'O Sole Mio escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 8
Aventura no Almoxarifado


Notas iniciais do capítulo

Aiai, prometi pra Vi um capítulo "ontem" mas são duas da manhã ainda e nem acredito que fui tão perseverante a ponto de realmente entregar o capítulo após sofrer horas com o final! Espero que de pra aproveitar um pouco, não ficou grande coisa mas é necessário pra parte da trama.
Godere



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Já a manhã seguinte, faltavam duas quadras para que Raoul a deixasse no portão da universidade, e era bem claro que ele estava irritado com o que tinha se passado na noite anterior, em qualquer outra situação, Emma não teria se sentido um pouco culpada, mas ela se sentia, mesmo certa que não era sua culpa, cozinhar não era humilhante, mesmo que como ajudante, não? Mas mesmo assim ela estava prestes a pedir desculpa pelo que não fez, talvez fosse porque mesmo a casa de Dona Mantovani sendo enorme, ainda assim, ela era uma convidada e dividia o mesmo teto com Raoul e era melhor não abusar da hospitalidade fazendo como fez.

Raoul? Sei ancora arrabbiato per ieri? – Raoul? Você ainda está irritado por ontem? - Emma perguntou antes mesmo de perceber o que falava.

Non.– Ele respondeu seco e qualquer um que visse saberia que era mentira e que suas mãos estavam fechadas entorno do volante com mais força do que guiar um carro necessitava.

– Anche così, mi dispiace lo so che sei arrabbiato, anche a me. E sulla farina, sul serio, non è stata colpa mia. – Mesmo assim, me desculpe eu sei que você está bravo comigo, mesmo. E sobre a farinha, sério, não foi minha culpa. - Retrucou antes de descer do carro dois segundos depois dele parar.

Se sentiu melhor assim, se desculpou pelo que pode, e disse a verdade, se havia um único culpado por fazer aquele levante de farinha e chocolate em pó foi o próprio Raoul e a delicadeza dele com a massa. Não esperou para ver o carro voltar ao trajeto, na verdade, Emma queria fingir que ele a olhara somente confuso e sem raiva depois do que ela disse, mas tinha certeza que ele arrancou logo em seguida sem olhar para trás. É, ela realmente teria sempre um problema com aquele italiano, tudo mesmo depois de decidir que não devia continuar com o atrito entre eles, era impossível parar, parecia que eles existiam para não se darem bem.

Caminhou mecanicamente pelo campo e agora, Emma estava parada na entrada da sala de palestras daquele dia, até aquele momento ela nem havia notado que não conhecia ninguém ali, estava e contunua tão focada nas aulas e no trabalho que não falara com ninguém que não fosse o homem de quem reivindicou o lugar. E Emma não era assim, não era uma daquelas pessoas que só fazia amizades necessárias ou que limitava seus círculos, não, ela sempre tinha sido muito sociável e nunca se considerou como alguém que tem mais amigos do que poderia manter, na verdade ela nem acreditava que tinha tantos amigos assim.

Na mesma hora resolveu por mudar de situação, mas não pretendia fazer nenhuma investida antes do intervalo, as palestras e seu trabalho continuavam sendo mais importantes. E pensar no trabalho a deixava completamente aflita, depois do ataque de saudades ontem e os brownies, Emma não teve tempo algum para bisbilhotar as caixas no quarto de Francesca, segundo ela, cinco caixas estavam empilhadas embaixo da cama e tinham de todos os assuntos sobre os Mantovani, álbuns de fotos, diários antigos, documentos e quem sabe mais o que e tudo intocado ainda por Emma. Ela não acreditava que não tinha podido ver nada na noite passada! Mas a mesma noite bem tinha tido seu ponto positivo, Francesca falara com o irmão e quando Emma pode procurar por Ignazio ele já se mostrava animado para participar do "plano secreto" e depois de Emma explicar o que ela pretendia e precisava exatamente, Ignazio se predispos a pegá-la no horário de almoço e assim ter certeza que nem Raoul ou Danilo descobririam a pesquisa deles. Ele parecia ainda otimista, disse que poderiam encontrar muita coisa útil nos registros, eles recuperaram muitos relatórios e livros-ata de cem, ou duzentos anos atrás e parte deles já havia sido transferida para o computador. Só era necessário agora, uma desculpa para Ignazio ir a empresa no horário do almoço, mas sinceramente, este problema não era de Emma.

