–Hein, você tá grávida? – eu perguntei.

–Ai Yummi até parece que você não percebeu. – Olivia me olhou meio incrédula.

–Se eu tivesse percebido não teria perguntado. – eu a olhei.

–Eita que pata... – Olivia foi interrompida pela Mingau.

–Ei vocês duas! Foco. –ela olhou pra Clarice. – Você está realmente grávida?

–Eu não tenho certeza. –Clarice nos olhou com olhos aflitos. –Tenho sentido uns enjoos, tonturas e tenho vomitado algumas vezes.

–É você está realmente grávida. – Olivia confirmou.

–Grávida? Grávida de um bebê? – eu perguntei me sentido meio perdida.

–Não Yummi, imagina, ela tá grávida de um ursinho. – Olivia me olhou franzindo os lábios.

–Por acaso você está sendo irônica comigo? – eu perguntei.

–Eu? Imagina. – ela sorriu

–Vocês duas, por favor, né? – Mingau nos olhou feio e voltou a olhar pra Clarice. –Há quanto tempo sua mestruação está atrasada?

Clarice mordeu os lábios e nos olhou meio nervosa.

–Um mês. – ela respondeu apertando os dedos.

–Sinto te dizer isso, mas você está grávida. – Olivia disse de novo aquela frase.

–Não é certeza. – Mingau disse. – Você precisa fazer o exame ou teste de farmácia pra confirmar.

–Testes de farmácias não são totalmente confiáveis, é melhor o exame de sangue mesmo. –Olivia olhou pra Clarice. –Minha tia é obstetra e eu posso pedir pra ela marcar uma consulta pra você amanhã se você quiser.

–É claro que ela quer. – Mingau respondeu por ela. – Se puder marcar pra depois da aula, melhor ainda.

–Tudo bem pra você, Clarice? – eu perguntei vendo seus nós dos dedos brancos.

–T- Tudo. – ela gaguejou.

–Gente, me atualiza aqui! Como a Clarice fez esse bebê? – eu perguntei.

–Ai Yummi! – elas riram e me abraçaram.

Depois do desmaio da Clarice e daquele tsunami de informações nós resolvemos dormir, Mingau havia arrumado vários colchões no seu quarto, eu dormiria num colchão com a Clarice e a Mingau com a Olivia. As meninas ficaram um bom tempo conversando assuntos bobos, eu percebi que nesse tempo a Clarice estava muito distante. Ela com certeza já suspeitava disso e por esse motivo estava estranha com o Pedro. E ele pensando que ela não o amava mais, haha mal sabe ele o verdadeiro motivo.

–Era por isso que você estava estranha com o Pedro? – eu perguntei assim que a Olivia e a Mingau dormiram.

–Bom. – ela me olhou tristinha. –Eu sou mulher Yu, e quando comecei a passar mal e minha mestruação atrasou eu comecei a suspeitar que pudesse estar grávida. Eu pensava nisso o tempo todo e pensava se o Pedro ia aceitar ou não.

–E por isso se afastou dele? – eu perguntei e ela assentiu. – Ele tá pensando que você não o ama mais.

–Que bobo! – Ela riu. –Ele não tem noção de quanto o amo.

–Ele também te ama. – eu disse. – E se você estiver mesmo esperando um baby, ele vai te amar ainda mais.

–Será? – ela me olhou com medo.

–Tenho certeza que sim. – eu a abracei.

–Mas e você e o Bernardo? – ela perguntou rindo alegrinha. Olivia gemeu um cala boca e bateu na Mingau. –Ops! Conta tudo.

–Eu tô tão apaixonada por ele! – eu falei me sentindo nas nuvens.

–Tô percebendo. – ela me olhou ternamente.

–Ele é incrível, o beijo dele é o melhor do mundo, o sorriso dele é o melhor do mundo. – eu sorri toda boba.

–Fico muito feliz por ver você assim. – ela me abraçou. – Vamos dormir, amanhã temos um dia bem cheio.

–Vamos. – eu disse. Ela me desejou boa noite e virou para o outro lado. Fechei os olhos e o meu primeiro pensamento foi num certo par de covinhas. Sorri e dormi pensando no quão eu estava feliz apesar de tudo. Acordei com o despertador da Mingau tocando uma musiquinha extremamente irritante.

