Após a ''Esperança'' escrita por HungerGames


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

...''Depois de alguns instantes eu passo meus dedos no contorno do rosto dele, afastando alguns fios de cabelo de sua testa e então ele acorda, seus olhos azuis que tanto me passam segurança e ao mesmo tempo os únicos que tem o poder de me deixar angustiada com o pensamento de perdê-lo''...



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– Bom dia – eu falo quase como um sussurro.
– Bom dia!- ele responde sorrindo.
– Peeta, antes de qualquer coisa eu quero te pedir desculpas. O que eu falei ontem, eu estava errada. – eu falo mal dando tempo dele despertar – eu não queria ter dito.
Ele permanece me olhando, ao mesmo tempo despertando e procurando o que falar.
– Tudo bem, você falou o que você pensava – ele fala ainda despertando.
– Não é bem assim – antes que eu continue ele me corta.
– O que foi falado, já foi. O que eu queria te falar ontem é que todo mundo saiu marcado disso Katniss, não foi só você, tem muitas outras pessoas que também se machucaram e estão se recuperando mesmo que não tenham aparecido tanto quanto você ou eu, e eu quero poder fazer parte de alguma coisa boa, depois de tudo que já passou, eu quero realmente poder ter orgulho de alguma coisa que eu fiz – ele fala agora já acordado de verdade.
– Eu sei - eu falo com vergonha de mim mesma.
– Kats, já passou, além do mais essa não é uma boa maneira de começar um dia! – ele fala se endireitando na cama.
Ele se aproxima e me dá um beijo, eu correspondo e é como se o beijo recarregasse minhas energias, eu não sei como serão as coisas, mas eu sei que se eu tiver ele, as coisas serão mais fáceis de serem enfrentadas.
Nós nos levantamos e vamos descer pra tomar café, o dia ontem foi tão agitado que eu havia me esquecido do que o Haymitch e aquele ganso estúpido fizeram. E é só quando nós chegamos na sala que eu vejo toda a bagunça.
– E depois você me pergunta por que eu implico tanto com ele – eu falo pro Peeta enquanto mostro a sala com as mãos.
– É, ficou meio bagunçado – ele fala achando graça.
– Tudo bem, mas isso não vai ficar assim.
– O que você vai fazer?
– Eu já disse. Surpresa – eu falo enquanto começo a afastar alguns pedaços de vidro que estão no chão. – Mas eu não vou pra padaria hoje!
– Tudo bem. Mas eu tenho que ir. – ele fala enquanto vai pra cozinha.
Ele volta comendo uma fruta e diz que já vai, por que está atrasado, ele se vai e eu continuo arrumando, algum tempo depois Greasy chega e termina de me ajudar. O dia parece passar bem rápido e já estamos na hora do almoço. Greasy termina de ajeitar as coisas e vai embora, eu subo pra tomar um banho enquanto eles não chegam pra almoçar, entro no banheiro e começo a tomar meu banho. Termino o banho e vou me vestir quando percebo que estava tão apressada que esqueci minha roupa no quarto, então me enrolo na toalha e vou buscar, a roupa está em cima da cama, no momento que eu retiro a toalha pra colocar minha blusa, Peeta entra no quarto. Rapidamente eu puxo a toalha de volta dando um pequeno grito de susto.
– Oh, Droga! Desculpa, eu devia ter batido. – Peeta fala se virando de costa completamente sem graça. Então ele sai do quarto e fecha a porta atrás dele, eu ainda fico alguns segundos parada, foi tudo tão rápido, eu não sei se eu tenho vontade de rir da situação e da cara que ele fez ou se eu morro de vergonha, não que alguém me ver assim seja algo tão sobrenatural assim, afinal com a equipe de preparação e Cinna, nós nãos tínhamos esse problema mas era diferente também, enfim eu termino de me vestir e crio coragem pra descer sem morrer de vergonha. Quando eu estou descendo as escadas Haymitch vem entrando em casa.
– Então, como vão os pombinhos? – ele pergunta com seu tom de voz irônico e debochado de sempre.
Eu e Peeta trocamos um olhar ainda sem graça com o que aconteceu e obviamente isso não passa despercebido por Haymitch.
