Money Make Her Smile escrita por Clarawr


Capítulo 55
Love don't cost a thing


Notas iniciais do capítulo

Nossa gente pra ser bem sincera eu tô meio anêmica.................
Eu não sei o que falar porque fiz um textão de agradecimento que vou postar logo depois de soltar esse bônus aqui e acho que ele dá conta de tudo que eu preciso que vocês saibam.
Eu acabei de terminar esse bônus e ainda tô meio abalada, então vamos logo pro que interessa: Música do título: Love don't cost a thing, da Jennifer Lopez
No capítulo, especialmente dessa vez teremos duas músicas. A primeira é If I ain't got you, da Alicia Keys, e que estava planejada para ser a música do último capítulo desde que eu tive a ideia para essa fic. Por mais estranho que pareça, a fic foi pensada a partir dessa música, e não de Money Make Her Smile, do Bruno Mars. Eu só coloquei MMHS como título porque achei que casava melhor e vi a oportunidade de homenagear meu ídolo (kkkkkkkkkkkkkkk)
A segunda música foi uma surpresa até para mim e eu pensei muito se devia acrescentá-la ou não, mas ela veio pra mim de um jeito tão aleatório que eu só pude interpretar como um sinal que eu devia mesmo colocá-la aqui. O meu aleatório me jogou Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim, da Ivete Sangalo cara a dentro, e eu notei o quanto essa música sintetiza exatamente todo o desenvolvimento de Fannie, especialmente da Annie em relação ao Finnick. Não pude deixar de botar; eu ia me sentir muito incompleta se não colocasse.
Enfim, espero mais do que nunca que vocês gostem.
Com vocês, parte 3/3 dos Bônus De Money Make Her SmileTM



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“Some people live for the fortune
Some people live just for the fame
Some people live for the power
Some people live just to play the game

Some people think that the physical things define what's within
And I have been there before, and that life's a bore
So full of the superficial

Some people want it all
But I don't want nothing at all
If it ain't you, baby
If I ain't got you, baby
Some people want diamond rings
Some just want everything
But everything means nothing
If I ain't got you”

 

 Assim que eles chegaram ao destino cuidadosamente planejado por Finnick, ele desamarrou com cuidado a venda que cobria os olhos de Annie. Foi exatamente como na festa surpresa de seu aniversário de 22 anos; ele colocou a venda assim que os dois entraram no carro e não a retirou até que estivessem dentro do magnífico quarto de hotel cinco estrelas com diária paga até a tarde do dia seguinte.   

Ele a guiou pela rua, pela recepção do hotel e pelo corredor sem se incomodar com os olhares de estranhamento que recebeu dos hóspedes enquanto levava a namorada vendada e com vestido de gala pela mão até o oitavo andar. Quando o tecido finalmente descobriu seus olhos, Annie já estava prestes a cometer um desatino e arrancar o pano com as próprias mãos, e só não o fizera por conta das repetidas afirmações de Finnick que faltava pouco tempo para a surpresa ser revelada. E embora estivesse muito curiosa, não queria estragar o presente tão bem planejado pelo namorado.

Annie abriu a boca e a cobriu com as mãos enquanto seus olhos giravam para apreender cada detalhe do belo cômodo. As paredes em um tom de bege claro, as longas e elegantes cortinas laranja escuro refletindo a iluminação amarela suave, e, obviamente, a enorme cama king size forrada em imaculados lençóis brancos e colchas marfim. Em cima da pequena mesa próxima à janela, um vaso cheio de rosas vermelhas contrastava com a atmosfera serena das cores discretas típicas de hotel que coloriam o quarto.

— É para você – Ele apontou para o vaso e Annie se aproximou da mesa, reparando que havia um pequeno envelope repousando em cima da mesa com seu nome do lado de fora. Ela o resgatou, desfazendo a dobradura e retirando o papel guardado lá dentro. Reconheceu a caligrafia prática de Finnick cobrindo o papel antes mesmo de começar a ler a mensagem gravada ali.

“Para comemorar o nosso recomeço. Espero que tenha gostado. Agora, guarda esse papel e vira de frente para mim porque guardei algumas coisas para te falar pessoalmente também.

