Jogos Vorazes: O Despertar escrita por FernandaC


Capítulo 17
Eclipse


Notas iniciais do capítulo

CONSEGUI!!!!! Finalmente postei um novo capítulo. Antes tarde do que nunca. Depois de quase um semestre, eu tenho que me desculpar por causa dessa demora. Mas tenho justificativas plausíveis e super acadêmicas para escusar-me do longo tempo. Aulas, provas, estágio e tcc.

Enfim, o que importa é que postei e pretendo começar a escrever o próximo o quanto antes. Espero que gostem desse capítulo. E um especial obrigado para pessoas que me enviaram comentários preocupados sobre a continuidade da história. Definitivamente, vocês fizeram a diferença, incentivando-me a escrever. Obrigada.

Beijo, Fernanda.



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Sinto como se um abismo se abrisse sob meus pés e não há nenhum apoio para eu me segurar. Continuo caindo. Peeta ir embora... A descrença chicoteia meu rosto, mas são as feridas em meu coração que se abrem. Ele não pode me deixar, não pode. Olho nos seus olhos e vejo que há mais dor do que ele pretende transparecer. Dessa vez não existem palavras para serem ditas, consolos para serem proferidos. Um abraço. Isso é mais do que suficiente para expressar tudo o que nossas bocas não conseguem falar.

Envolvo meus braços ao redor dele. Sinto a fragrância da sua pele inebriar meus sentidos. Suas mãos quentes afagando minhas costas. Por que as coisas têm que ser desse jeito? Por que, quando finalmente estou recuperando minha sanidade, tiram de mim a única pessoa que consegue transformar meus pesadelos em doces sonhos? Não posso deixa-lo ir embora, simplesmente não posso permitir que ele volte para Capital. Mas como farei isso? Não tenho apoio de ninguém. E pedir para Haymitch ajuda é o mesmo que falar com qualquer ganso do quintal dele. Inútil.

– Katniss, eu não quero ir. – Peeta fala baixinho perto do meu ouvido, quase como um menino birrento.

– Eu sei Peeta, eu também não quero que você volte para a Capital. Juro que eu estou pensando em algo para evitar seu retorno. Mas nada me ocorre. – Digo um pouco desesperada. Sem amparo, sem saída.

– Não Katniss, dessa vez não podemos fazer nada. Tenho que ir. Dr. Aurelius disse que é apenas uma visita para checar minha saúde, o problema é que não há uma data certa para minha liberação. A última vez que eles fizeram esse tipo de exame, eu só pude voltar para o Distrito 12 depois de meses. Contudo, sei que agora é diferente, eu estou bem, muito bem. E com você raras foram as vezes que tive algum flash.

– Mas Peeta, você não pode ir...

– Prometo que vou fazer o possível para retornar o quanto antes. Quando você menos imaginar, estarei ao seu lado. Infelizmente, eu tenho que ir.

Peeta me dá um beijo nos rosto, levanta-se do sofá e vai embora arrumar suas coisas. Uma pesada névoa de tristeza assola meu consciente. Vê-lo ir embora dessa forma, o desespero em querer mais tempo, o desejo em não deixá-lo partir. Mas não posso fazer nada, isso é algo que está totalmente fora do meu alcance. É a inevitável ação do meu fatídico destino. Quando penso que, finalmente, tenho alguém especial perto de mim, a vida trabalha em tirá-la de mim.

O telefone toca novamente.

– Alô?

– Katniss? Está tudo bem?

– Mãe? Como é bom falar com a senhora. – Pondero rapidamente se extravaso para ela todo o meu pesar ou se guardo para mim. Lembro-me do conselho do Dr. Aurelius, em não manter os sentimentos presos dentro de mim, principalmente para as pessoas que me amam. – Não mãe, não está nada bem. Peeta vai embora.

– Oh, Katniss. Sei que assim que possível ele voltará para você. Eu conversei muito com o Dr. Aurelius, e soube da necessidade em se fazer exames regulamente no Peeta. Querendo ou não, o garoto foi telesequestrado, sua mente pode a qualquer momento sofrer algum revés, injetaram muito veneno na corrente sanguínea dele. Tenho certeza que não passará de alguns dias.

