Cartas para você - Cato e Clove escrita por Scoutt


Capítulo 19
Um ano-novo conturbado


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores lindos!

Amei os comentários, e gente se vcs não gostarem do Emmett agora, vcs são insensíveis u-u
Esse capítulo gigante, é pra compensar os 2 último q foram do tamanho da Clove HAHA

AVISO: ANTES DE ME MATAR LEMBREM-SE QUE SE QUISEREM QUE O FINAL DISSO MUDE, EU TENHO QUE ESTAR VIVA.



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Passamos a semana preparando a festa, Emmett fez amizade comigo, ele disse que começamos mal.

– Ahhh Clove, vamos começar de novo, apaga aquela primeira impressão e vamos de novo... – ele se virou, ando um pouco para longe e do nada voltou.

– Bom dia – ele deu um sorriso engraçado – Acho, que não te conheço? – eu comecei a rir – Ei ei, isso não é uma cantada, me deixa continuar! – sufoquei a risada – Eu sou primo da Annie, você a conhece?

Ainda tentando abafar a risada: - Sim, ela é uma das minhas melhores amigas na cidade.

– Ahh, legal, então nos veremos muito, eu sou Emmett, tchau. – ele se virou dando tchau e saiu andando, eu fiquei olhando para os lados, então alguém segurou meus ombros por trás.

– Tan tãn, como eu fui? – era Emmett.

– Um completo idiota?

– Mas foi melhor que a versão original né? – nos entre olhamos e caímos na risada.

Passamos o dia arrumando a praça para a festa, ia ser linda, teria uma queima de fogos em homenagem a todos os tributos dali, que perderam a vida para a Capital. Já era crepúsculo quando terminamos tudo, eu fui para casa e Emmett também foi, opa, para a dele okay.

Cheguei ao meu quarto e tinha uma caixa enorme encima da minha cama, antes que eu pudesse gritar perguntando o que era, Céci apareceu na porta, ela estava de vestido rosa com o cabelo solto, uau tava linda.

– Annie. – ela apontou para a caixa, olhei sem entender, Annie tava na caixa? – Ela deixou para você, disse que é um vestido para você usar hoje.

– Ahhh, okay. – Annie trabalhava fazendo redes antes, coisa de família, mas depois de tudo ela começou a fazer bordados e vestidos, era nisso que eu a ajudava.

Dentro da caixa tinha um vestido envolto em papel de seda e em cima dele um bilhete: ‘Para você que me ajudou muito durante os meses que está aqui, te adoro Clove, use ele hoje.’.

Nem precisa pedir Annie. – sussurrei para a caixa.

Dentro estava um vestido lindo, era de um verde água que me deixou boquiaberta, Annie se superou. O vestido era bufante, na altura do joelho, tinha corentes pequenas nas mangas e nas costas, era lindo, mas, por favor, nunca mais deixem Annie tocar em uma revista da Capital, porque aquele vestido parecia algo que minha escolta usaria!

Tirei o vestido da caixa e coloquei na minha frente, andei até o espelho e fiquei me olhando, era lindo. Eu já tinha tomado banho, então só coloquei o vestido, então eu percebi: não tinha sapatos que combinassem com a obra prima de Annie, foi nessa hora, que Céci irrompeu dentro do meu quarto com seu vestido rosa pairando sobre ela como uma nuvem, não, como um grande algodão doce!

– Aqui! – ela me estendeu uma caixa menor – Eu tomei a liberdade de ajudar Annie no vestido para você – ‘agora tá explicado porque ele parecia algo da Capital, olha quem ajudou!’ -, então também comprei um presente.

Abri a caixa, dentro dela havia uma bota verde e um embrulho menor, coloquei a caixa sobre a cama e abri o embrulho. Era uma meia ⅞ também verde água, mas, com detalhes em preto, olhei para aquilo e...

– Eu não vou usar essa meia!

– Ahhh vai, vai sim! Se você não usar eu vou ficar muito, muito mal. – ela fez uma cara triste, meu deus eu tenho que aprender a não ficar com pena de Céci, ela usa isso contra mim!

– Ok, ok, só por hoje eu não vou morrer se usar. – ela começou a pular batendo palminhas, sorrindo de orelha a orelha, tá vendo? Aquela cara triste é só pra me enganar!

