Subentendido escrita por Anne


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores!
Então, mais um capítulo para vocês, esse um pouco mais curto, vou explicar porque.
Como alguns de vocês já devem saber, estou com meu novo projeto, a fic "Alucinação" então terei que me dividir entre as duas fics e os capítulos de subentendido vão ficar mais curtos, mas não chorem, como alguns leitores perguntaram como ficaria a postagem, pretendo deixar para postar os capítulos toda sexta, das duas. Claro que pode acontecer de, eventualmente eu postar um antes, ou depois, já que meu tempo livre é escasso, mas vou me esforçar para postar toda sexta.
Link de "Alucinação": http://fanfiction.com.br/historia/487587/Alucinacao/
Beijos, e até sexta que vem então



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– Lar, doce lar – Ronaldo comenta se espreguiçando, entrando no casarão, enquanto os outros membros da casa se empurram em direção a geladeira. Vera tenta contornar a situação, pedindo calma para os filhos. Vitor e Giovana parecem estar prestes a se matar por um pacote entreaberto de biscoito recheado. Ben e Pedro parecem estar conversando em um canto mais afastado. O mais velho mostra algumas fotos para o pequeno, que sorri, parecendo inerte a todo aquele fuzuê. Sofia observa os irmãos por alguns segundos, e um sorriso aparece em seu rosto, antes de se sentar no antigo sofá e fechar os olhos por alguns segundos. Sente algo quente e peludo e ao abrir os olhos se depara com fulano, aos seus pés.

– Você sentiu minha falta? – ela sussurra baixinho. Fulano apenas levanta a cabeça e olha diretamente em sua direção por alguns segundos, antes de esfregar a cabeçorra em suas pernas. Depois seus olhos se prendem ao dono e ele corre até o caçula do casarão, dando uma lambida no rosto do pequeno, que lhe faz um afago na cabeça e ri. Odiava admitir para si mesma, mas havia sentindo tanta falta disso.

– Parece que o Pedro tem um bom poder de convencimento – Ronaldo fala de maneira indireta, e observa de relance a garota por alguns segundos. Os pés propositalmente encostados no apoio da mesa, enquanto foleava o jornal do bairro sem muito interesse.

– Eu faço qualquer coisa pelo Pedro, até voltar pra esse muquifão – Sofia responde olhando o padrasto, que por de trás do jornal, sorri, sabendo que por de trás de toda aquela marra, a enteada havia sentindo saudades do lar, mas nunca admitiria. Ele baixa o jornal e seus olhos encontram os da loira.

– Bom saber disso Sofia, o Pedro tem um apreço muito especial por você... E – ele coça a barba rala do queixo – Não só o Pedro, todos nós dessa casa amamos você, alguns mais, outros menos, mas você faz parte dessa família. Pensa nisso! – ele termina por fim, dando um sorriso breve, deixando a loira sozinha, perdida em seus pensamentos.

Não conseguia imaginar alguém, além da sua mãe e Pedro que a amasse naquela casa, mas algo nas palavras de Ronaldo a deixaram em dúvida. Ela franziu a testa pensando em tal possibilidade de Giovana e até mesmo Vitor nutrirem algo de bom por ela. Parecia ser uma ideia absurda, ela sorriu para si mesma, um sorriso amargo e irônico... Pensou em Ben e Anita. Esses mesmo vão me odiar por resto da vida, ela refletiu, fitando a família sentada a mesa, ainda brigando por comida. Aquele definitivamente não era o lugar dela.

– Ei Sofia – Pedro a chamou, vindo em sua direção, correndo.

– Pedro, meu filho, não corre, você ainda tá em recuperação – Vera repreende o pequeno, que suspira e revira os olhos para mãe, andando a passos lentos até a irmã.

– Vem – ele puxa a irmã pela mão – O Ben tá me mostrando umas fotos incríveis de uma viagem que ele fez com a mãe dele pro Egito.

Ela deixa se levar pelo irmão, a contragosto, mas sem querer decepcionar Pedro.

– Egito? Sua mãe viajava bastante para quem era ilegal nos Estados Unidos – a loira discursa irônica se aproximando do moreno, que sorri para o álbum.

– Ela não era ilegal... Ela conseguiu se casar com um americano, por isso tenho dupla cidadania – Ben responde fitando os olhos da loira.

– Isso foi antes do Hernandez?

– Foi – ele respondeu categórico.

– Sua mãe não perdia tempo hein!

– Ele era um amigo, eles não tiveram nada – Ben fala convicto revirando os olhos – Depois a minha mãe conheceu o Hernandez e se apaixonou por ele, e o Brian, que é o nome desse cara que casou com a minha mãe, precisou se mudar para Nova York – ele parou parecendo pensativo - Ele foi um cara incrível, ajudou muito a gente quando chegamos lá.

Um silêncio perdurou por alguns segundos. Sofia sabia por cima que Ben e a mãe haviam passado necessidades quando foram morar nos Estados Unidos, mas ele nunca tocava muito no assunto. Ela se sentou ao lado de Pedro, e por fim disse.

– E ai, vão me mostrar as fotos ou não?

Pedro sorri e pega o álbum das mãos do irmão. Sofia observa a primeira foto, de um garoto com aproximadamente 10 anos com uma camiseta do Brasil, em cima de um camelo, sendo bem segurado por uma mulher loira e sorridente. Os cabelos castanhos cacheados quase cobrindo-lhe os olhos, um sorriso arteiro no rosto.

