Lágrimas de Amor escrita por XxLininhaxX


Capítulo 19
POV Sophie




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Aquele cara na minha frente estava me irritando. Eu tinha que matá-lo! Eu queria tirar aquela cabeça e queimar seus restos. Vampiros insignificantes como ele merecem morrer dolorosa e lentamente. Ele que esperasse. Qualquer deslize e ele estaria em minhas mãos. Eu não conseguiria descrever o quão prazeroso seria se eu pudesse matá-lo. Aquele desgraçado já estava me perseguindo há muito tempo. Ele tinha algum tipo de obcessão por mim. Idiota! Estava selando a própria morte. A sorte dele é que eu não apareci antes. Eu devia tomar conta desse corpo para evitar esse tipo de coisa. Não deixaria que a fraqueza voltasse. Eu estava tomando o controle! Não conseguia entender essa relutância em não matar. Todos queria tomar minha vida, então por que poupar alguém? Lei da sobrevivência: matar ou morrer. Era bastante simples! Qual era a dificuldade em entender? Mas dessa vez eu cheguei para ficar. Nem tinha mais porque me segurar. Agora estava sozinha de novo. Aliás, eu nunca deveria ter deixado de ficar sozinha. Família, afeto, amor; tudo não passava de vulnerabilidades desnecessárias. Eu nasci para matar! Desde humana eu já era uma assassina. Não tinha porque negar essa natureza. Não tinha porque negar quem eu realmente era. Quanto antes eu assumisse aquilo, melhor.

Ele tinha me colocado naquele jato. Provavelmente estava me levando pro covil dos Volturi. Ah! Outros que eu tinha muita vontade de ter as cabeças em minhas mãos. Eu seria a mais temida de todos os vampiros se pudesse exibir a cabeça daqueles três vampiros almofadinhas. Fora que seria um alívio, já que eles não paravam de mandar vampiros para me capturar. Será que eram tão fortes assim? Provavelmente não eram. O fato é que tudo não passava de uma hierarquia política e burocrática criada no mundo vampiro por conta de uma especulação de que eles seriam os mais velhos, tendo gerado todos os outros. Isso era ridículo! Mas eu iria provar como eles eram patéticos. Eu mataria um por um e carregaria suas cabeças na minha cintura, como um troféu. Se eu queria poder? Não! Aquilo não me interessava. Eu queria matar! Quanto mais vampiros morressem, melhor. Matar humanos não tinha graça, eram muito fracos. Não tinha nada melhor que lutar contra alguém extremamente forte, aquele sentimento de superação, de que eu era melhor do os outros, era tudo que eu precisava. Felicidade? Amor? Paz? Harmonia? Pra que? Aquilo era inútil! Tudo que eu queria era ser reconhecida, ser a melhor! E não importa se me intitulassem de cruel, assassina, vil. Desde que me reconhecessem de alguma forma, não importava as nomenclaturas que me dessem.

Aquelas correntes estavam me irritando! Elas apertavam meu pescoço e minhas mãos. Eu sentia que ela estava sugando minhas forças e isso me irritava. Eu não gostava de me sentir fraca. E quanto mais fraca eu me sentia, mais vontade de matar aquele vampiro arrogante eu tinha! Ele olhava para mim com um sorriso debochado no rosto. Eu queria fazê-lo engolir aquele sorriso. Quebrar todos aqueles dentes! Ah! Seria ótimo!

– Então, com medo? – ele me perguntou debochado.

– De você? – gargalhei. – Você não passa de um escroto, mas tenho que admitir que tem um grande senso de humor. – falei e ele também gargalhou.

– Não menti quando disse que você é minha presa preferida. Está nessa situação e não demonstra sequer respeito por aquele que está te dominando. Com certeza você não tem medo da morte.

– Me dominando? Você? Nem nos seus sonhos! Você até pode ter controle sobre minha força temporariamente, mas me dominar? Jamais! Jamais me rebaixaria de tal forma. Você nunca conseguirá fazer com que eu me submeta a você. – disse com desdém.

– E é isso que eu mais aprecio em você, madeimoselle. – ele disse segurando em meu queixo com a mão.