Coloquei as meias e calcei as botas, realmente ficaram boas com o vestido, a bota tinha salto e me deixou mais alta, isso sim que era ficar bonita para mim, ‘deixem eu ter meu complexo de nanica em paz!’.

Céci estava sentada na minha cama colocando maquiagem, bem ela já estava com MUITA maquiagem, ela já estava quase no ponto daquela escolta do 12, como era o nome mesmo? Eiffel? Effier? Effie, isso mesmo, Effie Trinket, só que com menos farinha na cara.

– Clove você ficou linda! Agora senta aqui – ela deu um tapinha na cama, para eu me sentar ao seu lado – para eu fazer uma maquiagem em você. – Fui me sentando aos poucos, ainda com receio do que estava fazendo, mas, por fim me sentei. Meu deus, seja o que os deuses quiserem!

– É Céci, não precisa de muita coisa não tá. – ela murmurava ‘hum hum’, mas não estava olhando para mim, estava olhando para o enorme estojo de maquiagem. Ohhh céus, eu vou ficar igual àquelas mulheres rosa da Capital!

Céci mandou-me fechar os olhos e começou a trabalhar no meu rosto, toda vez que eu tentava falar algo sobre que já estava bom ela mandava um ‘shiiiiiiuuu’ pra mim, agora eu tenho certeza, eu vou ficar tão verde quanto meu vestido!

Por fim ela acabou e me deixou olhar no espelho, eu podia dizer que cai para trás com o que vi que seria quase verdade. Eu não estava verde, bem, só minhas pálpebras, ela passou um verde água sutil com um esfumaçado verde escuro, tudo bem que ela passou muito lápis e muito delineador em mim, só que meus olhos ficaram destacados de uma forma bonita e não chamativa, ufa! Minha pele já era muito branca, então ela não se deu ao trabalho de passar muita coisa nela, acho que passou um pouco de base, e também blush, só o batom que ela não tinha passado nada.

– Aqui. – ela estendeu um batom para mim – Passe esse, vai ficar bonito.

Eu nunca tinha passado um batom em mim, no desfile e entrevista a equipe tinha feito minha maquiagem e no 2, bem, no 2 eu só treinava, não tinha porque passar maquiagem lá. Peguei o batom e o abri com cuidado, então o passei, ele era de um rosa coral apagado, ficou bom em relação aos meus olhos mega verdes. Virei-me para Céci.

– E então? – ela fez um movimento com o dedo no ar, para que eu desse um giro, balancei a cabeça e murmurei um não, mas ela balançou o dedo com mais força, deixei os ombros caírem derrotada e girei, quando eu girei eu senti o cheiro do mar vindo dos meus pés, não vindo do vestido, então Céci se adiantou.

– Ahhh o cheiro do mar. Eu disse para Annie que ia dar certo, pena que só serve para uma noite de uso e depois ele será um vestido normal. – eu estava de boca aberta.

– Vocês hein! Mas obrigado pelo vestido, mesmo depois ele não será só um “vestido normal”, será o vestido que você e Annie fizeram para mim. – ela me olhou por um tempo, então começou a abanar o rosto como se fosse chorar.

– Ohhh Clove, eu te adoro! – ela me abraçou.

– Tá tá, mas agora vamos para a festa? – ela assentiu e nós saímos, passamos pelos menus pais que falaram um milhão de vezes que eu estava linda e fomos para a praça.

Eu estava com meu celular preso na meia, me julguem se quiser, mas eu não queria que Cato se perdesse em Atlanta porque eu não via a mensagem okay? Ele me mandará uma mensagem assim que chagar, para eu o encontrar na estação.

Chegando à praça encontramos Annie, Finn e Emmett, ficamos conversando até que Céci saiu junto com um pescador gato que ela tinha feito amizade, amizade sei! Annie tinha ido com Finn comprar doces e eu e Emmett ficamos discutindo, já que ele disse que eu estava parecendo uma bola de Natal verde. Depois de alguns murros e xingamentos nós estávamos bem de novo, andamos juntos pela feira, ele comprou doces para mim, me deu uma pulseira com um mini-tridente nela e falou sobre todas as namoradas que ele arrumou na Capital no ano que passou lá, o cara era namorador demais gente! Já eu, falei sobre como foi minha estada lá, nunca tocando no assunto ‘arena’, e ele respeitou isso, falei sobre quando acordei alguns meses atrás e sobre Cato, que pelo visto, Céci já tinha espalhado que era meu namorado.

