Money Make Her Smile escrita por Clarawr


Capítulo 22
Deixa se envolver


Notas iniciais do capítulo

DEIXA SE ENVOLVER PRA EU TE DAR PRAZER E FAZER VALER CADA SEGUNDO COM VOCÊ
TCHU TCHU TCHU
OI, GENTE!!!!!!!!!!
Sim, estou animadérrima!!!!! É Carnaval, gente, época que eu passo um ano inteirinho esperando e ansiando pra só durar 4 dias e me deixar morrendo de saudade depois. Além disso, a música título desse capítulo é uma das minhas favoritas EVER então acho que todos deveriam ouvir pq ela joga a energia lá em cima (e é ótima para escutar enquanto beija alguém, a quem possa interessar.).
Em minha opinião, esse capítulo tá MARA. Eu amei, amei, amei, escrevê-lo, de todo o meu coração. Eu empaquei durante alguns dias, mas sentei e falei "DE HOJE NÃO PASSA" e estou há aproximadamente 3 horas terminado-o. Sinto os olhares acusadores da minha mãe nas minhas costas porque estou há muito tempo sentada de frente pro computador, mas eu queria MUITO postar durante o Carnaval para poder dar a vocês o conselho que eu vou dar nas notas finais.
Eu espero de coração que vocês gostem, porque tá muito legal. Se curtem ler o capítulo ouvindo alguma música eu realmente recomendo que leiam ouvindo Deixa se Envolver, do Melanina Carioca (música do título, como eu já disse) e Moves Like Jagger, do Maroon 5 (música do capítulo).
Não ignorem as notas finais!!!!! Vou deixar um recadinho amoroso lá.
Espero que curtam!!!!!!
PS: Me desculpem de coração qualquer erro ortográfico/gramatical. É que eu acabei de terminar de escrever e estou vesga demais para fazer revisão. Qualquer problema, me avisem!!!



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“Maybe it's hard

When you feel like you're broken and scarred

Nothing feels right

But when you're with me, I'll make you believe

That I've got the key”

Annie fechou o zíper lateral de seu vestido vermelho de mangas bufantes e decotado nas costas e deu uma olhada no espelho. Seus cabelos estavam presos para o lado em um rabo de cavalo baixo e algumas mechas caíam ao lado de seu rosto, para dar ao penteado um ar mais despojado que não entregasse quanto tempo ela havia passado no salão arrumando os cabelos.

Como o vestido já chamava muita atenção por ser vermelho e decotado, Annie não quis exagerar nos acessórios. Ela só colocou um discreto par de brincos prateados e uma pulseira preta. E estava mais do que bom. Ela, na verdade, estava até com medo de parecer arrumada demais.

Cato havia dito que a intenção era usar algo discretamente sofisticado, que não transparecesse muita preocupação ou tempo gasto na escolha do figurino, e Annie tinha quase certeza que tinha exagerado um pouco. Mas a verdade é que ela simplesmente não conseguira resistir ao luxuriante tecido avermelhado quando pôs os olhos na peça, já na terceira loja em que entrava com Johanna – que se ofereceu solicitamente para ajudar a amiga na tarde de compras. – à procura do figurino perfeito. Ela sentiu que aquela roupa era exatamente o que ela precisava, e sabia que se tivesse comprado qualquer outra, o arrependimento não ia demorar para brotar em seu coração consumista.

– Mande lembranças minhas ao Plutarch. – Mags disse, surgindo por trás de Annie no quarto da garota.

– Não vou esquecer. – Annie respondeu, virando-se e sorrindo para a tia.

– Você está linda. – Mags comentou, sorrindo também.

– Não acha que eu exagerei?– Annie perguntou, encarando seu reflexo no espelho. – Cato disse que seria uma festa bem informal.

– Ah, minha filha, se eu bem conheço a irmã do Plutarch, o informal dela inclui champagne e caviar. – Mags desdenhou. – De qualquer maneira, mesmo se a coisa toda for mesmo informal, o que eu duvido, se tratando de uma Heavensbee, assim que as mulheres da festa te virem, elas vão querer ter se arrumado tanto quanto você.