Era muito atrevimento! Como ele ousava me tocar? Não perdi tempo, movi minha cabeça, bem rápido, e mordi a sua mão. Ele gritou de dor e socou minha cabeça para que eu soltasse. E quem foi que disse que eu soltei? Mordi ainda mais forte. Ele socava minha cabeça cada vez com mais força. Se ele continuasse socando eu voltaria ao meu estado de vulnerabilidade e naquela situação seria péssimo. Achei melhor soltar. Fiquei com o gosto daquele veneno na boca. Delícia! Comecei a rir com gosto enquanto ele me olhava com ódio nos olhos. Aquele olhar me excitava! Quanto mais ódio, mais forte a pessoa se torna. Quanto mais forte, melhor o desafio e maior o troféu. Ele não conseguiria me intimidar.

– SUA VADIA! OUSA ME FERIR DESSA FORMA? JÁ REPAROU QUE É MINHA PRISIONEIRA OU ESTÁ DIFÍCIL DE ENTENDER? – ele gritava, fazendo com que eu sorrisse de forma irônica.

– Não pense que vou me sujeitar a você tão fácil. Não foi você quem quis trazer a assassina? Pois bem, agora aguente. Eu não sou tão boazinha quanto a outra! Você já deveria saber disso, Anderson. – respondi ainda sorrindo.

Ele rosnou para mim e eu apenas gargalhei ainda mais alto. Era patético o jeito como ele tentava me domar. Jamais conseguiria. Eu não tinha medo de nada que ele pudesse fazer. Se ele me matasse, além de estar fazendo um favor pra minha outra “eu”, ainda me provaria que existe alguém mais forte que eu, então nada mais justo. A morte não me assustava. Muito pelo contrário! Eu ficava eufórica a cada vez que a morte se atrevia a aproximar-se de mim. Situações extremas sempre foram de meu agrado. Situações onde eu conseguia provar que eu era forte o suficiente para superar qualquer coisa! Dessa forma, não existia nenhuma situação a que ele me submetesse que faria com que eu me deixasse ser dominada por ele. Eu não era vulnerável a nada! Eu era uma assassina! Sentimentos são fraquezas! Sentimentos são dispensáveis! Ele jamais conseguiria me dominar utilizando de manipulações psicológicas tão medíocres.

Ele ficou segurando a mão que escorria veneno. Então pegou um frasco dentro de uma bolsa que estava ao seu lado no banco. Ele espirrou um pouco do líquido e alguns minutos depois sua mão já estava normal de novo. Provavelmente era algum remédio que ele desenvolvera que acelerava o processo de regeneração. Eu tinha que admitir que Anderson era extremamente inteligente. Fora ele que me capturara há alguns anos e descobrira sobre a minha mutação. E era exatamente por conta dessa descoberta que ele vivia me perseguindo. Eu, sinceramente, achava divertida essa brincadeira de cão e gato. Depois que eu escapei, ele ainda tentou me capturar várias vezes, mas não obteve êxito. Claro que eu me cansava em algumas ocasiões. Afinal, ele não era o único a me perseguir. Mas ele era, de longe, o mais insistente de todos. A verdade é que eu já deveria ter acabado com aquela palhaçada há muito tempo. Mas dessa vez ele não perdia por esperar! Ele que desse o menor deslize que fosse! Na menor das oportunidades eu o faria implorar por sua vida e, quando me cansasse, o queimaria vivo. Seria apenas mais um mérito a acrescentar na minha lista de feitos.

– Acho bom manter essa língua dentro da boca! Os Volturi não são tão amigáveis quanto eu. – ele disse um pouco mais sério.

– Se eu não tenho medo de você, acha que terei dos Volturi? Não me faça rir!

– Você não sabe com quem está se metendo, garota!

– Eles é que não sabem com quem estão prestes a lidar. – respondi sorrindo, fazendo-o suspirar.

– Escuta, sei que é difícil pra você se controlar quando está nesse estado, mas eu te peço que faça isso. Você é de extrema importância para minha pesquisa, não quero que morra por não saber se portar como uma dama. – ele falava como se realmente estivesse preocupado.