– Seu namorado luta muito, queria lutar com ele, eu andei treinando isso, sabe, pra caso meu nome fosse escolhido. – ele sorriu triste – Quando alguém da família é escolhido e vence os jogos, você automaticamente vira alvo também, Finnick passou um tempo sendo odiado pela nossa família, eu sabia que não era culpa dele, mas nossos pais tinham medo.

– Sério? Eu nãosabia disso, Annie nunca me falou. – eu realmente estava surpresa com aquilo.

– Bem, Annie não sabe, e você não vai dizer okay! – Opa, aquilo não foi um pedido, foi uma ordem! Eu não iria contar, mas não porque ele mandou, mas porque Annie não precisa saber disso, só faria a sofrer.

Continuamos andando até chegar onde estavam os brinquedos, tinha até um túnel do amor, dá pra acreditar? O mais inacreditável era quem estava no barquinho, Céci e o pescador gato dela, de mãos dadas e cabeça apoiada no ombro, agora eu sei por que tanta enrolação na hora de se arrumar, vai nessa Céci!

***

Acordei e peguei no armário a roupa que eu ia vestir hoje na festa em Atlanta, minha mãe não gostou muito quando disse que ia passar o primeiro ano novo depois da arena longe dela, mas acabou cedendo, eu estava segurando uma calça jeans e uma blusa verde escuro que à noite poderia facilmente ser confundida com preto.

Estava tudo perfeito, eu tomei banho, me vesti e já estava para sair quando Kaela irrompeu porta adentro e parou na sala, ela estava com um vestido vermelho e no momento em que ela abriu a boca eu sabia que não ia gostar do que ela ia dizer, e estava certo.

– Então Cato, pronto para me levar para a festa em Atlanta. – eu estava prestes a dizer um belíssimo não, quando minha mãe apareceu e começou a falar de como seria bom se eu levasse Kaela e coisas do tipo, e foi assim que eu parei no trem, ao lado de uma Kaela sorridente.

– Então, você já foi a Atlanta Cato? – Kaela se virou pra mim sorrindo, dava pra sentir alegria vibrando dela.

– Não. – fui curto, grosso e seco.

– Você tá com raiva de ter me trazido? – ela ainda estava rindo, maldita!

– Claro que não, eu só quero te jogar desse trem. – ela deu uma risadinha? Ela é louca né? Eu realmente quero jogar ela pra fora do trem em movimento.

O resto do tempo no trem Kaela ficou calada, bom pra ela porque eu não estava lá muito feliz de levá-la junto comigo, faltava pouco para chegarmos à Atlanta, estávamos passando por FordValle e só restava Zeus antes de estarmos em Atlanta, eu estava pegando o celular para ver as horas quando lembrei do vestido.

Droga! Esqueci o vestido de Clove no armário!

Sem problemas, eu entrego depois, ou ela vai lá buscar, o que seria bem melhor. Depois de uns bons 30min. Chegamos à estação de Atlanta, dava para ouvir o som da festa ao chegar à porta do trem. Assim que saímos e chegamos à frente da estação Kaela recuperou a capacidade de falar, o que foi uma pena.

– UAU! Isso daqui é lindo! – ela ainda falou mais alguma coisa, mas eu já estava descendo para a parte da praça que ficava perto da estação e digitando uma mensagem para Clove. Foi então que Kaela puxou meu braço e apontou para um ponto na praça – Ei Cato, não é sua namorada?

Clove estava linda, mas não foi só isso que notei, do lado dela tinha um cara, um cara alto, meio ruivo e cheio de risinhos para ela e ela compartilhava dele e dava socos de brincadeira em resposta a algo. Eu devia estar fervendo de raiva, mas pelo canto do olho podia ver Kaela sorrindo enquanto olhava a cena.

– Ora, ora, quem diria que a nanica apaixonada era assim? – eu tive vontade de dar-lhe um tapa, mas não era só ela falando algo falso, era ela falando o que estava vendo.

Clove e o cara entraram em um barco, e o que eu não queria ler, mas acabei lendo era “Túnel do Amor”, ok, ok agora a coisa tá ficando mais séria, eu quero decepar a cabeça desse cara, foi então que os olhos do cara bateram em mim, bem, não em mim, um pouco mais à frente, então ele passou o braço ao redor dos ombros de Clove e falou algo, ela se virou e olhou para a mesma direção, então balançou a cabeça enquanto o barco deslizou para dentro do maldito túnel.

