Ela me encara com seus olhos ameaçadores mas eu não me intimido.
–Você pode falar sem tocar! – eu falo também ameaçadoramente.
Ela dá uma gargalhada, se aproxima mais de mim com seu jeito desafiante.
– Ele não reclamou – ela fala ainda sorrindo.
Eu também dou um passo pra mais perto dela encosto meu dedo nela
– Olha aqui... – eu começo a fala baixo mas com raiva.
– Katniss! – a voz de Peeta me chamando me distrai ele se coloca entre nós duas segurando minha mão delicadamente, mas esse gesto só consegue me irritar ainda mais. Eu olho pra ele séria, depois olho pra Johanna, me viro e saio andando deixando ele me chamando, não olho pra trás, também não faço ideia de onde ir, então eu apenas sigo em frente até o outro lado do salão, quando eu chego do outro lado, Johanna chega logo atrás de mim.
– Ei garota, você tem que aprender a relaxar sabia? – ela fala sorrindo como se nada tivesse acontecido.
Eu a ignoro e continuo olhando pro outro lado.
– Ei, eu to falando com você! – ela fala me cutucando.
– O que você quer? A conversa com Peeta já acabou? – eu pergunto ainda com raiva.
Ela mais uma vez dá uma de suas gargalhadas.
– Você é uma idiota mesmo não é? – ela fala se virando pra mim – Aquele garoto lá – ela fala apontando pro Peeta que agora está cercado por dois homens que tentam puxar assunto – está completamente na sua, não me pergunte o por quê, por que eu simplesmente também não entendo, mas essa é a verdade! – ela termina de falar e se vira indo embora, quando está alguns passos longe ela se vira e falando alto ela diz: – Deixa de ser idiota garota em chamas!
Então ela continua o caminho, eu fico parada olhando pro Peeta que está do outro lado também me observando, nossos olhares se encontram algumas vezes, posso ver que ele está tentando sair do meio de algumas pessoas mas cada vez que ele se livra de um outro aparece, estou começando a me divertir com a situação, estou tão distraída olhando pra ele que me assusto com a voz que vem de trás de mim.
– Se escondendo? – a pessoa pergunta já próxima de mim.
Eu me viro rapidamente assustada e encontro Gale parado do meu lado.
– Não queria te assustar! – ele fala se desculpando.
– Tudo bem! – eu falo forçando um sorriso.
– Então, se escondendo de alguém? – ele pergunta novamente.
– Basicamente de todos parecidos com eles - eu aponto para algumas pessoas que estão próximos, vestidos de terno e gravata e com aquelas caras de serem muito importante.
– Bom, são muitas pessoas pra se esconder! – ele fala rindo.
Eu dou de ombros.
Então por um momento eu tinha quase me esquecido delas, mas logo aparecem, as câmeras, uma mulher muito bem arrumada surge bem na nossa frente acompanhada de uma câmera, sorrindo e agitada.
– Olha quem temos aqui – ela fala se aproximando e olhando ora pra mim e pra Gale e ora pra câmera – Katniss Everdeen e seu primo – então ela nos olha como quem perguntasse o nome dele.
– Gale Hawthorne – ele completa sem muito entusiasmo.
– E então como vocês se sentem de volta a Capital? – ela pergunta sorridente e alegre.
Gale me olha e posso ver pela cara dele que ele não está muito disposto a falar alegremente, embora eu também não esteja, de certa forma já estou mais acostumada a lidar com isso.
– Nós estamos – eu penso em uma palavra que não mostre o ódio que eu tenho de estar aqui mas não consigo achar – ansiosos! – eu falo forçando um sorriso. E agora mais ainda eu sinto falta do Peeta, ele é o que sabe o que falar e eu me sinto muito mais segura com ele, como instinto eu o procuro, mas não o acho no lugar onde estava, começo a sentir uma sensação horrível de estar sozinha embora não esteja tecnicamente só.
– Nos fale mais de como vocês estão? – a voz da mulher que me chama a realidade de novo.
– Nós estamos bem! – Gale responde secamente, enquanto eu ainda tento achar Peeta no meio das pessoas que surgem.
– Katniss? – a mulher novamente chama a minha atenção – Você poderia falar um pouco mais sobre como estão as coisas no distrito 12 agora durante o novo governo? – eu estou olhando pra ela tentando saber o que falar, mas sinto como se as palavras fugissem, olho pra Gale na esperança de que ele saiba o que fazer mas ele permanece encarando a câmera friamente.