– Ai, tia, não está ajudando. – Annie disse. – Eu vou ficar me sentindo uma palhaça que se arrumou demais, tipo aquelas garotas que se arrumam para vir à praia de Ipanema só porque é Ipanema e pensam que aqui todo mundo anda de vestido de gala o tempo todo, e aí fica totalmente na cara que elas nunca pisaram em um lugar minimamente mais refinado. – Annie exemplificou atrapalhadamente, fazendo a tia rir.

– A única diferença é que não é a primeira festa de um Heavensbee que você vai na vida, então você vai saber exatamente como agir. – Mags argumentou. – Mas eu não estou entendendo todo esse nervosismo. Tem alguma coisa a ver com o seu acompanhante? – Mags perguntou maliciosamente, referindo-se a Cato.

Annie suspirou. Era de conhecimento geral que Mags adorava Cato e julgava-o o par perfeito para Annie. No fim das contas, levando em conta tudo que Annie passou uma vida demonstrando ter como aspiração para o futuro, Cato era mesmo perfeito para proporcionar-lhe tudo que ela sempre quis. Mas ela não se sentia forte o bastante para investir na coisa, porque apesar de já ter se passado um mês, ela sentia que seu término com Finnick ainda era recente demais para permitir-se tentar algo novo.

– Não, tia, não tem. – Annie negou, a voz subitamente parecendo cansada, como se ela já tivesse dito aquilo um milhão de vezes para sua tia, embora aquela, na verdade, fosse a primeira vez que Mags tocava no assunto.

Mas Annie sabia o motivo de se sentir cansada de negar o que quer que estivesse em curso entre ela e Cato: porque ela já passara tempo demais negando para si mesma que havia algo acontecendo.

– Quem diria, não é? O garoto que você odiava quando criança... 15 anos depois vocês estão saindo juntos para uma festa. – Mags divagou. – É até meio romântico.

– Romântico. – Annie repetiu e soltou um risada irônica logo em seguida.

– Sabe que as histórias onde o amor nasce do ódio são as melhores, não sabe?

– Não força, tia. – Annie pediu.

– Annie, eu não estou forçando nada. Você sabe muito bem que o Cato é tudo que você sempre desejou, e ele gosta de você. Eu não entendo porque você não quer dar uma chance ao garoto.

Annie queria dizer que já estava dando uma chance. Que ir a festa com Cato já era uma concessão enorme já que ela nem estava assim tão na dele. Que na verdade ela não conseguia achar a ideia de começar sequer um flerte certa, não naquele momento. Mas ficou calada.

Seu celular, esquecido em cima da cama, apitou suavemente. Annie voou para resgatar o aparelho e deu graças a Deus quando leu a mensagem de Cato, que dizia esperá-la na porta de seu prédio.

– O Cato já está aí embaixo. – Annie disse, caminhando para a porta do quarto.

– Boa festa. – Mags desejou. – E pensa no que eu te disse, Annie. O Cato é um garoto legal.

– Eu sei que é, tia. – Mas não, não vou pensar. Annie acrescentou, em pensamento, enquanto empurrava a maçaneta de casa para baixo e andava pelo corredor rumo ao elevador.

~~

Finnick havia acabado de chegar no Señorita, casa noturna onde ele fora contratado como o mais novo garçom. Ele entrou no banheiro dos funcionários para se trocar e colocar o uniforme que sua função exigia, mas tudo que conseguiu fazer foi passar uns bons dois minutos sentado, com a tampa da privada abaixada, encarando o nada com um olhar perdido.

Era um sábado e Finnick não tinha tido aula, mas mesmo acordando mais tarde ele ainda não tinha conseguido recuperar o sono acumulado do dia anterior, quando ele tinha saído do estágio, passado em casa para um rápido lanche e ido direto para o trabalho.

