Subentendido escrita por Anne


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, sei que estou em dívida (postagem nas sextas) e eu até poderia ter postado na sexta, um capítulo menor, mas não tenho certeza se faria vocês tão felizes quanto agora o/
Então, parte desse capítulo foi baseado, inspirado no beijo na cozinha do carnaval (sim, aquela perfeição de beijo que vocês também devem amar), porque eu achei que foi uma perfeição e achei que se encaixava no momento.
MatFias, não me matem, próximo capítulo vamos ter melhores explicações do que realmente vai acontecer.
BenFias, esse capítulo é para vocês, curtam, aproveitem, compartilhem, enfim... Comentem!
Beijos, até o próximo.
P.S.: Versos utlizados no final do capítulo são de Parachute, The Mess I Made (música de inspiração para o capítulo).



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– Ai, eu tinha me esquecido o quanto é péssimo esse chuveiro – a loira fala com a imagem da sua melhor amiga, Flaviana, do outro lado da tela do notebook, enquanto seca levemente os fios de cabelos loiros, agradecendo mentalmente pela sorte de ter encontrado seu shampoo e condicionador importado intacto. Ela havia esquecido no antigo quarto e Giovana não havia encontrado, isso era algo tão surreal de se acontecer – Só o Pedro pra me fazer aguentar isso aqui.

– Tá, para de fazer drama e agora me conta que história é essa de você e o “gatolícia” do Matheus estarem namorando? – Flaviana indaga, gesticulando as mãos, ansiosa, com um sorriso no rosto.

– Como que você já tá sabendo disso Flaviana? – Sofia rebate odiando não ter um dos seus cremes hidratantes por perto, mas aí seria sorte demais.

– A tapada da Bruna que veio falando nisso, e já postaram no 2.0 – Flaviana responde risonha – E no grupo do whatsapp do não se fala em outra coisa.

– Vocês não fizeram um grupo no whatsapp para o Matheus né? – a loira franzi a sobrancelha achando a ideia patética, mas, não duvidava nada daquelas malucas das micas.

– As micas fizeram, eu fui obrigada a entrar, como fundadora, eu tinha que ver o que elas estavam aprontando enquanto você estava no hospital com o Pedrinho, aliás, como ele está?

– O caso dele é estável, e ele parece bem, mas é óbvio que a minha mãe e o Ronaldo estão escondendo alguma coisa, e eu vou ter que descobrir... Ai Fla, você bem que podia vir dormir aqui né? Não sei se vou aguentar isso não!

– Você sabe muito bem que eu não posso, meus pais não querem que eu pise tão cedo no Grajaú – a morena prossegue parecendo chateada.

– E desde quando seus pais se importam em você vir pra cá?

– Desde quando eles descobriram que eu e o Serguei... – ela revira os olhos, sem conseguir avançar nas palavras.

– Que vocês namoram? – a loira continua pela amiga, com um sorriso no rosto.

– Não é bem um namoro né Sofia! – a morena fala sem conseguir definir direito seu relacionamento com o ruivo – Está mais para uma ficada mais séria.

– Para os seus pais parece que é namoro sim – Sofia sorri maliciosa, enquanto a amiga revira os olhos, não querendo admitir – Quem diria que seus pais só iam se importar com você quando soubessem que você namora o cabelereiro do Grajaú!

– Olha, eu não quero falar sobre isso – ela parece chateada, mas, logo abre um sorriso – Eu quero detalhes de como foi o pedido de namoro.

– Ai Flaviana, sei lá, foi normal sabe – ela se esforça para continuar mediante o rosto cheio de expectativa da amiga – Você sabe, o Matheus tem umas coisas meio idiotas, parecidas com a Anita, essa coisa toda de ser certinho, e pedir a mão para os pais... Ele queria se ajoelhar e pedir minha mão pra minha mãe, acredita? Patético.

– Ih, parece que tem alguém aqui que não tá muito animada com o namorado gato – Flaviana fala percebendo algo diferente na voz da melhor amiga – Pode ir me falando, o que aconteceu?

– O Ben...

– Ah, não, o Ben de novo?

– Óbvio que não né Flaviana, esqueceu que esse idiota é apaixonado pela minha irmã – seus olhos se abaixam por alguns segundos e depois ela volta a olhar para a tela, parecendo pensativa – É só que, ele já falou várias vezes que eu vou me machucar com o Matheus... E no começo eu achei que era implicância, mas agora tô começando a achar que ele sabe de alguma coisa que eu não sei.

– Será que ele não está blefando?

– Eu pensei nisso inicialmente, mas, você imagina mesmo o Ben inventando algo assim? – seus olhos percorrem o quarto – Não faz sentido!