Fiquei calada. Qual era a daquela preocupação? Ele é quem estava me levando direto para os Volturi. Ele que fez questão de que a assassina viesse. Estão eu não entendia porque ele estava preocupado. Mas não importa. Se ele achava que eu ia abaixar a cabeça para aqueles vampiros ridículos, estava muito enganado. Depois disso ficamos calados durante a viagem toda. Eu não me importava com o silêncio. O que realmente estava me incomodando eram aquelas correntes. Eu precisava arrumar um jeito de me livrar delas. Quando chegássemos lá eu tinha que dar um jeito de tirá-las.

Pousamos. Eu não estava ansiosa para conhecer aqueles vampiros nariz em pé. Já tinha ouvido falar horrores deles. Mas os próprios nunca deram as caras. Eu simplesmente detestava gente que mandava terceiros para fazer seus serviços. Esse tipo de gente não merecia sequer um pingo de piedade. Eles que se atrevessem a fazer qualquer coisa comigo. Eu não sou do tipo paciente para aturar desaforo. Eu estava acorrentada no momento, mas eles que não pensassem que eu ficaria assim para sempre. A verdade é que eu estava doida pra colocar minhas mãos no pescoço daqueles Volturi. Eles me pagariam caro por cada vampiro que mandaram me perseguir. Não que eu não tivesse aproveitado o prazer de matar cada um deles. Mas eu me cansei de matar a ralé enquanto os “nobres” ficavam sentadinhos curtindo o luxo de suas vidas patéticas. Eu queria os melhores! Minha fama só crescera porque matei muitos, mas eu não queria quantidade. Eu queria matar os mais fortes, os que eram reconhecidos como os grandes vampiros existentes. E quem melhor que os Volturi? Só de pensar sentia a excitação crescer dentro de mim. Só esperava não me decepcionar.

Fomos de carro até o castelo dos Volturi. Era de um luxo extremamente exagerado, a meu ver. Isso me irritava! Eu detestava gente esnobe, arrogante, que gostava de aparecer. Aqueles Volturi nunca me enganaram. Eles sempre foram um bando de “almofadinhas” pra mim. Viviam de aparências, mas força, provavelmente, não tinham. Patéticos! Quanto mais eu andava pelos corredores, mais me irritava. Sentia o ódio crescendo dentro de mim. Eu precisava saciar aquilo! Eu precisava matar alguém! Aquelas correntes estavam me irritando! Eu estava começando a ficar louca! Mas eu precisava me controlar. Eu tinha que me controlar! Da última vez que perdi a cabeça foi um massacre horrendo. Eu lembrava vagamente de tudo. O que eu senti na ocasião não foi prazer, não foi arrependimento, não foi nada parecido. Era o “monstro” do qual a Sophie vulnerável tinha tanto medo. Eu, particularmente, sentia admiração por aquele meu lado. Era forte, destemida, frívola. Uma pena ser tão descontrolada e impaciente. Mas eu podia garantir que ninguém a deteria. Ninguém!

Chegamos até uma porta enorme, provavelmente que dava para o salão dos Volturi, onde ficavam os “reis”. Havia uma mulher exageradamente bonita do lado de fora, como se estivesse esperando a nossa chegada.

– Heidi, bom vê-la novamente. – disse Anderson pegando na mão da mulher e beijando, cortejando-a.

– Você não perder esse charme francês, não é? – ela falava de uma maneira extremamente irritante.

– Só o tenho para com mulheres lindas como você.

– Eu vou vomitar! – disse, colocando as mãos, presas, atrás da cabeça.

– Então essa é a tal assassina?! – ela disse me olhando com desdém.

– Quer mesmo saber? Solte-me e eu te mostro. – disse sorrindo debochada.

– Não ligue para ela, Heidi. Ela é atrevida assim mesmo. – disse Anderson.

– Espero que ela saiba se comportar na frente dos mestres, caso contrário tenho até pena do que pode acontecer. – aquela frase me tirou do sério.

– Não preciso que alguém insignificante como você tenha pena de mim. Posso matá-la em um estalar de dedos. – falei entre dentes, de maneira ameaçadora.

