Depois da morte de Augustus Waters escrita por Malia Stilinski
Notas iniciais do capítulo
Heeeeeey, mil perdões pela demora eterna, é muita preguiça para um sersó, mas está aí,o maior e melhor capítulo que eu já fiz, beijos e boa leitura!
Bom, semana passada foi a minha última semana sem carne e a partir de agora a carne era a nova esperança dos meus pais. Percebi que eles estavam até mais alegres por causa disso.
Já tinha me recuperado do bilhete do Augustus e entendi que com “não nos deixe morrer” ele pedia que eu continuasse vivendo a minha vida, por tudo o que nós vivemos juntos. Mas só uma questão me incomodava: e Isaac? O que eu sentia por ele era alguma coisa ou não era nada? Comecei a sentir um pouco sua falta, fazia alguns dias que não nos víamos. Pensei em ligar para ele.
Faltava meia hora para o almoço ficar pronto, então se eu ligasse ninguém certamente ouviria e suspeitas não se levantariam. Peguei o celular e telefonei para Isaac. Demorou um pouco, mas ele atendeu. Fiquei me perguntando como ele atendia o celular sendo cego.
– Alô?
– Oi, é a Hazel. – falei.
– Nossa Haz, sumiu legal por esses dias, não quis mais saber de mim foi? – brincou e eu ri. Ele sempre me fazia rir.
– É, eu andei descansando bastante e... E por aí. – não ia contar do bilhete do Gus no livro.
– Ah... Tá tudo bem com você? – perguntou preocupado.
– Sim, sim, tudo ótimo e com você?
– Também. Andei fazendo umas pesquisas sobre experiências oculares com Graham. - contou.
– E o que descobriu? – perguntei.
– Que no geral pessoas cegas têm chances de voltarem a ver, mas pessoas sem olhos só um transplante resolveria. Estamos no mesmo barco agora Haz. – nós rimos.
– Isso é bom ou ruim? – perguntei.
– Acho que é bom, por que eu não sabia disso.
– Eeee – comemorei.
– Só tenho raiva desses médicos inúteis. – falou.
– Por quê?
– Por que ninguém me falou que eu podia fazer um transplante. Eu não sei o que esses médicos têm contra transplantes.
– Pois é. Bom, talvez seja muito caro.
– É, é bem caro. Acho que não tem como a minha mãe pagar. – então eu tive uma ideia.
– Você já gastou seu desejo com os gênios? – perguntei, talvez houvesse uma forma de Isaac fazer o transplante.
– Infelizmente já.
– Com o que? – perguntei perplexa.
– Com o meu vídeo game com comando de voz logo que fiquei cego.
– Mas que bosta Isaac.
– O quê? Com uma viagem para a Disney é que eu não iria gastar.
– Cada um gasta como quer. – falei. – Era só uma esperança de ajudar você.
– Tudo bem, tudo bem. Talvez nós ganhemos na loteria.
– Nós? – grifei.
– Sim. Algum problema? Ou você não quer ser rica? - zombou.
– Nenhum problema. – falei.
– Melhor assim, então. – e nós rimos.
– Vou desligar, tchau Isaac.
– Espera! – ele gritou no outro lado da linha.
– O que foi? – não sei se isso era possível, mas senti um constrangimento vindo de Isaac.
– É... Você não quer vir aqui em casa? Hoje. – jogou as palavras de uma vez.
– Ah... Ok, mas que horas?
– Pode ser às duas horas.
– Acho que não tem problema, só vou ver com a minha mãe. – afastei o telefone do rosto e gritei: - MÃE! POSSO IR À CASA DO ISAAC HOJE ÀS DUAS HORAS?
– Pode! – ela gritou ao pé da escada. Aposto que ela achou que eu estava passando mal e ia subir correndo a escada.
– Tudo bem. – respondi no celular.
– Beleza, até mais tarde, Haz.
– Até mais tarde. – desliguei o celular e fui almoçar.
Desci as escadas e meus pais perguntaram se eu tinha telefonado para o Isaac.
– Não. – menti. – Ele que telefonou para mim.
– Ah. - falou minha mãe com um sorrisinho no canto da boca.