– Estava te procurando – a voz do Peeta baixa e segura me traz de volta a segurança que eu tinha perdido, eu rapidamente me viro pra ele, ele está sorrindo grandemente, eu também sorrio me sinto imensamente melhor agora, ele se aproxima sorrindo, coloca seu braço em volta da minha cintura, me dá um beijo rápido, então ele olha pra câmera como se só tivesse percebido ela agora.
– Oh, desculpa. Não quis atrapalhar! – ele fala se desculpando e sorrindo pra câmera.
Então ele me olha e eu sei que ele já tinha visto a câmera, mas como sempre ele sabe o que falar e o que fazer.
– Sem problemas! Nós apenas estávamos falando um pouco com a Katniss e o seu primo – a mulher fala sorrindo pra ele.
– Gale! – Peeta o cumprimenta esticando a mão e sorrindo.
– Peeta! – ele responde apertando as mãos.
– Se vocês me dão licença estão me chamando! – Gale se desculpa e sai mas é obvio que ninguém o chamou.
– Então Peeta nós estávamos perguntando a Katniss como vai a vida agora; - ela fala mantendo sua animação.
Quando Peeta ia começar a responder, o hino presidencial começa a tocar.
Todos se viram pra olhar pra varanda e o telão de onde a presidente irá falar.
– Muito familiar! – eu sussurro.
Peeta me olha e concorda com a cabeça.
Então a presidente Paylor aparece saudando a todos, quando todos param de aplaudir ela então começa seu discurso falando da importância que a revolução teve, de quanta luta foi preciso pra chegar onde chegamos hoje, mas que as mudanças são apenas o começo de uma nação muito melhor, confesso que na metade não estava mais prestando atenção, ela apenas repetiu o que todos dizem o tempo todo. Depois que a presidente terminou seu discurso e declarou aberta a semana de comemorações Plutarch aparece dizendo mais algumas palavras que complementam o que foi dito, acrescentando um agradecimento aos vitoriosos presentes e em especial a mim e a Peeta, todos os rostos presentes se viram pra nós, todas as câmeras preparadas pra nos capturar, nós apenas sorrimos e então Plutarch segue falando que a comemoração está oficialmente aberta e que todos podem aproveitar a festa, quando ele termina de falar, uma banda toma o lugar dele e começa a tocar, as pessoas começam a circular pelo espaço, indo nas mesas que estão preparadas, com comidas da melhor qualidade e bebida.
– Ainda com raiva? – Peeta pergunta no meu ouvido.
Eu balanço a cabeça concordando.
– Mas com fome também – eu falo e vou em direção a mesa ele vem logo atrás de mim sorrindo. Eu me sirvo com o meu prato favorito, cozido de carneiro, e está simplesmente fabuloso. Quando eu termino de comer, Peeta me puxa para o canto mais reservado.
– Você ainda está com raiva daquela história da Johanna?- ele pergunta me encarando.
Como eu não respondo ele continua.
– Você sabe que isso não tem sentido não sabe? – ele pergunta segurando meu queixo forçando a olhar pra ele. – Sabe não sabe Katniss? – ele pergunta mais uma vez.
– Eu sei! – eu falo revirando os olhos.
Ele ri – Sabe eu não sabia que você era tão ciumenta assim – ele fala pra me provocar.
Quando ia responder, ele se aproxima mais de mim e me beija, e nesse momento eu esqueço qualquer raiva ou irritação que eu estava dele, apenas o que importa somos nós dois.
– Ah que lindos – Effie vem falando alegremente
Nós nos separamos e nos viramos pra encontrar ela sorrindo emocionada. Ela também trocou de roupa, e pela primeira vez eu a acho realmente bonita, não que ela não fosse, mas ela não está enfeitada e toda coberta como ela costumava andar antes, ela está sim muito bem maquiada, mas agora algo mais parecido com o normal, seu vestido também é realmente bonito, um pouco colorido demais pra mim e os pequenos sinos que estão penduradas na barra poderiam ser substituídos mas o que esperar também, essa é Effie.
– Nossa Effie, você está linda! – até mesmo Peeta a elogia – com todo respeito claro – ele diz olhando pra mim me irritando. Eu dou um sorriso irônico pra ele.
– Obrigada Peeta, sempre gentil! – ela diz totalmente feliz.
Enquanto nós estamos conversando Haymitch aparece.
– Onde vocês estavam? Procurei vocês por toda parte! – ele fala e pelo jeito já andou bebendo alguma coisa.
– Nós estávamos fazendo companhia pra Effie – eu respondo e então ela se vira de frente pro Haymitch, e a expressão que ele faz é impossível não segurar o riso, tanto Peeta quanto eu rimos da cara dele.
– O que foi Haymitch perdeu a língua? – eu falo chamando ele.