– Na situação em que se encontra, realmente é muita coragem. – ela riu ironicamente.

Aquilo fez meu veneno ferver. Eu estava começando a perder a paciência. Comecei a tremer de ódio! Eu não conseguiria me controlar! Não sei se Anderson percebeu, mas tentou evitar.

– Heidi, não a provoque. Eu não tenho ideia do quanto essa garota é forte. Não posso garantir sua segurança se continuar com isso. – ele falou sério.

– Está brincando comigo? Está me dizendo que essa piveta é forte assim? – ela parecia não acreditar.

– Ela não é uma vampira qualquer. Acha mesmo que os Volturi se interessariam por alguém que não valesse a pena? – ele voltou a falar sério.

Ela deu de ombros. Ah! Desgraçada! Seria a primeira a morrer! Eu só tinha que me livrar daquelas correntes! Só mais um pouquinho e meu ódio cresceria a níveis incontroláveis. Aí eu queria ver quem conseguiria me segurar. Uma pena eu não estar com minha espada. Mas não seria necessário. Aquela força adormecida dentro de mim era algo inimaginável! Eu queria aquela força novamente! Eu queria! Mas não seria daquela vez. Não ainda. Era preciso mais que uma biscate para despertar aquele poder. Será que os Volturi conseguiriam? Talvez. Aquele pensamento me fez sorrir. Agora sim eu estava ansiosa para conhecê-los.

Aquela vaca abriu a porta e me deparei com três vampiros bizarros, sentados em tronos. Era um mais esquisito que o outro. Tinham uma aparência diferente do que eu estava acostumada. Eram elegantes, altivos, daqueles que exalavam status. Sorri abertamente. Adorava matar aquele tipo de gentalha. Anderson me levou até próximo do trono. Ao lado havia dois pirralhos, um brutamonte e uma mulher. Provavelmente da guarda. Sentia que aqueles três eram fortes. Malditas correntes!

– Aro, como prometido, aqui está Sophie. – Anderson disse, apresentando-me.

O vampiro que estava sentado no meio se levantou com um sorriso de felicidade no rosto. Ele andava como se estivesse pisando em nuvens. Cheio de frescuras! Não sentia nenhum tipo de força nele, apenas uma ambição e sede por poder enormes. Ele parecia ser extremamente esperto e audacioso, do tipo que sabe jogar muito bem. Eu queria testar aquilo.

– Então, essa é a garota que matou tantos subordinados meus. – ele disse dando uma volta em mim, como se me analisasse.

– Isso mesmo. – respondeu Anderson.

– Devo parabenizá-lo, Anderson. Até então não conseguimos capturá-la nenhuma vez. Estava até pensando em mandar alguém de minha guarda pessoal, mas já que você se dispôs, fico extremamente contente que tenha conseguido.

– Não foi difícil dessa vez porque ela estava mais vulnerável quando a encontrei.

– Vulnerável? Isso perde completamente a graça.

– Ela se envolveu com os Cullen.

– Os Cullen. – Aro repetiu como para si mesmo. – Não entendo qual a graça daqueles vampiros. Nem sequer sei como Carlisle consegue atrair tantos talentos. A vida deles é pacata, sem qualquer tipo de emoção. Qual o significado de ser vampiro então?

– Carlisle Cullen é muito mais intrigante do que vocês. – disse sorrindo de canto.

– Ora, ora. – ele me olhou com curiosidade. – E pode dizer qual o motivo dessa sua opinião?

– Vocês, Volturi, são extremamente previsíveis.

– Como pode dizer isso sem nos conhecer?

– Dá pra ver na cara de vocês. Está praticamente estampado em suas testas. – respondi atrevidamente.

– Sophie! – Anderson me chamou a atenção. Eu apenas dei de ombros.

– Deixe, Anderson. Por favor, continue seu raciocínio.

– Já Carlisle Cullen é completamente o contrário. E pensar que ele queria fazer de mim sua filha. – sorri ligeiramente em deboche. – Uma assassina filha de um pacifista. Mesmo sabendo disso ele ainda pensou que poderia mandar em mim. E em momento algum abaixou sua autoridade. Sinceramente, é algo inesperado, não acha?

