Estávamos no carro, Isaac olhava a paisagem urbana enquanto eu fumava meu cigarro metafórico.

– Isaac, desculpe-me se eu não fui tão... Compreensível. –disse.

– Gus, olhe, você não tem que se desculpar. Eu que acabo dando minhas crises, além de cego vou ser bipolar. – respondeu Isaac.

– Isaac, nada na vida é em vão, eu nunca fui de falar nisso mas... Eu não ficaria sem uma perna e você não ficaria sem os olhos se isso tudo não tivesse um propósito. Você tem medo de ficar cego como eu tenho medo de morrer, eu estou tentando acabar com esse medo, pois estou sentindo que eu preciso acabar com ele. Isaac meu caro, eu sei o quanto deve ser difícil saber que ficará totalmente sem a visão, mas olha, estou aqui meu amigo o todo o tempo que a vida me dar eu estarei aqui, ao seu lado e ao lado da minha família e da Hazel Grace.

Isaac olhou para fora, certamente estava chorando, Isaac não chora toda hora, pelo ao contrário, ele não chorava muito, mas esses dias acho que ele decidiu chorar tudo o que ele não chorou durante sua vida inteira.

– Gus! Você é brilhante! – disse Isaac limpando as lágrimas na manga da blusa.

Estávamos perto da casa de Isaac, estacionei.

– Obrigado Gus, por agüentar esse cara chato aqui. – disse Isaac.

– De nada. – sorri.

Isaac saiu no carro e entrou em sua casa, dei partida e fui para a minha.

Cheguei em casa, acho que a minha mãe se cansou de me esperar para dar um sermão. Fui para o meu quarto. Era duas da madrugada, liguei o notebook, me sentei na cama e esperei ele ligar. Coloquei em um vídeo do The Hectic Glow, fechei os meus olhos e comecei a pensar.

Meus pensamentos vagaram e vagaram e....

– Augustus!

– O que foi! – saltei da cama.

– Você dormiu com o computador ligado! – disse minha mãe.

Fui direto para o banheiro, enquanto minha mãe dava um sermão. Tirei a prótese e a deixei do lado de fora do box, me apoiei na barra de ferro e liguei o chuveiro. Enquanto ensaboava o meu corpo, senti uma dor na cintura terrível. Ela vinha e voltava. No momento de desespero gritei a minha mãe:

– Mãe! – gritei – Mãe!

Minha mãe entrou correndo no banheiro, abriu o box e me enrolou na toalha.

– O que foi querido?

– Só um mal jeito na perna...

Minha mãe me sentou na cama e disse:

– Tem certeza querido, tem certeza que é só isso? – ela estava com os olhos encharcados. Estava chorando. A mesma já tinha visto essa cena antes.

– Sim mãe. – respondi. – Não foi nada.

– Vou pegar um remédio. Espere aqui.

Ela saiu do quarto, e agora você deve estar me perguntando, porque eu menti?

Quando os sinas da osteossarcoma apareceram, eu estava tomando banho, a minha perna começou a doer e eu rapidamente chamei a minha mãe.

Eu posso dizer que estou com medo, sim, dessa doença voltar. E de morrer no momento mais feliz da minha vida. Minha mãe voltou com um remédio para dores musculares e um copo de água. Tomei o remédio, e minha mãe pegou umas roupas para mim.

Me vesti, minha mãe ainda estava preocupada. A mesma sentou-se ao meu lado, segurou minhas mãos e disse:

– Filho, não acha melhor marcar uma consulta?

– Não é preciso mãe, sério. Estou bem, vou ficar bem.