Entre reis e rainhas escrita por Natasha Bonni
Notas iniciais do capítulo
Hey, ho voltei! Estão querendo me matar, posso sentir isso, mas enfim...
Boa leitura!
“Palavras não ditas se perdem na mente, as palavras mal ditas se perdem ao vento, mas as palavras bem ditas... Ah, essas esperam o momento certo.” — Mary Lira
O mar se estendia no horizonte, as nuvens fofas tingiam de branco o azul do céu límpido, Mariana caminhava pela areia fofa olhando para imensidão azul, quando o viu. Enorme e majestoso, um misto de devoção e medo se apossava de seu coração.
— Aslam. - o nome saltou de seus lábios antes que ela realmente entendesse.
— Olá, Mariana. - a voz grave do leão a fez arfar, sua força era descomunal, ela podia sentir. - Você está bem, querida, não precisa mais dormir.
— Mas eu...
— Não se preocupe, tudo vai dar certo, acredite. - Ele se aproximou da garota, que se assustou ao ver o tamanho dele se multiplicar ao chegar perto dela. - Está na hora de voltar para aqueles que a esperam. - E então tudo escureceu mais uma vez.
O rei andava de um lado para outro em frente à lareira, a preocupação o assolava sem piedade. Dois dias já haviam se passado desde o incidente com Mariana, as garotas visitavam a amiga a todo tempo numa vã esperança de vê-la acordar, o que não acontecia. Ela não se movia, mal respirava e sua pele ainda estava gelada.
— Não acredito que ela tenha recuperação. – dissera o curandeiro, depois de trocar as ervas dos ferimentos da moça. Nada havia mudado, apenas a preocupação que aumentava gradativamente.
— Você acha que ela vai acordar? – Júlia perguntou à Benson. Os dois caminhavam pelo bosque olhando a paisagem sem realmente vê-la. Nos últimos dois dias Benson se aproximara ainda mais dela, os dois tornaram-se quase inseparáveis.
— Claro que acho. – ele parou de andar e pegou nas mãos dela - Mary vai acordar e voltar para nós, vai se tornar uma grande guerreira e será a madrinha do nosso casamento. Eu já a imagino em meio à batalhas e...
— Você disse nosso casamento? – ela o surpreendeu com a pergunta, ele havia dito sem perceber. Com os olhos arregalados e bochechas coradas Benson tentou desviar o assunto, mas não havia muito o que fazer, era isso. Ele havia se entregado.
— Eu... Erm... Ok, eu disse. – suspirou o guerreiro, fitando-a por baixo dos cílios escuros. Júlia ponderou o que havia acabado de ouvir, e quando enfim entendeu o que aquelas palavras significavam, seu coração acelerou.
Um passo dado em direção a ele foi o suficiente para fazer seus olhos brilharem. A jovem colocou a mão em seu rosto, tocando-o como se fosse a primeira, e talvez realmente fosse. Ele nunca havia se sentido assim. Seus lábios alcançaram os dela num segundo de coragem.
A sensação foi sensacional, indescritível, extasiante. Suas bocas moldavam-se com destreza, seus lábios comprimiam-se com maestria, e o sentimento aflorava a cada toque. Ela finalmente estava sendo amada. Ele realmente compreendia o amor.
— Edmundo, pare de correr e me devolve a maçã! – Isabele corria entre as macieiras numa tentativa de pegar a maçã que ele havia lhe roubado. Os dois estavam matando o tempo enquanto o dia não terminava. Ela subira na árvore e pegara o fruto mais belo, mas foi apenas tocar o solo que o rei Justo tornou-se um gatuno e lhe roubou o fruto.
— Tente me pegar. – disse ele rindo, ao virar-se para olhá-la constatou que ela não desistiria tão fácil. Num descuido ele tropeçou na raiz de uma das árvores e seu corpo foi ao chão num baque estrondoso. – Ai. – resmungou o rapaz; antes que pudesse pensar seu corpo era prensado ao chão pelo de Isabele que não vira o jovem caído e fez o mesmo.
Castanhos e pretos. Os olhos dele denunciava a intensidade de algo que ele não queria falar, ela sentia o mesmo mas não diria. Num átimo a garota tomou a maçã da mão do rei e correu, ouvindo a risada dele ressoar alta.
— Podemos cavalgar pela aldeia depois do almoço, o que acha? – Pedro propôs para Allessandra, os dois cavalgavam pelas redondezas do castelo e conversavam sobre suas vidas fora de Nárnia.