– Realmente, Carlisle é um ser intrigante. Seu carisma é assustador. Era por isso que eu o queria ao meu lado, mas ele insiste em negar sua identidade de vampiro. – Aro parou na minha frente por um momento e ficou calado, apenas me observando. – Mas não quero falar sobre ele. Quero conhecê-la melhor. Você matou tantos vampiros, fico curioso para saber que tipo de habilidades possui.

– Quer mesmo saber? Tire minhas correntes e descobrirá. – ele gargalhou com minha fala.

– Bela tentativa, gracinha. Mas apesar de querer muito vê-la em ação, não sou idiota. Apenas preciso dar uma vasculhada em sua mente e me darei por satisfeito.

Ele se aproximou e tocou meu rosto. Ele ousava me tocar? Meu nível de irritação estava aumentando novamente. Ele ficou com as mãos em meu rosto por um tempo, calado. Seu olhar era vazio. Eu queria fazer a mesma coisa que fiz com Anderson, mas não era o momento de causar alarde. Ainda não. Quando ele terminou, soltou meu rosto e ficou me olhando assustado. Era um imbecil!

– Nada! Não consegui ver absolutamente nada! – ele parecia surpreso, como todos que estavam presentes. – É como aquela garota que Edward transformou.

– Não, Aro. É totalmente diferente. Aquela garota tem um dom, Sophie apenas possui um controle metal muito forte. – disse Anderson. Saber que ele me conhecia daquela forma me irritava.

– Controle mental? Ela está controlando a mente para que eu não leia? Isso só pode ser piada! – ele falava incrédulo.

– Seu dom é que parece uma piada. Sinceramente, esperava mais do líder dos Volturi. – disse com desdém.

Ele me olhou com ódio e eu sorri. Aquele olhar! Sim! Era exatamente aquele olhar que eu queria! Mais um pouco, só mais um pouco. Ele virou-se de volta para o trono e sentou-se. Ele me olhava com ódio, como se estivesse prestes a me atacar. Porém, logo ele começou a sorrir. Era um sorriso malicioso. Eu sabia que alguma coisa estava por vir.

– Jane. – ele falou e a pirralha que estava ao lado se aproximou.

– Sim mestre. – ela respondeu, como se já soubesse o que fazer.

De repente senti uma dor forte em minha mente. Era extremamente forte, mas eu não movi um músculo sequer. Ela estava querendo me causar dores através da mente? Ela por acaso escutara o que Anderson disse? Pois bem, eu entraria naquele joguinho ridículo. Comecei a gritar como se realmente estivesse incomodada com a dor. Fiquei um tempo agonizando, enquanto via o sorriso no rosto da pirralha. Aro também sorria satisfeito. Anderson já me olhava preocupado. De repente eu parei de gritar, levantei-me calmamente e comecei a rir. Eles ficaram sem entender e Anderson se apavorou.

– Vocês são retardados ou o que? Ouviram o que Anderson disse? Eu tenho um forte controle mental. E mesmo que não tivesse, essa dor que você causa, reconheço que para muitos é forte, mas para mim faz cócegas. – voltei a rir.

A garota ficou séria e novamente aquele olhar de ódio me foi direcionado. Senti que ela aumentou a força e eu apenas fiquei parada. Aro ficou boquiaberto e a garota continuava tentando. Aquilo estava me tirando a paciência. Detestava gente fraca que insistia em ser forte.

– Vai continuar com essa palhaçada ou será que tá difícil de entender que seu poder não funciona comigo?! – perguntei.

– Jane, pare. – Aro falou sério e a garota parou. – Impressionante. Então os boatos não eram exagero. – ele voltou a sorrir.

– Aro, chega de testes. É sério! Essa garota é perigosa, não a provoque dessa maneira! – Anderson alertou.

– Está pedindo para que eu me contenha? Eu? Aro Volturi? Não acha muita insolência? – ele falava arrogantemente.

– Acho bom que você não seja um líder arrogante que não escuta seus subordinados. Podem acontecer muitas coisas e você se arrependerá depois. – eu disse, agora, séria.

