Rin – ON

Respirei fundo, mas Len não obteve resposta, o que me acalmou um pouco. Chamou novamente, sem sucesso. Entrou em sua casa, que estava incrivelmente quieta e arrumada. Era espaçosa, conseguia ver a sala e a cozinha. Havia um corredor não estreito, onde havia algumas portas, e a porta do final do corredor, que possuía uma “janela”, denunciava que ela levava para o quintal. Parecia pequena por fora, mas era bem mais espaçoso.

Len: Tem alguém em casa?

Deu alguns passos em direção á sala. Entrei na casa também e fechei a porta, fiquei imóvel na entrada quando vi um ruído vindo do quintal. Len atravessou o corredor e eu fui atrás dele. Ao abrir a porta do final do corredor e dar apenas um passo para frente, eu pisquei e vi um Len pendurado em uma árvore por uma corda. Antes que eu pudesse perceber o que estava acontecendo, uma pequena criatura veio por trás e pulou nas minhas costas, me fazendo cair na grama do quintal, o pequeno ser amarrou minhas mãos e sentou em cima de mim, forçando minha cabeça contra o chão.

???: Quem são vocês?! O que estão fazendo aqui?!

Len fez uma expressão de indignação e apontou para a criatura montada em mim.

Len: Quem é VOCÊ! E o que está fazendo na MINHA casa!!

Ela (deve ser ela já que tem uma voz tão fina) saiu de cima de mim e percebi que usava um saco de compras na cabeça com dois buracos e um desenho de uma boca de monstro, usava um vestido logo branco.

???: Ir... Irmão-maior Len?

Len: Ri-Rinny?!

A pequena tirou o saco da cabeça. Ela tinha o cabelo longo e loiro, que ia até sua cintura. Ela estava de costas então não consegui vê-la direito.

Rinny: Irmão-maior Len!!

A pequena saiu em disparada na direção de Len e o abraçou de lado, então pude ver que ela tinha uma franja que cobria seu olho direito.

Rinny: Você voltou! Senti muitas saudades!

Len: Eu também. Mas não imaginei se recebido assim.

Rinny: Ah! Espera um pouco.

Rinny foi até uma pedra que era um pouco mais alta que sua cintura, que tinha uma corda presa nela ou seja: o contrapeso, pegou atrás da pedra uma ferramenta de jardinagem que mais parecia uma tesoura e cortou a corda. Depois vi um Len que deu de cara no chão. Ri um pouco disso, então a pequena foi em minha direção e a pontou a “tesoura” para mim.

Rinny: Não ria do Len! Meu irmão já está liberto e agora vou acabar com você intrusa!

Engoli seco, essa menina é invocada demais para o meu gosto! Len se recuperou e veio rapidamente até a menina a tirou aquela coisa (cara, seu eu não lembrar o nome eu não vou dormi!) das mãos dela.

Len: Rinny! Você não pode andar com coisas pontudas!

Tá certo. Ela aponta esse treco para mim e ele se preocupa por ela estar ando por aí com isso na mão. Eu também te amo, Len!

Rinny: Mas eu estava sozinha em casa. Tinha que usar alguma coisa para me proteger!

Len: Falando nisso, onde está a mãe e o pai?

Tossi propositalmente.

Rin: Sem querer interromper, mas eu ainda estou amarrada.

Len me olhou como se acabasse de perceber isso e começou a me desamarrar.

Rinny: Eles estão na floricultura, lá na feira.

Len: Pensei que a floricultura não funcionava esse dia da semana.

Rinny: É por que eles passaram a trabalhar um dia a mais. Eles queriam conseguir dinheiro para, de alguma forma, trazer você de volta.

Len: Ah... Isso é novo. (Me pergunto se eles estavam pensando em suborno...) De qualquer forma, vamos vê-los?

Rinny: Claro mais... E o que fazemos com ela?

Disse apontando para mim, que estava sentada na grama enquanto fazia massagem nos meus pulsos por conta do nó meio forte. O que ela acha que sou?! Um objeto?!

Rin: Len...

Disse meio incomodada com aquilo, esperando Len começar.

