Entre reis e rainhas escrita por Natasha Bonni


Capítulo 2
Capítulo 2 - O rei quem?


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, trouxe o capítulo 2 para vocês. Espero que gostem, boa leitura.

Nos vemos lá em baixo.



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“O destino é o que baralha as cartas, mas nós somos os que jogamos. - William Shakespeare

 

Quando quatro corpos tocaram o solo úmido da floresta em um baque mudo o Sol ainda não havia nascido. O vento uivava pelas árvores, gélido e cortante, soprando os cabelos das garotas, que agora se mexiam.

— Onde estamos? O que aconteceu? - Allessandra fora a primeira a abrir os olhos, sentando-se em seguida. Isabele a seguiu, e cutucou Júlia para que a mesma levantasse. Mariana ainda permanecia deitada, porém acordada.

— Não faço ideia. - foi a resposta dada por Izzy.

— Vamos sair daqui, está frio. - a voz de Júlia se fez presente na conversa, e logo as quatro se punham de pé. Mariana ainda tinha o coração acelerado quando começaram a dar os primeiros passos em direção ao nada.

— Para onde estamos indo? - questionou Isabele.

— Não faço a menor ideia. - respondeu Alle, olhando ao redor. O som de folhas sendo esmagadas invadiram os tímpanos das jovens, que trocaram olhares amedrontados.

— Oh minha nossa, será que tem algo estranho aqui? - Júlia perguntou. Mary bufou.

— Mais estranho do que termos entrado por um colar, vindo parar em floresta no meio do nada e não sabermos para onde ir? Imagina - ironizou a mais nova, balançando a cabeça em descrença.

— E sse não é o momento para brigarmos, precisamos achar um abrigo. - Izzy tentou ser racional.

— Claro, o problema é onde? - Allessandra rebateu, virando-se para olhar a amiga.

— Olhem ali adiante - apontou Júlia - parece ser uma trilha, vamos seguir e ver no que dá - sugeriu a menina. As demais ponderaram sobre a situação. Definitivamente não havia muito mais o que fazer, após um longo minuto de silêncio as quatro seguiram em direção a trilha, que se abria para o que elas achavam ser a saída da floresta.

Horas haviam se passado desde que iniciaram a caminhada pela trilha, o Sol já começava a ficar alto no céu, quando Isabele sentou-se num tronco, interrompendo a caminhada.

— Estou cansada, não aguento mais – declarou a jovem colocando as mãos no rosto para secar o suor. Júlia, Allessandra e Mariana sentaram-se também.

— Será que isso não tem fim? – Mary perguntou-se, fitando a longa trilha, que ainda se estendia por mais metros do que era possível definir.

— Deve ter, nós só precisamos... – a fala de Allessandra fora interrompida pelo som de folhas se mexendo. Assustadas, as quatro pularam para longe, escondendo-se atrás da árvore.

Num silêncio mortal, um pequeno ser se mexia pelas matas, brandindo um objeto cortante que assustaria até o mais corajoso dos homens. Enquanto espiavam atrás do tronco, as garotas viram sair de um arbusto, algo que jamais esperaram ver.

— Minha nossa, um rato de chapéu. – sussurrou Júlia para Isabele, que assentiu, assustada. Sem que elas percebessem, o rato que tinha um tamanho considerável, se aproximou.

— Quem você está chamando de rato? – o pequeno peludo rebateu sacando algo que parecia uma espada em tamanho reduzido. Os olhos das garotas quase saltaram para fora.

— Minha nossa, o rato usa chapéu, tem uma espada e fala. – Alle se virou para Mariana, que parecia perplexa demais para dizer algo – Pode me internar, eu surtei na floresta.

— Você... Fala? – Mariana perguntou, ignorando as reações exageradas das amigas. O pequeno rato assentiu.

— Mas é claro que sim, me chamo Ripchip, senhorita. – anunciou o peludo, de forma pomposa. Mary passou alguns segundos tentando assimilar o que se passava, até que o rato pigarreou, trazendo-a para realidade.

— Oh, eu me chamo Mariana, senhor. – a jovem estendeu a mão para Ripchip, que a olhou desconfiado, mas por fim lhe toma um dedo e beija-lhe o dorso. Os bigodes provocaram cócegas na menina, que com esforço não riu.

— O que fazem aqui? – indagou por fim o rato.

— Para falar a verdade, nós meio que viemos parar aqui. – Isabele respondeu antes, recebendo olhares descrentes das amigas.