–Argh desliga isso. – Olivia colocou o travesseiro no rosto.

–Hora de acordar madames! –Mingau já estava de pé. Incrível como essa criatura sempre acordava disposta.

–Só mais cinco minutinhos. – Clarice puxou a coberta para o rosto.

–Nada disso, podem levar já. –Mingau puxou o meu cobertor e o da Clarice e tirou o travesseiro do rosto da Olivia.

–Você é muito má. – eu disse a olhando feio.

–E muito linda também. – ela piscou. – Vou tomar banho.

As meninas e eu levantamos e arrumamos os colchões, Mingau saiu do banho e a Olivia entrou no lugar dela.

–Vou fazer um café bem gostoso pra gente. – Mingau já estava pronta e desceu até a cozinha.

–Vai lá. – Clarice e eu dissemos juntas.

–Olivia sai logo desse banheiro. – Clarice bateu na porta.

–Já vou. – Olivia abriu a porta enrolada na toalha. –Pode entrar estressadinha.

–Tô apertada. –Clarice entrou correndo no banheiro.

Olivia se arrumou e ligou pra sua tia e marcou a consulta da Clarice, seria às duas e meia. Ela desceu pra tomar café. Clarice saiu do banho e eu entrei em seu lugar, tomei um banho bem quentinho e me arrumei, desci e as meninas estavam me esperando pra tomar café. Tomamos café e fomos andando pra escola. Estava frio pra cacete e todas nós estávamos congelando.

–Ai que frio! – eu puxei as mangas do meu moletom.

–Cadê os meninos? – Olivia perguntou sentando no nosso banco.

–Devem estar chegando. – Mingau disse.

–Ah, Clarice minha tia marcou uma consulta pra você às duas e meia. –Olivia disse.

–Consulta de que? –Pedro perguntou. Ele e os meninos tinham chegado e nos nem tínhamos visto.

–Consulta? Quem disse consulta? –Olivia perguntou sem graça.

–Você disse consulta da Clarice. – ele olhou pra ela. –Consulta de quê, Clarice?

–Consulta normal, de rotina. – Clarice o respondeu.

–Hm ok. – ele assentiu e lhe deu um selinho.

As outras já tinham ide se agarrar com seus meninos e eu olhei pro Bernardo que estava me encarando.

–Oi. – ele se sentou do meu lado no banquinho.

–Olá. –eu peguei em suas mãos, estavam frias por conta do frio. –Sonhou com o que essa noite?

–Sonhei com uma menina linda de cabelos pretos e lindos olhos verdes. – ele me olhou e eu corei. –Sonhei que ela me beijava e dizia que me amava. –ele me abraçou.

–Engraçadinho. – eu apertei seus dedos. Ele me beijou e aquele beijo me fez esquecer o frio. Eu estava muito quente na verdade. Ele mordeu meu lábio e ficou puxando.

–MAS QUE DROGA É ESSA? – alguém gritou e o Bernardo se assustou e com isso machucou meu lábio. Olhei pra ver quem era e vi que era a Rebitch. Ela estava de short curto até nesse frio? Só podia ser biscate mesmo.

–O que você quer Rebeca? –Bernardo perguntou grosso.

–Quero saber por que você está beijando essa ai. –ela apontou pra mim com desdém.

–Simples. – ele sorriu. –Porque essa aqui é minha namorada. NA-MO-RA-DA. – Ele disse e ela fechou a cara.

–Você só pode tá brincando comigo. – ela cruzou os braços e me encarou como se fosse me aniquilar naquele momento. –Eu nunca vou aceitar isso. Tá me ouvindo NUNCA.

–Eu não pedi sua permissão. – Bernardo deu os ombros. –Será que você pode nos dar licença? – ele se levantou e me puxou e saímos.

–Você não vai ficar com ele Yummi. Se ele não for meu ele não será de ninguém. –A ouvi murmurar entredentes.

–Eu não aguento mais essa garota. – Bernardo disse me encostando na parede da biblioteca.

–Ela parece gostar muito de você. – eu disse colocando minhas mãos no seu pescoço.

