A vida que eu levo hoje nunca esteve nos meus planos, talvez ela estivesse escondida em algum sonho distante e soterrada por tudo que eu tinha que enfrentar, mas agora essa é a minha realidade e eu não poderia ter algo melhor do que isso. Cada dia que se passa eu me sinto mais abençoada que o anterior. Depois de descobrir que eu estava grávida pela segunda vez e mesmo isso não estando no meu plano eu me senti feliz com a notícia, quanto ao Peeta é impossível dizer o quanto ele amou essa novidade, na verdade acho que ele e Pérola disputavam quem estava mais animado e ansioso, durante a gravidez eles passavam a maior parte do tempo acariciando e conversando com a minha barriga, bom, não tecnicamente com a minha barriga mas com o bebê dentro da minha barriga, Pérola ainda tinha momentos que não se conformava em como ele estava lá dentro de mim ou em como o tempo demorava e ela nunca via o irmãozinho dela, os únicos momentos que conseguiam acalmá-la eram as consultas que ela fazia questão de estar presente, ela e Peeta não desviavam a atenção da tela do aparelho de exames nem por um segundo, ela parecia fixa olhando o pequeno ponto que crescia a cada consulta, a primeira vez que ela escutou o coração seus olhinhos se arregalaram as mãozinhas na boca segurando o grito surpreso enquanto ela encarava Peeta e a mim, nem mesmo a médica conseguiu ficar indiferente a reação dela, ela sem dúvida era a mais impressionada com tudo, quando a médica finalmente revelou o sexo do bebê e afirmou que ela receberia mesmo um irmãozinho, ela e Peeta praticamente saltaram dentro do consultório, ela ria e pulava, batendo palmas e com os olhos brilhando, novamente é impossível dizer o quanto essa cena foi perfeita, ver ela e Peeta tão felizes e animados só aumentava ainda mais a felicidade que agora se permitia crescer cada vez mais em mim. Quando faltava dois meses para o nascimento começou o preparo para chegada do bebê, com a aprovação do Peeta e da Pérola o nome também foi escolhido, Pyter! O quarto que antes era só da Pérola teve que receber algumas mudanças e esse foi o único momento que Pérola pareceu enciumada em ter que dividir o quarto dela, mas Peeta fez uma surpresa pra ela que a fez esquecer completamente disso, ele pintou uma nova parede pra ela, onde ao invés das folhas caindo das arvóres eram pétalas que se espalhavam por toda parede e assim como as folhas pareciam cair sobre a cama dela, no momento em que ela viu tudo pronto ela se impressionou tanto que ficou por minutos sentada na cama olhando as pétalas caindo sobre ela, resolvido esse quase problema só nos restou esperar a chegada dele, que diferente da Pérola chegou no dia marcado, quando eu o vi pela primeira vez a mesma emoção que me invadiu quando eu vi a Pérola apareceu novamente, uma mistura de sorrisos e lágrimas. As pernas e os braços gordinhos, os cachinhos louros e os olhos cinzentos, tudo perfeito, o sorriso bobo do Peeta apareceu no instante em que ele o viu pela primeira vez, as lágrimas também escorriam dos olhos dele, Pérola parecia ainda mais encantada do que qualquer outra vez, ela se mantinha ao meu lado e do dele o tempo todo controlando cada um que se aproximasse de nós e sempre repetindo com orgulho o quanto o irmãozinho dela era lindo, minha mãe também veio, dessa vez para conhecer o neto por que nós já estamos acostumados a rotina que irá recomeçar, ela ficou apenas duas semanas e depois teve que voltar para o Distrito 4, deixando eu e Pyter com dois ajudantes super empolgados, os meses foram passando e a empolgação não diminuía. Hoje, 8 meses depois eu acordo na poltrona do quarto deles com Pyter nos meus braços, Peeta e Pérola estão deitados na cama dela, ela enrolada nele que também está dormindo tranquilamente, eu sorrio ao ver essa cena, essa noite ele estava ainda mais agitado que o normal, acordou duas vezes além do que ele costuma acordar, por isso eu acabei pegando no sono com ele no colo e por isso Peeta se deitou com Pérola e também acabou pegando no sono, eu ainda estou distraída olhando para eles dois quando a mãozinha puxando meu cabelo me distrai, ele já está acordado novamente os olhos cinzas me encarando e o sorriso se abrindo como sempre acontece quando ele me vê e não há nada que me faça sorrir tão facilmente quanto isso.