Len: Ah, sim. Rinny.

Disse se ajoelhando na frente dela e colocando as mãos em seus ombros.

Len: Acontece que você não pode trata-la assim.

Rinny: Como assim?

Len: É que eu... Encontrei alguém Rinny. Alguém que eu amo. Ela é minha parceira e nós pretendermos ficar juntos, ok?

Rinny ficou sem reação. Ela abaixou a cabeça e... Era impressão minha ou eu vi lágrimas?

Rinny: Você encontrou...?

Len: Ei, não chore.

Disse Len tentando enxugar as inúmeras lágrimas que caiam.

Rinny: Por que não me contou?!

Len: Não era a hora certa de contar, nem eu sabia direito.

Rinny: Não! Por que não me contou! Agora por causa do meu comportamento, ela vai achar que sou estranha!!

Rin e Len: EH??!!

Rinny saiu de perto de Len o deixando na mesma posição de antes, de cara para o nada pegando um belo de um vento, e foi na minha direção.

Rinny: Ahn... Eu, hum... Quero me desculpar de tê-la tratado tão mal.

Disse abaixando a cabeça.

Rin: Ah, não se preocupe, Rinny, certo?

Rinny: Sim. Eu sou a irmã mais nova do Len. Poderia me dizer seu nome?

Rin: Kagamine Rin.

Rinny: Uau! Seu nome é lindo e é parecido com o meu!

(Kayme phb: Isso por que a Kayme-chan estava sem ideias...)

Rin: O seu também.

Sorri, mesmo não sabendo se ela realmente era simpática. Len se recuperou da rejeição e se levantou e andou em nossa direção.

Len: Bem, eu acho que invés de irmos até lá, vamos ficar aqui e esperar.

Rinny e Rin: Eh?! Por quê?

Len: Simplesmente por que estamos cansados da viajem e é melhor para eu mostrar um lugar para a Rin.

Rin (Pensando): Como estamos cansados da viajem se só ficamos dormindo lá?

Rinny: Hum, entendo. Se Rin está cansada ela deve descansar.

Apenas assenti e entramos na casa.

Rinny: Espera, onde a Rin vai dormi?

Os dois ficaram em silencio por um tempo com faces pensativas.

Rinny e Len: No meu quarto! Hã?! Como assim?! Eu falei primeiro! PARE DE REPETIR!!

Nossa, parecia ensaiado. Ri um pouco.

Rinny: Vamos decidir em pedra, papel, tesoura!

Len: Ok!

Rinny e Len: Pedra, papel, tesoura!

Todos ficaram em silêncio. Len escolheu pedra e Rinny... tesoura.

Len: HÁ! GANHEI!

Len estava fazendo um dancinha que parecia... Uma galinha.

Rin: O que está fazendo?

Len: A minha dancinha da vitória!

Rinny: Você é uma vergonha para a família.

Len: Bom, afinal de tudo eu ganhei não é?

Disse com face vitoriosa.

Rinny: M-Mais... Você só ganhou a primeira partida! Agora é cara ou coroa!

Disse tirando uma moeda de sei-lá da onde.

Len: Hum, Ok. Cara!

Rinny: Coroa!

Rinny jogou a moeda e ela caiu no chão. Todos ficaram em silêncio. Tinha dado... Coroa.

Rinny: HÁ! VENCI!

Len: M-mais... Hum... Temos que deixá-la decidir!

Rinny: Hum, tem razão. Então Rin? Quem você escolhe?

Disse Rinny enquanto os se aproximavam de mim.

Rin: Eu escolho, ah, hum... Bem, eu... Eu...

Rinny apenas pegou a minha mão e me direcionou para o seu quarto.

Len: Ei! O que está fazendo?

Rinny: Acha mesmo que apenas ganhando um joguinho idiota vai ficar com com Rin só com você? ESTAVA COMPLETAMENTE ERRADOOO!!!

Dito isso, fomos para o seu quarto. Era... pequeno. Havia um escrivaninha com um abajur rosa bem claro e alguns desenhos sobre ela, alguns livros empilhados. Vi Rinny ir até a escrivaninha e arrumar os desenhos murmurou algo como “pensei ter guardado isso...” e depois se virou para mim.

