Coisas do Acaso escrita por Quézia Martins, Tia Ay, Aylla


Capítulo 48
Coisas do Acaso


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Quanto tempo! É a Keel hoje. A Keel trazendo para vocês o último capítulo da fic. Obrigada pelos momentos que passaram lendo e nos acompanhando. Obrigada pelos risos, pelos momentos de ira, pelas torcidas por tretas (risos). Ain gente, são quase dois anos! Finalmente acabamos. Não sei nem o que falar. Enfim, espero que gostem. Fiz pensando em tudo. Espero que se surpreendam e nao tentem me matar (risos).
Boa Leitura!



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Nesta semana, no dia 25/10/2014 ocorreu um acidente na Br – 070 que faz ligamento da cidade de Cuiabá e Cáceres. Dois carros que vinham em uma velocidade permitida para aquele local acabaram se chocando, e isso foi provocado pelas primeiras informações que recebemos por causa da grande chuva que andava tendo naquela região. Com base no que algumas testemunhas conseguiram nos relatar, os passageiros estavam vivos, mas ambos respirando com grande dificuldade, e isso não foi o suficiente e os dois dos três envolvidos no acidente acabaram falecendo, vindo a óbito Beatriz Andrade (17 anos) e Simon Ricardo (19 anos).

Narração

Walkíria saiu do quarto com a mão sobre o peito, foi direto para o telefone ligar para o Lúcio. Ela temeu que algo tivesse acontecido com o Simon. Aquela pontada no peito, só poderia ser um pressentimento. Quando Filipe viu Walkíria, logo soube que algo estava errado.
– O que foi Wal? - ele perguntou apreensivo.
– Uma pontada no peito - ela respondeu discando os números no telefone.
– Está ligando para a Bia? Ela não vai atender na estrada.
– Não, estou tentando falar com o pai dela, mas cai direto na caixa postal. - ela respondeu discando os números outra vez.
Bia ainda não era totalmente de maior, embora faltasse pouco para os dezoito, porém, ela já estava tirando carta e isso era perigoso. Walkíria estava nervosa porque ela não tinha experiência suficiente para dirigir.
– O notebook dela estava destravado aqui em cima - Filipe informou prestativo.
– E daí? - Wal rebateu bufando por outra vez ter ido para caixa postal.
– E daí que a Bia comprou uma passagem de avião para Cuiabá.
– Sério? - Walkiria andou até onde Lipe estava. - Bom, isso significa que ela está indo pra casa do pai dela. Menos mal. - o telefone tocou. - Alô?
– Walkíria? Oi. - Wal não reconheceu a voz do outro lado.
– Desculpe, quem é?
– É a Rose. Lúcio estava tentando falar contigo até agora.
– Eu também estava - ela falou rapidamente. - Cadê ele?
– Saiu. Agorinha. Ele falou para que eu continuasse tentando falar com você.
– Para onde ele foi? O que está acontecendo?
– Ele sentiu algo. Um aperto no peito, algo ruim. Ele ficou preocupado com a Bia.
– Acreditaria se eu dissesse que senti o mesmo? Só que eu estou preocupada com o Simon agora. Cadê ele?
– Ele saiu. Hoje de manhã não estava mais aqui.
– Não deixou um bilhete? Carta? Algo do tipo?
– Deixou sim. Um bilhete apenas.
– E o que dizia?
– Ele foi atrás da Bia.
– Acho que haverá um desencontro. A Bia foi atrás dele também.
– Vou tentar falar com o Lúcio. - Rose gaguejou um pouco depois.
– Ok, obrigada por ligar. - e Wal desligou.
– E aí? - indagou Filipe.
– O Simon também foi atrás da Bia.
– Espero que eles se encontrem. Que dê tudo certo.
– Eu também espero, Pi. Espero mesmo.