Senti que o clima pesou. Eu encarava o Volturi sem o menor medo. Ele também me encarava, bastante sério. Parecia analisar a situação. Ele olhava para Anderson como se estivesse medindo as consequências de suas futuras atitudes.

– Acha mesmo que essa garota possui essa força toda? – Aro perguntou, agora, interessado.

– Eu não tenho certeza. Como havia dito, minhas pesquisas não foram concluídas e tudo que sei é apenas aquilo que me restou na memória. No dia que ela fugiu, destruiu meu laboratório e grande parte das minhas pesquisas. Preciso realizar novos testes e chegar a novas conclusões. E, sim, acredito no potencial dela. A mutação que ela apresentou a transformou em alguém completamente instável. Essa garota que você vê agora é uma assassina, mas ela possui outras personalidades. Não que esse distúrbio de identidade seja consequência da mutação, e na verdade não é, mas dependendo da personalidade dominante seus poderes também variam. É como se a mutação acompanhasse sua loucura e instabilidade mental, tornando seus poderes algo favorável às circunstâncias. Por exemplo, essa que você vê aqui é extremamente habilidosa com o dom de controlar o fogo. Já a outra personalidade, que se apresenta vulnerável e sentimental, pode controlar a velocidade de forma excepcional. Ela também possui uma personalidade mais recatada que possui uma força imensa. Mas existe uma personalidade, que provavelmente é a verdadeira Sophie, que é a junção de todas elas. E essa sim é a mais perigosa! Foi ela quem destruiu meu laboratório e eu não tenho ideia de como eu consegui sair vivo da situação. E se essa verdadeira Sophie aparecer, não tenho como afirmar que tipo de estrago ela pode causar. – Anderson falava extremamente sério.

– Está nos subestimando, Anderson. – disse Aro.

– Não Aro. Vocês que estão subestimando a Sophie.

Aro ficou calado. Eu também estava um pouco chocada com aquelas palavras. Não devia ter permitido que ele me conhecesse tão bem. Se ficasse espalhando aquilo eu me tornaria alguém previsível e eu não gostava disso. Fiquei pensativa, eu precisava tomar cuidado. A situação poderia se tornar pior do que eu imaginava. Eu tinha que dar um jeito de sair dali! Detestava não ter o controle das coisas!

– Muito bem, parece que capturamos um tesouro. – Aro disse sorrindo abertamente. – Quero a personalidade vulnerável! Provavelmente será mais fácil lidar com ela. Como faremos para que isso aconteça, Anderson? – gelei com aquilo.

– Ela precisa de uma pancada forte na cabeça. – droga! Até isso ele sabia?

– Não vejo problemas nisso. Félix, faça as honras.

Aquele brutamonte veio em minha direção. Droga! Eu não podia permitir aquilo! Mas eu não conseguiria correr com aquelas correntes me sugando os poderes. Ele se aproximou de mim e eu o encarei. Não estava com medo, mas lamentava o fato de não poder fazer nada para me defender. Claro que a outra estaria em desvantagem! Ele ergueu o braço e desceu um murro no topo da minha cabeça. Senti o veneno escorrer pelo meu rosto. Eu estava perdendo a consciência. Aquilo não era nada bom. Desmaiei.