– Tem certeza que essa é aquela Effie? – ele pergunta ironicamente tentando disfarçar a surpresa.
– Eu poderia dizer o mesmo de você – Effie responde olhando ele de cima a baixo. Ele também está arrumado em seu terno marrom.
– Ok! – ele diz dando de ombros tentando ignorar o que aconteceu.
– Bom, meus queridos vocês me dão licença mas o dever me chama – ela fala se despedindo e saindo.
Quando ela sai Peeta dá um pequeno soco de brincadeira no ombro do Haymitch.
– Então alguém estava impressionado com a Effie! – ele fala irritando Haymitch
Ele olha pra ele sério – O que foi? É alguma espécie de delírio – ele fala com raiva.
– Nada disso Haymitch, eu também vi, você olhando pra ela – eu falo me aproximando mais deles e rindo.
– Se vocês vão insistir nisso fiquem por aí – ele fala se virando irritado.
Quando ele já está no seu caminho eu falo. – Ei, Haymitch acho que achei sua pretendente!
Eu sei que ele ouviu mas não se virou apenas ignorou e seguiu o caminho dele.
– O que você acha desses dois? – Peeta pergunta enquanto me abraça.
– Nunca imaginei isso, acho que não ia dar certo não! – eu falo tentando imaginar a Effie e o Haymitch juntos e me divirto com a situação.
– Será? – ele pergunta me olhando.
Eu dou de ombros – Não sei! Mas ia ser engraçado! – eu falo e realmente seria.
Nossos segundos sozinhos dura pouco logo chegam algumas pessoas querendo nos conhecer, conversar e mais câmeras aparecem de todos os lados. Já se foi quase o dia inteiro e ainda estamos aqui, no meio de toda essa gente que sinceramente me dá sono.
Com apenas algumas exceções, como minha mãe, Annie, o pequeno Finnick , ainda bem que eles estão aqui senão seria ainda mais difícil do que já esta sendo, essa situação é terrivelmente familiar com o ano passado na Turnê onde todos nos rodeavam e nos abraçavam, e eu não vejo a hora de acabar, Peeta e eu somos arrastados para todos os lados, com todos os tipos de pessoas, tentamos ficar alguns segundos longe de tudo isso mais sem sucesso. Então uma hora que alguns homens que se apresentaram como chefias do governos entram em uma conversa com Peeta eu não aguento mais ouvir uma única palavra, então sorrio, peço licença e saio pra tentar tomar um ar, as pessoas estão por toda parte, comendo bebendo, dançando e eu arranjo um canto e fico apenas observando, até que novamente Gale aparece.
– Ainda se escondendo? – ele pergunta se aproximando. Eu sorrio já cansada de tudo isso, só quero ir embora.
– Eles não se cansam! – eu digo apontando paras as pessoas no salão.
– Parece que não! – ele concorda sorrindo – Bom, se você não estiver tão cansada, aceita dançar comigo – ele fala me oferecendo o braço.
E u realmente estou cansada, meus pés estão doloridos, minha cabeça já está doendo, mas ao mesmo tempo é o Gale, nossa relação já está tão ruim que eu acho que eu posso fazer esse sacrifício pra tentar ao menos melhorar nossa amizade. Então eu sorrio e encaixo meu braço no dele.
– Tudo bem, mas só um pouco! – eu falo enquanto nós estamos indo pra pista de dança, então me lembro do Peeta, e olho ao redor pra vê se consigo encontrá-lo, mas não o acho.
– Só se não tiver nenhum problema – ele diz também olhando ao redor.
– Não, tudo bem. Sem problemas! – eu falo sorrindo e então nós começamos a dançar, ele coloca o braço na minhas costas e a mão encaixando na minha, quando ele coloca sua mão na minha ele rapidamente me olha com um olhar interrogativo.
– O que foi? – eu pergunto confusa. Então ele traz minha mão pro nosso meio e a segura mostrando o anel.
– Muito bonito – ele fala mas posso sentir uma certa magoa na voz dele.
– É sim, lindo – eu falo mais uma vez admirando o anel e me lembrando da noite de ontem, o sorriso que aparece nos meus lábios não é nenhum pouco forçado, na verdade ele sempre surge naturalmente quando eu penso no Peeta.
– Você realmente está feliz não é? – ele pergunta enquanto começamos alguns passos de dança.
– Feliz? – eu repito avaliando a palavra. – Não sei, mas eu realmente estou bem! – eu falo por que felicidade ainda me parece algo grande demais e desmerecido pra mim.
– Que bom! – ele fala e nós continuamos os passos.