Ele se levantou e retirou atrapalhadamente a camisa, contorcendo-se no espaço pequeno para conseguir trocar de roupa. Depois de uma certa luta para não arranjar uma série de hematomas derivados de esbarrões na porta do sanitário, Finnick estava completamente trajado com a calça jeans, a blusa preta com o logotipo do bar gravado na frente e um discreto avental que o cobria apenas da cintura para baixo, deixando a camisa com o logo à mostra. Ele pegou a mochila – até aquele momento apoiada no chão – e colocou-a nas costas, na intenção de deixá-la em um armário nos fundos da casa, junto com os pertences dos outros funcionários.

O loiro saiu do banheiro e cruzou um pequeno corredor até chegar na sala onde ficava o armário, mas não esperava encontrar o local ocupado.

A salinha continha apenas um sofá surrado, um tapete vermelho surrado e uma mesa aparentemente vazia. No sofá, uma pequena figura feminina repousava, o corpo levemente inclinado para frente sobre uma guitarra, a expressão corporal demonstrando grande concentração. Um som suave preenchia o cômodo, proveniente do dedilhar da garota sobre o instrumento.

Ela se virou abruptamente na direção de Finnick, a atenção desviada para o barulho da porta sendo aberta, dando ao loiro a oportunidade de reconhecê-la como a garota que ele vira correndo na primeira vez que pisara no Señorita em busca de emprego. Seus olhos se estreitaram muito discretamente e ela franziu o cenho.

– Desculpa, eu só vim deixar isso aqui. – Finnick tirou a mochila das costas e andou até o armário, abrindo-o rapidamente para acomodar suas coisas e poder deixar a garota sozinha novamente.

Ela pendeu a cabeça para o lado delicadamente, olhando Finnick de cima baixo.

– Você trabalha aqui? – Uma voz ressoante e rouca saiu da boca da garota, perguntado-o.

– Trabalho. – Finnick respondeu, virando-se novamente para ela.

Ela tinha cabelos negros e curtos, desfiados na altura do queixo e jogados para o lado desleixadamente. Seus olhos, com íris cor de âmbar, estavam marcados por um grosso traço de delineador preto, e os cílios enormes completavam o aspecto penetrante do olhar. Ela usava uma larga blusa xadrez vermelha por dentro de um short jeans curto e Finnick pode ver duas botas pretas largadas no canto do sofá. A garota parecia ter se livrado dos sapatos para poder colocar os pés no estofado sem culpa.

Ela ergueu uma sobrancelha, parecendo analisar cuidadosamente a informação em sua cabeça.

– Eu lembro de você. – Ela disse, enigmaticamente.

– É, eu também lembro de você. – Finnick respondeu.

Ela retorceu o lábios para a esquerda em um sorriso tão discreto que Finnick teve de pensar duas vezes se podia de fato classificar aquela expressão como um sorriso.

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, mas os olhos da garota pareciam gritar mais do que qualquer palavra jamais dita pelos dois. Ela subia e descia as íris cor de âmbar avidamente pelo corpo de Finnick, o efeito parecendo muito mais contundente devido ao aspecto arrasador que a maquiagem exercia sobre seu olhar.

– Hmm, é melhor eu voltar. – Ele disse, parecendo constrangido. – Eu não quero te atrapalhar. – Ele justificou, apontando com a cabeça para a guitarra no colo da menina.

Ela olhou para o instrumento como se estivesse se esquecido de sua existência e sorriu, o olhar se suavizando.

– Não, tudo bem. – Ela disse, sacudindo discretamente a cabeça. – Eu só estava ensaiando. Eu toco aqui todos os sábados. – Ela comentou. – Eu nunca tinha te visto antes. – Ela disse, e a frase parecia demandar mais algumas explicações.

– É. – Finnick confirmou. – Naquele dia que você me viu aqui eu tinha vindo procurar emprego.

Sua expressão se abriu um pouco, iluminada pela compreensão.

– Então agora você está oficialmente contratado? – Ela perguntou, levando o dedo indicador à boca e roendo a ponta da unha pintada de vermelho.

Finnick quase riu com o duplo sentido da pergunta. Ela não tinha dito absolutamente uma palavra que sequer lembrasse um flerte, mas toda a sua atitude ardia segundas intenções.

