Depois da morte de Augustus Waters escrita por Malia Stilinski


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeey, mil perdões pela demora eterna, é muita preguiça para um sersó, mas está aí,o maior e melhor capítulo que eu já fiz, beijos e boa leitura!



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Bom, semana passada foi a minha última semana sem carne e a partir de agora a carne era a nova esperança dos meus pais. Percebi que eles estavam até mais alegres por causa disso.

Já tinha me recuperado do bilhete do Augustus e entendi que com “não nos deixe morrer” ele pedia que eu continuasse vivendo a minha vida, por tudo o que nós vivemos juntos. Mas só uma questão me incomodava: e Isaac? O que eu sentia por ele era alguma coisa ou não era nada? Comecei a sentir um pouco sua falta, fazia alguns dias que não nos víamos. Pensei em ligar para ele.

Faltava meia hora para o almoço ficar pronto, então se eu ligasse ninguém certamente ouviria e suspeitas não se levantariam. Peguei o celular e telefonei para Isaac. Demorou um pouco, mas ele atendeu. Fiquei me perguntando como ele atendia o celular sendo cego.

– Alô?

– Oi, é a Hazel. – falei.

– Nossa Haz, sumiu legal por esses dias, não quis mais saber de mim foi? – brincou e eu ri. Ele sempre me fazia rir.

– É, eu andei descansando bastante e... E por aí. – não ia contar do bilhete do Gus no livro.

– Ah... Tá tudo bem com você? – perguntou preocupado.

– Sim, sim, tudo ótimo e com você?

– Também. Andei fazendo umas pesquisas sobre experiências oculares com Graham. - contou.

– E o que descobriu? – perguntei.

– Que no geral pessoas cegas têm chances de voltarem a ver, mas pessoas sem olhos só um transplante resolveria. Estamos no mesmo barco agora Haz. – nós rimos.

– Isso é bom ou ruim? – perguntei.

– Acho que é bom, por que eu não sabia disso.

– Eeee – comemorei.

– Só tenho raiva desses médicos inúteis. – falou.

– Por quê?

– Por que ninguém me falou que eu podia fazer um transplante. Eu não sei o que esses médicos têm contra transplantes.

– Pois é. Bom, talvez seja muito caro.

– É, é bem caro. Acho que não tem como a minha mãe pagar. – então eu tive uma ideia.

– Você já gastou seu desejo com os gênios? – perguntei, talvez houvesse uma forma de Isaac fazer o transplante.

– Infelizmente já.

– Com o que? – perguntei perplexa.

– Com o meu vídeo game com comando de voz logo que fiquei cego.

– Mas que bosta Isaac.

– O quê? Com uma viagem para a Disney é que eu não iria gastar.

– Cada um gasta como quer. – falei. – Era só uma esperança de ajudar você.

– Tudo bem, tudo bem. Talvez nós ganhemos na loteria.

– Nós? – grifei.

– Sim. Algum problema? Ou você não quer ser rica? - zombou.

– Nenhum problema. – falei.

– Melhor assim, então. – e nós rimos.

– Vou desligar, tchau Isaac.

– Espera! – ele gritou no outro lado da linha.

– O que foi? – não sei se isso era possível, mas senti um constrangimento vindo de Isaac.

– É... Você não quer vir aqui em casa? Hoje. – jogou as palavras de uma vez.

– Ah... Ok, mas que horas?

– Pode ser às duas horas.

– Acho que não tem problema, só vou ver com a minha mãe. – afastei o telefone do rosto e gritei: - MÃE! POSSO IR À CASA DO ISAAC HOJE ÀS DUAS HORAS?

– Pode! – ela gritou ao pé da escada. Aposto que ela achou que eu estava passando mal e ia subir correndo a escada.

– Tudo bem. – respondi no celular.

– Beleza, até mais tarde, Haz.

– Até mais tarde. – desliguei o celular e fui almoçar.

Desci as escadas e meus pais perguntaram se eu tinha telefonado para o Isaac.

– Não. – menti. – Ele que telefonou para mim.

– Ah. - falou minha mãe com um sorrisinho no canto da boca.

– Que foi? – perguntei.