– Que foi? – perguntei.
– Nada. – respondeu. – Por quê?
– Nada. – e voltei a comer. Aquilo foi o suficiente para me deixar sem fome, mas continuei comendo até que não aguentei mais. – Estou sem fome.
– Por quê? – perguntou minha mãe.
– Por que estou sem fome. – estava começando a me irritar. Eu não gostava desses pensamentos bobos de mãe e ainda mais quando ela tentava esconder esses pensamentos.
– Tente comer mais um pouco. – insistiu.
Empurrei a comida pra lá e pra cá dentro do prato, colocando algum pedaço de carne na boca de vez em quando.
– Terminei. – falei, mesmo com comida no prato ainda. Levantei e pus o prato na pia. – Vou lá me arrumar, tudo bem? – minha mãe fez o almoço meio tarde naquele dia e já eram 13h15.
– Tudo bem.
Subi as escadas devagar e fui para o meu quarto. Sentei na cama. No fundo estava feliz que ia ver Isaac. Sentia-me estranha em relação a ele, talvez gostasse dele e a única coisa que me incomodava era o fato de ainda amar Augustus e não ter me acostumado com a sua partida. Fui para o banheiro escovar os dentes. Dei uma penteada nos cabelo e pensei que não faria mal ir um dia ao cabeleireiro. Por fim, botei uma roupa mais limpa e passei um gloss. Ajustei melhor o oxigênio e peguei uma bolsa daquelas que se usa atravessada e coloquei meu celular, dinheiro, fones de ouvido, o livro de Percy Jackson e só.
Desci as escadas a tempo de dar tchau para meu pai que já estava saindo para o trabalho.
– Vamos? – perguntei para a minha mãe.
– Aham. Hazel tem certeza que vai ficar bem? Não seria melhor Isaac vir aqui em casa ou...
– Mãe, - interrompi. – tá tudo sob controle. Não se preocupa.
– Ok, então.
Entramos no carro e minha mãe ligou o rádio. Tocava uma musica bem brega estilo Jazz com Country. Que horror. Botei meus fones de ouvido e fiquei olhando pela janela. Normalmente não demorava muito para chegar à casa do Isaac, mas na hora do almoço sempre tinha algum engarrafamento. Mas passava rápido.
De repente minha mãe começou a me sacudir.
– Que é isso mãe? – falei assustada arrancando os fones de ouvido.
– Ah, eu te chamei, mas você não me respondia. Achei que tinha passado mal ou alguma coisa assim. – comecei a achar que minha mãe estava ficando neurótica, isso irritava por que qualquer coisinha ela se assustava achando que tinha algo errado comigo.
– Eu estou com os fones mãe. –expliquei.
– Ah, não vi. Desculpe.
– Tudo bem.
– Hazel.
– Que?
– Será que Isaac não gosta de você?
– O que? – perguntei.
– Sei lá, foi só uma ideia.
– Não! - falei pasma. Não sei por que fiquei assustada, mas aquela ideia mexeu um pouco comigo.
– Calma, eu sei que você gosta... Gostava do Augustus. Mas e se Isaac estiver gostando de você? – ela me olhou com aquele olhar travesso de adultos querendo viver como jovens outra vez.
– Para com isso mãe. – esse assunto me deixou incomodada. – Para.
– Ok, ok. Chegamos, quer que eu des... – Antes que ela pudesse terminar de perguntar eu já tinha aberto a porta e descido e estava caminhando até a campainha. – Tchau mãe, até depois! – gritei. Ela me olhava com uma cara desconfiada.
– A que horas posso te buscar?
– Eu ligo pra você! – respondi. Eu não queria voltar para a casa com horário marcado.
Nisso, a mãe de Isaac abriu a porta com Graham ao lado.
– Hazel! Que bom que veio querida!
– É. – sorri.
– Isaac está na sala jogando vídeo game. Eu estou de saída, mas a empregada está aí, não se preocupe.
– Ok.
– É sua mãe no carro?
– Sim.
– Ah, vou lá conversar com ela. Até mais Hazel.
– Até.
Entrei dentro da casa e mãe de Isaac fechou a porta.
– Haz? É você? – perguntou Isaac pausando o jogo.