– Bom dia! – eu sussurro enquanto aproximo o rosto dele e o beijo na bochecha, eu o levanto e o coloco de pé no meu colo, ele fica sacudindo as pernas tentando pular e sorri, ele começa a soltar as sílabas enroladas que ele já consegue pronunciar e solta pequenas gargalhadas quando eu finjo morder a barriga dele.
– Tem alguém animado aí? – a voz ainda meio rouca do Peeta que me tira atenção dele.
– Nem parece que ele ficou a metade da noite acordado! – eu concordo já me levantando da poltrona.
– Papa! – ele logo reconhece a voz do Peeta e vira o rosto pra poder vê-lo, Peeta se levanta da cama com cuidado para não acordar Pérola, ele sai na ponta dos pés e vem até nós, Pyter estica os braços para o Peeta e ele o pega, então se aproxima ainda mais de mim e me beija, mas a mão entre nossos lábios nos separa, Peeta ri.
– Sabe o que eu estava pensando? – ele me pergunta com a sobrancelhas erguidas.
– No quanto eu preciso de pelo menos umas 12 horas de sono? – eu falo sorrindo enquanto me espreguiço, ele ri da minha resposta.
– Você não parece precisar de 12 horas de sono! Continua tão bem quanto antes – ele fala se aproximando de mim novamente sorrindo maliciosamente, então ele aproxima nossos lábios de novo e me beija.
– Então no que você estava pensando? – eu pergunto voltando ao assunto.
– A gente podia ir no lago hoje, o tempo tá bom e eu não vou pra padaria mesmo! – ele fala enquanto brinca com Pyter no colo dele.
– Eu quero ir no lago! – Pérola fala alto enquanto fica em pé na cama,Peeta se vira pra ela sorrindo e eu vou até ela na cama, ela estica os braços pra mim e eu a abraço, me deito na cama junto com ela que continua agarrada no meu pescoço.
– Vamos mamãe, vamos! – ela pede enquanto beija minha bochecha, eu a abraço mais forte.
– A mamãe tá com muito, muito sono! – eu falo forçando a voz a parecer cansada, ela me olha analisando meu rosto, passa as mãos por ele e sorri.
– Por favor mamãe! – ela pede com a voz melosa, eu olho pra ela e depois para o Peeta que chegou até nós na cama com Pyter agarrado ao seu pescoço, ele me olha sorrindo.
– Tá bom, tá bom! Vamos ao lago! – eu falo por que já era difícil resistir a um pedido dele, agora que ele vem acompanhado de mais dois pares de olhos cinzentos e azuis isso se tornou impossível. A gritaria animada invade o quarto e mais faz sorrir mesmo cansada.
– Você arruma ele! – eu resmungo enquanto me enrolo na cama agarrada a Pérola que ri da minha reação.
– Menino com o papai e menina com a mamãe! – ela fala enquanto também se enrola ainda mais em mim.
– Isso aí! Tchau papai! – eu falo enquanto dou tchau com a mão ainda de olhos fechados.
Peeta concorda e vai arrumar Pyter e se arrumar também, eu continuo deitada agarrada a Pérola até que acabo pegando no sono, acordo com Pérola me sacudindo ansiosa.
– Mamãe! Mamãe! – ela chama enquanto me balança, eu resmungo negando com a cabeça o que faz ela rir – Mamãe, acorda! – ela fala rindo.
– Não, eu quero dormir! – eu resmungo novamente.
– Mamãe acorda! O papai e o Pyter já estão prontos! – ela fala e eu abro os olhos.
– Já? – eu pergunto sem acreditar muito.
– Já! Olha – ela fala e aponta pra porta do quarto, Pyter vem entrando pelo quarto ainda cambaleando tentando não cair, eu sorrio e me sento na cama.
Eu me sento na cama, para observá-lo, agora ele já consegue dar alguns poucos passos mesmo que meio desequilibrado, Pérola também se senta na beirada da cama enquanto chama por ele que se empolga e começa a rir.
– Péla! Péla! – ele continua tentando se equilibrar enquanto chama por Pérola, o sorriso dela se aumenta cada vez que ele chama pelo nome dela, que por sinal foi a primeira palavra dele, ela se animou tanto naquele dia que mal conseguiu dormir, eu acho que não tem uma única pessoa no Distrito que não sabe dessa história por que no dia seguinte ela saiu contando para todas as pessoas que ela viu na frente, que o irmão já sabia falar o nome dela.