E ele gostou disso. Gostou de como ela deixou as coisas subentendidas, e de como ela conseguia fazer seu corpo falar por ela mais do que as palavras.

– Sim. Não sei exatamente por quanto tempo, mas estou. – Ele respondeu.

Ela sorriu mais abertamente.

– Bom saber. – Ela tirou o dedo da boca e afastou do rosto uma teimosa mecha dos cabelos lisos. – A propósito, meu nome é Clove. Sou guitarrista da banda que vai se apresentar hoje, mas acho que isso já tinha dado para perceber.

– Meu nome é Finnick e eu sou garçom do lugar onde você vai se apresentar hoje, mas acho que isso já tinha dado para perceber. – Ele espelhou o tom de voz da morena, fazendo-a alargar o sorriso e jogar a cabeça para trás.

– Bonito e engraçado. – Ela comentou. – Tenho que me lembrar de agradecer pessoalmente ao Seneca por ter te contratado. - Clove disse, referindo-se ao dono do bar.

– Você é bem direta. – Finnick observou, sorrindo também.

– A vida já é complicada demais para a gente piorar a situação com joguinhos, não acha?

Finnick gostava dos joguinhos, porque gostava da adrenalina da conquista. Mas uma conquista demorada geralmente levava a envolvimento e essa parte não lhe era interessante, não no momento.

– Sou obrigado a te dar a razão. – Ele assentiu.

A porta de repente se abriu e os dois viraram a cabeça na direção do som. Uma garota loira surgiu na entrada da sala.

Os três passaram uma fração de segundo se olhando, a loira se perguntando se havia interrompido alguma coisa.

– Hm, desculpa. – Ela disse. – Eu só vim te chamar porque está na hora de ligar a parafernalha, Clo.

A morena se ergueu e enfiou os pés desajeitadamente nas botas.

– A gente se vê. – Ela disse, sorrindo para Finnick e saindo do cômodo tropeçando em suas botas desamarradas.

A gente se vê. A frase ecoou na cabeça de Finnick.

Ah, sim. Ele pensou.

A gente com certeza se vê.

~~

Annie não pode refrear a onde de choque que perpassou seu corpo quando ouviu os trechos de Hoje, de Mc Ludmilla, animando a pista da dança da incrivelmente luxuosa mansão Heavensbee no Leblon.

Sim. Mc Ludmilla. Não podia estar mais fora do que Annie esperava desde que Cato lhe convidara para aquela comemoração.

– Eu não tenho a menor ideia do que a gente vai encontrar quando passar dessa porta, então me desculpe qualquer coisa. – Cato disse quando os dois se encontraram parados em frente à porta dos fundos da casa, que davam direto para a garagem onde Cato havia acabado de guardar seu carro recém guardado.

– Tenho certeza que vai ser ótimo. – Annie disse, sorrindo. – Pela música, sei que ao menos chato não vai ser.

Cato soltou uma risada.

– É. – Ele disse, fazendo uma pausa e deixando a música abafada ecoar em volta dos dois. Hoje eu tenho uma proposta, a gente se embola e perde a linha a noite toda.

Parecia bem sugestivo.

– Tenho que admitir que não estava esperando por isso. – Cato disse.

– Melhor ainda. – Annie respondeu e ele sorriu.

O loiro ofereceu o braço para ela, e ela aceitou. Cato parou por um instante e meteu a mão na maçaneta, forçando-a para baixo e abrindo a porta.

Os dois mergulharam em uma saletinha com três paredes brancas e uma verde clara, com vários porta retratos com fotos de família e vasos cheios de flores naturais que pareciam ser primorosamente trocadas todo dia.

– Boa noite. – Um rapaz impecavelmente elegante, de terno e gravata, recepcionou os dois. – Poderiam informar seus nomes, por favor?

– Cato Heavensbee e Annie Cresta. – Cato respondeu.

O rapaz consultou um bolo de papéis e escreveu algo com uma caneta azul.

– Tudo certo. – Ele disse, sorrindo amigavelmente. – Aproveitem a festa.

– Obrigado. – Cato respondeu, sorrindo e Annie sorriu também.

