Coisas do Acaso escrita por Quézia Martins, Tia Ay, Aylla


Capítulo 33
Lembre. Liberte-se. Viva. Sinta.


Notas iniciais do capítulo

Tô aqui de novo.
Preparem os corações. Obrigada pelos super comentários. Já respondi a maioria,a gora só falta os do último cap... e não vai dar para respondê-los hoje, eu acho.. Sorry...
Que tal ler esse capítulo com a música que me inspirou a escrevê-lo? In Memory do Ed Sheeran...
Boa leitura!



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Narração

Os dias passaram literalmente voando. Tão rápido quanto chuva de verão. Já havia se passado dois meses e meio.

Bia havia retornado para escola e hoje era mais um dia que ela, com a cabeça apoiada na mão, se segurando para não dormir, se esforçava para prestar atenção na professora de História que tagarelava sem parar lá na frente. “Graças a Deus era o último ano” pensava ela revirando os olhos. Katy, ao seu lado, mandava bilhetinhos nem um pouco discretos para Oliver, que abria o bilhete ria e respondia mordendo os lábios.

Foi no meio de uma explicação da professora que Katney entrou na sala de aula com uma autorização dada pelo diretor e sentou-se bem ao lado de Bia. A seguir daí, a aula passou rápido demais e todas que se seguiram. O sinal soou, dando por encerrado a semana de aulas, e o ultimato das férias que se seguia. E como não ficar feliz com isso? Enfim, férias.

Bia juntava suas coisas quando Katney a chamou. Ela pensou em fingir não ter ouvido, mas preferiu responder.

– Me chamou? – ela perguntou pra menina de cabeça baixa que ela evitara olhar desde que voltara a estudar. Katney levantou a cabeça a olhando, foi nesse momento que Bia percebeu uma cicatriz ao lado do olho esquerdo.

– Lembro de você todos os dias quando olho no espelho sabia? – Katney falou percebendo para onde Bia olhava. – Então meio que evito olhar no espelho. Pode imaginar como é odiar o próprio reflexo? – Bia cortou-a.

– Posso. Imaginar é claro. – respirou fundo e continuou – Você não estaria assim se não tivesse feito por merecer. Você destruiu a minha vida.

– Eu sei, eu sei. Mas eu queria te agradecer. Porque toda vez que olho para o meu reflexo eu me lembro que fui muito otária. – ela sentou-se e com um gesto convidou Bia - Teria um tempo para uma conversa?

– Nós já não estamos conversando?

– Queria te contar umas coisas. – Bia respirou fundo e sentou-se de frente à Katney, que cruzou as pernas, respirou fundo e começou. – Quando eu estava na oitava série, me apaixonei pelo garoto lindo que vinha aqui visitar a mãe e morava no Canadá. Poxa vida, o Canadá. É óbvio que a menina mais popular do colégio tinha que dar um jeito de ficar com ele. E numa aposta, dentro de uma festa, ela conseguiu. E se apaixonou. Eles ficaram, mas depois da festa se tornaram grandes amigos. Sabe o maior problema de virar amigo de alguém que você já ficou? Você se sente dona dele. Isso se torna pior quando se é apaixonada por esse amigo. Claro que nós voltamos a ficar várias outras vezes, mas quando eu disse que estava apaixonada, ele sumiu. E eu passei por tanta coisa durante esse período e a única atitude que eu esperava dele, era que pelo menos, ele tomasse conta da irmãzinha aqui. Perdi meu irmão mais velho num acidente, e o Simon falou que estaria comigo para sempre. Que seria meu irmão. – ela limpou uma lágrima e Beatriz fingiu não ter notado. – Então... Naquela festa, morri de raiva de você por ter conseguido ficar o tempo todo ao lado dele. Eu estava tentando chamar a atenção do Simon! Eu queria... Queria que ele ressuscitasse todo aquele afeto que anteriormente ele nutria por mim. Mas você estava lá! E quando vi você saindo com ele da festa... – ela trincou os dentes e me olhou com os olhos cerrados. – De mãos dadas, sorrindo... Eu senti tanto ódio. Eu queria, e daria minha vida para ser você naquela hora, Beatriz. Minha atitude no dia seguinte? Tratar de descobrir tudo sobre você. Informação é poder, meu irmão sempre me disse. Daí eu descobri que vocês eram irmãos e eu me senti vingada. Você havia transado com o seu irmão! E quando te encontrei no shopping e você pediu para que eu o avisasse da sua gravidez, achei tão merecido. Voltei a falar com o Simon depois disso, e mesmo tendo esse sentimento todo ainda por ele, eu não disse nada. O que fiz? Escrevi uma carta se passando por ele. Eu sei, fui cruel. Mas, você teve duas coisas que deveriam ser minhas: O Simon, e o seu amor. Pior saber que você era irmã de fato dele. Porque eu também deveria ser considerada como tal e ele me desprezou. – ela respirou fundo e abaixou os olhos dando um breve sorriso. – E eu não me arrependo de nada, Bia. Entretanto, lhe agradeço por ter deixado essa marca em mim. Ela vai lembrar pelo resto da vida, as coisas que fiz para conseguir o que queria. – dito isto, ela recolheu seu material e saiu da sala de aula, deixando uma Bia esbaforida.