Te amo,

Finnick”

Annie riu da precisão com a qual Finnick previu que ela estaria de costas para ele enquanto lesse a mensagem e atendeu ao pedido, colocando o papel novamente dentro do envelope e virando-se para ele, erguendo o olhar emocionado para o loiro que assistia tudo com um sorriso de expectativa no lindo rosto.

Annie sacudiu a cabeça, a boca ainda meio aberta, o sorriso incrédulo ainda esticando os lábios.

— Então era para cá que você queria me trazer depois da festa? – Ela perguntou. Finnick assentiu, sorrindo largamente. - Como? – Ela perguntou, sem saber como continuar. Mas Finnick entendeu.

— Por pior que fosse, eu fiz um dinheiro como modelo. – Ele explicou, aproximando-se dela e tomando sua mão. – Então eu me perguntei: qual a melhor maneira de gastar esse dinheiro maldito que eu preferia nunca ter ganhado? – Ele deu de ombros e apontou para o quarto, respondendo a própria pergunta. – Comemorando justamente com quem a Coin queria tirar de mim.

— Comemorando nossa liberdade. – Annie apontou, os olhos brilhando de felicidade e empolgação. – É uma bela ironia. – Ela sorriu, aprovando.

— Mas acho que não pensei muito nisso na hora que fiz essa reserva. – Ele disse, seu olhar se perdendo um pouco. – Eu só queria estar com você e imaginei que essa fosse uma boa forma de fazer isso. Independente de onde viesse o dinheiro, acho que assim que eu tivesse um saldo positivo de mais de quinze reais na conta do banco traria você para um lugar assim. Era meio que um sonho que eu não sabia que tinha até poder realizar. – Ele explicou, estreitando os olhos nos cantos com a confusão da própria afirmativa. – Te oferecer algo a sua altura.

Annie sorriu, mas seu olhar se entristeceu um pouco enquanto ela percebia que Finnick ainda a ligava com tanta força à imagem do luxo e do dinheiro. Será que ele ainda tinha medo dela o abandonar novamente em troca da pompa de uma vida milionária? Então ela se perguntou, pela milésima vez, qual a extensão das sequelas que tê-lo abandonado daquela primeira vez deixou. Ela sabia que ele a perdoara e que a amava, mas isso não significava que ele não tivesse aquilo cutucando-o no fundo da mente como uma ameaça. Não era rancor nem nada parecido, porque Finnick era bom demais para alimentar esse tipo de sentimento, mas era uma marca que estava lá e podia, de vez em quando, fazê-lo se questionar se Annie ainda podia deixa-lo ou não. E era justamente isso que ela queria cortar pela raiz de uma vez por todas.

— Essa noite vai ser especial independente de onde estivermos. – Ela assegurou. – Eu não quero que você fique pensando que precisa me dar presentes caros para me manter por perto.

— Mas eu não acho isso. – Ele franziu o cenho e Annie suspirou.

— Isso – Ela apontou para o entorno do quarto. – é lindo e eu estou muito feliz, mas...

— Mas? – Ele a estimulou.

— Eu tenho medo de você achar que precisa compensar alguma coisa por não ter dinheiro. – Annie desabafou. – Por causa... – Ela hesitou. – Por causa daquela vez que eu terminei com você. Eu não sei se você tem medo de eu ser capaz de fazer aquilo de novo e isso me angustia o tempo todo.

Ele tocou seu rosto, agora triste com a lembrança.

— Eu já te perdoei por aquilo. Quando é que você vai se perdoar? – Finnick perguntou, olhando intensamente nos olhos esfumados de Annie.

— Acho que nunca. – Ela admitiu. Talvez fosse carregar aquilo para sempre.

— Mas precisa, porque se não vai passar a vida achando que me deve alguma coisa, e isso não é verdade. Eu também cometi erros. Eu fui egoísta quando não te contei a situação com a Coin, eu não queria te envolver, mas você tinha o direito de saber. Eu te fiz sofrer por medo do que poderia acontecer, eu aceitei a chantagem calado, eu fui covarde.