– Nada. – respondeu. – Por quê?

– Nada. – e voltei a comer. Aquilo foi o suficiente para me deixar sem fome, mas continuei comendo até que não aguentei mais. – Estou sem fome.

– Por quê? – perguntou minha mãe.

– Por que estou sem fome. – estava começando a me irritar. Eu não gostava desses pensamentos bobos de mãe e ainda mais quando ela tentava esconder esses pensamentos.

– Tente comer mais um pouco. – insistiu.

Empurrei a comida pra lá e pra cá dentro do prato, colocando algum pedaço de carne na boca de vez em quando.

– Terminei. – falei, mesmo com comida no prato ainda. Levantei e pus o prato na pia. – Vou lá me arrumar, tudo bem? – minha mãe fez o almoço meio tarde naquele dia e já eram 13h15.

– Tudo bem.

Subi as escadas devagar e fui para o meu quarto. Sentei na cama. No fundo estava feliz que ia ver Isaac. Sentia-me estranha em relação a ele, talvez gostasse dele e a única coisa que me incomodava era o fato de ainda amar Augustus e não ter me acostumado com a sua partida. Fui para o banheiro escovar os dentes. Dei uma penteada nos cabelo e pensei que não faria mal ir um dia ao cabeleireiro. Por fim, botei uma roupa mais limpa e passei um gloss. Ajustei melhor o oxigênio e peguei uma bolsa daquelas que se usa atravessada e coloquei meu celular, dinheiro, fones de ouvido, o livro de Percy Jackson e só.

Desci as escadas a tempo de dar tchau para meu pai que já estava saindo para o trabalho.

– Vamos? – perguntei para a minha mãe.

– Aham. Hazel tem certeza que vai ficar bem? Não seria melhor Isaac vir aqui em casa ou...

– Mãe, - interrompi. – tá tudo sob controle. Não se preocupa.

– Ok, então.

Entramos no carro e minha mãe ligou o rádio. Tocava uma musica bem brega estilo Jazz com Country. Que horror. Botei meus fones de ouvido e fiquei olhando pela janela. Normalmente não demorava muito para chegar à casa do Isaac, mas na hora do almoço sempre tinha algum engarrafamento. Mas passava rápido.

De repente minha mãe começou a me sacudir.

– Que é isso mãe? – falei assustada arrancando os fones de ouvido.

– Ah, eu te chamei, mas você não me respondia. Achei que tinha passado mal ou alguma coisa assim. – comecei a achar que minha mãe estava ficando neurótica, isso irritava por que qualquer coisinha ela se assustava achando que tinha algo errado comigo.

– Eu estou com os fones mãe. –expliquei.

– Ah, não vi. Desculpe.

– Tudo bem.

– Hazel.

– Que?

– Será que Isaac não gosta de você?

– O que? – perguntei.

– Sei lá, foi só uma ideia.

– Não! - falei pasma. Não sei por que fiquei assustada, mas aquela ideia mexeu um pouco comigo.

– Calma, eu sei que você gosta... Gostava do Augustus. Mas e se Isaac estiver gostando de você? – ela me olhou com aquele olhar travesso de adultos querendo viver como jovens outra vez.

– Para com isso mãe. – esse assunto me deixou incomodada. – Para.

– Ok, ok. Chegamos, quer que eu des... – Antes que ela pudesse terminar de perguntar eu já tinha aberto a porta e descido e estava caminhando até a campainha. – Tchau mãe, até depois! – gritei. Ela me olhava com uma cara desconfiada.

– A que horas posso te buscar?

– Eu ligo pra você! – respondi. Eu não queria voltar para a casa com horário marcado.

Nisso, a mãe de Isaac abriu a porta com Graham ao lado.

– Hazel! Que bom que veio querida!

– É. – sorri.

– Isaac está na sala jogando vídeo game. Eu estou de saída, mas a empregada está aí, não se preocupe.

– Ok.

– É sua mãe no carro?

– Sim.

– Ah, vou lá conversar com ela. Até mais Hazel.

– Até.

Entrei dentro da casa e mãe de Isaac fechou a porta.

– Haz? É você? – perguntou Isaac pausando o jogo.

– Sim, sou eu. – falei.

