P.O.V Maxon

Fui pegar America na suíte da princesa (não me importei que ela ficasse lá) ás quatro da tarde. Ela estava linda, como sempre, com um vestido rosa claro que a deixava delicada como uma... Princesa.

Ela parecia pronta há algum tempo, então sem demoras a levei pelas escadas do castelo até o terraço. Percebi uma tristeza cortante naqueles olhos azulados, mas eu não podia fazer nada para vê-la feliz a não ser tentar tirar Jason de sua cabeça. Aquele maldito sulista tinha mesmo que aparecer... Bem, agora era apenas eu e America. Não que a sombra desse amor não estivesse perseguindo seus pensamentos, pois isso era visível.

Quando enfim chegamos ao terraço e eu pedi que ela abrisse os olhos, felizmente eu pude ouvir uma risada, aquela que há tempos eu não ouvia...

– Maxon! - ela exclamou. - Isso é tão lindo! Mas quando você fez tudo isso? Eu não sabia que gostava de flores. - America deu um sorriso brincalhão ao dizer isso.

– Eu tenho alguns hobbies, ok? - fingi uma expressão ofendida. - Acha mesmo que está lindo?

– Lindo? - ela perguntou, passeando entre o jardim suspenso que eu construíra desde que ela chegou. Havia toda espécie de flores ali, desde ás rosas até as hortências, o cheiro era realmente bom. - É magnífico, estou me sentindo num castelo de conto de fadas. - America disse sorridente.

"Conto de fadas..." Me lembrei das palavras de Jason. "Não é a vida que ela merece, não é o conto de fadas que ela sonhou."

Talvez ela se sentisse num conto de fadas... Mas estaria com o príncipe certo?

Droga, o que é que estou falando. Eu deveria agora mesmo pedir America em casamento! É uma maldita compreensão essa que eu possuo...

– Quando você fez isso? - ela me perguntou.

– Quando você chegou. Vi na sua ficha que... Gosta de flores. - eu entreguei meio tímido. Não queria soar como um romântico cavalheiro quando sabia que ela havia se apaixonado por um sulista "bad-boy".

– E jardins. - America me corrigiu se aproximando de mim. Eu a olhei com os olhos visivelmente mais desejosos do mundo. Queria tê-la só para mim, mas o que eu poderia fazer para que ela quisesse só a mim? - Está pensando sobre ele, não é?

– Desculpa. - eu pedi e me afastei, certo de que tinha estragado tudo. Mas America segurou a minha mão antes que eu saísse e olhou bem em meus olhos:

– Eu nunca deveria ter conhecido ele. - ela falou firmemente. - Desde o início, seria apenas você. Eu não vou deixar tudo o que fizemos voar pelos ares por causa do que aconteceu.

– America, se ele ainda estivesse aqui, seria ele. - eu disse triste.

– E eu seria uma idiota se quisesse ficar com ele. Maxon, - ela falou mais alto - eu fui deixada! E quando eu pensei que tudo desmoronaria, você era o único ao meu lado. Você sempre esteve ao meu lado. Você foi o meu chão por tanto tempo, não quero te perder porque achei que tinha me apaixonado pelo cara certo, quando era o cara errado. - As palavras que ela falava saíram firmes, mas nada disso me convenceria se os olhos dela me dissessem outra coisa. Eu pude ver o quanto ela estava magoada, e quebrada em mil pedaços, da mesma forma que eu fiquei quando descobri sobre Aspen e sobre Jason, mas vê-la tão desolada doía mais que tudo. Eu trocaria cem chibatadas só pra não ver America daquele jeito, e o pior era saber que ela se esforçava sozinha para esquecer um cara e tentar se apaixonar novamente por outro: eu. E a cada palavra que ela dizia pra mim, eu ficava mais certo de uma coisa. Eu a perdi. Não sei se a perdi sem voltas, só sei que nós nunca viveremos o conto de fadas do qual Jason dissera.

O conto de fadas de America já não me incluía mais.

– America, olhe no fundo dos meus olhos e diga... Diga que me ama. - eu pedi, masoquista, certo que de que ela não falaria.

Mas America me surpreendeu, e o que ela fez foi algo que eu nunca entendi.

– Maxon Schreave - ela falou - Eu amo você.