– Bom, para mim tá é na cara que o Ben ainda tá na sua, ele já pegou as duas irmãs, não pode ser tão certinho assim, ele pode estar com ciúmes, não pode?

– Só se for da sonsa da Anita, ai, você precisava ver, aquela ridícula ficou dando em cima do Matheus hoje no hospital, óbvio que pra me atingir, coitada – a loira ouve passos reboando na escada – Tem alguém vindo, vou ter que desligar, nos falamos amanhã tá?

Sofia fecha o notebook rapidamente e em segundos uma ruiva com fones de ouvido aparece. Ela bufa levemente ao ver a loira no quarto e deita na sua cama, cantarolando alguma música desconhecida pela loira. Apesar da voz doce e bonita, alguns versos saem desafinados, irritando a loira que estava com dor de cabeça e cansada pelo exaustivo dia.

– Giovana, dá pra você ir cantar em outro lugar, eu tô com dor de cabeça – a loira fala em tom autoritário, sem conseguir esconder a irritação no semblante. A ruiva a ignora e começa a cantar mais alto, um sorriso travesso surge em seu rosto, indicando que a mesma estava ciente do pedido de Sofia, mas, por gostar de provocar a patricinha, seu tom de voz aumenta e fica mais desafinado. E isso se estende por longos minutos para Sofia.

Seus olhos vão na direção da ruiva, e num impulso ela levanta e vai até a “irmã”. Seus dedos ágeis vão até o celular e desconectam o fio do fone, e com a mesma destreza seus dedos deixam o celular cair no chão.

– Opa, caiu – a loira fala tapando a mão com a boca dissimulando estar preocupada. Um sorriso sarcástico aparece em seus lábios – Acho que agora você vai me ouvir, né?

– Eu não acredito que você fez isso, sua ridícula – a menor esbraveja com o rosto vermelho. Suas mãos alcançam o celular e seus olhos se arregalam mediante a tela preta – Você detonou o meu celular, sua idiota.

– Celular detonado, roupa detonada... Combina com você Giovana, agora da próxima vez você vai aprender a me ouvir – a loira retruca ríspida, sentindo prazer em ver a ruiva irritada.

– Eu vou te matar Sofia, e vai ser agora – Giovana rebate puxando o cabelo da loira que retruca, arranhando o braço da ruiva. Ambas gritam e pronunciam xingamentos uma para outra. Sofia se desvencilha e consegue segurar Giovana. Em poucos segundos, Vitor aparece, seguido por Pedro, Anita e um Ben, com uma toalha enrolada na cintura. Vitor com a ajuda de Anita, segura Giovana, enquanto Ben tenta segurar Sofia. Ambas tentam se soltar, sem sucesso.

– Alguém pode me explicar o que tá acontecendo aqui? – Ben fala, num tom autoritário. As duas se encaram por alguns segundos, ofegantes, mas é Giovana quem começa falando.

– A ridícula da Sofia quebrou meu celular – a ruiva fala sem esconder sua irritação.

– Você mereceu, sem falar que, francamente, isso nem pode ser chamado de celular – a loira retruca com ironia na voz, fazendo Giovana se remexer nos braços de Anita.

– Você é uma víbora garota!

– Sofia, eu não acredito que você fez isso – Anita reprova a irmã mais nova – Você passou dos limites dessa vez!

– Como sempre defendendo essa ralé né Anita? – Sofia fala se defendendo – Ela provocou e teve o que mereceu.

– Essa é a minha casa garota, eu canto alto se eu quiser, você não é nada aqui, ninguém gosta de você – Giovana responde fitando Sofia com os olhos azuis crispando ódio – Me solta Anita, eu não vou dormir no mesmo quarto que essa cobra, eu vou no Embaixada falar com meu pai e vou dormir na Clara. Só que antes, você vai me pagar garota, tá ouvindo bem? – ela continua apontando o dedo na direção da loira que a ignora. Anita solta a ruiva e ela saí do quarto.

– Eu vou atrás dela – Ben discursa soltando Sofia e indo em direção a porta.

– Tem certeza de que você vai assim Ben? – Pedro pergunta coçando a nuca, enquanto Ben se vê numa situação embaraçosa. Sofia se acalma por um tempo e permite-se olhar para o abdômen do moreno, só agora percebendo que ele estava de toalha.

– Deixa que eu vou atrás dela Ben – Anita fala depois de alguns segundos e sai do quarto - Espera Gio, eu vou com você – eles a ouvem falar. Vitor segue Anita, lançando um olhar enojado para Sofia.