– Ah! – ele pulou do sofá com um sorriso estampado no rosto.

Pegou a vareta dos cegos e chegou até mim.

– Que bom que você veio.

– É. – eu dei uma risadinha.

– Quer fazer alguma coisa?

– Pode ser. – fiquei imaginando o que faríamos.

– Quer ver um filme? – fiquei meio perplexa com a pergunta, afinal como ele iria ver o filme? Não aguentei e comecei a rir. - Está rindo do que? De um cego vendo filme?

– Ai, Isaac, me desculpa. – mas ele começou a rir também.

– Bom, então vamos lá no meu quarto.

– Ok.

Ele fez perfeitamente o trajeto até o quarto e pensei que ele já devia ter feito muitas vezes aquele trajeto até ter decorado.

Quando chegamos no quarto nos sentamos na cama.

– Novidades? – ele perguntou. Na verdade a única novidade que eu tinha era o bilhete do Gus, mas eu não ia contar.

– Não. – falei. – E você?

– Transplantes de olhos. – contou.

– Ah é.

– Mas isso eu já te contei.

– É.

Ficamos alguns minutos em silêncio e fiquei pensando no que Isaac pensava quando esse silêncio acontecia. Ele sempre tinha algo a falar, nem que fosse alguma coisa engraçada. Senti-me extremamente mal ao lembrar-me do sonho em que beijei Isaac. Era incrível como eu sempre me lembrava disso quando estava perto de Isaac. Então tudo começou a passar na minha cabeça como um flashback, nós dois abraçados chorando pelo Gus, meus sonhos, meu aniversário, as vezes no elevador, o beijo no hospital, a conversa com Kaitlyn.

Então as palavras de Kaitlyn ecoaram na minha cabeça.

“Ah Hazel! Para com essa conversa fiada! Você tá caidinha pelo ceguinho e não quer confessar.”

Ai meu Deus, e se eu estivesse mesmo? E se fosse verdade, mas eu não queria confessar? Um calafrio perpassou meu corpo e eu me encolhi. Senti uma ansiedade, uma ansiedade que não dava para explicar e de novo aquela sensação, aquela sensação que me fez começar a me inclinar no hospital para beijar Isaac. Comecei a ofegar.

– Está tudo bem, Haz? – perguntou Isaac sentando mais perto. Fui mais para trás. – Haz? - ele chegou mais perto.

– Tá. Tá, tudo bem. – menti.

– Não. – disse sério. – Não tá tudo bem. Dá pra sentir que não está tudo bem com você, Haz. – notei que ele estava nervoso também. – Você tá passando mal?

– Não estou passando mal.

– Mas você não está bem. – ele segurou uma das minhas mãos que eu tinha colocado na cama.

– Você também não parece bem. – falei. – Eu nunca vi você assim, Isaac.

– Eu também não. – disse dando uma risadinha. A mão dele foi subindo pelo meu braço, passou pelo meu ombro, até chegar no meu rosto. – E a culpa é sua. – Então ele me beijou. E eu o beijei de volta.

Ele colocou a outra mão na minha cintura e eu passei a mão pelos seus cabelos e pela sua nuca. De repente ele me puxou mais para perto e eu acabei caindo em cima dele. Sem dúvida era um beijo quente. Muito quente. Ele tirou a mão do meu rosto e enlaçou com a outra na minha cintura, me prendendo junto a ele.

Infelizmente tive que me afastar por causa dos meus pulmões que não estavam colaborando com o momento.

– Como eu queria poder olhar para você agora. – falou e eu ri ofegando.

– Meu Deus. – consegui dizer.

– Tudo bem? – ele perguntou.

– Sim. – eu sorri.

– Que bom. – e me deu um selinho. Realmente era muito bom beijar o Isaac.

Ele me segurou mais forte e disse:

– Posso te beijar d... – mas eu o interrompi com outro beijo, e dessa vez eu estava beijando Isaac.


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Notas finais do capítulo

Quem queria um beijo assim levanta a mão o/ ahiehaoehaoiehioaeh comentei sobre isso pelo amor de Deus, eu quero saber muito o que vocês acharam haieheoahiaoeiah