Entre reis e rainhas escrita por Natasha Bonni


Capítulo 8
Capítulo 8 - No calor da batalha.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Que o tempo nos permita alguns reencontros sem culpas porque é bom sentir sempre mais uma vez. – Tati Bernardi.

 

 

 

 

O suor escorria pelo rosto dos guerreiros os corpos cansados ainda resistiam com precisão aos ataques das espadas inimigas. Há pouco mais de uma hora que a tropa do rei Caspian lutava bravamente contra os soldados de Kyron. Ripchip havia levado consigo a notícia de que o ataque às quatro jovens na floresta havia sido ordem do rei de Myriade. Depois do choque o rei reuniu-se com os antecessores do trono e juntos decidiram pelo ataque direto, linha de frente e na terra do inimigo, ataque surpresa era o que lhe garantiria a vitória.

Enquanto a espada tilintava, Pedro notou que Allessandra estava em perigo, apesar da avidez com que atirava as adagas nos inimigos um se aproximava sorrateiramente pelo lado esquerdo, sem pensar exatamente no que fazia, o jovem chutou seu oponente na altura do peito e se projetou em frente a moça, a espada esbarrou no aço da armadura e por pouco não perfurou o pulmão do antigo rei, Pedro revidou ao brandir sua espada e acertar em cheio o inimigo no peito vendo-o cair aos seus pés.
— Oh céus... - arfou Alle de olhos arregalados - Você... Minha nossa, obrigada! - ela se atirou nos braços do loiro abraçando-o pelo pescoço e esquecendo-se por um momento do lugar onde estavam.
— Não há o que agradecer - ele sussurrou com o rosto afundado nos cabelos da menina. - Eu não deixaria nada lhe acontecer. - Ao afastar-se do loiro sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, quando viu o brilho nos belos olhos do rapaz aproximou o rosto do dele numa atitude impensada e ansiosa.
— Cuidado! - o grito de Isabele despertou os dois em tempo de evitar um ataque surpresa, Pedro afastou-se de Alle e brandiu sua espada contra do inimigo, enquanto Isabele se juntava a amiga para se livrarem de dois soldados.

Edmundo tentava evitar ser atingido, mas estava ficando cada vez mais difícil levando-se em conta que havia três soldados tentando acertá-lo e ele estava absolutamente só, longe dos outros que haviam sumido. O moreno abaixou em tempo de evitar que a espada cortasse seu pescoço, ergueu o escudo e empurrou o homem a sua direita, derrubando-o. O que estava a sua frente atirou-se sobre o garoto, mas acabou caindo antes de atingi-lo, Isabele apareceu correndo em sua direção acertando o outro homem que estava em pé enquanto Edmundo cuidava do soldado caído.
— Onde esteve? - perguntou Edmundo arfando.
— Fui ajudar Pedro e Allessandra, os dois estão tentando abrir caminho para dentro do castelo, mas está difícil. - explicou ela. – Cadê Caspian e Mariana?
— Conseguiram entrar antes do ataque frontal, Ripchip está com eles. - enquanto corriam para perto dos outros amigos eles puderam ver Lúcia surgir à direita. Com os cabelos bagunçados e o rosto sujo a rainha Destemida estava aparentemente bem, apesar de seu estado deplorável.
— Alguma notícia dos outros? - seus olhos demonstravam a mesma preocupação que os demais.
— Não. - respondeu antes de se atirar contra outro soldado que tentava acertar Pedro pelas costas, conseguiu abatê-lo e virou-se para checar a atual situação. O número de inimigos diminuiu consideravelmente, o próximo passo seria entrar no castelo, porém um de deles deveria ficar para proteger a retaguarda dos demais em caso de mais um ataque.