– Acho que eu vou junto – Pedro fala parecendo decepcionado com a irmã – Mas você precisa comprar um celular novo pra ela Sofia – ele fala antes de fechar a porta e deixar Ben e Sofia sozinhos de novo.

Sofia vai até a cama e senta de costas para o garoto. Ela pode sentir o olhar de reprovação do garoto em suas costas, mas, sem forças para encarar o moreno, apenas rebate com raiva.

– Que foi Ben, vai dizer que eu também fui errada? - ela indaga de maneira ríspida, seus olhos encontram o carpete gasto do casarão e pela primeira vez em tempos ela se sente envergonhada.

– E não foi? – ele responde parado, sem conseguir entender o porquê se importava tanto com Sofia – Você sempre dá um jeitinho de estragar tudo não é Sofia?

– É, eu sempre dou um jeitinho de estragar tudo sim – ela levanta e anda pelo quarto, um sorriso irônico nos lábios, os olhos marejados – Mas vocês adoram me acusar sem saber se eu tive motivos para fazer o que eu fiz.

– Ótimo, então começa, quais foram os motivos dessa vez? – ele gesticula as mãos e depois as cruza em frente ao peito. Sofia o encara e um certo rubor aparece em sua face ao pensar em estar sozinha no mesmo quarto com um Bem quase nu.

– Eu não te devo satisfação nenhuma – ela fala ignorando seus nervosismo em estar sozinha com Ben, bem como as batidas do seu coração, que pareciam querer pular para fora do seu corpo – E você está só com uma toalha, seu pervertido – sua voz sai fina, e soa quase histérica, mas Ben parece não perceber.

Ele fita o próprio corpo, e percebendo que estava com a toalha enrolada no corpo, fica sem jeito, mas ainda assim seus olhos encontram os da loira.

– Isso ainda não acabou – ele caminha até a porta e a bate assim que passa por ela.

– Eu te odeio, seu... – Sofia grita para o outro lado da porta, mas titubeia sem saber direito como prosseguir. Sua voz se cala e ela se lembra da imagem de Ben só com a toalha. Ela deita na sua cama com raiva e sem conseguir fazer nada, acaba tendo pensamentos recorrentes sobre um certo garçom psicopata.

_______________

Ben revira na cama, sem conseguir dormir e observa o relógio na cabeceira da sua cama, indicando que eram 3 horas da madrugada. Seus dedos apertam o botão do antigo rádio relógio e uma música suave começa a tocar. E sua mente o leva para Sofia.

Deveria ter te beijado
Eu deveria ter segurado seu rosto
Eu deveria ter encarado seus olhos
Em vez de fugir para outro lugar
Eu deveria ter te ligado
Eu deveria ter dito o seu nome
Eu deveria ter me virado
Eu deveria ter olhado de novo

Ele queria que as coisas fossem mais fáceis, sua relação com a loira, definir seus sentimentos por ela. Sabia que sentia algo muito forte por ela, não tinha mais como negar isso para si mesmo. Era algo tão intenso, pulsante, que queimava dentro de si e não o deixava pensar direito. Já com Anita, havia algo nela que o acalmava e as suas palavras o tranquilizavam, tudo era mais leve e parecia ser mais fácil. Anita era um lago calmo e sereno, que ele poderia mergulhar tranquilamente, sem se preocupar em se afogar ou algo do tipo, era acolhedor. Sofia era um mar revolto, com ondas enormes de transpor, redemoinhos no meio no caminho, cheio de seres mágicos no caminho o encantamento e o levando a se afundar cada vez mais. Talvez ela fosse uma sereia, disposta a encanta-lo com sua beleza até fazer ele colidir e afundar em águas desconhecidas. E ele sabia que era burrice, mas queria estar no mar avassalador, queria ser encantado ainda mais por sua beleza, queria estar com Sofia, tão diferente dele, mas que o fazia sentir coisas tão fortes. E agora ele se arrependia de toda a bagunça que ele havia feito, e temia que não houvesse mais volta.

Eu deveria ter falado
Eu deveria ter orgulhosamente reivindicado
Essa culpa martelando na minha cabeça
Por todos erros do meu coração Mas oh, eu estou olhando para a bagunça que fiz
Eu estou olhando para a bagunça que fiz
Eu estou olhando para a bagunça que fiz
Assim você vira, você pega seu coração e vai embora

Ele desliga o rádio e suspira indo em direção a cozinha. Haviam coisas mais importantes para se preocupar no momento, apesar da sua mente o enganar constantemente. Havia conseguido convencer Giovana a não contar nada para Vera sobre o ocorrido mais cedo, e o seu pai também havia concordado em não contar nada para Vera e sua voz parecia perdida quando disse que daria um celular novo para a ruiva. Não houve sermões, repreensão, nada, além do silêncio e de um olhar triste e perdido. Esperava seriamente que não houvesse nada de errado com Pedro, com o pai, ou seu casamento. Sabia, que apesar das dificuldades o pai estava mais feliz do que nunca agora, e gostava de pertencer a essa família grande e conturbada as vezes, havia muito amor ali. A casa parece silenciosa, e ele vai se guiando pela luz que vem lá de fora até a geladeira, até seus olhos encontrarem a loira, agachada, com a cabeça abaixada. Ela estava chorando.