Pyter já estava quase na metade do caminho quando acaba perdendo o equilíbrio e cai de bumbum no chão, Pérola pula da cama tão rápido que o alcança antes do Peeta que estava bem atrás dele, ela o levanta e permanece preocupada verificando se ele não se machucou.
– Tá tudo bem! – ela fala mais calma, eu sorrio pra ela e me levanto da cama.
– Você é a irmã mais legal do mundo! – Peeta fala enquanto se abaixa abraçando ela e espalhando beijos na bochecha dela, eu me aproximo deles e pego Pyter no colo e dou um beijo rápido na testa dele.
– Você fica com ele e ela vem comigo! – eu falo enquanto tento passar ele para o colo do Peeta, mas Pyter insiste em enrolar os dedos no meu cabelo, na verdade esse é um dos passatempos preferido dele, basta eu chegar perto dele que ele leva as mãozinhas ao meu cabelo e fica o olhando sorrindo, mesmo quando ele está chorando isso o acalma, não entendo o por quê, mas funciona. Peeta tenta pegá-lo mas ele continua agarrado ao meu cabelo, então eu dou um beijo no nariz dele, ele odeia que eu faça isso, faz uma careta e fica esfregando o nariz enquanto reclama as silabas enroladas que só ele entende, mas solta meu cabelo e eu consigo entregá-lo ao Peeta , então eu e Pérola começamos a nos arrumar e minutos depois também estamos prontas. Descemos as escadas e vejo Peeta e Pyter na cozinha terminando de arrumar as coisas na cesta que nós levamos quando vamos ao lago, depois de alguns minutos nós saímos de casa, Pérola de mãos dadas com o Peeta e eu carregando o Pyter no colo. Haymitch e Effie também estavam saindo de casa e Pérola solta a mão do Peeta correndo na direção deles.
– Tio Haytch! – ela chama animada correndo, ele se abaixa e ela pula no colo dele enquanto ele a joga no alto fazendo ela rir alto.
– Princesa! – Effie como sempre a elogiando o que faz ela sorrir ainda mais, nós nos aproximamos, Haymitch segura Pérola apoiado no lado do corpo enquanto se aproxima de mim e pega Pyter com o outro braço.
– E você garotão? – ele pergunta olhando pra ele que passa as mãos pela barba dele e ri.
– Eu vou ensinar o Pyter a nadar! – ela fala orgulhosa.
– Ah então ele vai aprender muito rápido por que você é muito esperta! – Haymitch fala sorrindo pra ela. Pérola pede pra ir pro chão e ele a coloca mas continua segurando Pyter enquanto bagunça o cabelo dele e ele ri disso.
– Onde vocês vão? – Effie pergunta curiosa.
– No lago! – Pérola fala como se fosse óbvio.
Gale e Johanna vem entrando na Aldeia enquanto ainda estamos parados, Pérola corre na direção deles.
– Johanna! – ela fala enquanto se aproxima deles.
– Fala baixinha! – ela cumprimenta enquanto bagunça os cabelos dela, mas diferente do Pyter ela odeia que faça isso e afasta as mãos dela rapidamente, Gale que a salva pegando ela no colo.
– E meu beijo? – ele pede virando a bochecha pra ela que o beija rapidamente, ele sorri satisfeito e beija ela na bochecha também.
– Quê isso algum tipo de reunião? – Johanna pergunta quando chega perto de nós.
– Junte-se a nós! – Peeta fala pra ela que sorri.
– Onde vocês vão? – Gale que pergunta depois de cumprimentar a todos com um aceno de mão.
– Onde vocês estavam? – eu devolvo a pergunta, por que Johanna nunca acorda cedo e eles estavam chegando na Aldeia agora, ele sorri misterioso pra Johanna que tenta parecer indiferente e ignora ele.
– Onde vocês vão? – ela repete a pergunta olhando para Pérola.
– No lago! Eu vou ensinar o Pyter a nadar! – Pérola fala empolgada.
– Ah é? – Gale aperta ainda mais os braços em volta dela o que faz ela rir.
– Eu pensei que eu fosse ensinar ele a nadar! – Peeta fala encarando Pérola que ri e se joga no colo dele.
– Bom, então daqui um tempo vocês vão ter mais um aluno! – Gale fala sorrindo e olhando pra Johanna.