O intervalo chegou e comer algo estava fora de questão, nas últimas doze horas Emma tinha comido mais brownies do que costumava na semana, na noite anterior todos se serviram de vários pedaço com sorvete ou creme, no café da manhã a outra metade da assadeira foi servida junto com um café bem forte e pareceu extremamente apetitoso a ela, mas agora, não conseguiria comer mais nenhum pedaço pelo menos, não até a aproxima semana, brownies eram maravilhosos, mas doces e enjoativos. Portanto resolveu por comprar um frapê na Starbucks dentro do campus, é, essa loja se proliferou como os coelhos na Páscoa, mas também, qualquer um adorava um bom capuccino, ou chocolate quente.

E talvez fosse esse o problema, todo mundo amava e isso é sinônimo de enfrentar uma fila enorme e não ter onde se sentar. É, nenhum lugar a vista, todas as mesas estavam ocupadas, mesmo que não todas as cadeiras. Ela tinha que ser outra doida por cafeína como todos os que estavam ali e nem sabia o que pensar daquele lugar durante o período de aulas na faculdade, nunca mais café Starbucks enquanto estivesse em Florença.

Miss, miss?– Alguém chamou atrás de Emma, com certeza era um homem e ela se virou a sua procura. Encontrou um grupo acenando, com três homens e duas mulheres, mas não conhecia nenhuma daquelas pessoas e resolveu por fazer um gesto perguntando se eles se referiam a ela e então percebeu que o cara que tinha ocupado meu lugar em um dos primeiros dias fazia que sim para ela.

– Emma Scott, não? - Ele perguntou quando me aproximei mais.

Yes... - Respondeu exitante.

Do you want to sit with us?– Você quer se sentar conosco? - Ele perguntou oferecendo a cadeira vazia na mesa.

Can I?– Posso? - Perguntou.

Of course. - Claro. Respondeu o outro homem enquanto as mulheres assentiam com a cabeça e sorriam para ela.

Então fizeram as apresentações, Marsha e Christopher do Canadá, Natasha uma russa que falava inglês perfeitamente, Dylan dos Estados Unidos e por fim Bryan, o roubador de acento, da Irlanda. Não deve haver nada melhor que acontecer aquilo que você esta decidido a conquistar, talvez o universo conspire a favor destes casos, somente como um empurrão de um autor em um livro maior do que páginas.

Eles pareciam um grupo que Emma rotularia como promissor, pareciam pessoas que por si só já tinham alguns laços de amizade e estavam dispostos a aceitá-la e não só pelo fato de que todos falavam a mesma língua. Conversaram com ela parecendo velhos amigos e tudo sempre imerso em muito humor ou frases como: "alguém pode não ter um cachecol de raposa que você mesma caçou?" disse Natasha depois de ouvir de Christopher que todos deviam ter um par de meias de uma cor vibrante em seu armário.

Com o fim dos vinte minutos de intervalo Marsha questionou Emma se ela gostaria de companhia para o almoço por se lembrar que Emma costumava almoçar sozinha.

– Não, na verdade hoje eu não posso e provavelmente também não poderei na semana que vem.

– Conseguiu um namorado italiano? - Inqueriu a outra com um tom de diversão.

– Longe disso, ele é casado.

– Está na Itália a uma semana e já se tornou amante de algum cara aí? - Interferiu a loura russa.

– Não, erraram feio, meu interesse com ele é meramente acadêmico e amistoso. - Respondeu quase como se estivesse orgulhosa de poder admitir isso.

– Sabemos bem! - Respondeu Natasha sorridente. E Emma não pode deixar de imaginar qual seria a reação delas quando visse um carro esportivo prata parado na frente da faculdade e dentro dele: Ignazio Mantovani.

A última palestra fora como viera, rapidamente. E mesmo Emma adorando cada detalhe, fosse sobre um prato decorado encontrado em um sítio arqueológico próximo a eles, ou uma escultura como o famoso Davi de Miquelangelo, era bom que aquela hora tivesse passado bem rápido.

{♥♥}

Ela correu até a frente da universidade e ficou nervosamente esperando por Ignazio, quase como uma garota em seu primeiro encontro, mas dessa vez era na sua primeira pesquisa oficial, nem podia acreditar que finalmente estava fazendo um pouco do que uma verdadeira historiadora fazia, mesmo já formada, nenhum aluno do curso consegue uma pesquisa antes de ter vários e vários doutorados e P.H.D.s em uma área, a maioria virava professor, ajudante nas pesquisas da própria universidade ou se não eram contratados para um trabalho em grandes empresas que diziam "preservar" a história mas os empurravam para os Recursos Humanos de onde ninguém saia. E tinha Emma, historiadora segundo o diploma na parede da sala da casa dos pais e fazendo uma pesquisa inda extra oficial para torná-la oficial e válida junto com a sua vaga no doutorado. Realmente ela era uma das poucas jóias que puderam resolver trilhar esse caminho e objetivos a ela é o que não faltavam.