– Sofia – ele chama a atenção da loira, se abaixando e ficando na sua altura – Você tá chorando? – sua voz sai preocupada – Tá tudo bem?

– Não Ben, tá tudo errado – ela responde com rispidez – De qualquer maneira isso não é importante para ninguém... – sua voz morre e ela engole seco antes de continuar – Dessa casa.

– Ei, não é bem assim – Ben nega, consciente da aproximação dos dois. E tudo que ele consegue ouvir nesse momento é a respiração entrecortada da loira, bem como seus soluços. Ele quer parar com isso – É importante para mim.

– Importante para você? – a voz sai com ironia e ela franzi a testa – Nunca foi importante para você Ben, até minha mãe e o Pedro... – sua voz morre e ela levanta e se afasta do moreno – O Pedro não tá falando comigo agora, tudo por causa daquela idiota da Giovana.

– Culpar os outros pelos seus próprios erros não vai adiantar nada – ele fala cauteloso, enquanto ela lança um olhar irritadiço na sua direção.

– Vem cá, eu vou ter que ouvir seu sermão também? – ela indaga cruzando os braços na defensiva – Porque parece que hoje todo mundo resolveu soltar seus recalques em cima de mim, só porque eu sou sincera e luto por aquilo que quero. Que mal a nisso?

– Nenhum – ele se aproxima lentamente – Desde que você não passe por cima das outras pessoas. A Giovana não me contou direito o que aconteceu lá em cima, então, que tal você me contar o que aconteceu.

Ela o encara desconfiada e revira os olhos ao constatar que o mesmo não estava blefando. Seus braços se descruzam e ela tem uma postura mais relaxada.

– A Giovana, ela consegue me tirar do sério e eu sei que ela só faz para me provocar, com certeza deve ter inveja – Ben suspira tentando se manter neutro mediante tudo que a loira o falava – Óbvio que ela ia torrar minha paciência até eu tomar alguma atitude, aquela idiota, ela ficou cantando alto, como se eu quisesse ficar ouvindo a voz dela depois de ter encarado um dia inteiro naquele hospital.

– Porque você simplesmente não pediu para ela ficar quieta, ou cantar em outro lugar?

– Você não entendeu nada do que eu falei né Ben – ela gesticula as mãos – Aquela garota é uma peste, você acha realmente que eu não pedi para ela parar? – uma das suas sobrancelhas se arqueou – Que eu adoro dar uma de louca e sair por ai jogando o celular dos outros no chão?

– Eu não falei isso... – ele tenta se justificar, mas a loira o interrompe.

– Não falou mas foi o que pensou – ela o encara magoada e uma lágrima corre pela sua face - Sempre vai ser minha culpa, eu sempre vou ser a errada, de tudo, até do seu namorinho com a minha irmã, eu fui a culpada por vocês terminarem não é?

– Ei, não fica assim – ele a puxa de encontro ao seu corpo e a abraça junto ao corpo sentindo as lágrimas molharem sua camisa – Eu sei que não tenho sido um cara muito legal com você, e eu queria me desculpar por isso. Você não culpada por tudo que acontece, no fundo você é uma garota legal.

– Você não acha isso – ela fungou, não querendo acreditar nas palavras dele.

– Eu acho sim – ele levantou seu rosto, o fitando com carinho, em especial seus olhos verdes e seus lábios – Acho que só você precisa acreditar nisso – sem pensar muito seus rostos se aproximaram cada vez mais, ele sentiu a respiração da garota em seus rosto e seus lábios encostaram nos dela, e o beijo que começou suave se aprofundou, enquanto um desejo reprimido a muito tempo pelos dois parecia transpor todas as barreiras que haviam construído entre si. Sofia permitiu a passagem da língua de Ben pela sua boca e suas mãos, empostas na nuca e no cabelo do moreno o puxarão para mais perto de si, ao mesmo tempo que ele a puxava pela cintura e colava mais ainda seu corpo ao da loira.

[...] Continua


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Notas finais do capítulo

E aí, o que será que vai acontecer no próximo capítulo?
O que vocês acharam desse capítulo, gostaram?