Coisas do Acaso escrita por Quézia Martins, Tia Ay, Aylla


Capítulo 17
Apenas em Defesa


Notas iniciais do capítulo

Voltei hein... O capítulo tava pronto desde ontem, mas como não tivemos quase nenhum comentário, decidi postar hoje... Mesmo assim não tivemos muitos review's, mas agradeço aos que comentaram e aos novos leitores! Temos tantas emoções nesse capítulo, tipo.... TRETA!!! Vocês não podem deixar de ler e comentar! Por favor, leiam as notas finais! Obrigada e Boa leitura...

~Keel



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– Posso ver minha mãe? Posso levar Soph pra casa? – Meg pediu com os olhos esperançosos. Eu ainda encarava Simon, sem saber o que fazer.

– Sinto muito, mas o horário de visitas já acabou. Vou mantê-las aqui sob observação até amanhã. Quanto ao pai de vocês... Ainda precisamos de um doador. – Olhei para o médico.

– Eu me candadito.

– Não é uma eleição, querida e essa palavra aí nem existe. O certo é candidato. – Meg alfinetou grossa.

–O vocabulário é meu. Não tô vendo nenhuma placa que me proíba de criar palavras de acordo com o quê necessito transmitir. – Respondi sem paciência.

– A senhorita é maior de idade? – Olhei para Simon.

– Não...

– Desculpe, de acordo com o código do hospital, você só poderia doar o sangue com a assinatura de um responsável legal e seu pai está em coma.

– E sua mãe na Cidade Maravilhosa. – Meg provocou repleta de sarcasmo.

– Pois é... – Meus olhos se encheram de lágrimas e Simon veio me abraçar.

– Tá tudo bem... Vai dar tudo certo. Nós vamos arrumar um doador. – Ele falou apertando minha cabeça contra o peito dele.

– Eu não posso vê-lo? – Pedi.

– Lamento, mas... Como eu já disse, o horário de visitas acabou. É melhor vocês irem pra casa, manterei vocês informados. Caso encontrem um doador, é só ligar aqui que estarei de plantão. Continuarei conectado com o setor de doação de sangue para ver se chega algum compatível. O sangue dele é muito raro. Ligo caso surja uma novidade. – Depois disso ele saiu.

– Acho que teremos que ir pra casa. – Filipe falou pela primeira vez.

– É o melhor. – Meg concordou indo na frente.

– Vocês não vêm? – Filipe perguntou.

– Pode ir na frente, Pi. – Falei esboçando um fraco sorriso.

– Pi? – Simon indagou quando Filipe estava longe o suficiente para que não pudesse nos ouvir.

– É só um apelido, Simon. – Respondi sentando numa cadeira. Ele bufou alto e depois sentou ao meu lado. – O sangue dele é assim tão raro? Tipo, não podem pegar o da Soph? A mãe dela pode assinar, não pode?

– Não. Ela quebrou o braço amor.

– Mas e o Filipe? A Meg?

– Não é o mesmo tipo.

– Por favor amor, precisamos dar um jeito. – Falei começando a soluçar.

– Já falei que tudo vai dar certo. – Ele falou seguro.

– Mas e isso de você não ser filho do pai? Isso é verdade?

– Infelizmente.

– Mas você não ter o sangue compatível não quer dizer, necessariamente, que vocês não são pai e filho.

– Eu sei. Mas pedi um teste de DNA e bom... Eu não sou. – A voz dele falhou.

– Lá no Rio os testes costumam demorar pelo menos três dias.

– Aqui quando é caso de urgência, não. E eu paguei por fora.

– Tá explicado. – Brinquei fugando.

– Nossa mãe tá vindo pra cá. – Ele informou se pondo de pé e segurando minhas mãos.

– O quê?! – Me surpreendi. – A perua plastificada está vindo pro sertão? Eita tchê! – Ele riu e eu o acompanhei.

– É assim que você fala da mãe? Deixa ela saber.

– Bom... Se você não contar, eu não digo nada. E ela não tá aqui pra ouvir. – Dei de ombros.

– Vamos logo pro carro que eles estão nos esperando. – Estávamos saindo abraçados quando avistei Jake descendo de um carro.

– Ei amor... – Puxei Simon pela ponta da camiseta. – Aquele não é Jake? Do jogo? – Perguntei.

– É ele mesmo amor. Hey cara! – Simon chamou gritando próximo ao meu ouvido. Vi ele olhar em nossa direção e vir até nós com uma ruga de preocupação.

– Eu fiquei sabendo, cara! – Ele falou assim que chegou perto e deu um abraço no Simon e depois em mim. Ui. – Estão precisando de alguma coisa? Vim dar uma força e tal. – Ele se explicou olhando para mim.