– Ouou, o que foi isso? – ele pergunta fazendo um gesto indicando nossos olhares – eu vi isso!
– Não sei do que você esta falando – eu respondo secamente, passando por eles e indo pra cozinha. – O almoço já está pronto, vocês não vão comer? – eu falo querendo encerrar logo o assunto. Haymitch concorda mas não antes de me lançar um de seus olhares que eu ignoro.
Nós nos servimos e começamos a comer.
Quando Haymitch está dando sua ultima garfada eu pergunto.
– E então Haymitch? Gostou da comida? – falo com um sorriso irônico no rosto.
Ele balança a cabeça como se mais ou menos.
– Não me diga que foi você que fez queridinha? Por que se foi já temos um avanço – ele fala me devolvendo o sorriso.
– Ah sim, eu fiz questão de preparar, alias de caçar e preparar pra você! – eu falo encarando ele.
– Que honra! – ele faz um gesto com a mão que complementa o que ele diz – Achei que você não precisava mais caçar pra comer. – ele fala não me dando mais atenção.
– Tudo bem! – eu falo em seguida dou um gole no copo com a água – Era apenas um ganso idiota – eu falo e consigo recuperar a atenção tanto de Haymitch quanto do Peeta.
– Você fez o quê? – ele fala me encarando.
– É isso aí! – eu falo me levantando. – Acho que agora os outros vão pensar mais antes de invadir minha casa.
Ele fala enquanto se levanta e me aponta com o dedo – Você tem problemas!
Eu dou de ombros.
– Eu nunca disse que não tinha – eu falo e me viro pra lavar os pratos deixando Haymitch falando alto atrás de mim.
– Aquele era o MEU ganso. – ele fala alto e enfatizando o ‘’meu’’
– E essa é a MINHA casa – eu falo com o mesmo tom que ele.
– Isso vai ter volta queridinha. Não acabou aqui. – ele fala e sai batendo a porta.
Começo a lavar os pratos e Peeta vem me ajudar.
– Então? Como foi isso? – ele pergunta enquanto se aproxima de mim.
– O que você quer todos os detalhes? – eu pergunto sem olhar pra ele – Bom, eu fui lá mirei no bicho, trouxe ele pra casa e o final acho que você já sabe né? – eu falo dando de ombros.
– Eu achei que eu já tivesse te dito como você é uma péssima mentirosa. – ele fala distraidamente.
– O quê? – eu falo me virando pra ele.
– É mentira! – ele fala quando se aproxima mais de mim – Essa história do ganso! É mentira.
Ele está sorrindo me encarando.
– Por que você acha isso? – eu pergunto sem desviar meu olhar do dele.
– Por que eu sei – ele dá de ombros – Katniss, eu te conheço, eu sei quando você mente.
Ele solta o prato que estava segurando e coloca os braços ao meu lado, prendendo meu corpo entre a pia e ele, ele aproxima nossos rostos e fala.
– Então você não vai me falar a verdade? – ele pergunta erguendo a sobrancelha.
– Bom, talvez. Apenas talvez, eu não tenha matado o bicho e apenas o vendido – eu falo sorrindo.
Ele ri, e me beija.
– Mas se você falar eu nego! – eu ameaço.
Ele levanta as mãos como quem não vai se meter.
– Isso é entre vocês, mas você sabe que ele vai revidar não é?
Eu dou de ombros e nós terminamos de lavar tudo.
O restante do dia passa rapidamente e sem nada de diferente, na verdade acho que estou tão ansiosa pra amanha que nem vi o tempo passar direito. Amanhã eu vou até a escola pra poder aceitar o cargo, ainda não sei como vai ser, mas prometi tentar e é o que eu vou fazer.
No outro dia, me levanto cedo, mal consegui dormir pensando em como seria hoje, enfim o dia amanheceu. Peeta também acorda e vai se arrumar pra ir pra padaria enquanto eu fico em casa esperando mais algum tempo até poder ir pra escola. Quando a hora chega eu me arrumo e vou. Quando chego a escola, muitos olhares se viram pra mim, muitos sorrisos dados, tanto de crianças como de outras pessoas que estão trabalhando na escola, confesso que mesmo já sabendo que isso iria acontecer me sinto desconfortável. Não demora muito e a diretora vem ao meu encontro.