Annie sacudiu a cabeça com veemência.

— Você fez isso para proteger a mim e a minha família. Eu fiz por egoísmo.

— Para. – Finnick pediu. – Para, pode ir parando. Não vamos entrar em competição para ver quem errou mais. Eu te amo, sempre te amei e a cada momento você me dá mais motivos para te amar. Se não fosse por você, agora nós estaríamos separados e eu continuaria sendo escravo da Coin. Você foi tão corajosa... – Ela a olhou, os olhos transbordando adoração e orgulho. – Fez tantos sacrifícios, arriscou tanto por mim, por nós... Não se prenda a uma bobagem que aconteceu há uma vida inteira.

Ela sorriu, porque sabia que ele tinha razão. Tinha experimentado entrar em contato com toda a sua força interna há poucas horas, enquanto admirava sozinha o desfile que batalhara tanto para ajudar a por de pé, e sabia exatamente do que Finnick estava falando.

— Não existiu nenhum momento em que desistir de nós foi uma opção para você. – Ele a lembrou. – Eu que tive que te pedir para colocar o pé no freio, lembra? – Ele perguntou e ela assentiu, sorrindo, lembrando-se da relutância de Finnick para aceitar fazer parte do plano. – Você foi forte por nós dois, Annie. Se estamos aqui agora, isso é tudo graças a você.

— Eu não tinha outra opção. – Ela respondeu.

— Não. – Finnick concordou. – Porque você transformou todo o seu amor em coragem para lutar por nós. – Ele resumiu, sorrindo. – Você me deu a maior prova de amor que podia. Depois de tudo isso, como eu ainda posso sequer pensar que você vai me largar por dinheiro, Annie Cresta? – Ele perguntou.

Ela o abraçou com força, algumas lágrimas escapando enquanto passava os braços por seus ombros e aninhava a cabeça em seu ombro.

— Eu te amo. – Ela disse, depois de enxugar as discretas gotas do rosto e erguer a cabeça para olhá-lo novamente. Ele era tão lindo, meu Deus, como era possível? Os olhos verdíssimos e brilhantes espelhavam mais do que nunca toda a beleza de sua bondade e serenidade características – Eu estou feliz de um jeito que eu nunca estive em toda a minha vida e é por sua causa. Não só porque você está comigo, mas porque te conhecer fez eu me encontrar dentro de mim mesma. Desde que eu te conheci eu passei por coisas que me fizeram crescer tanto... – Annie sorriu serenamente. – Eu tive que lidar com tanta coisa, eu mudei tanto, e por causa de cada um dos perrengues e dos momentos bons eu agora sei exatamente quem eu sou e o que eu quero para mim. Te ter na minha vida me mostrou uma felicidade que eu nem sabia que existia, Finnick. Eu nunca vou ser capaz de te agradecer por isso.

E era isso que Annie mais agradecia aos céus sempre que refletia um pouco sobre a sorte de ter Finnick a seu lado; ela o amava era recíproco, e isso podia ser suficiente (e já era, por si só, uma sorte tremenda), mas além disso, eles se completavam de uma forma que fazia ambos crescerem. Parecia que eles tinham sido colocados na vida um dos outro para, além de viver uma linda história de amor, tornarem-se mutuamente pessoas melhores. Será que havia algo mais precioso do que um presente desses?

— Você sabe que fez o mesmo por mim. E agora podemos finalmente continuar de onde nos interromperam.

Annie assentiu, feliz.

— E, se tudo der certo, ninguém vai tentar de novo. – Ela completou.

— Não vai mesmo. Ficaram com medo de você. – Annie riu. – Descobriram o que acontece com quem tenta te derrubar.