O som de uma buzina a despertou de seus próprios pensamentos confusos e embriagantes para anunciar que Ignazio tinha chego em um carro italiano prata, chamativo o suficiente, mas muito menos que o de Pietra e até mesmo o de Raoul. Eoe acenou para Emma e indicou o banco ao seu lado e isso fez com que ela se apressasse em juntar o material que tinha deixado em um banco próximo. Dessa vez felizmente, e muito diferente de vários episódios na faculdade em Londres, os papéis não foram ao chão e se espalharam em um raio de vinte metros e tornando quase impossível juntá-los novamente, isso era bom, dessa vez o destino e a sorte conspiravam ao seu favor.

Ciau. - Disse ao entrar no carro.

Ti disturbo? - Estou atrapalhando? - Perguntou depois de responder ao cumprimento.

Come? – Como? - Emma meneou a cabeça para o lado mostrando que não entendera nada.

Penso che i tuoi amici non piace vederti presto. – Acho que seus amigos não gostaram de ver você saindo tão cedo. - Ignazio fez um movimento com a cabeça para o grupo de ingleses do intervalo com quem Emma havia tomado café.

– Não sei se são meus amigos, ainda, mas são promissores, todos falam inglês e estão achando que você é meu namorado ou algo do tipo, mas calma, eu disse quase a verdade, não a parte de eu estar hospedada na casa da sua família, mas eles não levaram tão a sério como deviam.

Ah, troppo male per voi. – Ah, uma pena para você.

Perché?– Falou novamente sem entender.

Perché, se pensi che io sono il tuo fidanzato spaventare il resto dei singoli. – Oras, se pensam que sou seu namorado vai espantar o resto dos solteiros.

– Melhor assim, não quero ninguém correndo atrás de mim, que tal se eu andar na direção certa e encontrar uma pessoa fazendo o mesmo mas em minha direção? Muito mais saudável.

– Corrida é um bom esporte, Emma. - Respondeu sério antes de começar a rir gostosamente.

Nenhum conseguiu falar pelo tempo que se seguiu, tinham perdido todo o ar dos pulmões rindo da pida que se fez nas últimas palavras. Ignazio era a pessoa certa para se recorrer em qualquer situação e era maravilhoso e perfeito, mas como Emma descobriu, como amigo, era esse seu posto e ele se encaixava muito bem ali, sem perigo de nada mais, como um bom amigo deve ser. O homem certo para Emma nem ela sabia como ele era, ou como queria que ele fosse, mas com certeza não era Ignazio e nem muitos homens bons que ela tinha conhecido antes, ou os nem tão bons.

E io armeggiare? – E eu atrapalho? - Ela perguntou depois de um silêncio de espera de alguns semáforos.

Ora è il mio turno per chiedere: come? – Agora é minha vez de perguntar: como?

Il pranzo, non sarebbe qui se non ho chiesto. - O seu almoço, você não estaria aqui se eu não pedisse.

– Verdade, você me fez quebrar uma das minhas promessas que é nunca falar a um almoço da Dona Mantovani enquanto eu estiver na cidade, vamos dizer que você está "me devendo uma", ragazza.

– Se eu terminar esse trabalho e conseguir a aprovação dele então eu estarei te devendo muito mais que "uma".

– Se isso acontecer, vai ser só pelo seu próprio merecimento, Emma, de verdade, você não está me devendo nada, desde que o Raoul não fique sabendo disso, ou estaremos bem ferrados.

Novamente a ameaça de Raoul sobre o seu trabalho ma fez ficar silenciosa e receosa com o que poderia acontecer, não seria difícil pegá-los e muito provável de acontecer e isso fazia Emma se arrepiar até a nuca de pavor.

Chegaram rapidamente ao prédio onde se localizava a cede da empresa de vinhos Mantovani, na verdade, somente ou dois últimos andares erram pertencentes a eles, os outros 23 a outras empresas daquele centro empresarial, cedes administrativas das mais diversas produtoras de produtos italiano ou de multinacionais instaladas na região, no elevador se viam uma marca de maquiagem norte americana, outra de confecção de roupas, um estúdio fotográfico e a a redação de uma revista.