– Bom dia Katniss! Já estava te esperando – ela fala com um largo sorriso enquanto me estende a mão.
– Bom dia! – eu respondo forçando um sorriso que disfarce meu nervoso.
– Vamos até minha sala! – ela fala e em seguida se vira e começa a andar em direção a um corredor, eu a sigo e chegamos até sua sala.
Ela me indica a cadeira de frente pra sua mesa, eu me sento e não sei o que dizer, então apenas aguardo ela começar a conversa.
– E então Katniss, acredito que você já tenha uma resposta certo? – ela pergunta já sentada em sua cadeira.
– Sim, eu tenho – eu falo com uma voz até certo ponto confiante.
– E qual seria sua resposta? – ela aguarda.
– Eu aceito ser a professora substituta – eu falo decidida, embora ainda não saiba como começar isso.
– Que bom – ela diz verdadeiramente sorrindo – Eu fico muito feliz com a sua decisão, vai ser muito bom ter você aqui na nossa escola.
Eu sorrio sem graça, sem saber direito o que falar.
– Então como isso funciona? – eu pergunto completamente perdida.
Ela começa me explicando a base da escola, dos projetos que estão sendo implantados, de como as mudanças estão ocorrendo de forma gradual para que as crianças possam se familiarizar com tudo. No que diz respeito a minha parte de música, são duas turmas que eu terei, de crianças até 12 anos, depois dessa idade ela tem outras oficinas, como a pintura, ou alguma outra atividade que tenha livre na escola. As aulas serão na parte da manhã e também da tarde porém não serão todos os dias, serão três dias na semana, ela continua contando de como as crianças amam as aulas de música e ficaram tristes com a paralisação, o que só aumenta ainda mais minha ansiedade. Depois de me explicar a parte teórica, ela me leva pra conhecer a escola, na verdade eu já conhecia, mas houveram algumas reformas, salas foram ampliadas, outras foram destruídas pra abrir um novo espaço, a verdade é que está parecendo outra escola, pintada e colorida. Depois de me mostrar tudo, nós voltamos pra sala dela.
– E quando que eu começo? – eu pergunto ansiosa.
– Se não houver nenhum problema amanhã mesmo. É que as crianças não veem a hora de voltar as aulas – ela fala me observando – Tudo bem pra você Katniss?
– Tudo bem! Amanhã eu estarei aqui – Eu falo e me levanto pra sair, apertamos as mãos, ela me dá mais um de seus sorrisos simpáticos, me acompanha até a porta e eu começo meu caminho pra casa, minha cabeça não para um instante, me sinto assustadoramente confusa, por um lado eu quero tentar fazer isso, mas por outro eu estou completamente apavorada. No meio do caminho decido ir pra padaria, quando eu chego lá Peeta está atendendo a mesma garota que uma vez quase pulou o balcão pra agarrá-lo, e imediatamente minha vontade é de colocar ela pra fora, mas respiro fundo, me controlo e me aproximo deles a tempo de escutar ela falando.
– A gente podia dar uma volta um dia desses – ela fala sorrindo e quase se jogando em cima dele.
– Katniss! – ele fala sorrindo rapidamente quando me vê. A garota olha pra trás rapidamente e me encara friamente. Ela sabe quem eu sou, quem é o Peeta e toda a história que nos envolve mas isso parece não importar pra ela.
– Peeta! – eu falo sem sorrisos, ainda encarando a garota.
– Katniss Everdeen – ela diz meu nome com ironia – é um prazer te conhecer pessoalmente – ela fala estendendo a mão, eu encaro ela por alguns segundos enquanto me decido em apertar ou não a mão dela, no fim eu aperto. Balanço a cabeça como forma de cumprimento.
Solto a mão dela e levanto o compartimento que me permite passar pro outro lado do balcão, onde Peeta está e paro do lado dele ainda encarando a garota. Ela me dá um sorriso debochado.
– Você também trabalha aqui? –ela fala com seu tom irônico.
Peeta permanece em silencio apenas observando a cena.