— Bom, eu tive que aprender alguma coisa com a minha tia, não é? Comigo quem quiser, contra mim quem puder. – Ela piscou e Finnick riu. Sentiu tanta saudade de ter Annie daquele jeito, divertida, sarcástica, presunçosa, excessivamente confiante; com tudo que tinha de melhor e de pior. Mal conseguia pensar em como passara tanto tempo sem tê-la por perto. Parecia que tinha sido privado de ar durante um longo tempo e finalmente inspirava a primeira lufada. – Nossa, mas esse lugar é lindo mesmo, hein? – Ela comentou, caminhando pelo cômodo e descobrindo novos detalhes na decoração. O abajur com ornamentos em mogno, o carpete bege escuro, a enorme televisão em frente à cama. Seus olhos brilharam enquanto ela inspecionava o local, colocando a cabeça para dentro do banheiro espaçoso que continha um box, uma banheira e um enorme espelho sobre uma bancada lotada de cosméticos cheirosos.

É lógico que ela preferia Finnick, mas um hotel cinco estrelas sempre teria o seu valor. Apesar de ter mudado tanto que mal se reconhecia, ainda tinha bastante certeza dos aspectos fundamentais de sua essência. Ficar empolgada em quartos de hotel cinco estrelas fazia parte disso.

Annie não resistiu e entrou no banheiro, abrindo um dos vários vidros de sais de banho perfeitamente enfileirados na bancada da pia para aspirar a essência de camomila. Fechou os olhos, deliciada com a sensação.

— Pode ficar à vontade, viu? – Ela ouviu Finnick gritar do quarto. – Eu tenho a noite toda. Pode olhar tudo, eu não vou atrapalhar. Pode fingir que eu nem estou aqui. – Ele disse, misturando um tom propositalmente divertido e irritado. Ela soltou uma gargalhada.

Ela tampou o vidrinho o sal e saiu do banheiro, encostando-se no portal que o separava do restante do quarto e encontrando um Finnick já sem sapatos e esparramado na gigantesca cama que era o principal atrativo do quarto.

— Eu estava avaliando a possibilidade de um banho de banheira juntos. – Ela disse, olhando fundo em seus olhos com aquela sua ardência típica que queimava devagar e indolor até explodir e revelar toda extensão de seu poder. – Mas já que você disse que espera, vou misturar todos os sais e tomar um banho sozinha primeiro. – Ela ironizou.

— Ahh, não. – Finnick reclamou, cobrindo os olhos com o braço e Annie riu. Ela abaixou-se para desabotoar as sandálias de salto fino e livrou-se dos incômodos sapatos, sentindo com gratidão os pés tocarem o suave carpete.

— Mas... – Ela começou, aproximando-se da cama. – já que você já está aí na cama, acho que podemos começar por aí mesmo. – Ela sugeriu, dobrando a perna e apoiando um dos joelhos na beirada do colchão macio. 

Finnick descobriu os olhos e abriu um sorriso imenso que pingava segundas intenções. Annie parecia ainda mais bonita naquele ângulo, a luz tornando seu olhar mais penetrante, o vestido delineando curvas que ele, apesar de conhecer bem, não deixava de ficar surpreso com a perfeição. Ele se levantou subitamente e agarrou a cintura de Annie, puxando-a para a cama e fazendo-lhe soltar um gritinho acompanhado de uma risada com o susto.

Encostou seus lábios nos dela, iniciando aquele ritmo suave que tanto amava, desfrutando sem pressa daquele primeiro beijo depois das facas terem finalmente deixado de dançar sobre suas cabeças.

— Sabe... – Finnick comentou, beijando o rosto de Annie até alcançar sua orelha. – Eu estou com uma vontade danada de tirar esse seu vestido desde que te vi pela primeira vez com ele. – Ele sussurrou, fazendo Annie se arrepiar com as palavras e com sua voz tão próxima de seu ouvido.

Annie abriu um sorriso malicioso e virou-se de costas, deixando à mostra o longo zíper na saia que mantinha o vestido preso ao seu corpo. Finnick perdeu alguns segundos admirando a pele macia das costas nuas e a delicada curva da cintura fina. Correu suavemente os dedos pela pele exposta, fazendo com que Annie fechasse os olhos para aproveitar melhor a sensação do toque quente até que alcançasse o zíper e o abrisse, deixando o vestido preso agora apenas pelas alças que envolviam os ombros. Ela virou-se de frente mais uma vez, sorrindo para ele e dando-lhe permissão para abaixar as alças largas e finalmente fazer o vestido afrouxar o bastante para ser retirado sem dificuldades, revelando a lingerie que conseguia ser ainda mais bonita do que o traje que a cobria. Finnick a olhou mais uma vez, uma aparição no conjunto de calcinha e sutiã rendados no mesmo vermelho vivo da saia, admirando Annie agora sem a interferência das desnecessárias camadas de tecido que escondiam toda aquela perfeição.

