Entre reis e rainhas escrita por Natasha Bonni


Capítulo 7
Capítulo 7 - Um sopro de vida


Notas iniciais do capítulo

Hey, ho voltei! Estão querendo me matar, posso sentir isso, mas enfim...

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/433709/chapter/7

“Palavras não ditas se perdem na mente, as palavras mal ditas se perdem ao vento, mas as palavras bem ditas... Ah, essas esperam o momento certo.” — Mary Lira

 

 

O mar se estendia no horizonte, as nuvens fofas tingiam de branco o azul do céu límpido, Mariana caminhava pela areia fofa olhando para imensidão azul, quando o viu. Enorme e majestoso, um misto de devoção e medo se apossava de seu coração.
— Aslam. - o nome saltou de seus lábios antes que ela realmente entendesse.
— Olá, Mariana. - a voz grave do leão a fez arfar, sua força era descomunal, ela podia sentir. - Você está bem, querida, não precisa mais dormir.
— Mas eu...
— Não se preocupe, tudo vai dar certo, acredite. - Ele se aproximou da garota, que se assustou ao ver o tamanho dele se multiplicar ao chegar perto dela. - Está na hora de voltar para aqueles que a esperam. - E então tudo escureceu mais uma vez.
O rei andava de um lado para outro em frente à lareira, a preocupação o assolava sem piedade. Dois dias já haviam se passado desde o incidente com Mariana, as garotas visitavam a amiga a todo tempo numa vã esperança de vê-la acordar, o que não acontecia. Ela não se movia, mal respirava e sua pele ainda estava gelada.

— Não acredito que ela tenha recuperação. – dissera o curandeiro, depois de trocar as ervas dos ferimentos da moça. Nada havia mudado, apenas a preocupação que aumentava gradativamente.


— Você acha que ela vai acordar? – Júlia perguntou à Benson. Os dois caminhavam pelo bosque olhando a paisagem sem realmente vê-la. Nos últimos dois dias Benson se aproximara ainda mais dela, os dois tornaram-se quase inseparáveis.
— Claro que acho. – ele parou de andar e pegou nas mãos dela - Mary vai acordar e voltar para nós, vai se tornar uma grande guerreira e será a madrinha do nosso casamento. Eu já a imagino em meio à batalhas e...
— Você disse nosso casamento? – ela o surpreendeu com a pergunta, ele havia dito sem perceber. Com os olhos arregalados e bochechas coradas Benson tentou desviar o assunto, mas não havia muito o que fazer, era isso. Ele havia se entregado.
— Eu... Erm... Ok, eu disse. – suspirou o guerreiro, fitando-a por baixo dos cílios escuros. Júlia ponderou o que havia acabado de ouvir, e quando enfim entendeu o que aquelas palavras significavam, seu coração acelerou.
Um passo dado em direção a ele foi o suficiente para fazer seus olhos brilharem. A jovem colocou a mão em seu rosto, tocando-o como se fosse a primeira, e talvez realmente fosse. Ele nunca havia se sentido assim. Seus lábios alcançaram os dela num segundo de coragem.
A sensação foi sensacional, indescritível, extasiante. Suas bocas moldavam-se com destreza, seus lábios comprimiam-se com maestria, e o sentimento aflorava a cada toque. Ela finalmente estava sendo amada. Ele realmente compreendia o amor.


— Edmundo, pare de correr e me devolve a maçã! – Isabele corria entre as macieiras numa tentativa de pegar a maçã que ele havia lhe roubado. Os dois estavam matando o tempo enquanto o dia não terminava. Ela subira na árvore e pegara o fruto mais belo, mas foi apenas tocar o solo que o rei Justo tornou-se um gatuno e lhe roubou o fruto.
— Tente me pegar. – disse ele rindo, ao virar-se para olhá-la constatou que ela não desistiria tão fácil. Num descuido ele tropeçou na raiz de uma das árvores e seu corpo foi ao chão num baque estrondoso. – Ai. – resmungou o rapaz; antes que pudesse pensar seu corpo era prensado ao chão pelo de Isabele que não vira o jovem caído e fez o mesmo.
Castanhos e pretos. Os olhos dele denunciava a intensidade de algo que ele não queria falar, ela sentia o mesmo mas não diria. Num átimo a garota tomou a maçã da mão do rei e correu, ouvindo a risada dele ressoar alta.


— Podemos cavalgar pela aldeia depois do almoço, o que acha? – Pedro propôs para Allessandra, os dois cavalgavam pelas redondezas do castelo e conversavam sobre suas vidas fora de Nárnia.
— Eu adoraria. – respondeu a jovem prontamente, os dois deixaram as montarias no pasto e retornaram para o castelo, enquanto subiam os degraus a voz estridente de Katy quase os fez cair. Juntos, eles correram em direção ao salão principal, onde todos já se encontravam reunidos.