– Não. Mas quando se é a namorada do dono ajudar acaba sendo inevitável – eu respondo devolvendo o sorriso que ela me estava me dando, quando eu falo posso ver Peeta sorrindo e ela tentando parecer indiferente.
– Posso imaginar – ela fala em seguida se vira pra sair, mas não antes de dizer um até logo pro Peeta.
Quando ela sai Peeta permanece no lugar onde estava me olhando.
– Namorada do dono? – ele fala baixo e lentamente, sem esconder o sorriso – Eu confesso que eu nunca imaginei uma cena dessa – ele fala se virando pra mim. – Katniss Everdeen, a garota em chamas, a caçadora, intimidadora e mal humorada, falando uma frase assim. Realmente é inacreditável –ele fala rindo.
– Então era isso que eu era. Intimidadora e mal humorada? – eu falo erguendo a sobrancelha esperando a resposta.
– Não! – ele diz e balança a cabeça – Você ainda é!
– Já que é um cena tão estranha, você pode ter certeza que não vai mais acontecer – eu falo já irritada.
– Não foi isso que eu disse. Eu gostei de ouvir você falar. Mas você tem que concordar comigo que é estranho ouvir você falar assim – ele fala sorrindo e me encarando.
Eu também sorrio. – Eu nem sei por que eu falei isso – eu confesso rindo agora.
– Quando se é namorada do dono.. – ele repete imitando minha voz e rindo.
– Chega! Não acredito que eu fiz isso! – eu falo mais uma vez, realmente me sentindo idiota, sei lá o que me deu.
Eu não falo mais nada, na verdade eu nem sei por que eu disse isso, ele está certo isso não é uma coisa que eu diria normalmente, mas vê aquela garota pela segunda vez quase pulando em cima dele me tirou do sério. Ele se aproxima de mim, me virando pra ele.
– Gostei disso! – ele fala sorrindo –‘’ Namorados’’! Me parece uma coisa boa.
Ele fala enquanto passa os dedos no contorno do meu rosto.
– E faria bem você lembrar disso mais vezes – eu falo olhando pra ele séria.
– Mas eu nem fiz nada – ele fala se defendendo achando graça.
– Exatamente, ela tava quase pulando o balcão e você não fez nada – eu falo ainda séria.
– Bom ainda bem que eu tenho você pra me defender então – ele fala e termina com espaço entre a gente e me beija, essa é a primeira vez que a gente se beija assim em público, sem ser encenação, ou algum outro motivo. Quando nós terminamos o beijo, ele me pergunta como que foi na escola, e enquanto ele termina de arrumar algumas coisas eu conto a ele sobre minha conversa com a diretora e que eu vou começar amanhã, ele fica feliz por eu estar fazendo alguma coisa e tem certeza que vai dá tudo certo e eu também queria ter essa certeza que ele tem, mas não tenho, por mais que eu tente não consigo enxergar como isso vai dá certo. Mas não vejo a hora de chegar logo amanha pra que eu possa encarar logo isso, se tem uma coisa que eu não sei fazer é esperar, prefiro que as coisas aconteçam logo, pelo menos você já sabe logo o resultado e não fica nessa ansiedade. Mas acho que meu nervoso só faz com que as horas demorem pra passar, cada vez que eu olho o relógio tenho mais certeza que o tempo parou, o dia se estende torturante, até que finalmente a noite chega, não sei nem ao certo se consegui dormir, foi uma mistura de cochilos com pensamentos, eu fechava os olhos e tentava dormir quando abria de novo parecia que o tempo ainda estava parado. Mas finalmente amanheceu. Eu me levantei antes do Peeta embora eu fosse sair depois dele, não conseguia ficar na cama nem mais um segundo. Eu tomei um banho, me vesti e fiquei lá em baixo olhando pela janela, o sol começando a se levantar, estava completamente distraída quando ele apareceu.
– Bom dia – ele sussurra no meu ouvido.
– Ai Peeta que susto – eu falo realmente assustada não ouvi ele se aproximando o que só mostra o quanto eu estava distraída afinal eu sempre escuto quando ele se aproxima.
– Não conseguiu dormir? – ele pergunta parando do meu lado na janela.
