Love Story escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 54
Capítulo 54 (depois edito o título)




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—Pronto, senhorita Teixeira – ela avisa fechando os documentos e abrindo a gaveta e tirando um cartão de plástico de dentro e me entrega – É só devolver quando terminar – ela avisa e concordo mesmo eu não fazendo ideia do que era. O observo e sei que é da empresa, mas o que abre? O que faz? Olho para Tony por instinto.

—Não olha para mim, também não faço ideia do que faz – ele dá de ombros colocando as mãos dentro dos bolsos da calça. Suspiro decepcionada e sei que é melhor deixar isso com Jhones. Não é para o meu bico –Então é hoje – Tony comenta me acompanhando tranquilamente.

—Hoje o quê? – pergunto confusa sobre o que ele estava falando.

—Seu aniversário com o Picolé – ele responde como se fosse obvio. Assinto com a cabeça com um sorriso leve no rosto – Achei que vocês fossem comemorar em San Francisco – o moreno comenta e respiro bem fundo antes que eu fizesse o bilionário comer aquele cartão sem molho algum.

—Steve te falou isso? – pergunto lamentando que a surpresa foi estragada. E agora que ele falou, teria sido muito legal se não fosse pelo Jhones. Novamente, que droga!

—Ah, você não sabia? Me desculpe – Tony lamenta e aceito suas desculpas sem ter muito o que fazer além disso. Vou reclamar? Vou brigar? É óbvio que não. Eu seria doida se fizesse – Mas porque você está aqui? Devia estar em casa com o Cap – concordo com ele imediatamente. Sim, eu devia, mas não estou.

—É... O senhor Jhones me pediu para vir. Tive que aceitar, não é? – respondo e vejo que o moreno não concorda com isso. Conheço Tony, nunca que ele iria trabalhar quando é aniversário dele com a Pepper. Só eu que sou idiota mesmo – E falando nisso, você acha que se eu pedir transferência ao Recursos Humanos, eles aceitam? – pergunto e espero sua resposta com ansiedade.

—Depende, se você tiver um bom motivo – ele responde num sorriso simpático, vejo isso pela primeira vez nele – Fala, o que está acontecendo – essa é a maneira dele perguntar se tem alguma coisa errada, demonstrando sua preocupação. Acho fofo.

—Não tem nada de errado. Apenas Jhones não dá valor nenhum ao meu trabalho. Eu perdi tufos de cabelo, Tony, muito grandes trabalhando nessas últimas três semanas – conto e meio que desabafo também, mesmo que eu continuasse meio receosa em dizer coisas assim ao presidente da empresa. Eu acho que ele é o presidente. Mas de qualquer forma, o sobrenome dele está no nome da empresa.

—E deixa eu adivinhar, você fica com ciúmes ao ver as outras secretárias sendo muito bem tratadas e recebendo o crédito pelo trabalho delas? – ele pergunta e assinto com a cabeça.

—Mas também existe secretários, não esqueça disso – o corrijo e ele revira os olhos.

—Tá, tá bom – ele encerra e volta ao assunto principal – Espera só um pouco antes de pedir transferência. Ele pode só não ter tido a oportunidade ainda. A festa é só amanhã, não é? – pergunta e confirmo –Espera só mais um pouco, aí você vem até mim que eu faço pessoalmente, ok? E quem sabe você não substitui a Betty? – seu comentário me faz empacar no chão e não ter mais reação. Ele acena se despedindo e aceno de volta disfarçando o meu quase infarto.

Eu? Substituir a Betty? Como assim? Ela vai se aposentar? Ou vão simplesmente demitir ela porque ela está numa idade avançada demais para o trabalho? Torço para que seja uma ótima aposentadoria. Ela merece. Seus netinhos precisam dela. Vai ser ótimo para ela.

Respiro fundo e caminho de volta até a minha sala. Jhones continuava no mesmo lugar e no mesmo joguinho. Lhe entrego a chave e me sento na minha mesa sem ter muito o que fazer. Mas me surpreendo ao vê-lo se levantar e guardar o celular no bolso.