– Ai meu Deus, você era tão fofo Ben – Sofia fala sem pensar, enquanto Pedro sorri – E essa é a sua mãe? Caramba, ela era bonita. E olha essa bolsa, é uma Louis Vuitton, eu tenho certeza e foi a mesma bolsa que a Audrey Hepburn apareceu em um première na década de 60, que, obviamente sua mãe comprou no relançamento da coleção no início de 2000.

– Essa é sim a dona Cícera – Ben fala parecendo reservado – E como você pode perceber, ela era bem deslumbrada e fútil também.

– Só porque ela tinha bom gosto para bolsa? – Sofia retruca encarando os olhos de Ben, magoada. Sabia que aquele “também” havia sido destinada para ela.

– A bolsa parece ser legal – Pedro comenta tentando apaziguar a situação entre os irmãos – Sabia que o Ben está em frente a esfinge com a pirâmide de Quéfren ao fundo, uma das sete maravilhas do mundo? – Pedro indaga extasiado – Esse lugar é incrível. Essa pirâmide tem 146 metros de altura, equivalente a um prédio de 50 andares, sem falar na esfinge, você sabia que o corpo dela é de um leão?

– Parece ser legal? – Sofia pergunta sarcástica ignorando a fala pregressa do irmão - Essa bolsa é uma relíquia Pedro, qualquer pessoa em sã consciência reconheceria isso – seu olhar vai para Ben, que revira os olhos, emburrado.

– Para mim isso é só uma bolsa, que representa uma futilidade mediante a toda a desigualdade que existe no mundo!

– Ah, claro, esqueci que estava falando com o embaixador da UNICEF e do Greenpeace – Sofia sorri, de modo irônico – Essa moda que você acha tão fútil emprega milhares de pessoas ao ano.

– Ah claro, trabalho escravo né, em países subdesenvolvidos – Ben franzi a sobrancelha – É esse tipo de trabalho que essa sua bolsinha aí representa.

– Nisso eu vou ter que discordar de você Ben – Pedro fala encarando os irmãos – Existem muitas empresas que se preocupam com seus funcionários, bem como com responsabilidade social, ecossistema.

– Mas não são todas Pedro, a grande maioria explora mão-de-obra barata e isso também não dá o direito de eles cobrarem rios de dinheiro por uma bolsa.

– Deixa Pedro não adianta tentar falar com esse aí – Sofia discursa cruzando os braços e virando a cara – Ele acha que é o Che Guevara do Grajaú e que suas ideias vão mudar o mundo.

– Eu não acho que eu sou o Che Guevara do Grajaú, da onde você tirou isso? – Ben gesticula a cabeça em negação, olhando de relance para a loira – Olha eu desisto.

– Crianças, venham comer! – Vera grita, se direcionando a Ben, Pedro e Sofia – Vem Pedro, Sofia, Ben!

– Cara, eu tô morrendo de fome, aquela comida do hospital é horrível... Ben – ele faz um movimento para o irmão com os olhos. Ben o fita sem entender e sendo pego pelo olhar astuto da irmã, ele sai correndo em direção a mesa e abraça a mãe. Sofia observa Anita encarando os dois de longe, até ser chamada por Giovana.

– Olha, eu não queria falar nada daquilo – Ben começa, sem jeito – Não de você.

– Não foi o que pareceu – Sofia fala sem se dar por vencida – Você me chamou fútil, mais uma vez.

– Olha, eu só fiquei mexido de ver essas fotos, a minha mãe não dá notícias há semanas – ele fala com o olhar perdido – E apesar de ela já ter feito isso antes, eu sinto que essa vez é diferente, como se alguma coisa ruim estivesse acontecendo.

– Você já tentou falar com o Hernandez?

– Já, mas ele também não sabe de nada – ele encara os olhos da loira a sua frente – Só não comenta com ninguém aqui de casa, todo mundo aqui já está com a cabeça com coisas demais.

– Vem cá, agora além de fútil eu sou fofoqueira também? – Sofia retruca, enquanto Ben comprime os lábios e revira os olhos. Sua mão toca na da loira, que o fita nos olhos.

– Eu só tô querendo dizer que você é a primeira pessoa que eu contei isso e eu não quero que nossa família se preocupe comigo – seus olhos se perdem por alguns segundos nos olhos da loira.

– Sofia, Ben, vou ter que chamar de novo? – a voz enérgica da matriarca da família ressoa no ouvido dos dois, que “despertam”, sem jeito – A janta tá esfriando – ela se aproxima dos dois que ainda parecem desconfortáveis na presença um do outro – Vem filha, você precisa se alimentar, não vi você comendo nada naquele hospital – Vera puxa Sofia pelo braço e Ben levanta, as seguindo. Na mesa, Pedro está contando alguma coisa e Ronaldo e Anita estão rindo. Giovana está sentada no sofá, com os fones de ouvido, inerte a conversa, a cabeça balançando ao ritmo da música. Vitor, grita, descendo as escadas, procurando um dos seus pesos, porque precisa malhar. É só mais uma noite rotineira no casarão, mas com um diferencial importante... A patricinha da Barra voltou para a Grajaú.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Rolou um climinha BenFia ou foi impressão minha?
Beijo, comentem!



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