Rinny: Eu sei que não é grande coisa, mas acho que pode ser bom.

Rin: Não se preocupe, está ótimo.

Rinny sorriu. O mesmo sorriso satisfeito que via no Len.

Rinny: Você pode deixar suas coisas ali.

Disse apontando para um canto do quarto. Apenas fiz e tirei uma muda de roupa e uma toalha. Rinny também pegou uma toalha.

Rinny: E quem vai tomar banho primeiro?

Rin: Hum... Ah! Que tal nos duas tomarmos banho, juntas?

Rinny: O que?! Quer dizer... T-tudo bem?

Rin: Claro.

Agora você se pergunta por que eu fiz isso. Ora, ela é uma criança e uma menina também! E também não iriamos demorar muito. Deixei minha muda de roupa em cima de sua cama e estendi minha mão para ela, que veio em um piscar de olhos. Fomos para o banheiro calmamente. Chegando lá, tranquei a porta. Tem um Len a solta! Bem, é só por segurança. Comecei a despir-me e senti Rinny me encarando, parei, ficando apenas de short, e percebi que ela apenas tirou seu vestido.

Rin: Algum problema?

Logo ela começou a encarar... Meus seios. Depois olhou para os dela.

Rinny: Você é tão bonita Rin...

Rin: Se está falando deles, eu não gosto.

Rinny: EH?! Como assim?!

Me aproximei e me ajoelhei de frente para ela.

Rin: Afinal quantos anos você tem?

Rinny (murmurando): Oito...

Rin: E eu tenho catorze. Eu era uma verdadeira tábua quando tinha doze, então eles simplesmente cresceram. Mas eu não me importo com isso.

Rinny: Por quê?

Rin: Por que... *Respira fundo* Uma pessoa fez eu me sentir especial pelo que eu sou, e não minha forma física.

Rinny: Irmão-maior Len realmente é muito legal.

Rin: Explique-me esse “irmão-maior Len”.

Rinny: É por que Len é meu irmão mais velho, e também ele é maior em tudo, dês de altura até sinceridade.

(Kayme phb: E também é uma forma de chama-lo de “Onii-chan” mas como eu não uso palavras em japonês, ficou isso.)

Falou enquanto removíamos o resto de nossas roupas. Havia uma banheira ali, então resolvi usa-la. A enchi de água e coloquei sabão, em seguida nós duas entramos.

Rinny: Rin... Como vocês se conheceram?

Rin: Bem...

Ele apareceu pelado na minha cama.

Rin: Em uma hora inesperada.

Rinny: E como ela interagiu com você?

Ele pulou em cima de mim e cobriu sua cintura com meu lençol, e também disse que o gatinho que eu meio que comprei era ele.

Rin: Ele me mostrou que ele não teria nada a esconder. (Literalmente...)

Rinny: Parece que ele foi bem gentil com você.

Rin: Eu acho que... Apaixonei-me sem querer... Mas eu não me arrependo. Ele me prometeu que iriamos passar por isso juntos.

Rinny: Por isso o que? Você está grávida?!

Rin: O-O que?! Não! Eu ainda sou nova...

Rinny: Pensei que você já estava na idade certa.

E foi aí que eu me lembrei que eu não era humana e sim Neko, QUE MARAVILHA!!

Rin: Quero d-dizer, eu acho que ainda não estou pronta pra isso.

Rinny: Ah sim.

O resto do banho, nós conversamos coisas bobas até que saímos do banheiro e eu me deparei com um Len.

Len: Para tudo! Você tomou banho com ela?!

Perguntou direcionando a pergunta para Rinny.

Rinny: E qual é o problema?

Apenas disse e saiu. Ouvi Len murmurar algo como “sortuda” e ir para o banheiro. Vesti a roupa que tinha deixado para mim: Um shorte e uma camisa branca com a estampa de algumas notas musicais, e coloquei o meu querido colar. Eu simplesmente me apaixonei por ele e Len também sempre está usando o dele. Rinny colocou uma blusa sem mangas azul e uma saia azul mais clara. Terminei de pentear meus cabelos e olhei para Rinny que tinha sua franja em seus olhos novamente.