–Uma pena pra ela, porque a única garota que eu realmente gosto tá bem aqui na minha frente. – ele voltou a me beijar e eu gemi e me afastei. –Que foi?

–Meu lábio machucou naquela hora. –eu disse.

–Desculpa. – ele me deu um selinho leve e o sinal tocou. –Hora da tortura, preparada?

–Não. – eu ri e fomos pra sala.

Assistimos a todas as aulas tranquilamente. Quando terminou as meninas resolveram que nós nos encontraríamos na casa da Mingau as uma da tarde e de lá iriamos pra clinica fazer o exame da Clarice. Bernardo e eu almoçamos e eu liguei o Skype pra falar com a Nick e ela estava com uma estranha animação. Bernardo e eu resolvemos contar da gente quando eles chegarem. Vai que eles pensam que vamos fazer besteira. Depois que terminei de falar com ela fui tomar banho na velocidade da luz e me arrumar no mesmo estilo.

–Hm, que horas você volta? – Bernardo me perguntou.

–Não sei. – respondi procurando meu celular. –Você viu meu celular?

–Não é esse que tá na sua mão? – ele apontou.

–Ah é. – eu bati na testa e ri. –Sou lerda mesmo.

–Sim, minha lerdinha. –ele me beijou. Droga que efeito maluco o Bernardo causava em mim. Minhas pernas estavam derretendo e eu estava sentindo um calor do cão. Ele me imprensou na parede e me beijou mais ainda. Minhas pernas estavam formigando, e aquela coisa que voa na minha barriga veio com força. Ele desceu os beijos até o meu pescoço, sentir sua língua no meu pescoço me tirou o folego. Comecei a respirar com dificuldade e ele voltou pra minha boca. Tava muito bom. Meu celular vibrou.

–Tá... Tocando. – eu falei e o Bernardo me soltou, olhei na tela e vi que era Mingau. –Alô, já tô indo, tá, calma. Beijo.

–Eram as meninas? – ele perguntou todo vermelho, tanto por conta dos beijos e tanto pelo batom.

–Sim, estou atrasada. Tenho que ir. – eu peguei minha bolsa em cima do sofá. –Beijos, nos vemos mais tarde.

–Beijos. – eu o ouvi gritar, fechei a porta e sai correndo pra casa da Mingau. Em 10 minutos cheguei arfando.

–O-Oi. – eu disse sem ar.

–Oi dona atrasada. – elas disseram juntas.

–C- Corri muito pra chegar aqui. – eu disse recuperando meu folego.

–Hm, e esse batom borrado ai? – Olivia deu uma risadinha.

–Nada. – eu passei a mão e limpei. – Vamos?

–Vamos.

Pegamos um ônibus e logo chegamos a clinica, Olivia perguntou pela tia dela e logo a Clarice já tinha ido fazer o exame.

–Você pode esperar ali, o resultado saí em 30 minutos. – a moça disse e nós nos sentamos e ficamos esperando.

–Tô nervosa. – Clarice apertou as mãos até os seus nós ficarem brancos.

–Calma. – eu peguei uma de suas mãos.

Tentamos distrair a Clarice durante esse tempo, mas não deu muito certo, ela estava muito nervosa. Então ficamos em silencio nesses 30 tempos e eles pareceram uma tortura.

–Clarice Moura? –a moça perguntou.

–Eu. –Clarice levantou.

–Aqui seu exame. – ela entregou o envelope. Clarice pegou o envelope e o abriu, seu olhos se arregalaram e elas nos olhou.

–E ai? – Mingau perguntou.

–E- Eu... Estou grávida. – ela começou a chorar descontroladamente.

–Calma Clarice. –eu levantei e a abracei.

–C-Como v-vou contar isso pros meus pais? – ela começou a soluçar. –E pro Pedro?

–Primeiro para de chorar. – Olivia se levantou e veio até nós. –O Pedro não foi homem pra fazer? Ele vai ser muito homem pra assumir também.

–Vai dar tudo certo amor. – Mingau veio e nos abraçamos a Clarice numa espécie de abraço em grupo, Clarice soluçava. E foi ai que vi a Rebeca e a Ana Elisa entrando na sala da tia da Olivia. O que essa biscate tá fazendo aqui?