida, apenas com a lua. A atenção seria toda dela.

–Mesmo tão distantes, seu brilho chega como se estivessem aqui, ao alcance das mãos.

Annabeth se mexeu, inquieta. Ela virou seu belo rosto em minha direção.

Estávamos ainda mais próximos dessa vez. Seu calor irradiava em meus braços ao seu redor, seus olhos cautelosos e seus lábios, tão perto que eu poderia toca-los quando quisesse.

–Na verdade...- começou ela- algumas das estrelas que vemos não são mais estrelas.

–O que?- Fiquei surpreso. Ou melhor, desapontado.

–O que vemos são os reflexos de algumas estrelas mortas que viajaram anos luz até chegarem na terra. Algumas das que estamos vendo agora apagaram e se desfizeram em pó a milhares de anos.


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Notas finais do capítulo

DEPOIS DESSA ACHO QUE MEREÇO RECOMENDAÇÕES.
Ah! All That Matters do Jus10 é sexy dmais. Só eu que acho?