Rin: Como você enxerga assim?

Rinny: Bem...

Rin: Vem aqui, deixa eu pentear seu cabelo.

A mesma me obedeceu e sentou em sua cama e eu me sentei atrás dela. Escovei seus cabelos e coloquei duas mechas de seu cabelo para trás prendendo com um lacinho branco que eu tinha comigo. Fiquei de frente para ela e penteei sua franja, prendendo como a minha, a fazer isso, me assustei. Encarei seus olhos, um deles era azul como o do Len e o outro... Era azul quase branco.

Rinny: Você perguntou como eu enxergo, na verdade, eu nasci não enxergando com esse olho.

Rin: Me desculpe.

Rinny: Não se preocupe.

Disse sorrindo. Se levantou e olhou para o espelho que havia no quarto e sorriu.

Rinny: Eu gostei do novo penteado. Obrigada Rin!

Eu apenas sorri. Eu não fiz nada além de pentear seu cabelo e arruma-lo, mas ela pareceu realmente feliz. Depois disso, esperamos Len terminar de se arrumar (não eram garotas que deveriam demorar?) e depois saímos. Len e Rinny me mostraram os campos de flores de girassóis, tulipas, violetas e, o meu preferido, rosas amarelas. Eram muitas plantas que cultivavam! Quando Rinny se distanciou para ver as flores mais de perto, Len falou para mim de modo sério:

Len: Você viu, não é? Os olhos de Rinny.

Rin: Vi e achei bonitos. Diferentemente bonitos.

Len: Ela vivia escondendo por que achava que todos iriam falar mal dela por causa do olho... Ela simplesmente nasceu assim. Foi um nascimento prematuro, então houve sequelas. Mas você veio e colocou esse penteado nela. Ela adorou.

Rin: Eu não fiz nada de mais.

Len: Mas foi suficiente para ela, amor.

Corei um pouco com o que ela acabará de me chamar e logo roubou um beijo meu. Ficamos assim até quando Rinny voltou. Ficamos o dia todo fora conversando, rindo, brincando... Foi uma tarde maravilhosa. Quando voltamos para a casa de Len, percebemos que as luzes estavam acesas. Só podia significar uma coisa: Os pais de Len chegaram. Len abriu a porta e nos deparamos com dois adultos sentados no sofá da sala. A mulher se levantou.

???: Len? Você... Voltou mesmo?

Len: Sim mãe. Estou de volta.

A mesma andou de forma apressada e abraçou Len. O homem fez o mesmo e logo falou:

???: Seja bem-vindo de volta.

Fiquei na minha por um tempo até que Rinny falou:

Rinny: E ele não veio sozinho! Ele está com sua parceira! Rin!

Ambos olharam para mim, engoli seco. A mulher, com seus cabelos loiros prendidos em um coque, sorriu e se aproximou de mim.

???: Creio que você seria “Rin”.

Rinny: É sim mamãe! Kagamine Rin e ela fez isso com meu cabelo!

Disse exibindo o novo penteado.

???: Você está muito linda minha princesinha.

Disse para ela, logo voltou sua atenção para mim.

???: Você pode me chamar de Lily. E esse é meu marido, Leon.

Leon: Prazer em conhece-la.

Rin: O prazer é todo meu, senhor Leon.

Lily olhou para o relógio e fez uma face de espanto.

Lily: Bem, nos conheceremos melhor amanhã. Já está tarde.

Logo todos se recolheram e foram para seus devidos quartos, e eu iria dormi com Rinny. A mesma me insistiu para que eu lesse para ela dormi. Já que não enxergava muito bem, não conseguia ler. Contei-lhe uma historia invertida de chapeuzinho vermelho, a qual ela se apaixonava pelo lobo. Quando percebi que dormia, fechei o livro e me juntei e ela. Fechei meus olhos e dormi com um pouco de nervosismo. Eu desejava que eu fosse bem para que Len pudesse ficar junto a mim. Eu não vou me dar o luxo de desistir.