Depois da morte de Augustus Waters escrita por Malia Stilinski


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Outro, to no pique!



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O beijo do Isaac era bem o oposto do de Augustus, mas não que isso fizesse seu beijo ser ruim. Augustus me beijava carinhosa e delicadamente. Já Isaac, pelo contrário, beijava como se estivesse rindo de algo engraçado e era quente. Quente do tipo que eu lembrava ele com a Mônica lá na Igreja. Mas ele não deixava de ser carinhoso, não chegava ao ponto de ser um beijo malicioso porque ele era carinhoso.

Na hora não passava nada pela minha cabeça, só um vazio e uma sensação de ter contato corpo a corpo (através das roupas) com ele. E então aquela sensação de culpa extrema me dominou outra vez e eu me afastei ofegando. Isaac se assustou um pouco logo que eu saí de cima dele.

– Tudo bem? – perguntou.

– Sim. – menti.

– O que aconteceu? – insistiu.

– Nada.

– Então porque se afastou?

– Por que... Por que eu precisava respirar. – fechei com força os olhos e respirei fundo.

– É por causa do Gus, não é? – sua expressão não era das melhores também.

– Mais ou menos. – confessei.

– Eu me sinto mal. – confessou também. – Pensei em como vocês se gostavam e... De repente tudo isso...

– Pois é... – concordei.

Passamos um tempo conversando sobre os nossos sentimentos, como o Gus fazia falta e como nos sentíamos com relação a tudo isso. Até Isaac chorou um pouco. Relembramos momentos com Augustus, e contei a ele nossos momentos, não todos, é claro, mas às vezes eu gostava de falar sobre isso com alguém e Isaac parecia entender. Ele falou um pouco sobre a Mônica e sobre alguns momentos bons que passaram juntos, mas no final disse que ela era uma vadia e nós caímos na risada. Por fim, não me aguentei e contei sobre o bilhete do Augustus no livro que a Sra. Waters me dera de aniversário.

– Ele deixou um recado no livro para você?

– Sim. – contei todos os detalhes que eu lembrava do bilhete. Ele ficava com a cabeça baixa como alguém que fitava o chão.

– Nossa... – comentou. – Não tenho palavras.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu sequei.

– Não chore, Haz. – consolou Isaac, acho que ele deve ter escutado minha fngada. Eu sorri.

Eu me sentia sortuda por ter Isaac nesses momentos. Em relação a ele eu sentia aqueles frios no estômago quando se olha um filme de romance.

– Então... Então... – ele começou, mas parecia ter dificuldade em completar a frase.

– Então o quê? – pressionei.

– Nada. – suspirou. – Nada.

Achei que seria melhor não continuar pressionando.

De repente ele sorriu com aquele sorriso travesso que me deixava muito feliz e perguntou:

– Quer dar um passeio?

– Passeio? – perguntei sorrindo.

– É.

– Ok. – respondi. Era isso que eu achava fantástico em Isaac. Ou ele fingia muito bem ou deixava a tristeza de lado rapidamente. Nada o abalava. E isso me contagiava.

– Bom, podemos jogar na loteria. – falou.

– Loteria? – repeti para ter certeza do que tinha escutado.

– Sim! Ah, é só um joguinho.

– Tudo bem!

Nós saímos e o Sol já estava se pondo, passou bastante tempo que ficamos lá dentro do quarto.

Caminhamos até a loteria com Isaac como navegador e eu como pilota rindo e falando besteiras e cada pessoa que passava olhava para a dupla que formávamos: um cego e uma garota que respirava mal. Olhando por esse ângulo era engraçado.

Estávamos nos divertindo tanto que quase esqueci os ocorridos no quarto.

Quase.

– Chegamos. – anunciei.

Entramos na loteria e pegamos um papelzinho da mega-sena.

– Que números marcamos?

– Não faço a mínima ideia. – respondi.

Pensamos numa combinação de números. Mas era muito complicado e acabamos nos atrapalhando. Jogamos fora. Pegamos outro papelzinho e colocamos cada um três números.

– Escreve aí para mim o aniversário do Graham, só o dia, é dia 2. E, ahh... Que mais? Ah! Põe aí 67. – pediu.

– Não tem 67, Isaac. Os números só vão até 60.

– Como não? Mas que droga! Então põe... Põe seu aniversário. Mês e dia.

– Sério? – perguntei.

– Sim.

– Beleza. – e escrevi. – Agora minha vez. O dia do aniversário da minha mãe, que é 3 mais o mês do meu pai que é 9, fica 39. Seu dia de aniversário. Quando você faz aniversário? – perguntei.

– 13.

– Ok. 13 e 29. Pronto.

– 29? Aniversário do Gus?

– É. – respondi constrangida.

– Boa ideia. – apoiou e sorriu. – Vamos pagar.

Dividimos o valor, 1 real para cada um e agora era só torcer. Voltamos para a casa e quando chegamos minha mãe telefonou dizendo que estava saindo de casa. Sentamos no sofá enquanto a esperávamos chegar até que ouvi a buzina na rua.

Andamos até a porta e antes de Isaac abri-la eu o beijei. Foi apenas um selinho mas deu pra perceber que ele ficou surpreso.

– Tchau Isaac. – falei.

– Tchau, Haz. – falou sorrindo.


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Notas finais do capítulo

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