***

Walkíria corria de um lado para o outro. Sua mãe havia se mudado para o mesmo quarteirão que ela, e por isso, quando Filipe não estava lá ou saía com a Bia, ela ficava lá. Nesse exato momento, sua mãe acabara de pegar no sono e Wal pensava no seu namoro. Parecia, de certa forma, estranho estar apaixonada outra vez. Ela se sentia dez anos mais nova. Antônio era mais novo que ela, o cara que ela conheceu na balada e mesmo quando seu subconsciente a proibiu de se apaixonar ou se envolver a fundo, mesmo assim, ela não deu muita bola. Porque a verdade era que ela merecia ser feliz. E a gente só pode ser feliz quando foca na felicidade. Ou você discorda?

***

Filipe já não sabia muito bem o que fazer. Ele estava muito bem, muito feliz, mas não entenda o vazio no peito. Bastava recostar a cabeça no travesseiro e depois de meses, a imagem da Samy voltava com força total. Não é que ele não a houvesse esquecido, ok. Ele realmente não a havia esquecido. Ele só achava injusto tudo o que foi ocorrido com ela. Não parece injusto para você também? Alguém tão novo, com planos e um presente que prediz o quão bem sucedido aquela pessoa há de ser no futuro? Não lhe parece injusto que de repente venha a vida e tire toda essa juventude?

Ele amava a Bia. Ele a amava com todas as forças que havia em seu corpo, mas era diferente.

E ele sabia que ela também sentia isso. Mesmo que ultimamente estivesse tão “escorregadia”, e passando mal constantemente. Ele sabia que era o Simon que ela desejava que estivesse ali. Não é algo com o quê se possa brincar. Sentimentos não mudam ou se alteram só porque você quer. Ele vai continuar ali até achar que deve ir embora, e mesmo que se vá, deixará algo que lhe faça recordar que ele esteve ali. Mesmo se esse algo seja o vazio.

Simon

Eram meras duas horas da tarde e tudo o que eu queria era continuar trancado no quarto, tocando o violão que eu comprei e aprendi a tocar. Na verdade eu queria estar trancado naquele quarto cantando pra minha musa. Cara, o que eu estava fazendo da minha vida? Estava prestes a casar com uma menina porque fui idiota suficiente ao ponto de transar com ela sem precaução. Em falar na criatura...

– Oi amor – ela falou sorrindo enquanto entrava no meu quarto e se dirigia para a janela onde abriu as cortinas. Aquilo doeu nos meus olhos.

– Não preciso casar com você. – eu disse um pouco baixo. Ela se virou, parecia não ter entendido.

– Desculpe, não ouvi direito.

– Eu não preciso casar com você. – repeti dessa vez mais alto.

– Precisa sim! Eu estou esperando um filho seu... – ela me lembrou.