Um grito fez todos pararem de imediato, uma voz feminina esbravejava algo incompreensível enquanto os soldados abriam caminho. Os olhos de Isabele quase voaram para fora de seu rosto quando viu Mariana presa nas mãos de Kyron, com uma espada rente ao pescoço a garota o xingava de nomes inimagináveis. Caspian surgiu em seguida com Ripchip ao lado, no rosto trazia os traços de ódio misturado a um sentimento que eu começava a reconhecer.
— Solte-a, Kyron. - disse o rei X firmemente, os dentes trincados e o rosto tenso.
— E para quê? - o sorriso maldoso de Kyron se fez presente tornando a situação ainda mais tensa. - Ela deveria estar morta... Assim como resto de sua família. - ressaltou ele chocando a todos. - Oh, você não sabia? Pois sim, eu matei sua mãe a rainha de Myriade, logo depois de seu pai se perder no mar.
— SEU CRETINO IMBECIL! - O grito da menina foi seguido por uma cotovelada muito bem dada nas costelas de Kyron, como a lâmina estava muito perto acabou por fazer um corte aparentemente superficial no pescoço de Mariana, que já se virava para atingir o monstro que ela deveria chamar de tio.
Caspian se juntou a ela numa tentativa de dar fim a agonia, quando soldados do então rei se juntaram a briga possibilitando assim a fuga de Kyron.
Edmundo preciptou-se em direção a mata, mas foi impedido por Mariana que já corria naquela direção, Caspian estava preso na batalha assim como o restante dos soldados de Cair Paravel, o rei Justo juntou-se a batalha mais uma vez na ânsia de ajudar e rezou que Mary conseguisse terminar aquilo de uma vez.

 

Enquanto a luta se desenrolava na pequena ilha, Júlia e Benson enfrentavam um pequena batalha com gigantes do Norte que resolveram atacar o castelo de surpresa, os soldados que ficaram para fazer a guarda da Rainha Susana, que se recusara em juntar-se a batalha contra Kyron, lutavam bravamente e venciam os desordeiros cruéis.
— Espero que estejam todos bem. – Disse Júlia para Benson, logo depois de acertar um dos gigantes derrubando-o no chão. Um golpe e então o último gigante estava derrotado.
Benson se dirigiu para o interior do castelo seguido de Júlia, precisava saber se Susana estava bem, o que era uma grande ironia já que ela não saíra sequer uma vez de dentro do quarto.
— Preciso confessar, essa garota me irrita. – bufou Jubs, logo depois de passar pela entrada principal do castelo. Com um sorriso contido, Benson assentiu.
— De fato, ela não se parece com a mulher destemida que ouvia nas histórias quando criança. – Quando alcançaram o andar dos quartos o soldado bateu duas vezes na porta e esperou, pouco mais de dois segundos depois Susana surgiu na porta com um vestido em mãos e uma expressão de desagrado no rosto.
— O que querem?
— Viemos saber se estava bem, majestade – Benson disse. – os gigantes foram abatidos e...
— Ótimo, estou bem, podem se retirar. – E sem esperar resposta, ela bateu a porta na cara dos dois, Júlia grunhiu e por pouco não derrubou a maldita porta para acertar uns tapas na rainha. Como duas pessoas podiam ser tão diferentes? Lúcia era o completo oposto da irmã, corajosa, inteligente e amigável, se deu bem logo de cara com as visitantes.

 

 

— Vá descansar um pouco, vou ver se já enviaram a mensagem ao rei e depois vou fazer a ronda do perímetro norte. – Benson caminhou para longe de Júlia, assim que os dois alcançaram a porta da biblioteca, antes que o rapaz pudesse se distanciar ainda mais, Júlia o puxou pela mão ainda coberta com a luva, fazendo-o virar-se para ela.
— Não vá muito longe. – pediu ela com um jeito infantil despertando um sorriso do rapaz que se aproximou e enlaçou a cintura da garota.
— Preciso fazer meu trabalho. – sussurrou ele próximo ao rosto da moça.
— Então tente não se matar, ou ser morto por alguma outra criatura bizarra. – devolveu ela fazendo-o finalmente rir de verdade.
— Não se preocupe voltarei inteiro. – Benson aproximou o rosto ainda mais. – Tenho um belo motivo para isso. – Por fim selou seus lábios aos dela enquanto sentia as mãos da moça em seus cabelos.