Preparati ad essere una spia? – Preparada para ser uma espiã? - Perguntou Ignazio antes do elevador parar.

No, ma andiamo avanti. – Não, mas vamos em frente. - Ela respondeu quando as postas finalmente começaram a se abrir e mostraram um corredor em corres sóbrias assim como tudo que se via na esquerda por onde seguiam.

Emma só seguia silenciosamente Ignazio, com uma pasta na mão e a bolsa no ombro, parecia mais uma aprendiz ali, mas não usava os terninhos como as outras mulheres que ela viu em algumas salas. De repente ele parou na sua frente e pediu que ela esperasse, foi até a frente e falou com uma senhora de óculos grossos e depois que ela acenou com a cabeça, voltou e buscou Emma dizendo que tudo estava certo, a tal signora Benini não contaria nada a Raoul.

Logo estavam na frente de uma porta onde se lia "Registros" e Ignazio tentava várias chaves que tinha tirando do bolso e resmungava baixo.

Okay, ora sei nella miniera, trovare l'oro. – Pronto, agora você está na mina, encontre o ouro. - Disse ele mostrando várias estantes com pastas e dois computadores encostados na parece oposta as estantes.

E 'troppo! – É muita coisa! - Disse encantada e ao mesmo tempo apavorada pelo curto tempo que teria para sintetizar parte daquilo.

– 290 anos, mas eliminemos os últimos 40, ou sim Raoul nos matará e sobram 240, isso significa que só a última estante nos é proveitosa.

– Porque excluir quarenta anos?

– Primeiro porque meu pai e Raoul são muito detalhistas e nós nunca poderíamos ler tudo a tempo de entregar esse trabalho nem no ano que vem, segundo porque isso deixaria Raoul enfurecido e dizendo bobagens como você estar interessada em como a empresa vem progredindo para informar aos nossos concorrentes. E terceiro e melhor, você tem a mim, um testemunho vivo do que aconteceu nos últimos 40 anos da família Mantovani, mesmo eu tendo quarenta anos exatamente, eu sei bem o que aconteceu quando eu era pequeno por aqui.

– Ótimo, isso quer dizer que vou ter um depoimento garantido para anexar? - Emma perguntou manhosamente.

– Não era essa a minha ideia, mas como fui eu que comecei, então sim, terá um depoimento.

– Então vamos ao trabalho - ela disse indo em direção a um computador para procurar em meio aos documentos digitalizados. Pesquisar em italiano realmente dificultava muito a vida de Emma, ela estava acostumada a fazer leituras dinâmicas para eliminar o excesso, porém a falta de reconhecimento das palavras a afetava mais do que ela imaginara. Mas o trabalho, pesquisar e tentar de jeito algum ser pega também, a deixavam mais animada, para Emma descobrir coisas do passado era como uma injeção de adrenalina direto em suas veias e essa sensação com certeza liberava tanta seratonina nela quanto u a barra de chocolate.

Quando finalmente conseguiu começar um texto depois de ler várias páginas de pedidos de vinhos, e comprovantes de entrega começou a fazer as primeiras anotações. Os Mantovani se instalaram na região por causa de uma dívida do dono das terras e assim ele as vendeu por um valor menor do que o que elas realmente valiam, tudo para ter os tostões na mão mais rapidamente e ser livrado das ameaças do agiota, foi o que contou Ignazio e exatamente o que o papel digitalizado indicava, era o próprio recibo do pagamento pela terra a exatamente 297 anos atrás.

Segundo os registros as terras também ficaram despovoadas pelos cinco anos seguintes quando finalmente o filho mais velho da família veio se instalar e começar a plantar algo na propriedade. Tudo era muito rico em detalhes, a história que contava batia com a maioria dos dados e Emma esperasse que com os diários que Francesca tinha encontrado.

Haveria muito o que se escrever e muito a se contar, mas Emma precisava voltar, mais um minuto e ela não chegaria a tempo da próxima palestra de Estudo antropológico da história italiana. Mas primeiro precisavam voltar sem serem pegos.

Stella Mantovani, esposa de Ignazio e mãe de Joana.


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Notas finais do capítulo

Ao menos enquanto eu chorava por causa desse final eu encontrei uma grande ideia para o capítulo 12, e para aproximar de vocês, quero ver se trabalho do 11aamanhã e o entrego também tomorrow. Deixem comentários e EU QUERO AGRADECER E MUITO A VI PELA RECOMENDACAO FOFA QUE ELA ME PROMETEU E CUMPRIU! TI AMO kkkkkkk