***

Annie chegou perto de nós segurando Finn pela mão, ela o soltou por um minuto e quando vimos ele estava entrando em um dos barcos do amor, como esse menino chegou ali tão rápido? Eram pelo menos uns bons 2 metros de distancia, mas aquelas perninhas corriam à beça pelo jeito. E quem tinha que ir resgatar o menino perdido? Bem, eu e Emmett já que Annie estava à deriva em pensamentos olhando o filho, meu deus como ela pode ser tão atenciosa uma hora e na outra só ficar olhando? Emmett falou para apostarmos corrida até o barco.

– HAHA é bem como se eu conseguisse correr com essa roupa. – ele riu.

– Você é tão esquisita que eu te imagino correndo até com esquis! – eu ri junto com ele e o dei um soco. O que nós não esperávamos era entrar no barco para procurar Finn e vê-lo do lado de fora correndo de volta para Annie, eu olhei para Emmett – Vocês tem certeza que esse menino é humano?

Ele riu e eu me uni ao riso. – Acho que vamos ter que passar no túnel.

– Ahhh que droga! Preferia ir com o Velho Capitão! – o velho Capitão era um velho que cheirava a peixe e vivia gritando que as ondas um dia ia destruir a cidade. Emmett olhou ao redor da feira enquanto o parco deslizava para a abertura do túnel, então ele passou o braço ao redor dos meus ombros e perguntou algo.

– Ei, você conhece aquela garota de vermelho na frente da estação? – eu olhei rápido para frente da estação e vi uma menina de vestido vermelho, mas estava muito longe para saber quem é.

– Tá muito longe para dizer quem é, depois procuramos pela feira para eu ver.

– Ok, ok, você sabia que as ondas vão destruir a cidade um dia? – ele falou imitando o capitão, eu ri porque ele era péssimo imitando o velho.

Quando saímos do túnel eu estava rindo, Emmett inventou de fazer várias imitações durante o passeio, agora era a vez de um marinheiro bêbado contando sobre a namorada que ficou na costa, ele estava apoiado no meu ombros falando bem perto do meu rosto, foi então que eu vi a garota de vermelho, e não queria ter a visto, porque junto com ela estava um grande garoto loiro, com uma cara de quem estava muito magoado com algo, e esse algo só podia ser eu.

***

Kaela me puxou para a saída do túnel, eu estava com tanta raiva que nem resisti e deixei-a me levar, quando o barco parou Clove saiu dele junto com o ruivo rindo, ele estava apoiado nos ombros dela falando bem perto do seu rosto, e ela ria com tanta naturalidade, até que me viu e parou, um reflexo de reconhecimento passou em seus olhos, então ela saiu do enlace do ruivo e veio até mim, passou por Kaela e gritou algo para ela, que no meu ápice de raiva eu não ouvi.

– Cato. – ela segurou meu braço e me puxou para longe da multidão – Ela estava linda, o vestido era verde, minha cor preferida, na minha pessoa preferida, só que eu estava como se algo tivesse quebrado dentro de mim quando a vi com outro cara.

–Cato! – Chegamos à praia, ela parou na minha frente e me chamou de novo, só nessa hora eu sai daquele topor em que estava e a encarei. – Por favor, fala comigo, aquilo não era nada...

Por algum motivo idiota eu a beijei, a beijei com força, coisa que eu nunca faria, mas eu estava com raiva, eu estava com ciúmes, eu não queria Clove com ninguém! Ela colocou uma mão entre nós e me empurrou.

–Não! – minha raiva subia a cabeça, eu não sabia o que tinha falado até as palavras já terem jorrado de mim.

– ENTÃO QUER DIZER QUE AQUELE IDIOTA PODE FICAR FAZENDO PASSEIOS COM VOCÊ E TE ABRAÇANDO, MAS EU QUE SOU SE EU NAMORADO, AO MENOS ACHO QUE SOU NÃO POSSO TE BEIJAR? CLOVE POR FAVOR, NÉ? – ela não falava nada, ela me encarava com um olhar triste – Me poupe disso, se ele quer ficar com você, pra mim tudo bem!