 

Maldito Kyron, cretino pervertido. Eu vou matá-lo – os pensamentos de vingança percorriam a mente de Mariana aumentando o índice de adrenalina em seu sangue e fazendo seu coração bombear tão rápido que ela pensou que pudesse infartar ali mesmo em meio à corrida.
Parou por um instante, tentando ouvir o que se passava ao seu redor. Apesar de estar em mata fechada sabia exatamente como voltar, a ilha não era muito grande, caso se perdesse bastava andar em qualquer direção e despontaria na praia. O som de folhas se mexendo e um galho se quebrando à pouco mais de vinte metros ao norte fez suas pernas agirem antes de seu cérebro, a moça correu rumo ao barulho com a espada em punho.

— Caspian! – o grito de Lúcia chamou atenção do rei, que acabava de dar conta do último soldado, a garota se aproximou dele. – Mariana sumiu, Edmundo disse que a viu entrando na mata atrás de Kyron. – noticiou a jovem.
Por um momento o mundo parou de girar e Caspian teve certeza de que estava ouvindo errado, não era possível que Mariana estivesse correndo perigo mais uma vez. Não fazia nem três dias que fora tingida por uma espada que podia tê-la matado, e já estava em risco outra vez. As imagens da briga que tiveram antes de deixarem o castelo em Cair Paravel e partirem para o ataque a Kyron o atingiram como uma torrente.

— Você não vai, Mariana. Volte para o seu quarto e descanse, conversaremos quando eu voltar.

— Não ouse me dizer o que fazer, não vou ficar trancada no quarto enquanto todos arriscam a vida por mim. – disse ela resignada. – Eu vou junto.

— Isso não foi um pedido, foi uma ordem. – esbravejou Caspian irritando-se pela primeira vez com a moça que o fitava descrente e sem um pingo de medo. – Eu sou o seu rei e estou lhe mandando ficar.

Com uma sobrancelha arqueada ela deu um passo em direção ao moreno que arregalou os olhos ao vê-la tão próxima de seu corpo.
— Eu vou até Myriades nem que seja nadando, você não é o meu rei, eu não sou sua súdita então não haja como um rei para cima de mim. – ela ficou na ponta dos pés, próxima demais. – Agradeço por sua hospitalidade e consideração, mas isso não faz de você o meu senhor.

Impactado pelas palavras da garota, o rei X ficou parado em frente ao quarto da garota vendo-a se afastar a passos largos em direção ao andar inferior. Se havia uma coisa que ele não podia negar era a audácia da menina. Isso ela tinha para dar e vender.

 

— Vamos, precisamos achá-la. – disse ele voltando do transe.
— Não! – exclamou Pedro, paralisando a todos. – Vamos nos dividir, precisamos vasculhar o castelo.
— Certo... Pedro e eu vamos verificar o castelo. – Allessandra se manifestou. – Ripchip e Lúcia podem vasculhar o perímetro e nos assegurar que não seremos atacados. Isabele, Edmundo e Caspian vão atrás de Mariana.
—Ótima ideia. – elogiou Edmundo, sorrindo para amiga. – Isabelle e eu podemos ir para praia, já que ela pode acabar saindo por lá. – sugeriu o rei Justo.
— Perfeito, eu vou atrás dela na mata. – Caspian não esperou por mais e partiu em busca da moça.
Os demais dividiram-se em suas tarefas e separaram-se.

 

— O castelo não é tão grande quanto o de Cair Paravel, acho que podemos resolver isso rápido. – O mais velho dos Pevensie declarou. Seus passos ecoavam pelo chão de pedra, as sombras projetadas pela luz bruxuleante das tochas acesas deixava Alle apreensiva, ela não estava acostumada a isso. Os dois seguiram por um corredor estreito e escuro, pararam ao ouvir um ruído estranho que de primeira acharam serem ratos.
Obviamente Allessandra correu na direção oposta, entretanto parou ao ouvir a voz de Pedro dizendo que estava tudo bem.
Temerosos, os dois se aproximaram de uma porta velha e grande feita de madeira escura e com uma única fechadura, entreolharam-se ansiosos antes de pegarem a chave única que jazia pendurada na parede, colocou o metal na fechadura e girou, destravando a passagem para que pudessem averiguar o local.
Allessandra apressou-se em pegar uma tocha que havia próxima e iluminou o local, a surpresa foi tamanha que por pouco ela não foi ao chão. O lugar era pequeno e escuro, fedia a mofo e bolor, continha duas celas estreitas de grades enferrujadas e uma cadeira velha estava apoiada em uma delas, na outra estava o motivo do barulho.
Uma mulher de aparência clássica e olhos brilhantes brevemente familiares encontravam-se sentada, com um vestido sujo e malcuidado, ela ainda era bonita.