— Eu adoraria. – respondeu a jovem prontamente, os dois deixaram as montarias no pasto e retornaram para o castelo, enquanto subiam os degraus a voz estridente de Katy quase os fez cair. Juntos, eles correram em direção ao salão principal, onde todos já se encontravam reunidos.
— O que houve, Katy? – Caspian perguntou.
— Mariana... Ela acordou! – Um segundo de compreensão se passou entre os presentes, e logo todos subiam para ver a garota. A primeira a adentrar o quarto foi Júlia, a cama estava vazia e os lençóis ainda manchados estavam bagunçados.
— Cadê ela? – Lucia indagou, olhando ao redor e não a encontrando em lugar algum.
— Não sei, eu... Eu a deixei aqui. – Katy desesperou-se. Logo a porta atrás deles se abriu revelando uma Mariana cansada e pálida, porém de roupas trocadas e cabelos limpos.
— Olá. – disse ela.
— Ah céus, você está viva! – Lucia foi a primeira a correr e abraçar a nova amiga que por pouco não caiu de surpresa. Logo os demais fizeram o mesmo, e até Benson a abraçou. Susana avaliava a situação de longe quando Caspian se aproximou da moça, sem saber como agir ele se deixou levar e puxou Mary para seus braços, apertando-a no calor de seu corpo e junto ao coração.
Surpresa, a menina retribuiu o gesto e por um momento esqueceu tudo o que havia visto algumas noites atrás, mas quando seus olhos encontraram os azuis da rainha gentil ela o soltou.
Não era certo, não era justo.
— Você está bem? – Edmundo perguntou, fitando a amiga assentir.
— Ótimo, estávamos preocupados. – Pedro disse, ela sorriu e olhou para amiga, que parecia resplandecer de alegria.
— Se lembra do que aconteceu? – Allessandra perguntou.
— Sim, lembro-me de tudo. – A última parte se tornou um sussurro, ela ainda sentia uma pontada de dor no local onde a espada a havia atravessado. As lembranças se misturavam entre luz e escuridão, manchas e imagens nítidas, sorrisos e lágrimas, medo e... Caspian.
A garota foi levada até o imenso salão onde seria servido o jantar, e enquanto acomodava-se ao lado dos amigos, sentiu o olhar da mais velha dos Penvensie sobre si. O jantar foi servido e todos conversavam animadamente sobre os assuntos perdidos nos dois dias em que a garota passara imersa na escuridão.
— Nós fizemos uma busca pelo terreno e não havia mais ninguém. – Disse Caspian, dando um gole em seu vinho. – Como os soldados estavam sem a armadura, dificultou a identificação do mandante. Mas creio que logo encontraremos.
A garota sorriu grata, mas algo ainda a estava incomodando. Lucia estava conversando algo com Susana, que não tirava os olhos de Mariana. Com um suspiro cansado, a garota pediu licença e se retirou, não queria discutir agora que havia “voltado à vida”.
Seus passos ecoavam pelo quarto enquanto ela caminhava em direção à janela, seus olhos foram atraídos pelo brilho das estrelas enquanto sua mente divagava sem rumo pelos recentes acontecimentos. Não o escutou chegar e assustou-se ao sentir a mão grande e quente dele tocar-lhe o ombro.
— Oh, céus! Majestade...
— Me desculpe, eu não queria assustá-la. – disse ele calmamente, sorrindo ao ver os olhos dela brilharem sob a luz da lua. – Vim saber se estava bem e...
— Vou voltar ao meu mundo. – Mariana o interrompeu, fazendo com que o rei desse um passo para trás, tamanha surpresa.
— Mas por que...?
— Acho que já dei trabalho o suficiente, não quero atrapalhar ou ameaçar... Qualquer coisa. – ela afastou-se do peitoril da janela e caminhou até a porta, girou a maçaneta e projetou-se para fora quando ele a impediu.
— Não, você não pode fazer isso.
— E por que não? – Mary o fitou ansiosa querendo ouvir o que esperava há alguns dias. Os olhos castanhos do rei alcançaram os dela com a disposição de um exército, seus corações batiam no mesmo compasso e as respirações indicavam seus atuais estados.
— Porque... – um guincho impediu que o rei continuasse, às pressas corria Ripchip em direção à eles. Com o pequeno coração acelerado, o pobre roedor não percebeu que acabara de interromper um momento importante.
— Majestade, eu tenho notícias sobre o ataque à senhorita Mariana. – dizia ele, esbaforido. – Nós descobrimos os agressores e estamos com as tropas armadas para atacar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Eu sei que estão querendo me matar, devido a demora e peço desculpar. Espero que tenham gostado do capítulo, o oitavo já está pronto e é isso.
Cherry and Kisses.