– Não Jake. Agradecemos mas não. – Simon respondeu seco.

– Só precisamos de sangue. – Jake me olhou como se eu fosse maluca. Dei um meio sorriso. – Doação. – Esclareci.

– Eu sou doador constante, mas meu sangue é muito raro. Acho que não posso ajudar.

– Raro tipo, AB-?

– É esse mesmo! – Encarei Simon perplexa e depois senti um sorriso brotar nos meus lábios. – É o mesmo do Seu Lúcio?

– Sim! – Respondi pulando nos braços dele e o abraçando.

– Que bom. Ficarei feliz em ajudá-los! – Ele respondeu me afastando um pouco.

– Então faremos o seguinte. – Simon interferiu me pegando pelo braço e me trazendo pra mais perto dele. Hello, ciúmes? Você por aqui? – Eu fico aqui com o Jake e a senhorita vai pra casa. Só vou acompanhar a doação e depois ele me leva, pode ser? – Os olhos azuis encararam Simon e depois consentiu com a cabeça. – Eu amo você. Vai ficar tudo bem. – Ele me deu um selinho e um abraço. Vi Jake arregalar os olhos e ri da cara dele.

– Tchau amor, tchau Jake. – Depois saí.

Simon

– Cara, é assim que vocês da sua família se despedem? – Jake perguntou depois de conversarmos com o médico.

– O quê? – Questionei sem entender.

– Sabe... Você e a Bia... Se beijando... Foi meio tenso, devo confessar.

– Mané! – Ri – Estamos juntos. – Contei.

– Ela beija bem? – Ele perguntou arqueando a sobrancelha e mordendo os lábios.

– Melhor que você, eu acho.

– Quer me beijar, garanhão? – Ele perguntou piscando e mandando beijinho.

– Sei lá... Às vezes acho que essa abóbora tá mais pra moranga. – Ele desatou a rir e ri também. – Não sei porquê a surpresa... Tipo, eu já beijei a Bia antes na sua frente.

– Mas eu pensei que fazia parte do jogo.

– Só que não! – Uma enfermeira entrou e me pediu licença. Saí da sala.

Bia

Chegamos em casa e Meg ficou me encarando enquanto eu tentava descer do carro sem pisar numa poça d’água cheia de barro que acabaria com a sola da minha bota – não que o Simon não tivesse feito isso mais cedo, mas né...-

– Sinceramente? – Ela falou com a voz irritante. Não sei como cheguei a ser amiga dela no início da minha estadia. – não sei o que uma patricinha como você faz aqui. Olhe só pra sua situação. Deplorável. – Filipe nos encarou.

– Então Meg... Vamos parar de ser chata e deixá-la em paz?

– Não, qué isso! Vou ajudar a burguesinha... – Ela falou se aproximando de mim e me puxando pelo braço, o que fez com quê que caísse na poça. Minhas mãos atolaram na água barrenta e minhas unhas... Céus! As minhas unhas... Levantei furiosa e encarei Meg que ria como uma hiena.

– Presta bem atenção sua demente! – Gritei sem controle e vi Filipe dar um passo á frente. Cheguei bem perto de Meg. Sentia minhas roupas pingarem. – Eu estou cansada das suas futilidades! Posso ser patricinha, burguesinha, mas pelo menos sei quando não sou bem vinda.

–Ah não sabe não! Caso contrário, já teria notado que ninguém nessa casa ficou feliz com a sua chegada!

– E você acha, sua idiota, que eu fiquei feliz por ter vindo pra cá? Pois saiba que não. Eu não fiquei. E que se dane você! Eu só estou cansada de tudo Margarida. Então, a próxima vez que você dirigir sua palavra a mim ou encostar na minha pessoa, teremos mais alguém para mandar para um hospital. – Já ia saindo quando ela cravou a unha no meu braço com força e sussurrou próximo ao meu ouvido.

– Seja mulher. – Mal ela tiinha acabado de pronunciar as palavras, com a mão livre virei um soco no rosto dela.

– Não sou a criança aqui. – E depois saí. Filipe me olhou boquiaberto e cheguei a pensar que ele viria comigo, mas ele foi socorrer a caipira metida à besta que estava no chão.

Minha mão começou a latejar, mas toda essa dor estava valendo à pena. Entrei em casa e por onde passava deixava um rastro de água com barro. Subi as escadas e me tranquei no meu quarto. Sentia um alívio indescritível. Agora só faltava um banho.

***

Deitei na minha cama, já limpa e de banho tomado. Já tinha quase uma hora que eu havia chegado do hospital e... Ouvi batidas fracas na porta.