— Olá, quem são vocês? – uma mulher perguntou, a voz rouca indicava sua saúde frágil. Céus, há quanto tempo ela estava ali?
— Eu sou Pedro Pevensie e esta é Allessandra, viemos... – ele olhou para mulher, depois para Alle e retornou para mulher. – Salvá-la.
— Isso é serio? – a dúvida mostrava que a tal moça estava tão alerta quanto eles, com um sorriso verdadeiro Alle assentiu. Pedro usou a chave que abrira a porta para abrir a cela, e pela graça de Aslam, funcionara. Os dois ajudaram a mulher a sair do castelo.

 

Um, dois, três golpes e não fora o suficiente. Mariana achara Kyron e desde então lutava bravamente contra ele, um embate forte e arriscado que quase lhe custara um olho. Num momento de distração do rei de Myriades ela lhe cortou na altura das costelas, o homem soltou um urro de dor e correu para o lado oposto, ela tentou alcançá-lo mas foi impedida por uma mão grande e quente que lhe segurava o braço, ao se virar deu de cara com Caspian.
— O que está fazendo aqui? – perguntou grosseiramente tentando se soltar. – Me solta, ele está fugindo!
— Deixe que vá. – respondeu o moreno, calmamente. – Precisamos voltar para Cair Paravel, teremos outra chance de pegá-lo. Deixe-o ir, ele está ferido e não irá muito longe.
— Você só pode estar brincando. – mais uma vez ela lutou contra a mão dele.
— Mariana, pare já com isso. – seus olhos escureceram. – Eu já quase lhe perdi uma vez, não cometerei o mesmo erro. – O rei a puxou em direção a saída da mata, o coração da jovem tentava se acalmar depois de ouvir as palavras recentes do rei. Ok, ou ela estava imaginando coisas, ou ele realmente havia dito aquilo.

 

— Majestade, precisamos voltar. – gritou um dos soldados, assim que os dois saíram da mata. Só então Mariana percebera que não se aprofundara tanto quanto pensara. – O castelo foi atacado.
— Vamos, vamos voltar. – gritou ele. Todos seguiram em direção ao Peregrino da Alvorada, que se encontrava ancorado no lado leste da praia. Pedro, Allessandra, Edmundo, Isabele e Lúcia já estavam à bordo quando eles chegaram, o capitão esperou que todos estivessem acomodados e enfim partiu rumo à Cair Paravel.

 


— Eu espero de verdade que na próxima vez, minha espada acabe de vez com aquele maldito. – resmungou Mariana sentada ao lado de Lúcia.
Izzy caminhou até Edmundo, que agora fitava o mar com a cabeça em outro lugar.
— Nem tive a chance de agradecê-la por ter me salvado. – se pronunciou o moreno sorrindo docemente para moça.
— Não por isso, foi um prazer lutar ao lado do rei Justo. – ela sorriu de lado, fazendo-o gargalhar. Edmundo pegou-se preso nos olhos dela, brilhantes como estrelas, vivos como pérolas... Isabele era uma mulher linda, ele não podia negar. Assim como não poderia negar o quanto ela lhe afetava.
— Com licença, majestade. – uma voz feminina desconhecida chamou atenção da tripulação. Uma mulher alta, com cabelos longos e sujos encontrava-se parada em meio a proa da embarcação. – Eu sou Jordana, fui resgatada pelo rei Pedro.
Mariana se virou para olhá-la, e por algum motivo teve uma vontade imensa de abraçá-la. Céus... Estava ficando louca.
— Oh, é um prazer recebê-la à bordo, senhora. – Caspian lhe estendeu a mão, todavia, antes que a moça respondesse seu olhar se direcionou para outro lugar, no canto direito, onde Mary estava de pé ao lado da rainha Lúcia fitando a desconhecida.
— Filha?

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Deixem suas opiniões nos comentários e até o próximo.

Kisses and Cherrys.