Tenho que ser compreensível com tudo isso. Não posso ser egoísta, Peeta também precisa de cuidados com a saúde. Assim como eu, ele teve muitas perdas nesta guerra. Agora, tenho que ser forte para suportar sua ausência, mais ainda para estar sã, quando ele voltar para mim. Converso um pouco com minha mãe e desligamos. Alguns minutos depois, Peeta aparece na minha sala com uma pequena mala de viagem. Pulo em seu pescoço e o beijo. Meus lábios, mesmo ainda sentindo os seus, já estão saudosos. Controlo-me para não fazer nenhuma loucura, como puxá-lo para a floresta e nos perdemos pela mata. Juntos. Sem ninguém a nos importunar.

– Você pode me acompanhar até a estação? – Peeta pede encostando a testa na minha.

– Com certeza.

– Não se preocupe com os paparazzi. Conversei com a Cressida. Por hora teremos um pouco de trégua.

– Esses vermes são a minha última preocupação no momento. - Digo pensando nos dias que virão.

Saímos de casa. O sol do fim da tarde se deita no horizonte por trás da casa de Peeta. Caminhamos silenciosamente. Abortos em nossos pensamentos. Estamos quase chegando à estação, quando eu resolvo entrelaçar nossos dedos. Ele aperta fervorosamente nossas mãos. Parece ser tão difícil para ele quanto está sendo para mim. O trem já está sendo abastecido com pessoas e algumas mercadorias. Peeta entrega o bilhete para o funcionário. Escutamos o maquinista soar o sino de partida. Restam-nos meros minutos.

– Katniss, este é o lugar onde vou ficar e o número do telefone. Voltarei em breve. – Peeta fala a última frase mais para si, do que para mim. O que não importa, eu me agarro firmemente em cada promessa de retorno, mesmo sabendo do alto risco nisso.

Pego o pedaço de papel anotado com a sua caligrafia, letras uniformes de forma. Volto a encará-lo e, sem mencionar nada, nos abraçamos. Sua mão afaga meus cabelos.

– Tome seus medicamentos, Katniss. Não se incomode com as câmeras, uma hora eles vão embora, não vale a pena perdermos a cabeça por causa disso. Lembre-se, já passamos por coisas piores. Mantenha mente ocupada e antes de dormir, olhe as estrelas, veja a lua e tenha a certeza de que quando você estiver admirando-a da sua janela, eu estarei fazendo o mesmo da minha. – Peeta diz com veemência e eu presto atenção em cada palavra que ele diz.

O maquinista soa o sino de partida, última chamada. Alguém chama Peeta atrás de nós. Viramo-nos e vemos Haymitch e Delly. Peeta se aproxima de ambos, se despedindo. Fico onde estou observando o trio. Vejo Delly falar alguma coisa no ouvido de Peeta. Ele sorri e se despede deles. Volta para mim. Dá-me mais um abraço e entra no trem. Um pequeno desespero impulsionado pela agonia e dor me assola. Olho para o endereço no pedaço de papel na minha mão. Rasgo uma parte em branco, corro até Haymitch.

– Seja útil e me empreste uma caneta! – Digo com urgência. Ele bufa e toca no peito procurando um bolso que não existe.

– Poxa, ficou no meu outro bolso. Sem sorte queridinha. – Ele responde desdenhosamente. Perda de tempo. Olho ao redor em desespero.

Delly levanta a caneta na minha direção. Analiso-a e aceito a oferta sem hesitar.

Rabisco rapidamente uma frase e corro na direção do trem, olhando pelas janelas para ver se vejo Peeta.

– Peeta! – Ele olha para mim espantado do seu acento, se aproxima do vidro. O trem começa a andar lentamente, eu acompanho enquanto posso. Entrego o pedaço de papel. Peeta lê rapidamente e sorri.

– Eu volto para você. – Peeta enfatiza o que escrevi para ele.

Logo em seguida, o trem começa a andar lentamente. Seus dedos deslizam dos meus e, assim, ele vai embora.

–--

Será possível que tenham se passado apenas três dias desde que Peeta retornou à Capital? A sensação são de meses. Abro os olhos e analiso a brisa balançar levemente as folhas das árvores ao meu redor. Meus dedos giram furiosamente a pérola acoplada como um pingente em meu cordão. O sol está caindo. Observo a tonalidade laranja e lembro-me do dia em que Peeta perguntou qual era minha cor favorita, enquanto sentávamos nos trilhos do trem. Naquele momento eu não sabia o que pensar, o que fazer, o que decidir, se tudo era mera encenação, um show, ou se houve realmente alguma coisa.