– Como assim? – eu pergunto confusa , ele se aproxima de Johanna e sorri, ele a abraça passando a mão na barriga dela, Peeta é o primeiro a entender e solta uma risada surpresa.
– Sério? – ele pergunta mais encarando Johanna, ela revira os olhos mas dá um pequeno sorriso.
– É o que eu to pensando? – Haymitch pergunta sem acreditar.
Gale concorda com a cabeça.
– Já que está todo mundo aqui! – ele fala sorrindo e então dá noticia com orgulho – Johanna está grávida!
– Ai meu Deus! – Effie fala dando palminhas no ar – Isso é lindo! Mais uma criança! Isso não é lindo? – ela pergunta pro Haymitch que sorri e concorda com a cabeça.
– Meus parabéns! – ele fala para eles.
– Então você finalmente conseguiu dobrar essa garota! – Peeta fala piscando pra Johanna que revira os olhos novamente, então ele se aproxima dela e a abraça surpreendo ela mas ela corresponde – Meus parabéns de verdade! – ele fala se separando dela – Parece que as coisas vão ficar ainda mais movimentadas por aqui ein! – ele fala animado.
– Parece que sim! – ela concorda.
– Meus parabéns! – Peeta cumprimenta Gale.
– Obrigado – ele fala enquanto dá um abraço nele.
– Meus Parabéns! Você vai ser um ótimo pai! – eu falo abraçando ele forte, realmente estou feliz por ele, ele sempre quis ser ter filhos.
– Obrigado Catnip! – ele fala sorrindo orgulhoso.
– Se precisar de algumas dicas... – Peeta sugere sorrindo e ele ri.
– Parabéns, só espero que seja tão bonitão quanto o pai! – eu falo pra Johanna o mesmo que ela me disse, ela finge uma risada mas o sorriso final que aparece é sincero.
– Acho que eu vou abrir uma creche! – Haymitch fala com ironia.
– Só falta vocês agora! – Johanna sugere e recebe um olhar quase mortal.
– Já tem criança suficiente por aqui – ele fala devolvendo o Pyter para o Peeta que ri da reação dele.
– Sem contar que eu não vou ficar com aquela barriga enorme, usando roupas largas – Effie fala horrorizada mas parece se lembrar de Johanna e tenta se concertar – Mas você vai ficar linda – ela fala sorrindo pra Johanna.
– Não me importo com isso! – ela fala dando de ombros.
– Percebi – Effie revida a olhando dos pés a cabeça.
– Qual problema? – Johanna se irrita.
– Nenhum, você tá linda e a Effie não vai ter filhos, pronto, tudo resolvido – Peeta ameniza antes que elas comecem a discussão de sempre.
– Papai, mamãe, vamos – Perola pede enquanto puxa nossas mãos.
– Vamos – eu respondo tentando acalma-la.
– Dá tchau e vamos! – Peeta fala pra ela que começa a se despedir beijando todos.
– Pronto, vamos! – ela fala pulando ao meu lado, nós também nos despedimos e começamos nosso caminho. Pyter pede o meu colo e eu o pego enquanto Pérola vai de mãos dadas com o Peeta, por todo o caminho empolgada, sorrindo e falando sem parar, já pensando em como vai ser quando o filho do Gale e Johanna nascer, ela está tão empolgada que logo chegamos ao lago, eu coloco Pyter no chão e ela se coloca logo ao lado dele e eles vão meio correndo e meio capengando entre as arvores. Eu e Peeta arrumamos as coisas embaixo de uma arvore enquanto Pérola mostra o lugar para Pyter que mantém toda atenção nela.
– Quem vai entrar na água? – Peeta pergunta e Pérola grita alto, Pyter a imita, logo entramos no lago, a água está um pouco fria mas Pyter nem se importa, está fascinado com tudo, Pérola mergulha mostrando a ele como se faz e ele tenta imitar mas acaba bebendo um pouco de água o que faz ele chorar, eu saio da água com ele e me sento embaixo da arvore enquanto ele brinca com meu cabelo, Peeta e Pérola também vem até nós, ela pega um dos sanduiches e começa a comer, Pyter sai do meu colo e vai até ela.
– Péla! – ele chama enquanto começa a escalar por ela que ri junto com ele.
– Mãe posso ir pra lá com ele? – ela pede apontando mais para o meio de onde estamos.
– Pode! Mas termina de comer! – eu peço.
– Já comi! – ela fala já se levantando e pegando a mão dele.