***

–Graças a Deus uma ambulância! - Marie gritou no meio da rodovia.
– Cadê os envolvidos? Mexeram neles? - um homem alto perguntou descendo da ambulância.
– Não senhor. Mas a moça ainda respira. Ela está viva! Seja rápido. - enquanto o homem dirigia-se com sua equipe em direção aos carros, Marie era interrogada por uma mulher.
– A senhora quem nos chamou?
– Olhe ao redor! Um monte de gente ligou para vocês. - Marie se exaltou nervosa - Deviam estar preocupados em salvá-los e não com quem os chamou. Pelo amor de Deus! Eles são tão jovens, tão jovens.
– Eu sei, minha equipe já está trabalhando nisso. Eu só preciso que discorra a respeito do que ocorreu aqui. De como foi o acidente. - a moça falou com a voz calma.
– Não sei ao certo, acredito que o carro prata derrapou na pista. Ambos corriam muito.
– A senhora não tem ligação com os envolvidos?
– Não!
– Então por que a preocupação exagerada? Só para fazer parte da história? - Marie respirou fundo e olhou para cima antes de voltar a encarar a mulher a sua frente.
– Vai me dizer que essa pergunta também faz parte? Moça, você me desculpe, mas estou preocupada. Não preciso ter ligação com ninguém para ter compaixão.
– Nenhum detalhe a mais sobre o acidente? - a mulher perguntou ignorando tudo o que Marie falou.
– Vou com as vítimas. - e Marie andou até a ambulância.

***
– Lúcio? - Walkiria falou assim que viu o número dele aparecer no visor de seu telefone móvel. - Alô?
– Oi Wal. Sou eu.
– Lúcio até que enfim. Como você está?
– Eu estou bem, querida. E você?
– Estou bem sim. A Rose ligou. - ela contou rapidamente.
– Que bom que ela conseguiu falar contigo. Ela lhe falou do meu pressentimento?
– Falou sim. Também tive um hoje. Estava tentando te ligar também.
– Foi com a Bia? Ela está bem? E o Simon? Já chegou ai?
– Não. Nada de Simon. Não sei da Bia. Ela também foi atrás dele.
– Ai meu Deus. Esses jovens... Eles tornam tudo tão complicado. - Lúcio murmurou.
– Estava aqui pensando... Lembra quando nos conhecemos? Eu sempre fui o oposto de tudo que você é, eu sempre quis o contrário de tudo que você queria, mas mesmo assim, de alguma maneira, preenchíamos um ao outro.
– Sim. E demorou para que percebêssemos que éramos um do outro. - ele falou nostálgico.
– Quando, naquele verão, fui mandada para um acampamento onde nao conhecia ninguém e te vi lá... - ela respirou fundo antes de continuar com um sorriso nos lábios - foi um alívio pra mim. Te ver. Ter você ali. Você sempre teve o dom de me livrar do tédio.
– Foi o acaso que fez com que nos apaixonássemos. Foi o acaso que fez com que nos tornássemos amigos. Foi o acaso que agiu em favor de nós. Foi um dos acasos mais bonito da minha vida.
– Acaso. - Wal repetiu meio boba - Sim. Com certeza foi obra do acaso.
– Qual a definição de acaso pra você? - Lúcio perguntou, tinha acabado de estacionar em frente da sua casinha branca, mas ele ainda não tinha saído do carro.
– Se eu procurasse em um dicionário de língua portuguesa comum, provavelmente encontraria que é algo aleatório, sem rumo, imprevisto. E de fato, o acaso é algo imprevisto. Quando me perguntas o que é para mim o acaso, tenho em mente que o acaso é aquilo que ninguém imagina. É a surpresa da vida. É uma das coisas que põe a vida no rumo certo, uma das coisas que nos preenche. E é. O acaso é isso. É tudo que a gente espera, de uma maneira inesperada.
– Por isso nos apaixonamos. - Lúcio falou descendo do carro. - Vai dar tudo certo, Wal. Tenho certeza que o Mon e a Bia estão bem. Acabei de chegar aqui em casa.
– Ah. Tudo bem então. Depois a gente se fala. - Wal se despediu rápida.
– Ok. Obrigado pela conversa.
– Eu estou sempre aqui. - e ela desligou no exato momento que Filipe entrou no lugar outra vez.
– E aí? Alguma novidade?
– Não. Nada. - Wal respondeu sem olhá-lo.
– Nada?
– Não. Era só o Lúcio. Só. É. - ela chacoalhou a cabeça tentando se livrar da nostalgia. - Vou ir tomar uma ducha. Não perca tempo em me chamar caso apareça alguma novidade.
– Ok. - Lipe falou vendo-a sair.