Apenas com os raios do sol saindo pelas brechas no horizonte, levanto-me para voltar para casa. Pego minha mochila, meu arco e as flechas, o saco com as amoras e um coelho. Faço meu usual percurso. Atravesso a campina e sigo pelas ruas em direção à Aldeia dos Vitoriosos.

–--

Abro os olhos. Encaro o teto levemente encardido da minha sala. Com metade do meu braço para fora do sofá, sinto Buttercup roçar seu rabo nos meus dedos. Ponho-o sob minha barriga. Ele me encara um com ar preocupado e, por justa razão, lentamente os sintomas da abstinência contaminam minhas células. É, simplesmente, inacreditável o quão relativo pode ser o tempo. Uma semana. Sete malditos dias inteiros se passaram. E até o momento estou esperando Peeta me ligar. O que será que aconteceu? Todas as minhas ligações foram infrutíferas, como se estivessem interceptando nossa comunicação. Não quero sucumbir à loucura e ficar supondo desgraças. Peeta não me abandonaria. Mas a falta de contato me incomoda de um modo insano.

Levanto-me de supetão. Buttercup vai para o chão protestando. Abro a porta de casa e ando até a calçada, então paro. Não, não vou apelar para a Delly. Se ela tiver notícias do Peeta e eu não... O choque será mais intenso que o campo de força usado pela Capital. Por receio do que eu possa vir a escutar, caminho lentamente para casa. Olho para as flores de prímula perto do cercado e um pequeno sorriso se forma no meu rosto. Dirijo-me para as plantas. Afago uma pétala com os dedos distraidamente.

– Depois de tanto tempo, essa é a primeira vez que vejo você efetivamente demonstrar seu carinho com essas flores.

Viro-me rapidamente na defensiva por não saber quem falava comigo. Encaramo-nos por alguns segundos. A pessoa levanta as mãos ao alto como um sinal simbólico de rendição. Olho para os lados a procura de outros e não encontro ninguém.

– Não tem ninguém além de mim aqui. Não se preocupe. Desculpe-me se lhe incomodo, apenas queria saber como você está. – Cressida diz com sinceridade.

– Você não me incomoda, de jeito nenhum. Eu que peço desculpa por isso. Acho que certas coisas não vão mudar e tenho que saber como lidar com isso. – Digo um pouco frustrada.

– Eu entendo. Ainda mais com essas câmeras que não dão trégua, não é mesmo? Sinto muito por isso, estou fazendo o possível para não lhe incomodarem enquanto o Peeta não está.

– Você sabe do Peeta? Quero dizer, como você sabe que ele não está no Distrito? – Pergunto aproximando-me um pouco.

– Katniss, você tem visto os noticiários? Digo, os programas de entretenimento. É só o que se fala, Peeta na Capital, Peeta no hotel, praticando exercícios, entrando em lojas. Algumas vezes ele faz pequenos depoimentos, coisas irrisórias e vai embora.

Corro para a sala, Cressida me acompanha. Passo os canais, mas no momento nada encontro. Sento-me no sofá, olhando a televisão sem prestar atenção nas imagens, afundada nos meus pensamentos. Cressida senta-se ao meu lado e afaga meu ombro. Neste momento sinto que ela não é uma repórter e, sim, minha amiga, da mesma forma que ela foi durante a guerra. Aliada. Um pouco de vergonha perpassa inevitavelmente pelo meu semblante.

– Desculpa pelo modo como lhe tratei. Sei que você não tem muitas escolhas, é o seu trabalho. Obrigada pela pequena trégua. – Digo baixinho sem olhá-la.

– Tudo bem, Katniss, eu realmente entendo sua situação. Você, mais do que ninguém, foi uma das pessoas que mais sofreram e ainda sofre com as consequências da luta. Fico contente que você esteja sendo compreensível com o meu trabalho e que isso não cause ressentimentos. Preocupo-me com você, não apenas eu, mas Pollux também.

– Como ele está? – Pergunto interessada no meu antigo amigo avox.

– Está empenhado com o novo trabalho. Ele se sente feliz por ser tratado como igual, apesar de isso ter custado a vida do seu irmão. – Ela responde triste.

– Ele está aqui no Distrito?