Peeta se aproxima mais de mim, passando os braços em volta da minha cintura e encaixando os lábios no meu pescoço.
– Você acredita nisso?! – ele fala meio perdido em pensamentos olhando pra eles brincando, eu sorrio e me viro pra olhar o rosto dele – Isso é... – ele procura as palavras – Mais! Muito mais do que um dia eu pensei! – ele fala sorrindo, eu viro meu corpo de frente pro dele e nós encaixamos nossas pernas aproximando nossos corpos, ele passa os dedos pelo meu rosto e eu faço o mesmo com ele – Eu te amo tanto, tanto – ele fala sorrindo.
– Eu também te amo! – eu confirmo sorrindo.
– Eu sempre sonhei com isso mas agora que está acontecendo, eu vejo que nem os mais perfeitos dos sonhos se compara a isso, a nossa vida! Pyter, Pérola e você! Vocês são toda a minha vida, vocês dão sentido a tudo! – ele fala me olhando intensamente e eu sei exatamente do que ele está falando, por que é exatamente assim que eu me sinto em relação a eles.
– Vocês são toda a minha vida também! – eu confirmo sorrindo enquanto paro a mão na nuca dele e o olho na mesma intensidade que ele me olha – Eu nunca sonhei com isso, pelo contrário eu fugi de tudo isso, mas agora... Nossa vida, você, eles... São os que me fazem querer acordar todo dia! Vocês me dão força, você me transformou no que eu sou hoje e eu estou muito satisfeita com isso, mais do que isso, eu estou feliz, completa! – eu falo com a voz firme ele sorri e eu aproximo nossos lábios e o beijo lentamente com todo amor e paixão que eu ainda sinto por ele e que parece crescer a cada dia, ele cola ainda mais nossos corpos e o beijo segue até que a voz nos faz parar, eu viro meu rosto pra ver Pérola e Pyter sentados, ela colocou ele no colo dela e ele está em silêncio enquanto ela canta, eu olho pro Peeta e ele está sorrindo, eu viro meu corpo pra eles mas ainda encostada no Peeta.
– Assim como você – ele fala apontando pra cima mostrando o silêncio que está, apenas a voz dela pode ser escutada, eu sorrio.
Ela continua cantando e quando termina alguns segundos depois parece que todos os tordos se empenham em repetir as notas, Pyter olha pra ela sorrindo e ela se sente orgulhosa com isso, eles ficam escutando, Peeta aperta os braços em volta de mim e eu encosto minha cabeça no meu peito dele e agora olhando essa cena é impossível ser mais feliz do que eu sou.
Eu começo a pensar em tudo que nós passamos até aqui. E se o nome de Prim não tivesse sido sorteado? E se eu não precisasse me voluntariar? E se eu nunca estivesse estado nos jogos? Como as coisas estariam hoje? Os jogos ainda existiriam? Eu continuaria caçando na floresta? Eu realmente nunca vou ter certeza dessas respostas, mas hoje eu tenho certeza que tudo isso contribuiu para onde nós estamos hoje, ainda me dói tudo que aconteceu, eu ainda me sinto insegura, confusa, culpada mas eu também sei que de alguma forma as coisas aconteceram como tinham que acontecer. A dor de perder todos ainda está aqui e ficará para sempre. Ainda tem noites que Peeta tem que me acalmar depois de um pesadelo, ainda tem vezes que ele se tranca no escritório ou no banheiro esperando os flashes passarem, ainda tem dias que eu sinto que posso perder tudo isso, que nada é real, mas nós nos ajudamos a passar por isso.
A verdade é que o medo nunca se vai, ele sempre permanece por perto como um invasor que fica no canto da sala esperando um descuido pra bagunçar e remexer tudo, eu sei que ele está ali, eu o sinto e algumas vezes ele sai desse canto e vem para o ‘’meio da sala’’, ele me confronta, me faz tremer e é nessa hora que eu tenho que encontrar minhas forças e enfrentar ele, então com muito esforço eu o empurro pro canto da sala de novo. É difícil, cansativo e as vezes me faz querer pensar que não vale a pena, mas quando eu tenho momentos como esse, quando eu abro os olhos e encontro Peeta, Pérola e Pyter tudo faz sentido, tudo vale a pena, eles me fortalecem e me fazem querer enfrentar isso todo dia. E eu sei que por mais difícil que seja existem jogos muito piores de se jogar!

FIM