– Não muito bem! – eu falo olhando pro longe – Ainda não sei como eu vou fazer isso – eu falo baixo mais como um pensamento do que como um comentário, mas ele escuta.
– Relaxa Katss, vai dá tudo certo – ele fala sorrindo, eu olho pra ele e não posso evitar sorrir também, a confiança que ele me passa é impressionante. Eu me aproximo dele e o abraço.
– É, eu sei! – eu falo enquanto permaneço abraçada nele.
Ficamos alguns minutos abraçados olhando pro nada, depois tomamos café, Peeta sai e eu continuo esperando dar meu horário, até que chega a hora que eu tanto me apavoro.
Eu saio de casa e vou pra escola, pensando em mil maneiras do que fazer, do que falar, em como agir se tudo der errado. Chego a escola rapidamente e as crianças estão começando a chegar também, vou pra sala da diretora que me recebe como sempre simpática e sorridente, sua assistente me parece feliz demais também, me dando vários sorrisos, enquanto eu cumprimentava a diretora pude sentir que ela não tirava os olhos de mim, confesso que isso está me assustando mais ainda, se ela está agindo assim imagina o restante, mas já que estou aqui tenho que encarar. A diretora diz que vai me acompanhar até a minha turma, pra poder fazer as devidas apresentações, essa turma de hoje são de crianças entre 5 e 7 anos, quando o sinal toca nós nos encaminhamos pra sala de aula, a diretora entra antes e posso ouvir do lado de fora as crianças falando animadas, até que a diretora começa a falar e elas ficam em silêncio.
– Bom dia crianças – ela fala com uma voz alta porém calma e serena.
– Bom dia! – as crianças respondem com um grito alto.
– Quem aqui quer voltar as aulas de música? – ela pergunta.
Então mais uma vez há uma gritaria na sala, as crianças se agitam e depois começam a se acalmar.
– Então eu vou apresentar pra vocês a nova professora, mas todos tem que está sentados e quietinhos tudo bem? – ela fala mantendo a mesma calma na voz.
– Sim – as crianças respondem mas dessa vez sem muita gritaria.
Então ela vem até a porta e abre me dando espaço pra entrar, eu já estou tremendo de ansiedade e tento entrar sem tropeçar nem nada parecido, quando olho para as crianças todas estão sentadas no chão, em uma espécie de tapete que tem, elas estão em silencio ansiosas olhando pra porta, eu dou um sorriso nervoso enquanto olho pra elas, e então elas começam a soltar suspiros e até alguns gritos, algumas das crianças se levantam elas parecem surpresas e animadas, eu ainda estou tentando entender a cena quando uma das meninas que estava sentada logo na frente dá um pulo do seu lugar e falando rápido e alto ela começa a chamar as outras crianças.
– É a Katniss! Olha é ela, é ela! – ela fala dando pulinhos empolgando as outras crianças eu não sei o que fazer, como agir, olho pra diretora esperando que ela me ajude, ela apenas da de ombro sorrindo e fala.
– Eu disse que elas iriam gostar – em seguida ela sorri de novo e sai da sala, fechando a porta atrás dela. Me sinto perdida no meio disso, agora as crianças já estão contanto umas pras outras, meu nome ecoa por toda a sala, elas se aproximam, me tocam, sorriem e falam empolgadas, alguns minutos se passam assim até que eu consiga fazer algo.
Então eu faço sinal pra elas se acalmarem, não funciona muito.
– Oi! Crianças! – eu falo alto pra que elas consigam me escutar, então elas começam a diminuir as vozes parando em seus lugares.
– Bom dia! – eu falo quando elas se calam.
– Bom dia – elas respondem do mesmo modo que fizeram com a diretora.
– Meu nome Katniss !
Como se elas não soubessem – eu penso
– Agora eu vou ser a nova professora de música de vocês! – eu falo e eles começam a se empolgar de novo.
– Mas antes eu quero que todo mundo sente – eu falo mais alto que eles, porem calma, então todos se sentam e esperam em silencio.
– Agora eu quero que levante a mão quem gosta de cantar – eu falo também me sentando no tapete de frente pra eles. Todos levantam as mãos.