— Vocês são espiãs?! – Ripchip sacou a pequena espada mirando as menina, pronto para atacar.

—Espiãs? Quê? Não, nós... – Allessandra se atrapalhou com as palavras, fazendo Mariana tomar as rédeas da situação antes que a coisa saísse mesmo de controle.

—Nós viemos de outro mundo, não sabemos bem como, mas...

—Vocês são filhas de Eva. – anunciou Ripchip de repente – Venham, venham comigo! Eu lhes levarei até o castelo. - guinchou animadamente.

— Eva? Mas como ele pode saber, se nem eu sei o nome da minha mãe? – Júlia perguntou ingenuamente, e como brinde, recebeu um tapa na cabeça, dado por Alle.

— Castelo? – questionou Isabele, começando a seguir o rato, junto com Mariana. Allessandra e Júlia vinham logo atrás.

— Sim, vocês precisam ser apresentadas ao rei Caspian. – continuou ele, fazendo os olhos das garotas se arregalarem.

— Rei quem? – Mariana o questionou. O pequeno rato a olhou como se tivesse acabado de ser insultado, mas nada disse.

Guiando-as para o lado oposto ao da trilha que as garotas seguiam, Ripchip seguia na dianteira; durante todo o percurso Júlia tropeçou em um galho, Allessandra torceu o tornozelo, Mariana se perdeu e Isabele reclamou.

Quando avistaram o fim da floresta, depararam-se também com uma enorme parede de pedras suportando a construção de um castelo gigantesco. O ar fugiu dos pulmões da mais nova, que agora sentia a mente girar.

— Vamos, estamos quase lá. – Ripchip chamou-as, incentivando que continuassem a caminhar.

Enquanto caminhavam em direção ao castelo, as garotas cochichavam sobre as possibilidades de encontrarem o tal rei, e como ele poderia ser. Mariana manteve-se calada, sentindo seu estômago revirar cada vez que olhava ao redor. Tudo parecia familiar demais, e o que mais a assustava, era que isso não lhe soava tão ruim quanto deveria. A garota deveria estar apavorada e pronta para fugir na primeira oportunidade que tivesse, mas não queria.

Os cinco pararam na entrada do pomposo castelo, que agora era cercado por muros altos e imponentes. Atrás daquelas paredes apenas alguns guardas faziam a segurança do local. Ripchip as levou até a entrada, onde foram recebidos por Benson, o soldado responsável pelo recrutamento de membros da cavalaria.

—Olá, Ripchip. – cumprimentou o soldado, olhando curioso para as estranhas visitantes.

—Bom dia soldado, vim ver o rei Caspian. – um arrepio atravessou o corpo de Mariana ao ouvir o nome do rei, era incompreensível e inexplicável.

—Ele está ao seu aguardo. – respondeu o homem analisando minuciosamente as jovens, que até o momento, não haviam notado os trajes indecentes que usavam.

—Sigam-me. – disse o rato, subindo os degraus e adentrando o grande salão do castelo. Júlia ainda tinha os olhos presos no soldado, quando esbarrou em Allessandra, que bateu em Isabele que derrubou Mariana.

—Mas que palhaçada é essa? – perguntou a mais nova, ainda atirada no chão. Ripchip não teve tempo de ajudá-la, pois no instante seguinte alguém já o fazia. Mariana aceitou a mão desconhecida que pairava sobre seu rosto, e com sua ajuda, pôs-se de pé. – Muito obriga... – as palavras morreram em seus lábios enquanto o pensamento alçava voo em sua mente.

De frente para as quatro jovens estava um homem alto, de olhos e cabelos escuros, com uma expressão curiosa no rosto. Apesar da roupa ser estranha para elas, era notável a beleza do jovem desconhecido.

—Este é o rei Caspian X, senhoritas – anunciou Ripchip, fazendo os olhos das garotas se arregalarem e as bochechas de Mariana corarem. Ao olharem para o rato, notaram que o mesmo estava curvado em uma reverência, e então seguiram o gesto. – Majestade, eu as encontrei na floresta, são filhas de Eva. – disse Ripchip, voltando ao normal.

—Eu notei, Rip. – disse o rei – O que pessoas como vocês fazem aqui? – a pergunta saíra mais ríspida do que o desejado, o que causou medo e irritação nas garotas. Mariana fora a primeira a erguer a cabeça suficiente para fitá-lo nos olhos, atitude que não passou despercebida por ninguém.