Ela abriu a boca para falar algo, mas tudo que conseguiu foi deixar me encarar, então as lágrimas começaram a descer dos seus olhos, ao longe eu podia ver o idiota vindo para perto de nós. Não, eu não queria ouvir nada dele, nada mesmo. Passe por Clove sem dizer nada e fui andando na direção da cidade, eu iria embora no primeiro trem que aparecesse, se Kaela quisesse que fizesse o mesmo.

– Ei, não é nada do que você está pensando, Clove é só minha amiga! Você não precisa gritar com ela! – pouco me importa o que esse ruivo estava falando, o estrago já estava feito.

– São só amigos? Então aproveita, ela tá livre agora pra qualquer um. – senti um soco, um soco muito forte, eu não queria brigar, apenas me levantei e continuei andando enquanto o ruivo caminhava para junto de Clove que estava sentada na areia agora.

***

Eu queria chagar até Cato, sai do abraço de Emmett, que se assustou antes de notar algo, e fui até ele, Kaela estava na minha frente, com um sorriso debochado enquanto falava.

– Não é que a santinha não é tão santa assim? – ela virou a cabeça e fez beicinho, e me olhou sorrindo de novo, eu estava com raiva dela, muita raiva dela, empurrei-a do meu caminho enquanto gritava.

– SAI DA MINHA FRENTE SUA COBRA. – a empurrei e cheguei até ele, o puxei até a praia, para conversarmos, no fim eu estava na areia e Emmett me levantava.

Não, eu não tinha ouvido aquilo, Cato não podia ter falado aquilo, eu... eu... Meus joelhos vacilaram e fui de encontro com a areia, alguém tocou meus ombros, mas eu sabia que não era Cato, tive a certeza disso quando meus olhos encontraram o rosto preocupado de Emmett.

– Clove você está bem? – ele estava me segurando, eu não tinha forças para permanecer de pé, ao longe eu via Cato se juntando a Kaela, que deu um grande sorriso para mim, para minha desgraça, talvez ela ainda estivesse irritada com o que eu disse.

Balancei a cabeça ainda com lágrimas caindo dos olhos, Cato se fora, ele tinha gritado com Emmett, algo que eu não entendi, eu não entedia nada, eu não queria lembrar-me de suas palavras.

‘-Me poupe disso, se ele quer ficar com você, pra mim tudo bem!

Ele não tinha sequer me ouvido, ele tinha derramado toda raiva naquele beijo, que talvez tenha sido, nosso último beijo. Então eu vi Emmett me olhando, ele estava preocupado, mas eu não queria ir para casa agora, chorando, com marcas pretas do lápis e delineador descendo por minhas bochechas, eu queria ficar longe da festa, só isso.

– Me leve daqui. – foi o que consegui dizer.

– Ok, então vamos para sua casa e... – o interrompi antes de ele terminar.

– Não, eu quero ficar longe um pouco, vamos andar pela praia, venha. – puxei ele pelo braço, ele não resistiu, apenas andou ao meu lado.

Eu e Emmett já tínhamos nos afastado bastante, só se ouvia um som baixo e abafado da festa na praça, Emmett não quebrou o silêncio, então eu o fim.

– Ele terminou comigo. – ele não disse nada, apenas assentiu – Por sua causa sabia? – ele fez como ia se desculpar, mas eu balancei a mão – Você não tem culpa, ele não quis me ouvir, ele deixou Kaela o envenenar, com certeza.

– Kaela? – foi a primeira coisa que ele falou.

– Sim, aquela garota de vermelho, ela não gosta de mim, não entendo o porquê, mas ela me quer longe. – ele refletiu por algum tempo, e voltou a falar.

– Ela gosta dele – ele estava com a mão no queixo, pensativo olhando para frente -, mas não queria ser O motivo de você terminar com ele, então só deu um empurram no mal-entendido, esperta. – o fuzilei com o olhar enquanto limpava as longas manchas pretas – Desculpe.

– Eu não sei o que fazer. – droga, eu já estava chorando de novo – Eu acho que eu gosto muito dele.

– Você o ama. – não foi uma pergunta, foi uma afirmação, Emmett parecia ver o que se passava dentro de mim, aquelas três palavras me acordaram para o que eu já fazia a tanto tempo, então eu coloquei para fora.

– Sim, eu o amo. – Emmett sorriu.