Acordei em uma cama. Estava meio zonza. Definitivamente não era “meu” quarto. Era um lugar extremamente grande e com muito luxo. Não lembrava muita coisa. Levantei, apenas ao ponto de me sentar. Olhei para o travesseiro, que estava sujo de veneno e suspirei. Aos poucos as imagens vinham a minha mente. Eu tinha sido capturada. Anderson me forçou a exteriorizar minha personalidade assassina e lá estava eu, naquela situação. De qualquer forma ela apareceria. Não tinha como ficar calma naquele momento. Eu me deixei ser capturada para que minha presença não prejudicasse ainda mais aquela família. Eu sabia que aquilo não daria certo. Carlisle era muito otimista. E eu até cheguei a pensar que talvez ele pudesse ser a minha salvação. Não era bem a salvação que eu esperava, já que em meus sonhos eu morreria no final. Mas não era algo de todo ruim. Era estranho o jeito como ele me dava carinho. Não só ele como Esme e todos os outros. Estava surreal demais para ser verdade. E finalmente a Rose me fez retornar a realidade. Tudo não passava de um sonho. Um sonho que me perseguia por séculos. O sonho de ter uma família de verdade. Mas para mim era impossível. Eu era como um repelente da felicidade. Quando ela tentava se aproximar, de alguma forma eu a afastava. E não fazia por querer! Era como se ao meu redor existisse um campo de força impenetrável. E quando eu percebia, estava sozinha de novo. Sozinha. Era estranho como a solidão tornou-se pior. Conhecer aquela família apenas acentuou a dor que eu sentia por ser quem eu era. Eu fui estúpida de me deixar levar por aquilo. Agora demoraria séculos para voltar a ser como antes. Mas era isso que eu queria? Voltar à vida solitária, sem ninguém para me abraçar ou enxugar minhas lágrimas?! Eu provara daquele carinho e agora eu não queria abandoná-lo. Nunca criei um sentimento egoísta assim. Aquela esperança precisava morrer. Eu não poderia alimentar esse tipo de sentimento.

Voltei a me deitar. A corrente em meu pescoço me incomodava. Eu estava presa. Não só física como mentalmente também. Minha mente tornou-se escrava daqueles olhos cheios de compaixão, daquela voz doce me chamando de “florzinha”. Sorri. Carlisle tinha razão, ele conseguiu fazer com que eu sentisse falta. De algum modo tudo que eu queria era estar em seu colo sendo embalada por aqueles braços tão protetores. Nunca me senti tão vulnerável antes. Sempre tive esse lado, mas parece que os Cullen fizeram esse sentimento se intensificar. Para o estilo de vida que eu levava, isso era péssimo. Eu abaixei minha guarda demais. Eu não podia ter deixado que eles penetrassem minha alma de maneira tão profunda. Eu não podia ter deixado que eles invadissem minha mente daquela forma. Agora tudo que eu conseguia pensar era neles. E talvez foi justamente por isso que me deixei ser capturada. Se eu pensava neles, tinha que me manter longe ou apenas causaria discórdia. Rose tinha razão! Eu sabia que ela tinha razão! Mas doeu muito, o que ela fez. Eu não tinha o direito de reclamar. Ela se encrencou porque eu estava lá. Ela brigou com seu companheiro porque eu estava lá. Ela tinha todo o direito de fazer aquilo comigo. E não é como se minha vida já tivesse sido diferente daquilo. Ela não era a primeira e, provavelmente, não seria a última a me “apunhalar” pelas costas. Eu estava sendo dramática, afinal, não se trai uma pessoa que já não confia em você. Mas será que eu realmente não confiava? Será que eu realmente esperava que ela mudasse de ideia e fizesse o mesmo que os outros Cullen? Com que direito eu poderia ter esse tipo de esperança. Eu não merecia compaixão. Apesar de eles terem demonstrado isso o tempo todo, nunca me convenceram de que eu merecia aquilo. E eu não gosto que me façam as coisas sem que eu mereça. É por isso que nunca consegui odiar o Anderson. Eu merecia ser objeto de pesquisa, afinal eu era uma aberração. Não podia culpá-lo por isso!

Eu conseguia ouvir passos do lado de fora. Provavelmente viriam me buscar daqui a pouco. Afundei meu rosto no travesseiro. Por quê? Por que eu queria tanto que Carlisle entrasse por aquela porta e me dissesse que tudo não passava de um pesadelo? Por quê? Eu sabia que não merecia. Eu sabia que meu final jamais poderia ser feliz assim! Eu tinha que sofrer, eu tinha que afundar cada vez mais. Era o meu destino. Eu sabia que no final eu morreria sozinha! Eu sabia que por conta do meu nascimento ter sido um erro, o único jeito das coisas voltarem a fazer sentido era se eu deixasse de existir. Mas por que assumir aquilo me doía tanto? Eu não tinha o direito de me sentir triste por isso. Eu tinha que me lembrar! Tinha que me lembrar de que eu era... Eu era um monstro! Aberração! Eu não podia me esquecer disso! Sempre fui isso. Por que agora me doía pensar assim? Por que eu queria tanto negar a realidade que sempre se fez presente? Será que... Será que os Cullen tinham conseguido me fazer acreditar que eu não era aquilo que pensava ser? Mas... Aqui estou eu. Sozinha de novo. Por que eu deveria acreditar? Estava me machucando. Mais do que deveria! Eu precisava esquecer os Cullen. Eu precisava esquecê-los. Eu fiz o que fiz por eles! Eles mereciam ter paz. Comigo por perto eles jamais teriam. Eu estava fazendo bem a eles. Todos sairiam ganhando, não é?