—Nós viemos parar aqui por acaso, majestade. – fora Isabele quem respondeu, parando ao lado de Mariana.

—Por acaso? – questionou o rei desconfiado.

—Sim, não somos daqui. – Júlia começou – Deve ter notado por nossos trajes, viemos parar aqui sem querer – explicou-se rapidamente.

—De onde são e como conseguiram entrar aqui? – Caspian parecia a ponto de mandá-las embora.

—Somos de Nova Orleans, majestade. – Allessandra respondeu, e em seguida olhou para amiga, esperando que ela explicasse como foram parar naquela situação.

—Viemos parar aqui através disso. – Mariana colocou a mão no bolso da calça do pijama e retirou o colar de dentro, expondo á frente do rosto do rei, que de imediato de um passo para frente.

—Onde conseguiu isso? – perguntou assustado, as quatro se entreolharam sem entender a reação do homem, e muito menos a do rato, que agora tinha os pequenos olhinhos do tamanho de jabuticabas.

— Não consegui isso, foi deixado junto comigo quando fui abandonada no orfanato. – respondeu Mariana.

Um momento de silêncio se estendeu no enorme salão, deixando as garotas aflitas. Caspian olhava tão fixamente para o colar, que Mariana poderia jurar que a qualquer momento o objeto furaria. Ripchip não moveu um pequeno músculo sequer, enquanto parecia refletir sobre o colar.

—Katy. – chamou o rei de repente, assustando as garotas. Uma mulher de aparentemente quarenta anos apareceu em instantes, com um enorme vestido azul e avental branco, ela parecia ser uma criada do castelo.

—Sim, majestade. – disse ela com uma voz delicada, que se parecia muito com o que as garotas idealizavam com a voz de uma mãe amorosa.

—Leve as senhoritas até os quartos, ajudem-nas a se aprontarem e depois tragam-nas para que possamos fazer a refeição juntos, preciso conversar com Ripchip. – disse o rei, indicando as garotas.

—Claro, majestade. – a criada as conduziu pelo salão até se depararem com uma enorme escadaria, que assim como o castelo, era constituída de pedra branca. Temerosas, as jovens seguiram a senhora, que parecia extremamente familiarizada com a escadaria.

Quando por fim alcançaram o topo da mesma, estavam ofegantes demais para falar. Katy continuou seguindo por um extenso corredor repleto de portas, e só parou quando chegou na quarta porta do lado direito. As meninas vinham logo atrás e também pararam.

— Este é um dos quartos aos quais ficarão, os outros estão logo ao lado, onde lhes mostrarei. – disse a criada, apontando para dentro do cômodo. Isabele fora a primeira a entrar. – As demais, venham comigo, por favor. – Katy repetiu o processo na porta ao lado, onde entrou Allessandra e na seguinte, onde Júlia fez o mesmo. A última porta do lado oposto fora aberta, e este seria o local onde Mariana dormiria. Após algumas instruções, a criada saiu com a promessa de voltar com mais três ajudantes, algumas roupas e também toalhas.

Enquanto aguardava o retorno de Katy, as meninas se puseram a espiar seus quartos no lado direito do castelo, saindo na varando e olhando para extensa floresta que haviam acabado de sair. As varandas eram próximas, e assim que se viram, um sorriso surgiu em ambos os rostos. Mariana também estava na varanda de seu quarto, mas como já era de se esperar, este dava para o lado oposto, onde jazia o jardim. Lá em baixo ela podia ver diversas flores e arbustos, e entre eles, caminhava o rei com Ripchip a seu lado.

— O que acha que isso significa, majestade? – indagou o rato, enquanto seguia o rei entre as ramagens de flores. Caspian ainda tinha o colar nas mãos e analisava-o com tanta vontade, imaginando se poderia extrair alguma coisa dele.

— Não sei, Ripchip. – o moreno se virou para o rato, parando enfim de caminhar – Mas precisamos descobrir. – antes que pudesse impedir, seus olhos foram atraídos até a parte superior do castelo, onde se encontraram com os da garota, que assustada, correu para dentro. A sombra de um sorriso apareceu no rosto do rei ao ver a reação da jovem.

De apenas uma coisa Caspian tinha plena certeza, independente de quem fossem aquelas garotas e qual era o propósito de estarem ali, ele precisava defendê-las.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que comentaram, estou amando a resposta de vocês á fanfic, e fico feliz que esteja agradando. Deixem suas opiniões e até a próxima.

Kisses and Cherrys.



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