– Ele não é um babaca completo, ele vai se dar conta da burrada que fez e te pedir desculpas, se não pedir eu fico com você.

– Hein? – ele se abaixou e me bochecha, eu pousei a mão nela na mesma hora que ele se afastou.

– É o que você ouviu, se Cato vacilar eu vou te conquistar, adoro uma garota que saiba bater em mim. – ele piscou, e eu vi que estava só tentando me animar, continuamos andando pela praia até chegarmos a uma pedra onde sentamos e ficamos olhando o mar, ficamos lá até o amanhecer, sem dizer nada, apenas olhando o mar.

***

Deixei Clove para trás, ela tinha caído na areia e ficado sentada lá, ela estava chorando, mas minha raiva não me deixava pensar em nada, apenas em sair dali. O ruivo ainda tentou falar algo, mas eu não estava com cabeça para ouvir ninguém, falei algo que não devia e levei um soco, um bom soco na cara, nem isso clareou meus sentidos, levantei e me pus a andar com Kaela na minha cola.

– Ahh Cato, não fica assim. – nós já estávamos perto da estação, não tinha ninguém perto dali, eu estava furioso ainda, Kaela tocou meu braço e eu a puxei e joguei contra a parede da estação. – Ei! Isso dói!

Eu estava segurando o pulso dela, mas depois de reclamar ela se aproximou e pós a mão livre na minha nuca, e começou a falar, quase em um sussurro.

– Sabe, você não precisa ficar assim – se aproximou da minha orelha e disse quase docemente -, você tem a mim ainda.

Eu já tinha estragado qualquer coisa com Clove, eu estava com raiva, e Kaela estava agora me beijando, eu não tinha mais nada a perder, correspondi.

Depois de beijá-la por um tempo eu voltei a mim, me afastei de Kaela e soquei a parede.

– DROGA!

– Cato para! Deixa isso pra lá, deixa ELA pra lá. – Clove, deixá-la pra lá? Diga isso para o sentimento que vem crescendo dentro de mim e da minha necessidade de tê-la por perto.

– Kaela, saia daqui, vá para qualquer lugar, mas me deixe!

– Bem, querido, tenho uma péssima notícia para você, temos que voltar juntos. – eu quase lhe dei um soco, quase mesmo, minha mão atingiu a parede perto dela e ela arfou surpresa.

Depois desse evento que eu não quero me lembrar – ter beijado Kaela – eu só quero dormir e esquecer. No trem eu sentei longe dela, não a olhei, nem sequer dei motivo para ela tentar falar comigo, quando chegamos à Demeter eu andei mais rápido na frente dela,não disse nem um tchau e fui para casa. Entrei e a casa estava escura, ótimo meus pais estavam dormindo, fui até a sala do meu pai e peguei uma garrafa quase cheia de algo que o cheiro dizia vou-queima-sua-garganta-ao-descer, a única vez que eu bebi foi quando meu mentor me ofereceu uísque no trem do Distrito 2 até a capital, eu não fiquei bêbado, mas fiquei mais leve, e era isso que eu estava precisando, ficar leve. Levei a garrafa para o quarto e em pouco tempo ela estava vazia, assim como minha mente que foi coberta por uma névoa e eu já tinha esquecido Kaela, o ruivo, o motivo da raiva, exceto Clove, ela ainda estava lá, com seu vestido verde e lágrimas nos olhos.

– Desculpe Clove. – eu murmurei enquanto cobria os olhos com o antebraço e me entregava ao sono, que veio com sonhos de Clove correndo na cornucópia, sorrindo para mim quando pegamos algum tributo, sorrindo para mim no trem, abraçada comigo no sofá, dormindo na minha cama e então se afastando, sendo levada por uma névoa laranja e me deixando só, acordei. Quando eu acordei eu tinha a maior dor de cabeça que eu já tive na vida, junto com uma dor pulsante na mão direita, olhei para ela e vi o nó dos dedos com sangue seco, os socos na parede da estação de Atlanta.