—Vem comigo – ele avisa e logo o acompanho sem perder muito tempo. Deixo a minha bolsa dentro da sala e fecho a porta o seguindo pelo corredor. Passamos pelas salas, entramos na fábrica, cumprimento Bob, um amigo pela janela da sala dele e paramos em uma das salas de testes, onde acontece os testes da invenção dele, e o mesmo lugar que tive que ir várias vezes na minha primeira semana aqui.

Já não me sinto tão novata como antes, já me sinto até como se eu trabalhasse aqui há anos, quando só faz um mês e meio, eu acho. Espero ansiosa o Jhones fazer alguma coisa quando surge outros dois homens com jalecos de laboratório das outras salas. Percebo que são os mesmos daquele dia em que todos se sujaram de graxa.

Me pergunto como eles sabiam que a gente estava aqui, me assusto até. Mas aí eu vejo o celular nas mãos de Jhones e agora eu já sei como. Respiro um pouco aliviada e Jhones abre a porta com o cartão magnético. Ela se abre revelando a mesma coisa que eu vi naquele dia, mas só que bem limpa.

O laboratório não era nem metade do que eu imaginei que fosse. Eu vi muito pouco naquele dia, Jhones havia aberto somente o suficiente para eu vê-lo e ele me ver. Mas agora eu posso dizer com toda a certeza que eles passam muito tempo aqui.

Esse lugar está uma bagunça! Limpo, mas bagunçado. Há uma bancada enorme que envolve todas as paredes do laboratório que forma um quadrado exato. Ferramentas de vários tipos e tamanho estão nessa bancada, principalmente do lado esquerdo, pois o lado direito é onde fica as pias com torneiras.

O ambiente é bastante branco, azulejos por toda parte, do chão ao teto. Não há janelas, apenas equipamentos para fazer o ar circular. E proteção contra incêndios, é claro, extintores de incêndio e alarmes de fumaça, que irá molhar todo o laboratório para apagar a chama.

Mas não há nada aqui que possa me impressionar, digo, o projeto. Por aquele dia, achei que fosse algo grande, do tamanho de um ônibus, por exemplo. Mas não está aqui, e estamos na mesma sala. Como conseguiram tirar com uma porta tão pequena?

—Senhorita Teixeira – ouço alguém chamando o meu nome e me viro para o cientista gentil e tímido, que brinca com os dedos antes de olhar para mim – Você já foi vitima de brincadeiras maldosas quando era criança? – uma maneira educada e discreta se eu sofri bullying quando menina. Suponho que todos dessa sala já. Sei que Jhones sim. Mas o que isso tem a ver?

—Não, não de verdade. Apenas aqueles brincadeiras sem graça de apelido quando minha mãe cortou o meu cabelo. Ficou ridículo... – comento lembrando e rindo discretamente da minha foto daquela época. Mas eles continuam me olhando seriamente e me recomponho – Mas não, não frequentemente – prefiro essa resposta.

—Acho que você já sabe que eu fui, não é Lauren? – pergunta Jhones se apoiando na bancada e cruzando os braços. Eu corrigiria o meu nome, mas eu sei que ele foi. Principalmente depois de ver a doação que ele fez a ONG PLAC. Ninguém doa tanto dinheiro sem antes se identificar com a causa.

—Sim, eu sei – confirmo tentando não lhe fornecer um sorriso solidário. Eu nunca sofri com isso, não da maneira como ele sofreu, eu aposto. Não tenho esse direito – E é Laura, senhor – já corrigi muitas vezes, isso se tornou um hábito que ele não corrige – Mas o que isso tem a ver com o projeto? – pergunto curiosa e escondendo minha impaciência.

—O nosso projeto foi desenhado há anos, quando Jhones ainda era um menino que sofria com a valentia violenta de seus colegas de classe – o terceiro cientista, um mais rude explicou enquanto andava pelo laboratório e abriu uma pequena maleta e dali tirou uma mochila. Preta, sem graça e sem nada de especial. E trouxe para mais perto com cuidado e deixando na bancada perto de mim.

—Há micro sensores por todo o equipamento. Principalmente nas alças da mochila e nos bolsos maiores atrás, aqui – ele apontou para onde geralmente se guarda canetas e agendas, na parte da frente da mochila. E depois as alças da mochila de costas, indicando que aqueles pequenos furinhos eram esses micro sensores.

