America não estava bem.

Fiquei por sete dias naquela sala esperando ela acordar. A enfermaria vinha a cada uma hora, e eu estava morto de cansaço, mas não poderia simplesmente ir embora. Samantha veio algumas vezes, e fez o meu trabalho durante todo aquele tempo para que eu ficasse cuidando de America. Eu não entendi bem, mas se Samantha era realmente minha amiga, ela tinha provado isso.

Na primeira noite, America teve um pesadelo. Acordou de madrugada, ás 4:00, chorando convulsivamente. Fiquei assustado, claro, então me deitei ao lado dela sussurrando qualquer coisa que vinha na mente e que soasse tranquilizador o bastante para que ela se acalmasse. Ela dormiu novamente, mas eu não. Fui tomar um banho e trocar de farda, mexi no computador da sala para saber o que estava acontecendo na Base e só dormi um pouco depois que o sol nasceu.

De manhã, a enfermaria veio e dopou America, outra vez. Eu não aguentei ver aquilo por muito tempo, e comecei a questionar o que estavam fazendo. Só depois de muitas perguntas entendi o que estava acontecendo: America entrara num estado pré-coma. Eu mal sabia o que aquilo significava, mas com certeza não era bom. Se ela ficasse fraca, poderia entrar em coma, e talvez não acordasse nunca mais. Tudo por causa daquela droga de máquina. Eu não culpava Samantha, culpava a coisa. Antes tivesse me atingido - eu não tinha ninguém para se importar comigo, já America tinha toda uma vida que deixara em Illéa, e isso simplesmente partia meu coração.

Na terceira noite, ela nem deu sinal de vida. Continuava dormindo, mas parecia se recuperar bem. Deitei no sofá ao lado e fiquei olhando para ela, esperando algo acontecer. Acabei cochilando, mas por pouco ela não morreu.

"PÁ!" . A porta abriu-se com um barulho irritante, eu abri os olhos devagar.

– Entrem logo. - uma voz sussurrou. Dois caras entraram, vestidos com roupa preta, enquanto o que havia dado a ordem mantinha uma siringa na mão.

Confesso que demorei um pouco para perceber o que estava acontecendo, mas não me dei ao luxo de bancar o herói. Continuei deitado com os olhos semi-abertos, esperando para dar o bote.

Alec.

Na hora em que ele se aproximou de America, levantei bruscamente e lhe dei uma chave de braço enquanto ele se contorcia de dor. Os outros dois recrutas tentaram me barrar, mas eu apertei a siringa em um deles, que caiu no chão. Pouco me importei se havia morrido, agora eles estavam simplesmente... ferrados.

– O que tá fazendo aqui? - perguntei a Alec, enquanto dei um soco na cara do outro recruta, que cambaleou na parede. Alec riu, com o rosto já roxo.

– Vai defender sua princesa? - ele provocou. - Ah, espera, ela não é sua princesa!

Aquilo fora a gota d'água. Dei um soco na cara dele, mas ele desviou.

– Cala essa boca, seu estúpido! - eu disse, tentando socar a cara dele. Alec me deu uma rasteira, e eu quase caí, porém America continuava dormindo, completamente dopada.

Segurei-o pelo pescoço e torci seu braço, Alec segurou o grito.

– Por que não grita, hein? - eu perguntei. - Tá com medo de ser pego, recruta?

– Você é apenas um sargento... - ele provocou, com um sorriso cínico no rosto. - Não é nada.

– E isso? - perguntei, dando um soco em sua barriga em seguida. - Não é nada?

– Jason... - ele riu, curvando-se de dor. - Me bater não muda o fato de que você nunca vai ser o preferido! - Alec cuspiu aos meus pés. - Ela nunca vai te querer! Você é... um monstro! Ela sabe - Alec riu, cínico. - que você já trabalhou para eles?

Olhei para Alec com raiva, querendo socar sem parar sua cara.

– CALA ESSA BOCA! - gritei, empurrando ele na parede e socando seu estômago. - Nunca quis me meter com os... com os...

– Mercenários? - Alec completou, sorrindo com sarcasmo. - Você sabia quem eram,não mente para mim, bonitinho. - ele disse, imitando a voz de America.

– O que você quer? - perguntei, agarrando sua gola da farda. Alec olhou para mim com ironia e riu. Dei um soco em sua cara, e ele cuspiu sangue. - Some daqui.

Alec saiu pela porta, deixando os dois caras caídos no chão. Olhei para ele o expulsando dali, mas ele se virou e sorriu.

– Ela só quer te usar, seu idiota.

E saiu cambaleando pela porta.