O rapaz abriu uma segunda porta, e essa sim deu aos dois acesso ao ambiente principal da festa.

Era uma enorme sala, iluminada por uma difusa luz azulada, que dava a tudo em volta uma aparência de foto com algum efeito do Instagram. O chão era coberto por um material levemente cintilante, que parecia absorver as luzes dançantes e irradiar um brilho suave nos que se aventuravam a dançar um pouco. Mc Ludmilla ainda estourava nas caixas de som, dando a festa uma cara de comemoração de jovens.

– Cato? – Uma voz feminina se fez presente, e os dois viraram-se para a origem do som.

Uma mulher com um vestido dourado e decotado sorria para o loiro. Ela tinha longos cabelos loiros pintados e usava brincos e anéis enormes. A maquiagem marcava os olhos, que se estreitavam em um sorriso sincero para o sobrinho, sorriso que parecia se estender para Annie também.

O conjunto poderia dar uma primeira impressão de jovialidade, mas a mulher com certeza já beirava os cinqüenta anos. A roupa dourada e as joias – assim como a música surpreendente que animava a pista – pareciam tentativas da mulher de se reaproximar dos seus 20 anos. Não é que ela não estivesse bem, e obviamente suas roupas, jóias e sapatos combinados devem ter custado mais do que a casa de muita gente, mas tudo parecia um esforço constante de parecer... descolada.

– Oi, tia Justine. – Ele respondeu, sorrindo e abraçando a mulher.

– Ai, meu querido, estou tão feliz que você tenha vindo. – Ela disse, segurando-o em seus braços. – Eu estava ansiosa para conhecê-lo.

Sim, ainda havia essa bizarrice na situação. Cato estava vendo sua tia pela primeira vez naquele exato instante.

O olhar da loira caiu sobre Annie com um discreto ar interrogativo.

– Ah, tia. – Cato se apressou para fazer as apresentações. – Essa é a minha amiga Annie. Annie, essa é minha tia Justine.

– Muito prazer, querida. - A anfitriã inclinou-se para cumprimentar Annie com dois beijos no rosto. – Aproveitem a festa, porque se eu não tivesse que receber os convidados já teria me jogado nessa pista há muito tempo. – Ela segredou para Annie, diminuindo o tom de voz e se aproximando do ouvido da morena como se já fossem grandes amigas.

Annie sorriu simpaticamente e Cato garantiu que os dois iriam aproveitar bastante.

Justine afastou-se elegantemente.

– Quer beber alguma coisa? – Ele perguntou, assim que ficaram a sós.

– Sempre. – Annie respondeu, e ele pegou sua mão para que pudessem ir juntos até o bar.

O toque da mão de Cato sobre a sua não parecia nada demais, mas subitamente deixou Annie consciente do motivo exato de ela estar ali. Não que ela tivesse esquecido, mas a coisa parecia ter adormecido dentro de sua cabeça, só acordando com o contato da pele de Cato.

Eles caminharam até o bar e Annie pediu um champagne ao barman. Cato imitou seu pedido.

Já repararam como sempre que o cara está a fim da garota ele pede as mesmas bebidas que ela?

Como se isso fosse torná-lo mais atraente aos olhos dela.

Os quadris de Annie começar a se mover involuntariamente, acompanhando o ritmo da música que parecia chamá-la para invadir aquela pista que parecia saída de um filme de Holywood. Annie observou as pessoas dançando e pensou se pareceria tão glamourosa quanto elas enquanto requebrava ao som da voz de Ludmilla. Talvez fosse uma função da pista. Talvez Justine, quando pensou na decoração pra festa, tenha dito ao produtor de eventos que queria uma pista específica que deixasse os convidados parecendo pop stars em um clipe enquanto dançavam. Nunca se sabe.

Tratando-se de um Heavensbee, não dá pra duvidar de nada.

~~

Já devia ter passado das três da manhã e o pescoço de Finnick doía de tanto que ele se abaixou para pegar latas de Skol Beats no refrigerador que ficava embaixo do balcão.