– Infelizmente não, chamaram-no com urgência para fazer uma tomada no 11. Se eu não me engano ele pegou o mesmo trem que o Peeta. – Cressida percebe minha preocupação, é impossível esconder. – Katniss, tenho certeza que o Peeta está bem, a Capital mudou, o sistema não é mais o mesmo.

– Então, por que eu não consigo falar com ele?

– Vai ver ele está em avaliação. O Peeta foi telesequestrado e você sabe muito bem o quão forte podem ser os efeitos do veneno da teleguiada. – Cressida diz tentando me confortar. Balanço levemente a cabeça concordando, sem realmente me deixar confortar pelas palavras e ficamos em silêncio por um tempo. – Escuta, você está com fome?

– Um pouco. Mas não quero comer. Vou ficar prestando atenção nos canais.

– Katniss... Ficar trocando de canal a todo instante não vai melhorar o seu estado. Vamos comer, o pessoal está elaborando uma noite animada em casa. – Eu a encaro consternada. Participar de uma reunião ao lado daqueles que salivam por um furo de reportagem envolvendo a mim e ao Peeta, não parece ser algo muito sensato ou animado. – Relaxa Katniss, estamos no período de trégua. Os câmeras são legais quando não estão com a câmera na sua cara, só tem que dar uma chance para conhece-los. E acreditando ou não, eles ficaram sentidos com a sua atitude.

– Eles estavam merecendo ver a imagem do meu dedo levantado. – Digo recordando-me com um pequeno sorriso vingativo nos lábios.

– Que seja, não aceito não como resposta. Vamos, você tem que sair um pouco dessa casa também e você não tem com o que se preocupar agora... Buttercup! – Cressida escandaliza, assustando-nos, enquanto corre para pegar o gato nos braços. – Como foi que você chegou aqui, seu gato danado?!

Incrível como todo mundo se surpreende com ele. Ninguém me pergunta com eu consegui lidar com tudo isso, passar por duas arenas, ir para uma guerra, matar o presidente errado... Mas se enchem de perguntas e admiração sobre o fato do Buttercup estar vivo e aqui. Grandes coisas. Então, Cressida larga o gato no chão, pega-me pelo braço e leva-me para a casa em que ela está hospedada, enquanto eu explico como nos encontramos.

Entramos na sala e escutamos barulhos de risos e conversas vindos da cozinha. O cheiro de comida preenche o ambiente. Ao chegarmos ao local, as pessoas nos encaram sem acreditar e um silêncio incômodo substitui a balburdia de antes. Olho de esguelha para Cressida e ela sorri timidamente para mim. Então, quando estou me desvencilhando dela para ir embora, Póllux sai do banheiro e nos vê. Sorrindo abertamente, ele se dirige até mim e abraça-me. Essa é a primeira vez que nos vemos desde o fim da guerra. Póllux enxuga os olhos ainda sorrindo e depois abraça Cressida.

– Quando foi que você chegou? – Ela pergunta com brilho no olhar. Ele responde gesticulando e emitindo pequenos sons, o que deu para entender que tinha chegado ainda a pouco.

Nós três nos sentamos na ponta da mesa e começamos a conversar descontraidamente. E apenas depois de uns bons minutos foi que me dei conta da presença das outras pessoas. Como se tivesse lendo minha mente, Cressida limpa a garganta audivelmente chamando a atenção dos paparazzi.

– Senhoras e senhores, desculpem-me minha indelicadeza, gostaria de apresentar a vocês minha amiga e eterna garota em chamas, Katniss Everdeen.

Olho carrancuda para os caras na minha frente e para algumas moças, não tão mais velhas do que eu. Póllux cutuca-me levemente nas costelas, encaro-o e percebo, pelo seu olhar, que todos nós podemos nos entender. Alivio a expressão no meu rosto e esboço um leve sorriso. Cressida fala o nome de cada um e todos me cumprimentam, olhando-me com uma expressão estranha no rosto. Após as apresentações, uma garota me oferece uma tigela com comida. Sorrio agradecida e começo a comer. Aos poucos as conversas são retomadas e o clima na casa anima-se gradativamente.

Póllux conversa comigo como se ele nunca tivesse perdido a habilidade da fala. Interagimos de tal forma que o problema não nos afeta. Alguns caras se aproximam de nós e continuamos conversando. Cressida até consegue arrancar boas risadas de mim ao imitar uma Effie preocupada com os horários. Mas não consigo ficar aqui, minha mente está focada em Peeta. Despeço-me das pessoas e dirijo-me para minha casa. Abro a porta e entro na sala.

