Capítulo III – Lost

(Perdida)

— Então, qual a sua primeira aula?

Damon continuava mantendo o braço envolvendo os meus ombros, eu apertava a alça da mochila com força a cada instante que ele acariciava meu ombro. Sentia os olhos dele arderem na pele do meu rosto.

— Hum... de Inglês? – minha voz soa como uma pergunta.

— Eu não sei seu horário, Isabella – ele ri.

Sua risada fora tão rápida, mas pelos poucos segundos que a ouvi pude desfrutar de uma harmonia alegre sonora, como sinos tocando juntos mas em ritmos diferentes ao mesmo tempo e mesmo assim, conseguia ser um som calmo.

— Bella? – murmura me olhando – você se perdeu nos pensamentos de novo ou gosta de encarar as pessoas mesmo? – ele sorri torto.

Corei com a sua fala, abaixo ligeiramente a cabeça e desvio o olhar para meu pé. Podia sentir seu olhar em mim ainda e dúvida se não estivesse confuso ou com o sorriso torto, que em tão pouco tempo já me faz suspirar, ele apertou o meu ombro e afagou-o.

— Bem, de qualquer maneira... essa é a minha aula também – sinto-o parar de andar e paro junto, automaticamente.

Levanto o olhar e percebo que estamos ao lado da porta da sala. Damon tira o seu braço e coloca a mão no bolso, de imediato, eu sinto a falta do seu toque em mim, a falta da proteção que ele me trazia.

— Sente e guarde o lugar ao seu lado para mim – sorrindo, ele entra na sala e eu o acompanho.

Todos as pessoas naquela sala, viram-se para nós e estampados em seu rostos está a curiosidade. Damon vai até o professor e lhe entrega um papel, corro para uma carteira vaga e sento. Talvez por pura sorte, a carteira da frente estava Angela e a mesma se vira para trás, e sorri para mim, talvez tentando me passar alguma calma.

Ouço claramente quando a cadeira ao meu lado se arrasta, me viro olhando e Damon pisca sorrindo, por um segundo meu coração parou, mordo o lábio inferior. O sorriso dele era tão sexy e perigoso...

Que pensamentos são esses, Swan?! — repreendo-me mentalmente.

— Como eu estava dizendo... – o professor falou mais alto chamando a nossa atenção e nos olhava.

Virei para frente e fiquei assim até o fim da aula, apenas ouvindo a história e explicações que o professor falava-nos. Soando o alarme, o professor se interrompe e despede da sala, me levanto, colocando a alça da mochila no ombro, saio da sala com um pouco de pressa na tentativa de Damon não vir acompanhar-me até a próxima aula.

Caminho até a sala de trigonometria, por sorte Cullen não tinha essa aula comigo e Damon certamente também não tem, mas por azar, essa aula é com Jessica. Sentei em meu lugar de sempre, colocando a bolsa no chão.

— Já fisgou o novato hein? – Jessica se vira para mim.

— Damon não é peixe para ser fisgado – olho para ela.

— Ah, que seja... você me entendeu, Bella – fico tentada a virar para frente e a ignorar.

— Somos amigos, apenas isso.

— Sei... – ela estrala a língua.

Me viro para frente, cortando a conversa e o Sr. Varner entra dando inicio a aula.

Jéssica nunca foi uma pessoa muito legal, mas era do seu modo - um tanto fofoqueira, devo dizer -, mas desde que começou a andar mais com Lauren, tem se tornado um tanto vulgar e beijoqueira. Provavelmente, Lauren está a influenciando nisso, pois com aquela, qualquer homem que aparece, ela se joga nos braços.

Depois desse episódio, as aulas passaram rapidamente, anotava algumas coisas que eram importantes, fazia os exercícios e logo entregava aos professores, e felizmente ou não, Damon não esteve em nenhuma outra aula comigo.

Fazia alguns segundos que o sinal tinha tocado, e eu colocava os livros e cadernos no meu armário, pegando outros que seriam das próximas aulas, guardei-os na mochila, fechando a porta do armário, caminhei para o refeitório.

Sorri ao ver Angela na fila e fui até ela.

— Oi Ang – saudei.

— Oi, obrigada por mais cedo – sorri para mim.

— Não foi nada, realmente tiveram dois montanhistas na loja.

— E eu percebi você e o Damon, só tenha cuidado, Bella – Ang olhava-me assentir.

O que eu gostava nela, que assim como eu, não era intrometida nas coisas e se fosse falar sobre algo, é porque daria um conselho ou coisas parecidas. Por esse motivo, minha amizade e de Angela se fortaleceu, por ela ser tão quem é.