***

P.O.V America

Eu falei as três palavras. Mas com uma dor no meu peito que o cortou em mil pedaços. Eu já não sabia mais se havia alguma verdade naquilo, ou se era apenas o meu orgulho tomando conta de mim, mas boa parte foi por medo. Medo de não amar mais, medo de ter sido abandonada e de perder tudo o que eu poderia ter naquele exato momento para o tempo. Jason tinha ido embora, e nem sequer se despedira de mim. Agora eu divida o castelo com Anna, Samantha, Maxon, Amberly e Clarkson, mal sabia no que tinha dado a Seleção, e tinha o príncipe, o mesmo que eu amara tão intensamente antes, á minha frente, disposto a esquecer tudo e me fazer feliz.

Mas e eu, estaria disposta a esquecer tudo?

Minha resposta foi sim. Porque eu falei, falei as três palavras, e depois disso Maxon me deu um beijo terno regado por algumas lágrimas que vinham de nosso olhos.

Eu só queria saber onde tudo isso ia dar.

E sete dias, eu soube.

***

Sete dias depois...

– Senhorita America, acorde! - Mary me chamava.

– Hum... - resmunguei, virando para o outro lado. - Só mais cinco minutos.

– Só mais nenhum segundo, senhorita! - Anne esbravejou. - Hoje é o seu encontro oficial com o príncipe, as câmeras estarão lá!

– E a senhorita sabe o que...

– Ai, para de me chamar de senhorita. "Você". - eu pedi ainda com a cara no travesseiro. Então Mary suspirou e disse:

– Sabe o que isso significa? Que o príncipe vai pedir sua mão!

– Hein? - eu perguntei abrindo os olhos e levantando da cama num salto.

– Finalmente! É isso mesmo que a senhora ouviu! Conhecemos o senhor Maxon desde criança e sabemos que ele adora surpresas! Por isso vamos, vamos, sem demora... - Lucy batia palmas entusiasmada enquanto me arrastava até a banheira.

– Nossa! Eu vou virar uma rosa! - eu falei olhando para a banheira cujas rosas me impediam de ver a água.

– Aqui o seu vestido... - Mary me mostrou, fazendo com que meus olhos tivessem uma rápida visão do céu.

– Maxon não pode me pedir em casamento hoje... - eu protestei, nervosa e ansiosa. - E a Seleção?

– Ora, ele ainda não te informou? - Lucy disse exaltada. Eu franzi a testa. - Maxon suspendeu a Seleção no dia seguinte ao seu "sequestro" - ela deu uma risadinha ao dizer sequestro - e todas foram para casa.

– O que? Mas o que o rei e a rainha disseram? E o Jornal Oficial de...

– Maxon fez questão de resolver tudo sozinho, senhorita! - Mary falou.

– Só para se concentrar na sua busca... - Lucy disse sonhando alto. - Não que você quisesse ser encontrada... - ela riu maliciosa e saiu do banheiro antes que eu a desse um sermão. Anne a olhou brava.

– Tá, mas...

– Mas nada, senhorita. - Mary pediu. - Agora é a sua vez, vai mesmo gastar tempo questionando as escolhas do príncipe? - ela arqueou as sobrancelhas, me fazendo refletir sobre isso.

– Tem razão... É, tem razão! - eu sorri. - Hoje eu vou deixar tudo pra trás. Maxon é meu. Pra sempre. - eu disse, tentando acreditar nas palavras que minha boca mentirosa falava.

– Acredite, senhorita, e o resto o destino faz. - Anne disse sorrindo. Ergui a cabeça, desafiando o que veria á frente, e me afundei naquela banheira.

***

P.O.V America

O dia passou rápido, e quando o sol começou a se pôr Anne avisou que era a hora de descer até o salão, onde eu me encontraria com Maxon. Eu estava sentindo uma bola em meu estômago, como se a qualquer momento borboletas pudessem sair de lá, e não poderia mentir ao dizer que não estava linda. O vestido que Mary e Lucy fizeram superaram todos os outros. Era azul escuro, com detalhes de renda e pedrarias minúsculos que o deixavam estrelado. Perfeito.

Finalmente desci ao salão, e tive uma breve cegueira com o tanto de flashes que vinham em minha direção desde que pisei o pé na escadaria do castelo. Eu havia desacostumado daquela rotina de câmeras... O encontro oficial com Maxon me deixara extremamente nervosa, mesmo com ele me dizendo para relaxar porque ele estaria lá caso eu quisesse sair correndo.