– Tudo bem, e quem sabe uma música e quer cantar agora – eu pergunto olhando pra eles, então a mesma menina que se levantou quando eu entrei na sala levanta a mão balançando agitadamente.
– Ok, você! – eu digo apontando pra ela – Qual musica você quer cantar? – eu pergunto.
– Eu queria que você cantasse a musica que você cantou pra Rue! – ela fala animadamente, e eu sinto como se tivesse levado um soco, minha respiração trava, meu coração acelera, sinto todo meu corpo tenso, eu não achei que ela fosse falar isso, eu sei que todos assistiam os jogos mas ela á apenas uma criança e ela viu o que aconteceu com a Rue e ela ainda quer que eu cante a mesma música que eu cantei quando a Rue estava morrendo. Quando me dou conta toda a sala está em silencio, e todos estão olhando pra mim, eu não sei quanto tempo passou, mas eu estava parada imóvel e eles me olhando esperando ansiosos, então me recupero.
– E se eu ensinasse outra música pra vocês? – eu pergunto minha voz ainda tremula.
Todos concordam e eu começo a cantar uma musica que meu pai costuma cantar comigo, sobre algumas flores coloridas, todos tentam acompanhar, então eu começo a ensinar a letra pra eles, eles estão animados e rapidamente pegam a letra, então nós cantamos todos juntos, o restante da aula passa até rápido depois do susto inicial, as crianças cantam felizes, e quando a aula acaba elas reclamam e não querem sair, mas eu digo que na próxima aula continuaremos e elas se conformam, eu saio da sala e ainda estou andando no corredor quando encontro a diretora.
– E então Katniss, como foi o primeiro dia? – ela pergunta também ansiosa.
– Bem – eu respondo ainda sem acreditar que consegui fazer isso, sem sair correndo ou sem estragar tudo.
– Que bom, então nos vemos amanhã? – ela pergunta me estendendo a mão.
Eu concordo com a cabeça e aperto sua mão, então ela se vai e me deixa no corredor sozinha, ainda não consigo acreditar, quero logo ir pra casa e contar para o Peeta, acho que no final ele estava certo. Rapidamente vou pra padaria já que não ia conseguir esperar mesmo, quando chego ele já estava saindo pra ir almoçar, nós seguimos juntos enquanto eu conto pra ele como foram as coisas, ele escuta cada palavra do que eu falo com um sorriso no rosto, quando chegamos em casa, eu termino de falar e contar tudo.
– Viu, eu não disse que ia dar tudo certo! – ele fala segurando minha mão e colocando um beijo nela.
– É, você estava certo, mas não foi fácil! – eu falo lembrando do momento que a menina falou de Rue eu realmente achei que não fosse conseguir.
– Katss, nada é fácil! Eu acho que a gente sabe muito bem disso – ele fala me olhando nos olhos – A vida é assim. Dificil. Mas ela pode valer a pena. É só se ter um pouco de coragem e você é a pessoa mais corajosa que eu conheço – ele fala e encosta a testa dele na minha, mantendo os olhos nos meus.
– Você que me deu essa coragem! – eu falo e nós nos beijamos, agora eu me sinto realmente próxima da felicidade, de um futuro melhor e mais feliz, eu finalmente estou fazendo algo bom e eu tenho Peeta comigo, não há nada que eu queira mais.
Depois disso essa se torna a nossa rotina, Peeta vai pra padaria e eu vou pra escola, confesso que ainda estou me acostumando mas conforme os dias vão passando cada vez mais as coisas se ajeitam, me sinto cada vez menos apavorada de ter que entrar na sala de aula, ou de ter que lhe lidar com as crianças, como Gale havia comentado Hazelle e as crianças voltaram pra cá pro distrito e eu sempre vejo as crianças aqui pela escola, Vick e Posy estão em turmas diferentes mas ainda tem as aulas de musica comigo e é reconfortante ver um rosto conhecido mesmo que eles sejam crianças, me sinto menos nervosa, parece que estou começando a me familiarizar com essas sensações e eu ainda tenho Peeta comigo o que só me ajuda mais ainda, nós estamos finalmente bem, levando uma vida normal, até Haymitch está mais tranquilo, acho que a brincadeira do ganso funcionou por que ele não está mais tão irritante quanto antes, embora eu ainda ache que ele esteja esperando o momento certo, mas pelo menos por enquanto ele está sob controle, claro que ele ainda aparece todos os dias, no almoço e no jantar, ele ainda coloca os pés na mesa, mas mudar tudo isso eu já acho que é impossível mesmo.