—E o que ela faz exatamente? – pergunto curiosa e tocando na alça da mochila, era um tecido como qualquer outro, resistente e barato. Poderia confundir com uma mochila qualquer facilmente.

—Quando há uma aproximação muito forte de alguém que possa servir de risco e ameaça a vitima, é apenas puxar essa cordinha – ele apontou para as cordas que sobram ao regular as alças, serviam as duas – Que a mochila irá afastar esses valentões – explicou o cientista bonzinho com um sorriso satisfeito e orgulhoso do trabalho.

—Mas como? – pergunto curiosa e olho para Jhones, que desviou e olhou para os próprios sapatos. Ele não sabe?

—É para isso que você está aqui, senhorita – o moço bonzinho explicou e fique sem entender muita coisa – Precisamos testar com alguém mais leve e menor, como a senhorita – ele explicou e quase que meu queixo caí. Eu estava aqui para o quê?!

—Eu vou... Nós vamos entender se você não quiser fazer isso, Lauren. Não faz parte da sua folha de pagamento e não vamos cobrar isso de você – Jhones explica, mas me surpreende como isso foi fácil para ele. É óbvio que não faz parte do meu trabalho –Mas assim que terminarmos, você está liberada para ir para casa. Se você quiser – não é nada tentador, já que eu estou aqui como uma boa secretária que eu sou, uma boa pessoa disposta a pequenos sacrifícios todos os dias. Todos os dias.

—Mas o que exatamente isso faz? – pergunto apontando para a mochila e sentindo um certo medo. Eu estava perguntando na verdade se doía, se machucava e se matava. Porque não acho que eles iram querer vender mochilas assassinas para crianças que sofrem com o bullying.

—Existem várias versões, de spray, de força bruta. Essa aqui ela é de choque, mas tiramos a carga e irá apenas lançar as agulhas – explica o cientista rude e não acredito que eles estão propondo isso para mim.

—Agulhas?! – pergunto exasperada e deixando bem claro que eu não sou fã da ideia. Não que eu esteja levando em consideração fazer isso, mas agulhas? E se acertar o olho de alguém? Pior! E se acertar O MEU olho?!

—Você irá usar uma roupa especial, tão forte quanto protetores que usam para treinar cães policiais – o rude explicou um pouco sem paciência, como se o meu medo fosse uma frescura e já estava tudo planejado –Além do mais, nem vai doer e incomodar. Nem vai ter choque.

—Mas aí depois vocês vão querer usar com choque? – pergunto desconfiada e cruzando os braços. Já sei que aquela voz na minha cabeça me dizendo para ficar em casa, não era preguiça, era o meu pressentimento falando e tentando evitar que eu caísse nessa furada que chamo de emprego.

Não gostei da cara dos dois cientistas. O mais tímido olhou para o lado evitando os meus olhos, e o rude cruzou os braços respirando bem fundo, talvez imaginando até quando essa conversa vai durar.

—Ok... – Jhones descruza os braços e num pequeno esforço, se põe de pé de novo e fica do lado do rude – Quer um aumento? O que você quer? – me irrita a maneira como Jhones acha que pode me comprar. Não é questão de dinheiro, é questão da minha integridade física!

—Não me machucar! – respondo irritada e Jhones revira os olhos, junto com o rude. Mas o tímido cientista sabe que não é assim que vai me fazer concordar.

—Podemos abaixar a voltagem até um nível que não te machuque. Nós só queremos saber se funciona, apenas isso – ele explica e só assim eu consigo levar em consideração em aceitar essa loucura. E como a proposta do Jhones ainda parede estar de pé, posso pedir muita coisa.

—Primeiro, quero o meu horário de almoço estendido e respeitado. Segundo, não quero trabalhar em dia de sábado. Terceiro, depois da festa, quero minha transferência – não sei se continuo querendo outro chefe, mas isso aqui só mostra o quanto ele não se importa comigo, nem com a minha segurança isso acontece.

—Acho que o primeiro e segundo ponto não vão ser necessários se o terceiro acontecer, ein? – Jhones brinca enquanto oferece a sua mão para apertar, percebo o meu erro e concordo com ele apertando sua mão e selando o acordo.

Respiro fundo e agora sei que estou encrencada e nas mãos de cientistas loucos.


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