– Sim, sou eu. – falei.
– Ah! – ele pulou do sofá com um sorriso estampado no rosto.
Pegou a vareta dos cegos e chegou até mim.
– Que bom que você veio.
– É. – eu dei uma risadinha.
– Quer fazer alguma coisa?
– Pode ser. – fiquei imaginando o que faríamos.
– Quer ver um filme? – fiquei meio perplexa com a pergunta, afinal como ele iria ver o filme? Não aguentei e comecei a rir. - Está rindo do que? De um cego vendo filme?
– Ai, Isaac, me desculpa. – mas ele começou a rir também.
– Bom, então vamos lá no meu quarto.
– Ok.
Ele fez perfeitamente o trajeto até o quarto e pensei que ele já devia ter feito muitas vezes aquele trajeto até ter decorado.
Quando chegamos no quarto nos sentamos na cama.
– Novidades? – ele perguntou. Na verdade a única novidade que eu tinha era o bilhete do Gus, mas eu não ia contar.
– Não. – falei. – E você?
– Transplantes de olhos. – contou.
– Ah é.
– Mas isso eu já te contei.
– É.
Ficamos alguns minutos em silêncio e fiquei pensando no que Isaac pensava quando esse silêncio acontecia. Ele sempre tinha algo a falar, nem que fosse alguma coisa engraçada. Senti-me extremamente mal ao lembrar-me do sonho em que beijei Isaac. Era incrível como eu sempre me lembrava disso quando estava perto de Isaac. Então tudo começou a passar na minha cabeça como um flashback, nós dois abraçados chorando pelo Gus, meus sonhos, meu aniversário, as vezes no elevador, o beijo no hospital, a conversa com Kaitlyn.
Então as palavras de Kaitlyn ecoaram na minha cabeça.
“Ah Hazel! Para com essa conversa fiada! Você tá caidinha pelo ceguinho e não quer confessar.”
Ai meu Deus, e se eu estivesse mesmo? E se fosse verdade, mas eu não queria confessar? Um calafrio perpassou meu corpo e eu me encolhi. Senti uma ansiedade, uma ansiedade que não dava para explicar e de novo aquela sensação, aquela sensação que me fez começar a me inclinar no hospital para beijar Isaac. Comecei a ofegar.
– Está tudo bem, Haz? – perguntou Isaac sentando mais perto. Fui mais para trás. – Haz? - ele chegou mais perto.
– Tá. Tá, tudo bem. – menti.
– Não. – disse sério. – Não tá tudo bem. Dá pra sentir que não está tudo bem com você, Haz. – notei que ele estava nervoso também. – Você tá passando mal?
– Não estou passando mal.
– Mas você não está bem. – ele segurou uma das minhas mãos que eu tinha colocado na cama.
– Você também não parece bem. – falei. – Eu nunca vi você assim, Isaac.
– Eu também não. – disse dando uma risadinha. A mão dele foi subindo pelo meu braço, passou pelo meu ombro, até chegar no meu rosto. – E a culpa é sua. – Então ele me beijou. E eu o beijei de volta.
Ele colocou a outra mão na minha cintura e eu passei a mão pelos seus cabelos e pela sua nuca. De repente ele me puxou mais para perto e eu acabei caindo em cima dele. Sem dúvida era um beijo quente. Muito quente. Ele tirou a mão do meu rosto e enlaçou com a outra na minha cintura, me prendendo junto a ele.
Infelizmente tive que me afastar por causa dos meus pulmões que não estavam colaborando com o momento.
– Como eu queria poder olhar para você agora. – falou e eu ri ofegando.
– Meu Deus. – consegui dizer.
– Tudo bem? – ele perguntou.
– Sim. – eu sorri.
– Que bom. – e me deu um selinho. Realmente era muito bom beijar o Isaac.
Ele me segurou mais forte e disse:
– Posso te beijar d... – mas eu o interrompi com outro beijo, e dessa vez eu estava beijando Isaac.
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Quem queria um beijo assim levanta a mão o/ ahiehaoehaoiehioaeh comentei sobre isso pelo amor de Deus, eu quero saber muito o que vocês acharam haieheoahiaoeiah