Enquanto estamos dançando nós conversamos um pouco, e eu começo a achar que talvez ainda reste alguma coisa daquele garoto e daquela garota que viviam na florestas e só tinham um ao outro, nós lembramos de algumas histórias engraçadas e rimos com a situação, câmeras estão nos filmando mas por alguns segundos eu me esqueço disso. Até a dor nos pés que eu estava antes parece ter diminuído, é bom estar conversando com ele novamente sem aquele peso de estar confusa sobre meus sentimentos, agora eu sei onde ele se encaixa na minha vida e é reconfortante tê-lo aqui. Quando olho para onde as pessoas estão comendo vejo Peeta parado nos observando, nossos olhares rapidamente se acham e permanecem assim por alguns minutos, ele me dá um sorriso mas eu o conheço bem demais pra saber quando é forçado ou não e esse foi forçado, eu posso imaginar o porque, eu estou aqui dançando e rindo com Gale, confesso que por um lado eu até me sinto satisfeita afinal o que aconteceu com a Johanna eu ainda não esqueci, mas por outro eu sei que não é fácil, então eu desvio meu olhar dele e olho pro Gale.
– Será que a gente pode parar um pouco agora, meus pés estão me matando! - eu peço fazendo uma cara de dor.
– Tudo bem, também não estou no melhor momento! – ele fala sorrindo e nós saímos da pista.
Quando chegamos ao outro lado, Peeta ainda está parado no mesmo lugar, nós vamos em direção a ele, que abre seu sorriso novamente.
– Peeta! – Gale o cumprimenta novamente com um balançar de cabeça.
– Gale – ele corresponde igualmente.
Então eu me solto do braço de Gale e vou até ele.
– Nós estávamos dançando mas meus pés estão me matando! – eu falo me apoiando nele fazendo a mesma cara que fiz pro Gale.
– Quer se sentar? – ele me pergunta com seu braço me apoiando.
– Eu quero ir embora! – eu resmungo.
– Ainda falta alguma coisa? – Gale pergunta
– Acho que não! A abertura já foi feita! – Peeta responde sem muita certeza – Vou falar com a Effie! Você me espera aqui? – ele pergunta se virando pra mim.
– Espero! – eu falo ansiosa pra ir embora.
– Já volto! – ele fala saindo e me deixando com Gale.
– Quer sentar? – Gale pergunta
– Não, ele não deve demorar
Alguns minutos depois Peeta volta falando que se nós quisermos já podemos ir embora, mas amanhã teremos um almoço novamente aqui na mansão, nós oferecemos carona no nosso carro pro Gale, ele fica na duvida mas Peeta reforça o convite e ele aceita, enquanto estamos indo no carro, Peeta fala que amanhã o almoço será mais reservado e sem câmeras, mas que a Effie disse que passaria antes aqui. Com certeza pra tentar me convencer a usar vestidos e saltos de novo – eu penso .
Chegamos ao nosso quarto e já está começando a escurecer, me sinto completamente exausta, já chego arrancando meus sapatos e jogando pela sala, me jogo no sofá e Peeta faz o mesmo.
– Tinha me esquecido de como isso é cansativo – ele fala enquanto me puxa pra perto dele no sofá.
Eu concordo com a cabeça, então ele começa a beijar meu pescoço, eu tento me esquivar mas ele continua.
– Eu ainda não esqueci o que aconteceu! – eu falo enquanto tento me concentrar.
Ele para se endireita no sofá ficando de frente pra mim.
– Sério? – ele pergunta me observando – Você mesmo concordou que isso não faz sentido!
Eu dou de ombros.
– Katniss, eu acabei de ver você dançando e rindo com Gale, eu te deixei com ele enquanto fui procurar a Effie e nós viemos no mesmo carro que ele – ele fala sério me encarando – Sabe por que eu fiz isso tudo? – ele me pergunta, mas eu mantenho meu silencio – Por que eu confio em voe e acredito quando você disse que me ama, não estou falando que eu não sinto ciúmes de vocês, mas eu sei que não faz sentido certo? – ele pergunta aguardando uma resposta.
– Certo – eu falo após alguns segundos – Mas você é o maduro eu nunca disse que era! – eu falo dando de ombros e desviando meu olhar dele.
Ele traz meu rosto pra de frente pro dele de novo – E é por isso que eu te amo! – ele fala e me beija, mais uma vez eu tenho a certeza que eu não consigo mais seguir em frente sem ele, sem seus braços em volta de mim, sem seus beijos, ele se tornou meu porto seguro e é só assim que eu realmente me sinto bem. Depois de algum tempo assim, nós nos levantamos e vamos pro quarto, eu vou tomar banho e logo em seguida ele vai, logo nós nos deitamos e dormimos ainda temos alguns dias pra completar.