— Sabe... – Ela começou, imitando o tom de voz dele. - Eu acho que não cheguei a te dizer isso, mas essa sua roupa me fez passar a noite toda pensando no que a gente ia fazer depois da festa.

— Bom saber. – Ele respondeu, puxando-a mais para perto. – Não sabia do poder de uma roupa de gala.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— É, é bem poderoso mesmo. – Ela admitiu, encarando-o voluptuosamente de cima abaixo e sentando em seu colo, passando uma perna de cada lado de seu corpo. – Mas eu prefiro sem. – Ela sentenciou, incapaz de se conter por mais um segundo que fosse e atacando os convidativos lábios do namorado.

~~

Meu coração, sem direção
Voando só por voar
Sem saber onde chegar
Sonhando em te encontrar
E as estrelas
Que hoje eu descobri no seu olhar
As estrelas vão me guiar

Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores por onde eu vi
Dentro do meu coração

Hoje eu sei
Eu te amei
No vento de um temporal
Mas fui mais, muito além
Do tempo do vendaval
Nos desejos, num beijo
Que eu jamais provei igual
E as estrelas dão um sinal

Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores por onde eu vi
Dentro do meu coração...

 

 – Sabia que no dia que eu te conheci eu estava com um pressentimento muito forte de que alguma coisa importante ia acontecer naquela boate? – Annie contou, a troco de nada, enquanto assistiam o dia amanhecer juntos, sua cabeça deitada no peito de Finnick enquanto ele acariciava seus cabelos despenteados.

Finnick sorriu preguiçosamente.

— Não sabia. – Ele respondeu. Ela encostou o queixo em seu peito de modo que pudesse encará-lo enquanto falava, os olhos ainda maquiados traindo certo cansaço. Tinha sido um longo dia, e com certeza uma longa noite também.

— Eu lembro de falar pra Katniss que estava sentindo alguma coisa no ar. Aliás, eu lembro quando te vi pela primeira vez naquele bar. – Ela sorriu com a lembrança do primeiro olhar que eles trocaram, um despretensioso encontro de duas íris de um raro tom de verde que jamais cogitaram que seriam tão importantes uma para outra pouco mais de um ano depois daquele encontro.

— Ah, disso eu lembro também. – Finnick riu, fazendo o peito tremer e Annie sentir a vibração. – Eu fiquei uma meia hora tomando coragem para chegar em você.

Annie riu.

— Eu lembro. Você me olhou durante muito tempo. Eu estava quase indo lá fazer o serviço por você.

— Eu devia ter demorado mais, então. Queria ter essa cena na minha memória.

Annie bateu a mão contra o peito de Finnick de leve, estalando um tapa de brincadeira em seu ombro.

— Imagina só se a gente pudesse voltar... – Finnick começou a divagar. – Voltar no tempo e dizer pra nós mesmos tudo que ia acontecer depois daquela noite.

Annie deixou o olhar se perder no rosto de Finnick, em parte porque olhá-lo era algo que ela adorava fazer, em parte porque estava distraída e não havia lugar melhor para fitar do que seu rosto. Refletiu um pouco, pensando como a Annie de um ano e pouco atrás reagiria se a Annie de agora aparecesse dizendo que ela estava prestes a conhecer a pessoa que viraria sua vida de cabeça para baixo do melhor jeito possível.

Percebeu, com tristeza, que talvez ela tivesse medo. Talvez ela fugisse por acreditar que se apaixonar por Finnick fosse um desvio grande demais dos planos que possuía, algo que buscava a todo custo evitar. Então, pela primeira vez desde que se lembrava, agradeceu pela imprevisibilidade da vida. Pela primeira vez encarou não saber o que o futuro nos reserva como algo bom, porque ela mal conseguia conceber a ideia de não se permitir apaixonar-se por Finnick por medo. Ela viva dizendo que o amor por Finnick mudara sua vida, mas antes mesmo de enfrentar tudo que precisaram enfrentar, ela precisou mudar para deixar-se ser levada pelo sentimento que acabou por transformá-la. E ela talvez jamais deixasse essa mudança acontecer se soubesse que ela estava por vir.