Flashback on

"Você está nervosa?" Maxon me perguntou casualmente. Nós dois estávamos deitados sobre o terraço, no meio do jardim, com apenas um lençol embaixo e as estrelas acima. Ele colocara um braço para sustentar a cabeça e com o outro puxou minha cintura para mais perto.

"O que você acha?" Eu falei e ele riu. "Não, está tudo bem, fora o fato de que meus olhos mal pregam á noite."

Maxon se virou para mim e ficou olhando em meus olhos por um longo tempo. Há algum tempo atrás, o normal seria que eu ficasse vermelha e com o coração á mil, mas por alguma maldita razão cuja eu conhecia eu apenas me senti venerada. O que era egoísmo da minha parte...

"Você tá pensando." ele advertiu. "Para de se torturar. Vai ficar tudo bem, eu serei o mesmo Maxon que viveu todas essas aventuras loucas ao seu lado."

"Não, você não vai ser o mesmo Maxon que pulou numa cachoeira semanas atrás... Você vai ser o Maxon de terno e expressão impressa." eu brinquei.

"Ah, então você quer que eu vá de Tarzan? Ótimo, eu tenho um monte de costureiras só pra mim mesmo." ele falou e eu morri de rir. "Olha, uma risada... Estamos progredindo?" Maxon perguntou e eu apenas fechei os olhos e me aconcheguei em seu peito. "Eu trocaria tudo isso só pra te ver rir mais vezes."

"Tudo isso?" eu perguntei.

" É, esse castelo, esse título, essa vida de realeza." Maxon disse olhando para as estrelas. " Não ouse se sentir mal com isso."

" Bem, eu não me senti mal. Na verdade eu estava pensando que, se você abrisse mão do castelo, onde a gente iria morar?"

"Ora, na floresta. Eu não disse que sou o Tarzan?" Maxon falou e em seguida nós dois rimos por um longo tempo...

Flashback Off

Desci as escadas tentando com todas as forças enxergar. Mas...

– Senhorita America, qual será o nome do futuro herdeiro? - um jornalista perguntou, me deixando zonza.

– Como é?

– Comoeh será o nome do garoto... - o jornalista mandou o outro cara anotar. - Anota isso!

– Espera, não tem herdeiro nenhum e... - tentei rebater, mas uma chuva de perguntas começou subitamente.

– Senhorita America, é verdade que você teve um caso com um exilado? - um cara de gravata rosa-choque perguntou.

– Ei! Ele não é um exilado mas eu não tive um... - tentei dizer mas novamente minha visão ficou cega. Foi então que senti uma mão me segurar do último degrau da escada, e de repente todos os flashes cessaram.

– America. - Maxon me chamou. Era ele que havia me socorrido.

– Obrigada, eu estava entrando em parafuso com tantas... Perguntas. - agradeci.

– Erh, jornalistas... – Maxon brincou. Ele me levou com a mão erguida até o centro do salão, onde ocorria a gravação do Jornal, e pude ver que havia uma mesa no centro, um grupo de violinistas atrás e...

– Um piano? - perguntei.

– Achei que as pessoas deveriam ver o quanto você é talentosa. - ele disse.

– Sabe que eu já estou pirando, né? - eu perguntei e ele assentiu.

O que aconteceu depois que nos sentamos a mesa foi filmado e fotografado por cerca de trintas minutos, até que Maxon pediu que retirassem a mídia para que pudesse prosseguir. Depois que todo mundo saiu, ficaram apenas eu, Maxon, e o piano, que eu havia tocado com os dedos tremendo. Foi então que Maxon mandou que trouxessem as taças de champanhe. Nós bebemos, mas eu não entendia quanto tempo demoraria até que ele... Bem, pedisse minha mão, segundo o que as criadas disseram.

Mas Maxon fez diferente. Ele se levantou e me disse que gostaria de me levar á um lugar especial. "Surpresas, como sempre..." eu pensei e sorri.

Maxon me levou para fora dos portões, o que eu estranhei, mas então percebi que ele queria me levar até a Torre Principal. Depois que subimos a escadaria de pedras, chegamos até o pequeno quarto, de onde conseguíamos ver toda a cidade de Angeles.

Eu não fazia ideia do que iria acontecer, quando de repente fogos de artifício cruzaram o céu em magníficas explosões de cores e formas.

– Maxon, isso é tão... - eu tentei falar, completamente maravilhada, mas ele me interrompeu.

– America Singer, aceita se casar comigo?