Cristal White estava andando por entre as finas ruas do Reino Encantado. Era um milagre que tivesse conseguido sair do palácio real, nem que fosse por algumas horas. Fosse por onde ela passasse, vários camponeses se curvavam para ela. Cris odiava ser a filha da Branca de Neve, a Rainha do Mundo dos Contos. Isso significava que ela um dia teria que se tornar o exemplo do povo, teria que cuidar de um mundo inteiro e blá, blá, blá...

Cris conseguiu se perder em seu próprio reino. Não era culpa dela, ela quase não saía por insistência da mãe. E, além do mais, todos os moradores do Reino Encantado faziam parte da realeza de alguma forma e moravam em castelos. Ok, não castelos como os de princesas, apenas Cris morava num desses. Os outros moravam em mansões muito parecidas entre si. Era fácil confundi-las.

– Hey! Cris! - ela ouviu uma voz feminina gritar - Aqui!

Cris se virou e encontrou Becky acenando loucamente para ela. Rebecca Linsem era a filha da Bela e da Fera. Quando Chris conseguia sair do castelo ela, sempre buscava a companhia de Becky, Lumi e Jason (n.a.: já explico quem são os dois últimos).

– Quanto tempo! - as duas se abraçaram.

– Eu sei! - afirmou Cris - Posso entrar? Quero me trocar.

Como a futura rainha não saia nunca de casa, ela só tinha uns vestidos horríveis e desconfortáveis de princesa. O que ela usava no momento era vermelho, tinha um corpete apertado e uma saia gigante cheia de frufrus e babados. E por caridade de Becky, Cris tinha um armário de roupas só dela, para que quando ela conseguisse sair do castelo pudesse se vestir adequadamente para uma volta no campo.

– Claro! - afirmou Becky - Você troca de roupa que eu vou ligar pro Jason.

Cris correu para dentro da mansão e se trancou no quarto da amiga. Retirou cuidadosamente (ironia total) o vestido e o jogou na cama. Abriu o armário e pegou um conjunto confortável: jeans rasgado, regata branca e uma jaqueta. Trocou os desconfortáveis saltos por um par de botas e desceu correndo. Claro, Jason já estava na porta.

– Minha futura rainha! - ele a chamou.

– Jason, seu ladrão bobo. - ela falou o abraçando - Que bom te ver!

Os apelidos faziam referência aos seus pais (e ao que eles detestavam neles). Enquanto Cris ia ser "a soberana", Jason era filho do Alladin e passaria parte da vida roubando coisas desnecessariamente (já que sua mãe era uma princesa rica). Jason odiava criminosos, principalmente ladrões.

Becky, que estava ficando constrangida, pigarreou separando os dois.

– Vamos? - ela perguntou aos dois.

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Luminne Pan já estava sobrevoando a Floresta Encantada. Como filha de Peter Pan, ela gostava de voar. Estava, mais uma vez, quebrando as regras. Seu pai já havia dito que depois dos 16 ela não poderia mais sair da Terra do Nunca ou cresceria como qualquer personagem normal. Mas Lumi não ligava, estava farta de ficar sozinha naquela ilha. Nem mesmo havia um Hook para ela importunar.

Lumi continuou voando até avistar o grupo que ela viera visitar.

Cris estava com uma espada, golpeando várias vezes uma árvore. Becky estava lendo um grosso livro recostada em uma grande pedra. Já Jason estava praticando arvorismo.

– Gente! - ela gritou parando no ar e acenando para eles.

Cristal e Jason se viraram para ela e acenaram. Becky apenas fez um sinal estranho, porém sem desviar os olhos da leitura.

Lumi pousou perto deles e correu para abraçar Cris. Como sentia saudades daquele grupo.

Eles conseguiram fazer Becky tirar os olhos do livro para que todos pudessem conversar. Falaram das vidas e muitas outras coisas, até que um grito exagerado (OIE!) chamou a atenção deles.

– Er... que foi isso? - perguntou Cris rindo.

– Bom, não sabemos. - Lumi se levantou - Mas vamos descobrir!

E se levantou junto com a curiosa Becky e saiu arrastando os outros dois amigos pelo braço.

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– Deve ser bom ter tantos amigos. - disse Lexi enquanto observava pelo espelho um grupo de amigos num bosque da superfície. Eles pareciam estar procurando alguma coisa.

– Está me dispensando? - perguntou Cherise.

– Não, você é uma ótima amiga. É só que... você é a única.

Alexia Scarlett Vallete era a filha da Rainha de Copas e ansiava por conhecer a superfície, assim como sua melhor amiga Cherise, filha do gato Cherise. Ela, na verdade, era uma gata, mas tinha a habilidade de mudar de forma e todas as outras as habilidades do pai (evaporar, desaparecer, voar...). Sua forma humana tinha cabelos roxos e olhos negros.

– Entendo. - disse Cherise cruzando as pernas e começando a flutuar. Ela exibiu seu enorme sorriso e se transportou para o lado da amiga para observar o espelho mágico também.

Foi quando um familiar cabelo ruivo chamou a atenção das duas.

– O que a Fabrinny está fazendo na superfície? - elas perguntaram em coro.

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Cris, Becky, Jason e Lumi puderam avistar duas garotas sentadas perto de uma grande árvore.

– Droga! - Lumi se abaixou ao identificar Jamie - É a filha do Gancho! Ela não pode me ver!

– Mas por quê? - perguntou Becky.

– Porque ela não pode saber que eu saí da Terra do Nunca!

– Mas e a outra? - perguntou Jason - Com certeza não é daqui. Nunca a vimos e ela é pálida demais para ser da superfície.

– Acha que ela veio do País das Maravilhas? - perguntou Cris.

Becky fez sinal pedindo silêncio, para que ela pudesse ouvir a conversa.

– Ha, tenta viver ali embaixo - a ruiva apontou para um buraco - Meu pai mora com uma lebre e milhares de ratos e só fala abobrinha. E pior, não faz piadas risíveis. - como a morena aparentou não ter entendido, ela explicou - Ele faz piadas sem graça.

– Ah... - a pirata riu - Sabe, um dia, nós vamos poder fugir dessa terra de loucos.

– Uhum.

Os quatro amigos se entreolharam, notando que talvez tivessem achado a solução de seus problemas: fugir do Mundo dos Contos para o Mundo Real.

Cris não seria rainha, Lumi não viveria sozinha e Jason não seria um ladrão! Até Becky poderia ter sua própria estória, como sempre sonhara!

Lexi e Cherise também chegaram a mesma conclusão. Poderiam fugir do País das Maravilhas e ter uma vida como elas sempre sonharam!

Se isso era possível? Nenhum dos oito sabia dizer, mas estavam dispostos a correr o risco.

E assim a ideia perigosa das duas amigas começou a se espalhar...