***

Um coração bate aproximadamente 70 vezes por minuto. Isso. São, em média, 100.800 batidas por dia. Só que hoje, em um hospital, um desfribilador tentava fazer dois corações voltarem ao seu curso normal. Voltarem a bater, pelo menos, 55 vezes por minuto. Mas eles já haviam parado. E por mais que os médicos tentassem persistentes, não havia mais nada que pudessem fazer. Não havia como fazer os corações voltarem a bater. E eles desistiram. Sequer haviam achado os familiares, conseguido falar com eles. E haviam perdido dois jovens. Lindos. Novos.
Querem saber algo sobre o destino? Não há como saber. Nem sempre o futuro é aquilo que se pensa que será. Imagine se fosse. Imagina se você conseguisse prever. Se tudo fosse premeditado. Qual seria a graça de viver? Se você soubesse tudo aquilo que nascestes para fazer? Qual seria a graça? Qual seria o porquê?
Tudo é obra do acaso. Do inimaginável. Do improvável. Da surpresa. E só Deus sabe.
Então se prepare pra viver. E não viva de qualquer maneira. Ou viva. O importante é viver. É fazer algo além de somente existir.
Há pessoas que dizem que nada acontece por acaso, quero ver provarem que não. Claro que para tudo há um porquê, mas há certas coisas que não há como prever.

***

– Achei um contato escrito “pai” no celular do moço. O nome dele é Simon.
– Também achei no celular dela. - a enfermeira respondeu. - Quer que eu ligue? Que eu peça para os pais aparecerem?
– Sim. Só não fale por telefone do ocorrido. É falta de sensibilidade.
– Pode deixar doutor. - ela olhou para os papéis com os números do telefone. - Doutor? - a enfermeira chamou.
– Sim?
– Os números são iguais. - ela engoliu em seco.
– Iguais?
– Sim doutor. Tanto do pai, quanto da mãe. Isso não pode ser coincidência, pode?
– Eu tive uma visão! - Marie entrou no consultório falando.
– Uma visão? - o doutor falou cético.
– As vítimas se conhecem.

***

Por que preto é a cor do luto? Você já parou para pensar nisso? Bom, varia muito de acordo com a cultura. Alguns países usam o branco como sinal de purificação, de paz, de descanso. Mas o preto... O preto é usado, principalmente, por causa do período da Idade Média. Dos 100 anos de escuridão. Preto é a ausência de cor. E para quem tem ausência de sentimentos, que cor melhor para usar? Preto representa a tristeza, o sombrio, a falta, a dor, a repressão e então, a morte só veio para completar o pacote mesmo. É isso. Fim.
Lúcio abraçava a Rose e chorava como uma criança. Havia perdido seus dois filhos. Mesmo que o Simon não fosse realmente dele, ele era - se é que compreendes.
Walkíria chorava incansavelmente ao lado de Filipe e Luana que ninavam a Rebeca. Rebeca. E Wal chorava mais ainda ao pensar que a Bia não cumpriria sua promessa. Ela não voltaria para sua pequena Beca.
Meg estava triste, desolada. A pequena Soph, olhava e já entendia. Não era mais tão ingênua assim. Ela sabia o que era morte. Só não sabia o que aquilo representava.
Haviam varias pessoas. De amigos á parentes distantes.
No final de tudo, nada foi como eles pensaram que ia ser. Eles não voltaram para os braços um do outro. Mas nem tudo pode ser como queremos. Já disse e trato de repetir: são coisas do acaso.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Não pode ser que na]ão exista um aí kkkk Comentem! Último capítulo para vocês.
Gente, eu sei que não foi nada do que esperaram e que tudo foi uma grande injustiça. Eu sei, queria poder mudar, mas eu e a Thay estamos planejando isso desde o capítulo 17. Queria ver e saber qual seria a reação de vocês. Espero que eu posso voltar com outra fic para vocês, a Thay tem um montão kkkkk Obrigada gente! Grandes beijos de luz.

~Keel



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