O Señorita era um sobrado com dois andares. O primeiro era um espaço cheio de mesas, cadeiras e um palco, onde no momento acontecia o show da Rota 66, banda composta só de meninas onde Clove era a guitarrista. O segundo andar era mais espaçoso, com apenas alguns sofás e uma enorme pista de dança, para que as pessoas pudessem curtir melhor as músicas tocadas no show.

Ele serviu bebidas e petiscos a noite toda, mas não conseguira desgrudar seus olhos de Clove por muito tempo. Na banda, espera-se que a vocalista receba a maior parte da atenção, mas sempre que Finnick tentava analisar o show como um todo, seus olhos escorregavam para Clove. Ela tinha um jeito de balançar a cabeça para frente nas notas mais agudas, deixando todo o cabelo cair no rosto só para poder sacudir a cabeça para cima e afastá-los com um sorriso mortalmente sensual que fazia Finnick sorrir.

Finnick pensou que não seria bom para a sua imagem começar a flertar com a guitarrista da banda atração fixa dos finais de semana logo em seu primeiro fim de semana. Não que Seneca fosse se importar, porque, sinceramente, ele nem precisaria saber. Mas Finnick pensou que talvez pudesse passar uma impressão de que todo o seu discurso de estudante falido – ele havia contado toda a sua história a Seneca como forma de convencê-lo que dar-lhe aquele emprego era o certo a se fazer. – era apenas uma desculpa para camuflar que na verdade ele só estava ali porque era uma oportunidade mais aberta de arranjar mulher.

E é óbvio que não era. Se perdesse aquele emprego, Finnick estaria bem ferrado.

Apesar do palco ser consideravelmente distante do bar e do espaço entre os dois estar lotado de gente, de vez em quando Clove captava os olhares de Finnick sobre ela. E sorria de volta, sacudindo a cabeça para trás em um adorável gesto de flerte mútuo.

Se dissesse que não estava gostando daquela brincadeira, o polígrafo interno de Finnick com certeza registraria a mentira. Mas, de uma certa forma, ele ainda sentia que estava se aventurando em um terreno proibido, indo além de certos limites que ele havia imposto a si mesmo desde o término com Annie.

Ele sabia que um dia teria que forçar esses limites para poder viver novamente, e rompê-los com Clove parecia uma excelente ideia, porém algo dentro de si ainda cutucava, como se as coisas não estivessem em seus devidos lugares.

Enquanto pensava nisso, a vocalista da Rota 66 – que vinha a ser a loira que aparecera no quartinho dos funcionários durante a conversa de Finnick com Clove. – pediu que as luzes fossem abaixadas e aproximou ainda mais a boca do microfone.

– Essa música que a gente vai apresentar agora é nova. – Ele ronronou no microfone, meio falando e meio cantando em sua voz límpida e clara. – É composição minha e da Clo aqui. – Ela apontou para Clove, que acompanhava suas palavras com um discreto e calmo dedilhar nas cordas da guitarra, dando um toque ainda mais sensual ao discurso da amiga. – O refrão é bem fácil, então eu vou ensinar para vocês e depois vocês vão cantar comigo, tudo bem? – Ela perguntou, recebendo ruídos de concordâncias da platéia em resposta. – Faz aquele que a gente combinou, Clo. – E Clove aumentou um pouco o ritmo das dedilhadas. – É assim, ó: “E você sabe que não importa a hora, nem o lugar.

Eu sei que você está disposto a me encontrar

Eu sei que você vem, pros meus braços você vem

E me deixa te amar”

Ela pediu que a platéia repetisse, e foi prontamente atendida, sua voz suave se misturando ao coro da multidão. Finnick estava longe do palco, mas sentiu os olhos de Clove voltados para sua direção o tempo todo enquanto ela ajudava a guitarra a desempenhar seu papel dramático e excitante na música. Ele conseguia senti-la ardendo, seu olhar cravando seu corpo de pontos quentes de desejo.

Depois do que pareceu ser o enorme sucesso do lançamento da música nova da banda, o show acabou. As luzes do palco se apagaram e as integrantes pularam para fora do palco. As caixas de som tocavam algum pop rock animado o suficiente paa encher a pista novamente e o público em frente ao palco se dispersou, criando sua própria pista de dança em meio as mesas e as cadeiras.