– Quem é? – Gritei. Não estava a fim de falar com Meg e muito menos, receber sermão do Filipe.

– Eu. – Reconheci a voz do Simon e levantei abrir a porta pra ele, que já estava de banho tomado e logo deitou na minha cama. – Não tranque a porta. – Ele pediu quando me viu encostando a porta.

– Ok. – Dei um meio sorriso. - Faz tempo que você chegou? Como foi lá? Deu certo?

– Faz uns vinte e cinco minutos. O doutor fará a transfusão amanhã. – Ele falou brincando com meu porta-retrato no criado mudo. – Bateu na Meg? – Ele perguntou sem rodeios.

– Foi só um soco amor. – Comentei sentando entre as pernas dele.

– Foi um soco muito forte, Beatriz. – Péra. Ele me chamou de Beatriz? Ele estava bravo? Por que eu bati na Meg?

– Não me vai dizer que ficou bravinho?

– Não diminua a situação. Encontrei-a lá embaixo na sala. O que te fez pensar que poderia bater nela? – Ele questionou se afastando um pouco de mim.

– Simon! – Adverti-o. – Acha que só porque transou com ela, pode a defender quando quiser? – Acusei infantil.

– Pelo amor de Deus, Bia! Não ressuscite o meu passado.

– Como não fazer isso? Perdi um filho por causa de você! Desde que te conheço as coisas só têm ido de mal á pior. – Gritei alterada.

– Ok. O meu passado pode até me condenar, mas não me prende. Diferente do seu. Achei que já tivéssemos esclarecido essa questão. Achei que estivéssemos falando da Meg!

– E estamos. Você estava defendendo-a!

– Quer que eu não a defenda? Ela é uma irmã pra mim!

– E eu não sou?! – Berrei.

– Mas não é você quem está com um olho roxo!

– Mas sou eu quem está com o coração magoado! Obrigada pelo apoio! – Esbravejei saindo do quarto e batendo a porta atrás de mim.

Saí da casa e fui sentar no banco perto do lago que tinha encontrado outro dia. Mas ao chegar lá, vi uma silhueta que logo deduzi ser de Lipe. Sem dizer nada, sentei ao lado dele. Admirei-me quando ele colocou a mão sobre a minha.

– Sobre hoje mais cedo... – Comecei e ele me interrompeu.

– Esquece. Não gostei, mas ela mereceu. Achei até que você aguentou demais. – Dei um sorriso. Era do Simon que eu queria ouvir isso.

– O que você veio fazer aqui? – Indaguei procurando mudar de assunto.

– Acho que o mesmo que você. – Ele me olhou de soslaio. – Pensar.

– Claro. – Assenti apoiando a cabeça no ombro dele. – O que acontece?

– O quê? – Ele perguntou sem entender.

– No fim da sua história... O que acontece? Tipo... Com a sua mãe? – Ele engoliu em seco e contraiu o maxilar. Senti os músculos se contraírem também e ele apertou de leve minha mão.

– Ela morreu. Sabe, quando eu disse “ela foi tirada abruptamente de mim”, usei de eufemismo.

– Entendi. Você substituiu um termo ruim.

– Não é àtoa que dizem que as louras são burras – Nós rimos. – Eu estou apaixonado. – Ele soltou do nada.

– Ahn... Se fodeu, caipirinha. – Brinquei falando sério (Desculpem o contra-senso, mas embora eu tenha dito em tom de brincadeira para ele, quero que saibam que falei sério).

– Mas ela tem o melhor sorriso do mundo. É bonita, inteligente e repleta de defeitos. – Ele apresentou brincando com as minhas unhas, ainda sujas.

– Ninguém pode ser perfeito, não é? – Ponderei começando a ficar sem graça.

– É que os defeitos dela são irritantes. Eu queria poder defendê-la do mundo, mas ela é tão segura de si, tão dona da razão... Sem contar que ela já ama outro, o que me destrói. – Ele contou soltando minha mão e ficando em pé. Agachou, pegou uma pedra e jogou no lago fazendo-a pingar várias vezes sobre a água, antes de afundar. – E eu a amo. – Engoli em seco e fiquei em pé, um pouco atrás dele. O céu estava apinhado de nuvens escuras que entregava mais um grande temporal.

– Conte a ela. – Sugeri após um longo suspiro. Ele ficou em silêncio por um tempo e depois virou e me fitou.

– É exatamente isso que vou fazer.

[...]


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Notas finais do capítulo

Já temos um final e uoll... Irá surpreender vocês! Estou tão ansiosa :s Comentem, sim? O próximo capítulo também é meu e desculpem pelos reviews que não respondi, irei respondê-los agora mesmo.

~Keel