Mal percebo o quão rápido o tempo passa, mas já se passaram dois meses desde que eu comecei a dar aulas na escola e realmente está me fazendo bem.
Quando chega a noite eu sinto todas as minhas energias recarregadas, estar em casa, dormir abraçada com Peeta, são pequenas coisas que conseguem dar um sentido pra minha vida, eu ainda tenho alguns pesadelos, eu penso na Prim cada vez que eu entro na escola, pensa na Rue que também era tão nova, depois de algumas aulas as crianças voltaram a pedir que eu cantasse a música que cantei pra ela e chegou um momento que eu tive que fazer, enquanto eu cantava toda a dor que eu senti enquanto eu vivia aquela cena apareceu de novo, foi necessário todo meu auto controle pra que eu conseguisse terminar mas consegui.
Os dias passam sempre corridos, e um dia que eu não vou pra escola Peeta decidi também não ir trabalhar, tirar um dia de folga, então nós vamos aproveitar esse dia e eu decido levar Peeta até o lago, nós preparamos uma bolsa com algumas comidas, para fazermos um espécie de piquenique lá, o dia está fresco e claro, um ótimo dia pra se estar na floresta. Peeta fica encantado com o lago, nós nos sentamos, conversamos, comemos, rimos e ficamos deitados debaixo de uma arvore abraçados um ao outro. E é nessa hora que o sentimento de angustia me aparece, e por mais que não faça sentido sentir isso o sentimento é real demais pra eu ignorá-lo, instintivamente eu aperto meu braço em volta do Peeta. Meu peito se aperta com uma sensação que tudo isso pudesse acabar, e eu não posso suportar isso, não sei dizer de onde surgiu isso mas é um medo real demais, como se algo fosse acontecer.
– Katss, o que foi? – Peeta me pergunta preocupado me forçando a olhar pra ele então ele passa os dedos enxugando algumas lagrimas que escorrem no meu rosto.
Eu não falo nada, não quero falar e acabar atraindo algo ruim, eu só aperto meu braço em volta dele, coloco meu rosto no peito dele e permaneço quieta.
– Olha pra mim – ele diz se endireitando pra sentar e me levantando junto com ele – Me fala Katss, o que foi? – ele pergunta visivelmente preocupado.
– Eu não sei! – eu falo balançando a cabeça – uma sensação ruim – eu digo baixo como um segredo.
– Ei, está tudo bem! – ele fala me abraçando forte e beijando minha testa – Não vai acontecer nada! – ele fala tentando me acalmar mas não adianta eu não consigo.
– Peeta promete que a gente vai ficar junto, aconteça o que acontecer. – eu pergunto falando um pouco rápido demais. Ele sorri, me da um beijo rápido, me coloca no seu abraço de novo e fala com a voz segura e calma. – Sempre!
Eu continuo abraçada nele, desejando que isso seja apenas uma coisa da minha cabeça e que realmente não aconteça nada de ruim. Quando a tarde começa a cair nós nos levantamos, juntamos nossas coisas e voltamos pra casa, quando chegamos em casa já está escuro, nós subimos e vamos dormir, não consigo disfarçar meu humor, a angústia que ainda estou, então não falo muito, nós nos deitamos abraçados como sempre e eu durmo, desejando que nada aconteça.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo. . .
E eu queria agradecer vocês, vocês são lindos' sempre comentando, incentivando, dando dicas, vocês são perfeitos' OBRIGADAAAA...
PS: Já quero adiantar a vocês que as coisas vão esquentar rs' Pra quem estava achando muito parado, acho que vai melhorar... Um pouco de ação é sempre bom né?!
Continuem acompanhando'
AAAH se alguém tiver watsapp e quiser adicionar lá pode me add.
09180853162...
Beijos'



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