Clove encostou sua guitarra na parede do fundo do palco e caminhou calmamente até o bar, indo de encontro a um Finnick que parecia estar esperando por ela.

– Uma Ice, por favor. – Ela disse, imitando o tom formal dos clientes que se dirigiram a Finnick a noite toda.

Ele sorriu e entregou a lata de Ice para a morena, que botou os cabelos atrás da orelha e sorriu.

– Hm, que eficiência. – Ela comentou.

– A banda tem preferência. – Ele respondeu.

– Toco aqui há dois anos e nunca soube disso. – Ela rebateu.

– É porque eu não estava aqui antes.

Ela sorriu e levou o dedo indicador a boca para roer a unha novamente. Finnick já percebera que aquilo era um hábito.

– Vem dançar comigo. – Ela pediu.

Ele suspirou.

– Não posso.

– Por favor. – Ela pediu. – Eu quero muito dançar com você. – Ela disse, e novamente a frase parecia carregar um mundo inteiro de segundas intenções atrás de si.

– É meu primeiro dia aqui. Eu preciso muito desse emprego e sei que o meu patrão não vai gostar nem um pouco se eu sair do balcão e deixar de servir as pessoas para ir dançar com você.

Seus olhos arderam, mas ela pareceu entender. Então deu a volta no balcão e levantou a parte que se erguia para permitir que os funcionários transitassem pela boate, invadindo o lugar cheio de geladeiras e copos sujos. Ela andou atrapalhadamente até Finnick, pedindo licença aos outros funcionários que transitavam ali e desviando de poças de cubos de gelo meio derretido que molhavam o chão.

– Você não precisa sair daqui. – Ela disse, quando chegou até o loiro, que observava um tanto confuso sua trajetória até ali.

– Você quer mesmo dançar comigo. – Ele observou, sorrindo.

Ela não sorriu de volta, por mais que seus lábios tivessem se franzido discretamente como se ela segurasse um sorriso.

Clove o encarava intensamente, seus olhos perfurando-o com tanta veemência que ele não percebeu quando a garota atirou os braços em seu pescoço.

Ele só se deu conta do que ia acontecer quando os lábios se encostaram e a língua de Clove delicadamente se mexeu contra a sua, pressionando deliciosamente o céu de sua boca.

Ele pousou as mãos na cintura da garota, sentindo uma vontade enorme de descê-las, mas pensou que não seria apropriado.

O beijo de Clove era tão profundo e intenso quanto ela vinha demonstrando ser desde que falara com Finnick pela primeira vez. Quando ela separou suas bocas, o rosto de Finnick andou para frente, como se seus lábios buscassem encontrar os dela novamente. E ela sorriu com isso.

– Também. – Ela respondeu. – Mas eu estava com mais vontade de fazer isso. – Ela disse, as mãos ainda na nuca dele.

Então, ela o soltou de seu abraço e mordeu o lábio.

– Vou ficar aqui te esperando sair. – Ela comentou.

– Eu vou sair tarde. – Ele avisou, largando relutantemente a cintura fina.

Os olhos cor de âmbar pareceram perfurá-lo novamente, e Finnick já sabia o que ouviria antes mesmo de Clove abrir a boca.

– Não estou com pressa.

~~

Deixa se envolver

Pra eu te dar prazer

E fazer valer cada segundo com você”

– Eu adoro essa música! – Annie exclamou, remexendo os quadris no ritmo cadenciado e quebrado do sucesso da banda Melanina Carioca.

– Você disse isso para todas as músicas que tocaram até agora. – Cato rebateu, sorrindo.

– Não tenho culpa da sua tia ter escolhido o melhor DJ do Rio de Janeiro para a festa dela. – Annie comentou.

Cato riu e segurou a cintura de Annie, suas mãos se movendo no mesmo ritmo frenético dos quadris da garota.