A mesma se virou, pegando a bandeja e colocando algumas coisas. Pego uma também, colocando uma maça e uma coca, dou o dinheiro e ando até a mesa onde Mike, Jessica, Lauren, Angela e Ben se sentaram, sento ao lado de Ang, tentando não me importar com Jess, e pensar que um dia ela foi uma amiga.

Seguro a maça, mordendo um pequeno pedaço, relaxando na cadeira, enquanto tentava prestar atenção em Mike e Angela debaterem sobre algum assunto.

— Olá, nós poderíamos sentar com vocês? — ouço uma voz feminina, me viro vendo Katherine acompanhada de Stefan.

— Não, sente-se aí — Lauren é a primeira a responder com um sorriso falso e forçado estampado em seu rosto.

— Obrigada – Agradece e Stefan senta ao lado de Katherine, que por vez, se senta ao lado de Lauren. Logo, Jessica e ela prendem Katherine em algum assunto, provavelmente fútil iguais a elas, mas sinto por Katherine, que não me parece ser como elas. Deixo a maça de lado, assim que acaba.

— Ei, é Isabella, não é? — dirijo o olhar a Stefan, o mesmo me olhando.

— Isso, mas pode chamar-me de Bella – sorri um pouco.

— Então Bella, você mora aqui desde que nasceu também? – abre um sorriso calmo, em resposta ao meu.

— Não, era de Phoenix, mas me mudei para cá ano passado.

— Phoenix é bom lugar, conheço lá – estende seu brownie — Quer?

— Não, obrigada – balanço a cabeça negativamente.

Minha conversa com Stefan se desenrola pelo intervalo todo, ele é tão legal quanto aparenta e mostrou-se engraçado também. Toca o sinal e todos levantam-se para ir a suas aulas, Angela me acompanha já que teria a mesma aula que a minha.

Biologia II. Então me dou conta que Damon não apareceu durante o almoço, me pergunto se estará na sala, assim que entro na sala, o vejo e sem querer, deixo um pequeno sorrio abrir-se no canto da boca. Vou até a carteira, me sentando, coloco a mochila em cima da mesa e viro-me para ele.

— Oi Damon – murmuro e o mesmo olha para mim.

— Olá – sua voz soa séria, mas o sorriso brincalhão o denuncia.

— É, eu não te vi no refeitório hoje... – digo baixo, na mesma hora em que termino de falar, torço para que ele não tenha ouvido.

— Sentiu minha falta, Isabella? – o sorriso aumenta, ficando ligeiramente torto, sinto meu coração disparar e o rubor surgir em meu rosto fazendo Damon rir baixo — Precisei resolver algumas coisas na secretária, nada demais.

O professor chama nossa atenção, novamente, e não conversamos mais durante a aula. As vezes sentia seu olhar sobre mim, outras vezes nossos olhares cruzavam e eu desvia o olhar, corando.

Quando saímos da sala, ele me acompanhou até a próxima aula, que era a mesma que a dele, conversávamos sobre o que ele estava achando a escola e ao chegarmos no ginásio, sorrimos em despedidas e cada um foi para o seu vestiário. Troquei de roupa e fui até o grupo de alunos no meio do ginásio.

O treinador separou as garotas em dois times para jogar Vôlei, enquanto os garotos jogariam basquete. Jessica e Lauren ficaram no time adversário, enquanto Angela ficou no meu time, e durante o jogo tudo estava ocorrendo bem, eu consegui jogar e defendia algumas bolas, mas no final do jogo, Jessica sacou uma bola do fundo e veio em minha direção, não consegui desviar o que me levou direto ao chão. E agora, via vários vultos ao meu redor.

Fui levado por alguém até a enfermagem, percebi ser o Damon, a enfermeira da escola riu ao me ver lá. Eu apareci com um grande costume ali, já era normal ela me ver, pediu ao Damon para ir pegar minhas coisas no ginásio, enquanto me examinava. Depois de alguns minutos, ela me liberou, mandou ir para a casa e tomar algum remédio, caso sentisse dor.

— Obrigada – desci da maca, pegando minha mochila e colocando as roupas dentro dela, coloquei-a no ombro, saindo da sala de enfermaria e indo até o estacionamento. Percebi que Damon estava me acompanhando, fingi que não e continuei andando até o meu carro.

Peguei a chave do carro do meu bolso, abri a porta, jogando a mochila dentro, ia entrar quando senti segurar meu braço, puxando-me e sabia que era Damon, olhei-o e seus olhos estavam de uma cor azul forte e parecia que queria me penetrar, chegar a minha alma.

— O-o que quer falar comigo? – murmurei quase sussurrando.

— Só me despedir – sorrindo torto, maldito sorriso torto.