Ouvi alguém abrindo a porta. Fiquei quieta, mas sabia que não conseguiria fingir que ainda estava desmaiada. Senti a pessoa sentando na cama. De repente senti alguém acariciando meus cabelos. Carlisle? Virei rapidamente.

– Então você estava mesmo acordada?!

Fiquei surpresa.

– Anderson?

– Achou que era o Carlisle, não é?

Fiquei extremamente surpresa. Ele estava me acariciando? Por quê? Ele me olhava com olhos preocupados. Eu não conseguia entender aquele ser. Talvez ele fosse tão louco quanto eu.

– O que você quer? – perguntei ríspida.

– Tenho que te levar até Aro. Ele quer conversar com você. – ele disse eu suspirei. – Sei que é chato para você, mas tenha paciência. É temporário. – ele sorria, me deixando ainda mais confusa.

– Qual é o seu problema? Foi você quem me trouxe aqui e está tentando me consolar? – eu perguntei confusa e ele suspirou.

– Eu sei que parece loucura e eu realmente acho que estou ficando louco. Mas é que... – ele não conseguiu continuar.

– Você não me deve explicações, eu sou sua prisioneira.

Ele levantou irritado. Eu realmente não conseguia entender qual era o problema dele. Lembrava-me que quando ele me capturou ele era mais sério e mais concentrado em sua pesquisa. Ele quase não conversava comigo, chegava a ser extremamente frívolo. Já eu vivia com minha personalidade assassina no controle, então eu adorava tirá-lo de sua postura intelectual. Mas aconteceu algo inesperado naquela época. Em um de seus testes, eu perdi o controle. Ele me colocou em uma cadeira de choque e eu não consegui me controlar. Eu simplesmente explodi e depois disso não me lembro de muita coisa. Mas isso eram águas passadas. Eu já não era a mesma e, pelo visto, Anderson também não. Ele me levantou, segurando-me pelo braço bruscamente e saiu me arrastando pelos corredores. Eu olhava para o chão, calada. Logo, me vi em frente aquela porta novamente. Ia começar tudo de novo. Suspirei enquanto a porta era aberta.

– Ora, ora! Até os olhos dela mudaram. Interessante. – Aro disse enquanto se levantava.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Yooo pessoitas ^^/

Tá aí mais um cap XD!! Finalmente um POV da Sophie XD!! Não é mto fácil retratá-la, eu criei uma personagem um pouco complicadinha xD!! Como o Anderson disse, ela realmente tem um distúrbio de identidade XD!! Enton eu fiz esse cap de maneira q vcs pudessem perceber a diferença de uma para a outra, mas tentando deixar claro q na verdade é uma coisa só XD!! Non é como se ela non tivesse consciência das outras personalidades, é como se ela fosse uma atriz vivendo várias personagens XD!! Non sei se consigo explicar direito, só espero que vcs tenham entendido XD!! E isso ainda vai dar um pouco de probleminha, mas aguardem XD!! E aí? O que acharam do comportamento do Anderson? Isso tá realmente ficando divertido... hauahauhauahauahau XD!! As coisas vão surgindo na minha cabeça e eu coloco XD!! Espero estar agradando XD!!
Bom, deixem seus comentários ^^!! Estarei aguardando e agradeço extremamente quem está acompanhando ^^!! Vcs non tem ideia do quanto fico feliz com seus comentários XD!!
Até o próximo cap o/



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