Os dois cantavam a letra da música, e Annie não tinha como conter o efeito devastador que exercia sobre Cato enquanto rebolava e o chamava durante as palavras provadoras da música. Ela emanava algo que dava vontade de encostar, segurar e não largar nunca mais.

Deixa se envolver

Pra eu te dar prazer

E fazer valer cada segundo com você”

O refrão se repetiu, e dessa vez Cato o cantou como uma mensagem para Annie. Mensagem essa perfeitamente captada e entendida pela morena. Naquele instante, ela soube o que estava por vir.

Talvez fosse o efeito da música, mas naquele momento, ela desligou sua cabeça e resolveu seguir os conselhos cantados na música. Deixar se envolver. Sim, ela sentia falta de Finnick. Sim, ela continuava achando que estava prestes a cometer um tremendo erro. Sim, ela continuava totalmente quebrada por dentro.

Mas pensou que talvez Cato pudesse ter a chave que ela precisava para que tudo voltasse a ficar certo novamente. Pelo menos, ele vinha se esforçando há muito tempo para fazê-la acreditar que possuía esse segredo.

Os narizes se encostaram e se esfregaram sensualmente no ritmo da canção. Annie sabia que os acordes finais estavam chegando, mas ela não conseguia parar de ondular a cintura e quebrar os quadris.

Nem quando os lábios de Cato encostaram nos seus.

Foi engraçado, porque eles pareceram beijar no ritmo da música. Aliás, a música parecia ter o ritmo certo para um beijo perfeito. Provavelmente quando a criaram, mediram magicamente a pulsação de um beijo devastador e colocaram a letra em cima da batida. Não tinha como sair ileso depois de beijar ao som de Deixa se Envolver.

Os últimos segundos da música se aproximaram, a canção se esvaindo lentamente no espaço.

Os dois se soltaram, e só então repararam que estavam dançando até aquele momento. Eles sorriram um para o outro e Annie sabia qual seria o próximo passo.

A festa não estava nem perto de acabar, e outra música animada logo foi colocada para não deixar o clima cair. Tudo em volta parecia exatamente igual, mas as últimas palavras da música anterior ainda ecoavam em sua cabeça.

“Agora já se envolveu, não tente voltar atrás, você foi quem escolheu. Vamos ficar em paz.”

E, pela primeira vez desde que aceitara o convite de Cato, ela não quis voltar atrás.


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Notas finais do capítulo

E AÍ E AÍ????? MUITOS BEIJOS MUITAS PEGAÇÕES É DISSO QUE O BRASIL GOSTAAAAAAAAAAAA.
E aí???? Gente, eu adorei a Clove. Sério, adorei muito. Espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu.
Eu queria ter postado no início do Carnaval para poder dar esse conselho antes, mas só consegui terminar esta bagaça agora então é agora que vai. Além do mais, esse conselho é válido em toda época do ano, então vamo nós.
Meninas que saem para pular o Carnaval, minhas lindas, NÃO DEIXEM OS BOYS SE APROVEITAREM DE VOCÊS. NÃO É NÃO! Pode me chamar de feminista idiota, mas não tenham medo de sentar um tapa na cara de algum engraçadinho que tentar forçar você a beijá-los sem que vocês queiram. Hoje eu saí e vi uma menina vestida de policial. Ela tinha uma algema presa no short, e um engraçadinho a puxou pela algema e tentou roubar um beijo. Ela disse não (ENE A Ó TIL) e ele a puxou com mais força. E ADIVINHEM SÓ, ela sentou o cacetete da fantasia no braço do cara. Entenderam do que estou falando?? Vamos fazer eles nos respeitarem, nem que seja na força!!!!
Meninos, não sejam o tipo de cara que tenta agarrar uma menina a força. Por favor. Respeito é sempre bem vindo.
Um beijo enorme e pulem muito carnaval (mesmo que o seu carnaval perfeito seja sentado em casa vendo séries e comendo brigadeiro.).
PS: NA TELA DA TV NO MEIO DESSE POVO A GENTE VAI SE VER EM MONEY MAKE HER SMILE!!!!!!!!!!! (não rimou) (quem disse que eu ligo?)