— Ah, tchau – assenti de leve.

Tentei me soltar para entrar no carro, mas Damon me pressionou contra o carro, minha respiração acelerou junto ao meu coração, senti os dedos dele acariciarem meu braço, aproximou seu rosto do meu e deu um beijo no canto da minha boca, onde foi distribuindo beijos por minha clavícula até a orelha.

— Até amanhã, Isabella – sussurrou, arrepiando todos pelos do meu corpo e se afastou. Deu as costas, voltando para o prédio de onde saímos.

Pisquei perplexa, entrei apressada dentro do carro, tentando normalizar minha respiração, girei a chave no comando, dando a ré e saindo do estacionamento da escola. Dirigindo pelas ruas, com os pensamentos a mil, como que em dois dias Damon foi tão... assim?

Assim que cheguei em casa, joguei a mochila no chão, deitando na cama, passando alguns minutos apenas absorvida em meus pensamentos, tomei um banho e troquei de roupa, colocando uma regata branca e uma calça de moletom.

Abri meu notebook, dei uma checada no meu e-mail, havia alguns e-mails da minha mãe, li todos com atenção e a respondi, contando um pouco do meu dia e essas coisas, depois naveguei um pouco, logo desliguei e foquei em um livro.

Logo caiu a noite e Charlie chegou, desci para fazer o jantar, conversamos durante o mesmo e após, lavei a louça, desejei boa noite e subi para o quarto. Eu realmente apreciava o jeito de Charlie, não invadia o meu espaço e nem eu o dele.

Escolhi uma playlist do meu celular, deixando tocar em baixo volume, abri a gaveta da mesinha de cabeceira, pegando um caderno de capa azul com tiras em dourado nas partes laterais. Com cuidado, abri-o e coloquei na última página escrita.

09 de Setembro de 2013

A última vez em que escrevi, as lembranças e a dor me atingiram em cheio, fechei os olhos segurando qualquer lágrima que viesse a querer cair. Peguei uma caneta e comecei a escrever.

“Querido diário,

Faz um longo tempo que não escrevo aqui, certo?

Eu estava feliz naquele dia, tudo que mais queria estava comigo, mas o fim daquela noite não foi tão bom quanto todos esperavam. Cortei-me e Jasper não se conteve, quase me atacou, numa tentativa de me proteger, Edward me empurrou contra vários vidros e isso piorou as coisas. Havia vários e inúmeros cortes e vidros em mim, Carlisle cuidou de mim e Edward me trouxe para casa, mas ali foi uma despedida, nosso último beijo, foi diferente, contido. E em dois dias, após a escola, ele me chamou para ir dar uma caminhada no bosque ao lado de casa.

Ele veio se despedir, ele foi embora.

Um buraco nasceu dentro do meu peito e cada momento em que penso nele, esse buraco sangra, traz uma dor incrivelmente cortante. Com o passar do tempo, eu entrava em depressão, mas Jake, agora é um lobo, me ajudou, ele é o Sol para mim, quando estou com ele não tem tristezas ou lamúrias, apenas risos. Ele me curou de um certo modo, mas o buraco ainda existe, está apenas tampado, quieto e indolor, exceto quando ainda ouça o nome dele.

Há dois dias, três novos alunos chegaram na escola.

Katherine Pierce, Stefan e Damon Salvatore.

Katherine Pierce é uma garota doce e alegre, ainda não conversei com ela, mas aparenta ser uma ótima pessoa, assim como Angela. Tem olhos castanhos esverdeados e cabelos escuros longos e lisos.

Stefan Salvatore é realmente incrível, o tanto que conversei com ele, me diz o quanto seremos grandes amigos, tenho essa impressão. Tem olhos castanhos escuros e cabelos castanhos meio louros.

Damon Salvatore. Possui olhos tão azuis e penetrantes que me lembram maré, me sinto em alto mar quando me olha, e seus cabelos negros que aumentavam seu ar sexy. Músculos longos e esguios nos braços, ombros largos, mas relaxados, e um sorriso que era meio debochado, meio sedutor.

No primeiro dia, Damon deu-me uma sensação de déjà vu, tinha mesmo horário e me lembrava Edward, hoje, ele me colocou contra o carro e... eu simplesmente nublei. Deixei levar sob a sensação de seus toques na minha pele.

Tão irritantemente sedutor, não quero me apaixonar, mas está difícil ignorar algo que já começou a parecer irresistível.”

Parei de escrever, relendo a última frase algumas vezes. Mal o conheço e me sinto assim, algo deve estar errado ou eu realmente devo ignorá-lo, não sei, estou perdida.

Talvez, Damon Salvatore seja a minha causa perdida.