– E daí? Só por causa disso preciso casar com você? – vi os olhos dela se arregalarem. – Sabe o que significa o casamento para mim? Uma relação que dura a vida toda. E você se casa para acordar todos os dias ao lado da pessoa que você escolheu amar para sempre. Eu não escolhi você.

– Mas o destino escolheu! Naquela noite quando a gente...

– Me poupe! Nem precisa continuar com esse papo, Sabrina. Tenho certeza que serei um ótimo pai, mas não preciso estar ao seu lado. Preciso estar ao lado do bebê. E pode apostar que estarei. – falei com convicção. – Posso passar a mão no meu filho? Para dizer a ele que estou deixando você e não ele... – pedi me aproximando.

– Nosso casamento é semana que vem! – ela gritou se exaltando. – Não pode cancelar tudo agora! Isso não é legal! Por que... Simon... Gastamos tanto dinheiro e... As pessoas já gastaram também comprando roupas e... – ela parecia estar escolhendo as palavras. Senti algo errado. – Simon. Isso não é justo.

– Quero tocar na sua barriga!

– Só faltava uma semana! – ela esbravejou. Consegui encurralá-la contra a parede e toquei na barriga dela.

– Não há bebê, não é? – perguntei ao constatar frustrado que passei os últimos meses aturando alguém por causa de um motivo que nem existia de verdade.

– Você estava quase lá. Quase perto de ser meu outra vez! Por que Simon? Por que tinha que fazer isso agora? Eu estava tão perto! – ela murmurou chorando. Eu ri. Senti-me livre embora aborrecido.

– Ai meu Deus! Isso... É ótimo. Agora saía da minha casa! – expulsei-a correndo atrás do meu pai. Queria que ele soubesse o que eu queria para mim.

Bia

Saí da sala um pouco após, um pouco atordoada. Acho que pelo tanto de informações adquiridas. Katy me esperava perto do corredor. Foi quando senti minha vista escurecer e meu material caiu todo no chão quando precisei usar minhas mãos para me apoiar na parede. Katy veio correndo até a mim.

– Estou dizendo! Isso não é normal, muito menos estresse por causa das provas. Você está assim já faz um tempinho. Com essas tonturas, essa falta de fome, essa sensibilidade olfativa. – ela me repreendeu enquanto me ajudava a me recompor. – Você e o Filipe por acaso... – ela fez uma cara tão estúpida que nem precisou terminar para que eu pudesse entender que era sobre sexo que ela falava.

– Já disse que não. O Filipe é bastante respeitador. – Ela pegou meu material para mim e empilhou sobre o dela.

– Eu acho que você está grávida. – ela falou. Acho que não podia imaginar o quanto aquilo era absurdo.

– Pelo amor! Eu estaria grávida de quem? Do fantasminha? Desencana! – repliquei revirando os olhos.

– Ou você foi estuprada durante o sono. Eu assisti a um filme que chama O Porteiro e o cara conseguiu transar todas as noites com a mulher desacordada. Porque ele a fazia cheirar um produto tóxico lá... Será que tão fazendo isso com você? – ela pareceu pensar um pouco – O Toni... Ele pode ser um psicopata.

– Cala a boca Katy! – falei rindo e entrando no banheiro. Deixei a bolsa e o material em cima da pia e fiquei de frente para o espelho de corpo todo.

– Vira de lado. – Katy quase ordenou. Atendi. Ela levantou então minha camiseta e só então percebi o volume na minha barriga. Eu estava grávida? Fui invadida por milhões de pensamentos descoordenados. Eu estava grávida? Mas... Só podia ser do Simon. E se era do Simon... Pelos meus cálculos isso já fazia mais de... Três meses! Como assim passa três meses e eu não percebo isso? Parece que eu já estive grávida alguma vez? Também acho que não.

Katy me olhou com os olhos brilhando e toda feliz declarou:

– Sem dúvidas... Você está grávida. – e depois num sussurro: - De novo.

[...]


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Alguma sugestão do que o final reserva??
~Keel