Mas essa é a graça da vida, eu acho. A gente vive as situações, conhece as pessoas e toma as decisões sem jamais imaginar como aquilo pode ser o início de uma jornada memorável. Estamos sempre por aí escolhendo umas coisas e deixando passar outras sem nunca ter como saber o que cada opção vai nos trazer e o que vamos perder ao fazê-la. E a melhor parte é olhar para trás e identificar esses momentos marcantes depois que eles se tornam marcantes. Seu primeiro dia no colégio que mudou a sua vida. O dia em que você conheceu seu melhor amigo. O momento em que você viu o amor da sua vida pela primeira vez.

Finnick ergueu o olhar para a gigantesca janela que abria uma deslumbrante vista para a praia de Ipanema, o mar tornando-se gradualmente azul mais claro a medida que os raios de sol se refletiam na imensidão da água. Era lindo, e ele sentia aquela beleza não só nos olhos, mas em cada pedaço de si. Aquele definitivamente era um cenário que merecia virar história, não só por sua beleza estética, mas por tudo que representava. E ele se lembraria de cada segundo e de cada parte daquele retrato. A vista. Os lençóis. O sorriso de Annie quando ele retirou a venda e revelou a surpresa. O calor de seu corpo enroscado no dele.

— Eu acho que eu ia preferir manter a surpresa. – Annie respondeu simplesmente, um sorriso sereno se espalhando por seu rosto. – Apesar de todos os tropeços, descobrir que você é o amor da minha vida foi a melhor coisa que já me aconteceu.

Finnick assentiu, concordando e beijando a mão de Annie entrelaçada à sua.

— Eu te amo. – Ele respondeu, sorrindo. Nunca parecia demais dizer aquilo.

Sempre achamos que nossas existências são ordinárias demais para tornarem-se uma história que mereça ser contada, mas, se pararmos para pensar por alguns segundos em todos esses momentos que inauguram grandes fases de nossas vidas, perceberemos que cada um de nós vive muita coisa. Não é preciso ser um herói ou ter enfrentado provações violentas para que a história seja interessante, e é divertido reparar como, se encararmos nossas vidas como extraordinárias o bastante para serem contadas, elas se tornam exatamente isso. Vivemos tantos dramas, alegrias, intrigas e transformações que chega a ser criminoso encararmos nossa existência como algo pequeno.

Nem sempre vai ser bom. Aliás, na maioria das vezes vai ser difícil e teremos a sensação que não temos controle sobre absolutamente nada, mas isso faz parte de estar vivo. Viver já uma aventura grande o bastante para ser narrada e, acima de tudo, experienciada em toda a sua grandeza. Somos tão interessantes quanto os personagens dos livros e dos filmes que tanto amamos. Só precisamos nos dar conta disso.

Existir já é uma aventura digna de virar história. Fazer isso só depende de como você encara a jornada.

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Notas finais do capítulo

Uma das coisas mais bonitas da fic é ver os personagens crescerem e acho que deu pra resumir isso bem com esse final. Eu quero muito que vocês gostem de ler isso o quanto eu gostei de escrever. Acho que foi a cena Fannie mais bonita da fanfic toda, e que bom que eu consegui escrever isso para vocês.
Vocês merecem.
EDIT: FUI TOMBADA PELO NYAH E APAGARAM MEU CAPÍTULO DE AGRADECIMENTO!!!!!!!!!!!!!! Pra não deixar vocês no vácuo (e pra não deixar de dizer tudo que eu PRECISO DIZER A QUEM LEU ESSA HISTÓRIA TODA), meu textão de agradecimento tá aqui ó: https://twitter.com/ifimoonshine/status/843265423340687361
NÃO ME KHALO!!!!
Amo cada um de vocês!



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