– ...é o que eu gostaria, em breve. – Escuto a voz de Peeta pela televisão. Mas quando levanto a cabeça para olhar, apenas o vejo de costas entrando no hotel.

Sento-me arrasada no sofá por ter perdido a oportunidade de vê-lo, mesmo sendo deste jeito. O repórter aparece e dá prosseguimento ao programa. Vou para meu quarto com raiva, entro no banheiro e fecho a porta. Começo a escovar os dentes furiosamente e passo os remédios nas marcas da minha pele, concentrada para não derramar. Apenas no terceiro toque é que me dou conta que o telefone está tocando. Desesperada, corro para a porta, que por sinal não quer abrir, não porque emperrou e, sim, pelo fato de eu estar puxando para trás ao invés de empurrar para frente e abrir.

Finalmente, depois de perceber minha idiotice, chego à escada, que desço de dois em dois degraus, deslizando desequilibradamente no último, corro e pulo no telefone.

– Alô! – Digo com urgência. Mas o telefone fica mudo por uns minutos. – Alô?

– Katniss...

– Peeta! Peeta, você está bem? Por que você não deu notícias, o que está havendo?

– Está tudo bem, estou bem. Desculpe pelo tempo, eu tentei de todas as formas falar com você, mas sou muito vigiado e eles não me deixam usar o telefone, dizem que é por conta dos exames. Não quero nem saber, estou quase pirando, Katniss... Não aguento mais ficar aqui. Quero voltar!

– Peeta... - É só o que consigo dizer. Gostaria que ele soubesse o quão feliz essa ligação está me fazendo, ouvir a voz dele, sentir que nossos desejos são congruentes. – Não quero ficar mais só, você tem que voltar Peeta.

– Esse é o seu jeito de dizer que está com saudades? – Ele pergunta e posso dizer que ele está sorrindo.

– Só respondo se você tirar esse sorriso ridículo do meio da cara. – Digo sorrindo consternadamente, o que provoca risos abafados no outro lado da linha. – Conversei com Cressida e Póllux.

– Foi? Fico contente que estejas se socializando, ao invés de passar a tarde inteira deitada no sofá alisando os pelos do Buttercup.

– Eu não fico a tarde inteira alisando Buttercup! – Protesto, o que é em vão.

– Haha... Tudo bem, Katniss. Diga-me uma coisa, você está vendo a lua? – Peeta pergunta e eu movo meu corpo, puxando uma cadeira para poder ver pela janela, o que tenho certeza que ele está vendo também.

– Agora sim.

– Sabe Katniss? Eu gosto muito da lua. Tão distante e sozinha irradiando seu brilho. É triste, porque eu sei que mesmo acompanhada de tantas estrelas, é do sol que ela realmente sente falta. E eles raramente se encontram e quando a ocasião surge, mesmo nos ínfimos minutos, o momento é eternizado em um eclipse.

Escuto a doçura na voz de Peeta ao refletir sobre o dramático amor entre a lua e o sol. Uma lágrima escapa e uma certeza me surge, não quero que nossos momentos sejam apenas um eclipse. E pensar assim intensifica todos os sentimentos bons e ruins.

– Prometo voltar em breve. – Peeta diz.

– Sinto saudades. – Falo baixinho vendo a lua, sabendo que nunca mais a olharei como um simples astro e, sim, como um astro que vive um amor quase impossível.

– Pensei que você nunca fosse responder a minha pergunta. – Ele diz e complementa. - Também sinto saudades, mais do que você pode imaginar... Katniss, tenho que ir agora.

– Você me liga de novo? – Pergunto com um leve desespero na voz, sentindo-me, inevitavelmente, como um eclipse que chega ao fim. Ansiando arduamente pelo próximo, mesmo não querendo que nossos momentos sejam eclipses.

– O quanto antes, mas espero não ligar e, sim, te ver, te abraçar, te beijar. Boa noite, tenha doces sonhos, Katniss.

– Boa noite, Peeta.


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Notas finais do capítulo

Qualquer comentário, crítica ou sugestão, por favor me escrevam que eu responderei e farei o possível para acatar os pedidos. Espero que tenham gostado um pouco. Até em breve.

Beijo, Fernanda