— O que houve, Katy? – Caspian perguntou.
— Mariana... Ela acordou! – Um segundo de compreensão se passou entre os presentes, e logo todos subiam para ver a garota. A primeira a adentrar o quarto foi Júlia, a cama estava vazia e os lençóis ainda manchados estavam bagunçados.
— Cadê ela? – Lucia indagou, olhando ao redor e não a encontrando em lugar algum.
— Não sei, eu... Eu a deixei aqui. – Katy desesperou-se. Logo a porta atrás deles se abriu revelando uma Mariana cansada e pálida, porém de roupas trocadas e cabelos limpos.
— Olá. – disse ela.
— Ah céus, você está viva! – Lucia foi a primeira a correr e abraçar a nova amiga que por pouco não caiu de surpresa. Logo os demais fizeram o mesmo, e até Benson a abraçou. Susana avaliava a situação de longe quando Caspian se aproximou da moça, sem saber como agir ele se deixou levar e puxou Mary para seus braços, apertando-a no calor de seu corpo e junto ao coração.
Surpresa, a menina retribuiu o gesto e por um momento esqueceu tudo o que havia visto algumas noites atrás, mas quando seus olhos encontraram os azuis da rainha gentil ela o soltou.
Não era certo, não era justo.
— Você está bem? – Edmundo perguntou, fitando a amiga assentir.
— Ótimo, estávamos preocupados. – Pedro disse, ela sorriu e olhou para amiga, que parecia resplandecer de alegria.
— Se lembra do que aconteceu? – Allessandra perguntou.
— Sim, lembro-me de tudo. – A última parte se tornou um sussurro, ela ainda sentia uma pontada de dor no local onde a espada a havia atravessado. As lembranças se misturavam entre luz e escuridão, manchas e imagens nítidas, sorrisos e lágrimas, medo e... Caspian.

A garota foi levada até o imenso salão onde seria servido o jantar, e enquanto acomodava-se ao lado dos amigos, sentiu o olhar da mais velha dos Penvensie sobre si. O jantar foi servido e todos conversavam animadamente sobre os assuntos perdidos nos dois dias em que a garota passara imersa na escuridão.
— Nós fizemos uma busca pelo terreno e não havia mais ninguém. – Disse Caspian, dando um gole em seu vinho. – Como os soldados estavam sem a armadura, dificultou a identificação do mandante. Mas creio que logo encontraremos.
A garota sorriu grata, mas algo ainda a estava incomodando. Lucia estava conversando algo com Susana, que não tirava os olhos de Mariana. Com um suspiro cansado, a garota pediu licença e se retirou, não queria discutir agora que havia “voltado à vida”.
Seus passos ecoavam pelo quarto enquanto ela caminhava em direção à janela, seus olhos foram atraídos pelo brilho das estrelas enquanto sua mente divagava sem rumo pelos recentes acontecimentos. Não o escutou chegar e assustou-se ao sentir a mão grande e quente dele tocar-lhe o ombro.
— Oh, céus! Majestade...
— Me desculpe, eu não queria assustá-la. – disse ele calmamente, sorrindo ao ver os olhos dela brilharem sob a luz da lua. – Vim saber se estava bem e...
— Vou voltar ao meu mundo. – Mariana o interrompeu, fazendo com que o rei desse um passo para trás, tamanha surpresa.
— Mas por que...?
— Acho que já dei trabalho o suficiente, não quero atrapalhar ou ameaçar... Qualquer coisa. – ela afastou-se do peitoril da janela e caminhou até a porta, girou a maçaneta e projetou-se para fora quando ele a impediu.
— Não, você não pode fazer isso.
— E por que não? – Mary o fitou ansiosa querendo ouvir o que esperava há alguns dias. Os olhos castanhos do rei alcançaram os dela com a disposição de um exército, seus corações batiam no mesmo compasso e as respirações indicavam seus atuais estados.
— Porque... – um guincho impediu que o rei continuasse, às pressas corria Ripchip em direção à eles. Com o pequeno coração acelerado, o pobre roedor não percebeu que acabara de interromper um momento importante.
— Majestade, eu tenho notícias sobre o ataque à senhorita Mariana. – dizia ele, esbaforido. – Nós descobrimos os agressores e estamos com as tropas armadas para atacar.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sei que estão querendo me matar, devido a demora e peço desculpar. Espero que tenham gostado do capítulo, o oitavo já está pronto e é isso.

Cherry and Kisses.