Depois de todo esse caos, levei a Hazel Grace para a casa, ou na verdade, eu só a acompanhei pois digamos que dirigir não é a minha praia, principalmente com essa velha prótese aqui, cheguei em casa e ouvi meu pai conversando com Isaac na cozinha. Dando lições de moral, ou apenas conselhos.

– Isaac,um dia você vai achar uma garota melhor do que a Monica, você vai ver...– disse meu pai ao Isaac. Tomei a liberdade de entrar na cozinha e me intrometer na conversa:

– Ver? Acho que vai ficar um pouco difícil...

– Augustus! –disse meu pai em um tom de reprovação, ele não gostava das brincadeiras que eu fazia com o Isaac, mais caí entre nós, nós dois temos câncer, um não tem um olho, o outro não tem uma perna! Poxa! Acho que temos toda a liberdade de rir da desgraça alheia!

– Tudo bem Sr. Waters. – disse Isaac sorrindo – Pelo menos o Gus me faz rir um pouco...

– Pois bem! É pra isso que eu sirvo, para divertir.- disse.

– Ahh, cara vai! Para de drama! – disse Isaac.

– Bem garotos, vou ir fazer meu trabalho. – disse meu pai. – E Isaac, qualquer conselho que o Gus lhe der, por favor não o dê ouvidos! – disse meu pai saindo da cozinha.

– O que? Eu sou o melhor exemplo de rapaz conselheiro! – disse.

– Ah Gus, corta essa. – disse Isaac sorrindo. Era bom vê-lo sorrir um pouco, mas pode crer, daqui a pouco ele vai começar a chorar como uma podre camponesa desamparada.

– Então Gus, e a Hazel? – disse Isaac. Por um segundo meu coração disparou-se só pelo simples fato de ouvir aquele nome, Hazel. Ao pensar nela, abri um sorriso tão bobo que comecei a sentir a saliva percorrer o meu queixo.

– Gus? – disse Isaac.

– Oi? – disse quando me despertava de um breve sonho acordado.

– Essa cara já diz tudo. Está apaixonado! – disse Isaac.

Eu olhei para aqueles grandes olhos do Isaac, dei um sorriso largo e disse:

– Paixão? Não meu caro, não é apenas uma simples paixão e sim um mar inteiro de amor! – disse.

Não sei o que eu disse de errado, mas Isaac começou a chorar novamente. E dizer:

– Eu também sentia isso pela Monica, ATÉ SABER QUE ELA SENTIA PENA DO IMBECÍL AQUI! – bradou Isaac. O mesmo pegou uma xícara louça da minha mãe e a tacou no chão.

– Vamos sair beber e nos drogar! – bradou Isaac novamente. Eu apenas o segurei pelos ombros e disse:

– Se contenha homem! Vou Ser obrigado a deixá-lo de castigo!

– Não! Não dá! Quero morrer! – disse Isaac. No momento eu o soltei. Não sei o que deu em mim, mas de fato eu odeio ouvir a palavra “morte”. Sentei-me na cadeira e disse:

– A morte meu caro Isaac, não é algo que deve ser gastada em uma simples situação. Não deseje a morte Isaac, enquanto alguns desejam a morte, outros rezam todos os dias por mais um minuto que seja de vida...

– Me desculpa Gus, eu não queria... – disse Isaac. Mas aquela palavra me deixou tão atordoado que apenas queria me deitar e pensar nela.

– Não precisa se desculpar Isaac, acho melhor ir para a sua casa. Vou pedir para o meu pai te levar.

Depois disso, meu pai levou Isaac para a casa, e eu fui direto para a cama, deitei-me sem ao menos colocar um pijama. Minha mente começou a vagar. Esses dias estou sentindo algo estranho, uma sensação estranha... Não é algo ruim, é algo inenarrável. Estou olhando as coisas de outro modo. Olho para os meus pais atentamente todos os momentos, não querendo perder nenhum detalhe do que eles fazem. Aproveito todos os meus jogos com o Isaac, como se fossem os últimos. Olho para Hazel Grace e não me canso, trocaria qualquer vídeo-game ou TV para observá-la pelo resto da minha vida.