Eu fui para o banheiro e dei um alô para o meu jantar, minha cabeça estava explodindo, tomei uma ducha gelada e agradeci por não ter que ir trabalhar naquele dia, já no quarto, eu fitei meu celular, nada, nem uma mensagem, nem uma ligação, grande coisa, ela deve estar com aquele maldito ruivo! Ainda de toalha eu fui até o armário pegar uma roupa qualquer, pensando em esquecer Clove, mas assim que abri o armário, vi que seria difícil, em cima das minhas roupas, estava o vestido dela, peguei uma roupa e bati o armário. Desci, passei como um furacão pela cozinha sem responder o ‘bom dia’ da minha mãe, abri a porta e fui correr pelos campos, corri até meus músculos estarem doendo, até eu cair na grama e só pensar nela, só pensar em Clove.

***

Amanheceu e eu estava sentindo o cheiro do mar, eu estava aconchegada em algo e quando levantei o olhar ela Emmett, ele tinha um braço sobre os meus ombros, me protegendo da maresia fria que vinha do mar, eu sai o seu enlacei e desci da pedra onde passamos a madrugada olhando o mar, bem eu passei um pouco dela dormindo. Emmett me seguiu, tirou a blusa social e ficou com a regata que estava em baixo dela, jogou a camisa para mim.

– Ah? – eu não entendi o porquê dele jogar a camisa para mim.

– Você tá com frio, eu não, depois você me entrega. – sorri e pus a blusa sobre os ombros, ela ainda estava quente e eu me senti bem, sorri.

– Obrigado Emmett.

Então Emmett me levou até em casa, eu entrei e fui para o meu quarto, aproveitando que ninguém tinha acordado ainda, tirei as botas, meias e o vestido e fui para o banheiro, fiquei embaixo do chuveiro enquanto a água lavava as lágrimas que caiam enquanto eu lembrava de Cato, lembrava de como eu o amava e de como meu coração tinha rachado com suas palavras.

‘-Me poupe disso, se ele quer ficar com você, pra mim tudo bem!’, “pra mim tudo bem... tudo bem...” isso ecoava na minha cabeça, eu precisava dele, precisava explicar, precisava que ele me perdoasse de qualquer erro que eu tivesse cometido, precisava que ele me amasse de volta, assim como eu o amava.

Sai do banheiro e encontrei Céci na porta de seu quarto, ainda com o vestido da festa, forcei um sorriso.

– Oh meu Deus! Que susto Clove! – ela estava com a maquiagem borrada, cabelo desfeito e o vestido cheio de areia.

– Hmmm o pescador mandou bem hein! – ela ficou vermelha, ri um pouco.

– Meu deus Clove! Pare com isso, Rocco é só um amigo!

– Amigo? Okay. – levantei as mãos me rendendo.

– Clove, você está bem? Seus olhos estão meio inchados, andou chorando? – eu estanquei aquela pergunta.

– Sim, eu sou bem – sorri fraco -, é que eu não dormir, fiquei acordada vendo o sol nascer.

– Hmm, Cato estava junto né? – ela sorria de orelha a orelha, tive que me controlar para não desabar ali mesmo, sorri e contei uma meia-verdade.

– Ele teve que ir embora mais cedo, eu fiquei junto com Emmett na praia depois disso, ai caiu areia nos meus olhos e eu lacrimejei um pouco, só isso. Agora eu sou me vestir e dormir ok.

Ela não pareceu acreditar muito, mas assentiu e entrou em seu quarto também, pequei uma roupa no armário e vesti, me joguei na cama e fechei os olhos tentando dormir, mas vendo Cato em todas as partes do meu sonho, vem do como ele se afastava de mim e como eu tentava o alcançar, acordei chorando e querendo que todo o dia de ontem fosse apagado, até mesmo querendo voltar para arena, eu só não queria viver sem ele.


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Notas finais do capítulo

Kaela é um demônio, e Emmett deve ser um anjo, Cato merecia uns socos (Emmett deu um UHHULL), e Clove... poxa a Clo é vítima aqui D:

Vai dar tudo certo okay, vou resolver essa briga já já.
Aqui está o link dos vestido:
Clove (eu desenhei 'u'): https://www.facebook.com/photo.php?fbid=465387346898429&set=pb.100002815037802.-2207520000.1389140367.&type=3&theater

Kaela (já disse como essa kadela é? ela é morena como... como... como a Juliana Paes e tem cabelos castanho escuro): http://i00.i.aliimg.com/wsphoto/v0/1135918050/Red-Short-Evening-dress-Female-2013-sexy-Irregular-BOW-part-dress-Graduation-dress-plus-size-baby.jpg